Kara Meus esforços para que Marta não me visse saindo do quarto do Gustavo foram em vão. Assim que fechei a porta, fui fuzilada pelo olhar questionador e surpreso dela. Me olhou de cima a baixo, com desprezo, e disse em seguida. — Vai dizendo adeus ao seu romance com o senhor Gustavo – meu coração congelou com as palavras dela. Marta julgava saber tudo e eu desconfiava se realmente não sabia. Ela sorriu antes de concluir – tenho ótimas notícias para dar a você, baba. A senhora dessa casa, esposa legítima do senhor Gustavo, finalmente acordou do coma. Foi como uma bomba explodindo dentro do meu peito. Eu fiquei com o olhar perdido, ainda que percebesse a felicidade no rosto de Marta ao constatar minha reação. Eu sei que o meu rosto revelou minha decepção. Ela girou os calcanhares e caminhou até a porta. Ainda em choque, eu precisei lutar contra a paralisia que me atingiu. Engoli toda a minha frustração e saí dali antes de o Gustavo abrir a porta. Eu não queria ter que olhar par
POV. Bruna Sanchez Era como um sono profundo. Eu escutava a voz da minha mãe constantemente pedindo para eu acordar, mas eu não conseguia. Lentamente, eu abri os meus olhos e eles arderam com a luz clara que vinha do quarto. Eu ouvi gritarias e de repente fui cercada por pessoas vestidas de branco, assustadas. Eu não entendia o que acontecia, quando finalmente me dei conta estar em um hospital, deitada em uma cama, com o corpo repleto de aparelho. Tinha uma sonda no meu nariz e aquilo me incomodou até finalmente ser retirado. — Seja bem-vinda de volta, Bruna – o médico parado a minha frente parecia feliz. — Como assim, de volta? – eu não tinha ideia do que acontecia. — Você não se lembra do que aconteceu? – Sobre o que aquele homem estava falando? Eu me lembrava apenas de entrar no meu carro, desesperada, atrás do Gustavo e depois disso eu acordei nesse hospital. — Você sofreu um acidente de carro – meus lábios se abriram – e ficou três meses em coma. O Gustavo chegando em ca
Gustavo Henri. Minha garganta estava completamente seca. Eu caminhava rapidamente pelo corredor do hospital como se ansiasse verdadeiramente rever minha esposa. Não havia um dia sequer, desde o acidente, que eu não desejasse que a Bruna acordasse daquele maldito coma. Lembrei-me então da noite que tive com a Kara e o meu coração pulou mil batidas. Finalmente, eu me veria livre daquele problema. Me divorciaria da Bruna e poderia dizer ao mundo o quanto eu amava a Kara. Mas as coisas não saíram como eu planejava. Há dez passos da porta do quarto de Bruna, fui abordado pelo médico dela. O homem parecia feliz em me ver e ansioso por me contar tudo o que acontecia. — Preciso conversar com você, antes de ir ver a Bruna – o semblante dele se modificou, agora o médico parecia preocupado. Ele me levou até o seu consultório. Sentei-me em frente a ele, descobrindo finalmente como ele se chamava. Magno Martins. Parecia até mesmo nome de cantor famoso. Olhei nos olhos dele e esperei que e
Kara Jimenez O dia se arrastou, lentamente, como uma forma torturante de me castigar. Depois da breve visita do Alexandre, eu permaneci isolada, para não ter que ouvir todos na mansão dizendo o quanto estavam felizes com a recuperação da Bruna. As notícias sobre esse fato já estavam espalhadas por todas as mídias sociais. Bruna era um milagre e uma foto dela ao lado de Gustavo era aclamada. Aquilo fez meu coração se afundar dentro do meu peito. Eu não deveria ter me esquecido jamais de que ele ainda era um homem casado. Eu esperava que o Gustavo retornasse para casa com o divórcio assinado, mas não foi isso o que aconteceu. Vi as luzes do farol do seu carro serem apagadas, enquanto ele caminhava para dentro da mansão. Fui para o meu quarto, para não ter que vê-lo ou dar a impressão de que eu o esperava. Mas alguns minutos depois, ele bateu a minha porta. Era inevitável aquele encontro. Inspirei o ar com força e prometi a mim não demonstrar fraqueza de forma alguma. Quando os me
Gustavo Henri A noite avançou em passos lentos. Eu não conseguia dormir, naquele quarto escuro e vazio. Faltava alguma coisa e, quando eu olhava para o lado, Kara não estava ali. Eu já nem sabia mais quando ela voltaria para mim e aquilo me consumia por dentro. Me levantei de sobressalto. Amanhã seria minha folga e, se eu quisesse pernoitar, eu poderia. Buscava uma solução para os meus problemas. Em breve, a Bruna voltaria para essa casa e eu teria que fingir que nada havia acontecido. Por quanto tempo eu ainda teria que esperar? Voltei a me deitar e dormir. Acordei no outro dia assustado. Ainda eram sete e meia daquela manhã e um barulho vinha do andar de baixo. Me levantei apressadamente quando me deparei com Cassandra no meio da minha sala discutindo com a Kara. — O que a senhora faz aqui? – lancei a ela um olhar fulminante quase desnudando sua alma. — Vista-se primeiro, Gustavo – girou o pescoço para o outro lado, evitando olhar para mim. Percebi que eu estava sem camisa
Kara O céu daquela manhã mudou gradualmente para um tom alaranjado, indicando que seria quente e cheio de problemas. Eu me tranquei no meu quarto sem a Jasmim, sabendo que Cassandra estava lá fora, comandando tudo o que ela considerava poder mudar. Meu coração se contorceu de dor, sem saber até quando eu conseguiria suportar toda aquela situação. Eu havia escutado claramente quando ela dissera que Bruna voltaria para aquela casa no dia seguinte. Eu deveria ter me preparado para aquele momento, porque eu sabia que ele chegaria. Agora, a esposa de Gustavo retornaria para os braços do seu marido e para cuidar de sua adorável filha. Certamente Cassandra havia contado tudo a ela. Tudo o que as pessoas diziam era de fato verdade. Pelos momentos seguintes, fiquei pensando na maneira como o Gustavo havia me tratado, da frieza e indiferença como se o que havia acontecido entre nós dois não fosse importante. Eu já estava afundando em uma depressão profunda, quando alguém bateu na minha po
Gustavo Henri. Eu fiquei imaginando como a Kara se sentiria ao reencontrar Olivia. Eu poderia estar lá para ver esse momento, mas eu escolhi não participar. Estava satisfeito em proporcionar a ela algum momento de alegria. Perdido em meus pensamentos, não percebi Cassandra se aproximar. Eu até havia esquecido que ela ainda estava na minha casa e a voz estridente dela me fez voltar para minha dura realidade. — Onde está a babá? – Lancei um olhar desanimado até ela, que tinha jasmim nos braços – não posso ficar olhando essa menina o dia todo. Eu me levantei e peguei Jasmim dos braços dela. Soltando um longo suspiro, para que talvez assim Cassandra percebesse o quanto a presença dela me irritava. — Eu dei folga para Kara – respondi e observei ela se irritar com minha decisão – não se preocupe com a jasmim, eu cuidarei dela. — Tenho a impressão de que essa garota tem certos privilégios nessa casa – disse com desdém, evitando a todo custo falar o nome de Kara – mas isso vai terminar
POV. Bruna Sanches. Eu estava tão ansiosa para retornar à minha casa, que mal me aguentava de tanta alegria. Recebi naquela manhã a notícia de que o Gustavo não iria me buscar, preferiu me receber em casa ou talvez estivesse apenas arrumando uma boa desculpa para não ter que me encontrar logo cedo. Ainda que a ausência dele fosse devastadora, eu permaneci contente por voltar para minha casa antiga vida.Mal havia saído do quarto, quando me deparei com o Donovan. Meu coração disparou descontroladamente e Cassandra logo interceptou as investidas dele. — O que diabos você está fazendo aqui? – ela sussurrava, com o rosto contorcido em fúria. — Por favor, Donovan, vá embora – eu disse e logo percebi a decepção estampada em seu rosto. Era claro que eu me lembrava de que ele era o meu amante e, devido a um deslize meu, o Gustavo jamais me perdoaria. — Eu queria ver você de novo – disse e eu revirei os olhos – desde o acidente, eu tenho visitado você. Não sabe como estou feliz em ter voc