Quando eu percebi finalmente para onde Sebastian estava me levando, eu suspirei aliviada. Eu temi o que ele poderia fazer comigo e um milhão de coisas ruins surgiram em minha mente. Ele estacionou em frente à sua casa, a mesma casa que ele havia me expulsado. Uma nostalgia me alcançou. Eu só tinha lembranças ruins daquele lugar. Era impossível evitar a tristeza. Foi somente o abraço caloroso de Olivia que me afastou do abismo e me trouxe para o lado bom de retornar àquele lugar. Ela me abraçava tão fortemente que devolveu a mim a esperança. — Eu nem acreditei quando a mamãe disse que você viria para casa – o sorriso de Olivia era genuíno, mas suas palavras geraram em mim um enorme desconforto. — Ela disse? – perguntei, quando ergui a cabeça para olhar nos olhos de Sebastian. Havia cinismo em seu olhar, tudo havia sido planejado, eu só esperava saber seus reais motivos de me levarem ali. — Entre Kara – ele apontou para a casa e eu considerei aquilo uma loucura – sua mãe está
Kara Eu estava paralisada, observando Sebastian completar a ligação, enquanto chamava o advogado informando minha presença na casa. Eu não tinha muito o que fazer, a não ser esperar que alguém na casa do Gustavo sentisse minha falta e viesse me procurar. Eu mal havia completado o meu pensamento, quando meu celular vibrou no bolso da minha calça. Olhei para Sebastian e Celeste, que estavam virados de costa para mim e retirei rapidamente o aparelho olhando a tela do celular. Era a Antônia. Não tive a chance de atender a ligação. Escondi novamente o aparelho enquanto ele continuava vibrando insistentemente. Sebastian olhou para mim, desconfiado, mas não disse nada. — Vão me manter como prisioneira? – Celeste fingiu ficar ofendida, enquanto Sebastian zombava de mim – estão me sequestrando para assinar o testamento, e depois vão me matar para ficar com tudo? — Não é uma péssima ideia – ele concluiu, mas eu consegui, pela primeira vez, ver medo no rosto da minha mãe com as palavr
Gustavo Assim que cheguei no meu quarto, percebi que o meu celular vibrava sobre a cama. Eu estava pronto para tomar um banho, depois de um longo treino e voltar para casa, ansioso para ver Kara, mas quando atendi aquele telefonema percebi que não a veria. Ao fundo, Jasmim chorava, enquanto Antônia, com a voz tremula, tentava me explicar o que havia acontecido. Eu fechei os olhos com força enquanto meu coração disparava descontroladamente dentro do meu peito. — Há quantas horas? – Antônia não entendeu – quanto tempo faz que Kara está fora de casa? — Antes do Almoço, senhor – foi o modo objetivo que Antônia encontrou para me dizer que Kara estava desaparecida há muitas horas. — Já estou indo para casa – disse, embora quisesse lhe fazer dezenas de outras perguntas, para tentar identificar o motoqueiro misterioso que levara Kara, eu precisava me apressar e encontrá-la antes que fosse tarde demais. Enfiei o celular no bolso e, com as mãos tremulas, girei a maçaneta e saí do quarto
Kara Eu fechei os meus olhos, balançando a cabeça de um lado para o outro, tentando esquecer o que estava prestes a acontecer. O milagre que eu tanto havia pedido chegou e me abraçava enquanto sussurrava em meu ouvido que tudo ficaria bem. — Senhor Gustavo – a voz de Sebastian rompeu meu devaneio e me trouxe de volta ao meu pesadelo - é uma honra tê-lo em minha casa. Certamente Gustavo não diria o mesmo se soubesse o que Sebastian estava prestes a fazer comigo. — Por que trouxe a Kara para esse lugar? – eu me afastei, embora não soltasse a mão dele, para ver até onde o cinismo de Sebastian iria. — Essa casa é da Kara – disse e meu estomago embrulhou com tanta encenação – ela não falou para você sobre a família? — Ela tem dito muitas coisas sobre vocês – ele abaixou o olhar, se encontrando com o meu e eu percebi o quanto Gustavo estava aborrecido com aquela situação – sei também que ela jamais voltaria para o lugar de onde foi expulsa. O clima ficou ruim em toda a casa. Observ
Kara — Eu nunca senti tanto medo de perder alguém, como senti de perder você. As palavras do Gustavo ecoaram no meu ouvido como a declaração de amor mais sincera que alguém havia feito em toda a minha vida. Eu sorri e por um momento esquecemos que Alexandre também estava no carro e ouvia nossa conversa, embora parecesse estar concentrado nos documentos. Eu girei o pescoço para olhá-lo. O advogado tinha um olhar confuso, que se alargou quando meu rosto ficou vermelho. — Isso foi uma declaração ou eu estou imaginando coisas? – ele disse, quando Gustavo o olhou pelo espelho retrovisor, sorrindo. — Eu tinha me esquecido de que você estava aí – Gustavo disse – tendo para dizer sobre o testamento. — Dessa vez eu não vou aceitar que o senhor mude de assunto, patrão – Alexandre balançou a cabeça em negação e largou os documentos de lado. Eu sorri. Embora eu desejasse que ninguém soubesse do que acontecia entre mim e o Gustavo, permitir que Alexandre fosse o primeiro a saber. Afinal de
Gustavo Henri. Eu acreditei que aquilo era um sonho. Ver a Kara parada em frente ao meu quarto, vestindo uma camisola vermelha, tão sedutora, pedindo para ficar comigo, eu realmente devia estar sonhando. O perfume dela invadiu meu quarto quando fechei a porta e me vi sozinho com ela. Era um perfume especial, sedutor e viciante. Seu rosto vermelho revelava o quanto ela estava envergonhada ou talvez com medo. Me aproximei devagar, sem tocá-la, embora meu impulso implorasse para que eu avançasse o sinal imediatamente, eu não o fiz. — Como está a Jasmim? – ela lançou o olhar até mim e eu me perdi neles. — Não se preocupe – mostro para mim a babá eletrônica e sorriu – ela não vai acordar até que amanheça. Kara se aproximou e seus dedos finos tocaram meu abdômen e deslizaram até as minhas costas. Ela avançou quando aproximou seu rosto do meu. — Eu não quero mais fugir de você – sussurrou e aquilo me deixou excitado – eu quero ser sua totalmente. Antes que eu pudesse responder, eu
Kara Meus esforços para que Marta não me visse saindo do quarto do Gustavo foram em vão. Assim que fechei a porta, fui fuzilada pelo olhar questionador e surpreso dela. Me olhou de cima a baixo, com desprezo, e disse em seguida. — Vai dizendo adeus ao seu romance com o senhor Gustavo – meu coração congelou com as palavras dela. Marta julgava saber tudo e eu desconfiava se realmente não sabia. Ela sorriu antes de concluir – tenho ótimas notícias para dar a você, baba. A senhora dessa casa, esposa legítima do senhor Gustavo, finalmente acordou do coma. Foi como uma bomba explodindo dentro do meu peito. Eu fiquei com o olhar perdido, ainda que percebesse a felicidade no rosto de Marta ao constatar minha reação. Eu sei que o meu rosto revelou minha decepção. Ela girou os calcanhares e caminhou até a porta. Ainda em choque, eu precisei lutar contra a paralisia que me atingiu. Engoli toda a minha frustração e saí dali antes de o Gustavo abrir a porta. Eu não queria ter que olhar par
POV. Bruna Sanchez Era como um sono profundo. Eu escutava a voz da minha mãe constantemente pedindo para eu acordar, mas eu não conseguia. Lentamente, eu abri os meus olhos e eles arderam com a luz clara que vinha do quarto. Eu ouvi gritarias e de repente fui cercada por pessoas vestidas de branco, assustadas. Eu não entendia o que acontecia, quando finalmente me dei conta estar em um hospital, deitada em uma cama, com o corpo repleto de aparelho. Tinha uma sonda no meu nariz e aquilo me incomodou até finalmente ser retirado. — Seja bem-vinda de volta, Bruna – o médico parado a minha frente parecia feliz. — Como assim, de volta? – eu não tinha ideia do que acontecia. — Você não se lembra do que aconteceu? – Sobre o que aquele homem estava falando? Eu me lembrava apenas de entrar no meu carro, desesperada, atrás do Gustavo e depois disso eu acordei nesse hospital. — Você sofreu um acidente de carro – meus lábios se abriram – e ficou três meses em coma. O Gustavo chegando em ca