Kara Jimenez O dia se arrastou, lentamente, como uma forma torturante de me castigar. Depois da breve visita do Alexandre, eu permaneci isolada, para não ter que ouvir todos na mansão dizendo o quanto estavam felizes com a recuperação da Bruna. As notícias sobre esse fato já estavam espalhadas por todas as mídias sociais. Bruna era um milagre e uma foto dela ao lado de Gustavo era aclamada. Aquilo fez meu coração se afundar dentro do meu peito. Eu não deveria ter me esquecido jamais de que ele ainda era um homem casado. Eu esperava que o Gustavo retornasse para casa com o divórcio assinado, mas não foi isso o que aconteceu. Vi as luzes do farol do seu carro serem apagadas, enquanto ele caminhava para dentro da mansão. Fui para o meu quarto, para não ter que vê-lo ou dar a impressão de que eu o esperava. Mas alguns minutos depois, ele bateu a minha porta. Era inevitável aquele encontro. Inspirei o ar com força e prometi a mim não demonstrar fraqueza de forma alguma. Quando os me
Gustavo Henri A noite avançou em passos lentos. Eu não conseguia dormir, naquele quarto escuro e vazio. Faltava alguma coisa e, quando eu olhava para o lado, Kara não estava ali. Eu já nem sabia mais quando ela voltaria para mim e aquilo me consumia por dentro. Me levantei de sobressalto. Amanhã seria minha folga e, se eu quisesse pernoitar, eu poderia. Buscava uma solução para os meus problemas. Em breve, a Bruna voltaria para essa casa e eu teria que fingir que nada havia acontecido. Por quanto tempo eu ainda teria que esperar? Voltei a me deitar e dormir. Acordei no outro dia assustado. Ainda eram sete e meia daquela manhã e um barulho vinha do andar de baixo. Me levantei apressadamente quando me deparei com Cassandra no meio da minha sala discutindo com a Kara. — O que a senhora faz aqui? – lancei a ela um olhar fulminante quase desnudando sua alma. — Vista-se primeiro, Gustavo – girou o pescoço para o outro lado, evitando olhar para mim. Percebi que eu estava sem camisa
Kara O céu daquela manhã mudou gradualmente para um tom alaranjado, indicando que seria quente e cheio de problemas. Eu me tranquei no meu quarto sem a Jasmim, sabendo que Cassandra estava lá fora, comandando tudo o que ela considerava poder mudar. Meu coração se contorceu de dor, sem saber até quando eu conseguiria suportar toda aquela situação. Eu havia escutado claramente quando ela dissera que Bruna voltaria para aquela casa no dia seguinte. Eu deveria ter me preparado para aquele momento, porque eu sabia que ele chegaria. Agora, a esposa de Gustavo retornaria para os braços do seu marido e para cuidar de sua adorável filha. Certamente Cassandra havia contado tudo a ela. Tudo o que as pessoas diziam era de fato verdade. Pelos momentos seguintes, fiquei pensando na maneira como o Gustavo havia me tratado, da frieza e indiferença como se o que havia acontecido entre nós dois não fosse importante. Eu já estava afundando em uma depressão profunda, quando alguém bateu na minha po
Gustavo Henri. Eu fiquei imaginando como a Kara se sentiria ao reencontrar Olivia. Eu poderia estar lá para ver esse momento, mas eu escolhi não participar. Estava satisfeito em proporcionar a ela algum momento de alegria. Perdido em meus pensamentos, não percebi Cassandra se aproximar. Eu até havia esquecido que ela ainda estava na minha casa e a voz estridente dela me fez voltar para minha dura realidade. — Onde está a babá? – Lancei um olhar desanimado até ela, que tinha jasmim nos braços – não posso ficar olhando essa menina o dia todo. Eu me levantei e peguei Jasmim dos braços dela. Soltando um longo suspiro, para que talvez assim Cassandra percebesse o quanto a presença dela me irritava. — Eu dei folga para Kara – respondi e observei ela se irritar com minha decisão – não se preocupe com a jasmim, eu cuidarei dela. — Tenho a impressão de que essa garota tem certos privilégios nessa casa – disse com desdém, evitando a todo custo falar o nome de Kara – mas isso vai terminar
POV. Bruna Sanches. Eu estava tão ansiosa para retornar à minha casa, que mal me aguentava de tanta alegria. Recebi naquela manhã a notícia de que o Gustavo não iria me buscar, preferiu me receber em casa ou talvez estivesse apenas arrumando uma boa desculpa para não ter que me encontrar logo cedo. Ainda que a ausência dele fosse devastadora, eu permaneci contente por voltar para minha casa antiga vida.Mal havia saído do quarto, quando me deparei com o Donovan. Meu coração disparou descontroladamente e Cassandra logo interceptou as investidas dele. — O que diabos você está fazendo aqui? – ela sussurrava, com o rosto contorcido em fúria. — Por favor, Donovan, vá embora – eu disse e logo percebi a decepção estampada em seu rosto. Era claro que eu me lembrava de que ele era o meu amante e, devido a um deslize meu, o Gustavo jamais me perdoaria. — Eu queria ver você de novo – disse e eu revirei os olhos – desde o acidente, eu tenho visitado você. Não sabe como estou feliz em ter voc
Gustavo Henri Eu ouvi os passos apressados de Cassandra vindo atrás de mim e, decidido a não alongar ainda mais aquele momento, parei subitamente, me virando e obrigando Cassandra a parar também. — Eu sei exatamente o que você vai dizer – ela estava furiosa, podia até espumar pela boca – mas essa casa é minha e quem decide onde a Bruna vai ficar serei eu. — Devo lembrá-lo que você ainda é casada com ela? — Por pouco tempo – respondi de imediato – você não vai me obrigar a fingir ser um bom marido para ela. Eu já aceitei que ela ficasse, não exija mais de mim. Virei as costas, voltando a caminhar, mas ela veio atrás, falando sem parar. Eu conhecia a Cassandra tão bem que sabia que ela não desistiria fácil até poder me convencer. — Lembre-se do que o médico disse, Gustavo – dessa vez eu não parei para ouvi-la – a Bruna não pode passar por grandes emoções. Imagine como ela deve estar agora, vendo o marido a desprezar. — Então você terá que voltar lá e explicar tudo a ela – apress
Kara Gimenez. Eu consegui manter o sorriso no rosto até não suportar mais. Quando os meus olhos pousaram nas mãos unidas de Gustavo e Bruna, o sorriso desapareceu, dando lugar a uma dor terrível em meu coração. Do que mesmo eu estava reclamando? Quando eu conheci o Gustavo como figura pública, ele já era casado e apaixonado pela esposa. Eu me sentia uma traidora por tê-lo conquistado em um momento tão delicado de sua vida. Fui para o jardim e me sentei no mesmo banco em que ele havia me pedido em namoro. Inconsequentemente, eu usava a aliança que ele havia me dado. Eu deveria jogá-la fora, assim como qualquer esperança que eu mantinha dentro do meu coração em relação ao Gustavo. Uma lagrima já escorria dos meus olhos quando Afrodite se sentou ao meu lado. Eu tentei disfarçar a tristeza, mas já era tarde demais. Ela ficou do meu lado em silêncio por alguns segundos, sem me olhar, certamente para não me constranger e depois disso: — Está assim devido ao Gustavo. A afirmação dela
Gustavo Henri. Da varanda do quarto, eu via Afrodite conversando com a Kara e fiquei curioso para saber qual era o teor daquela conversa. Dez minutos depois, alguém bateu na porta e me surpreendi com a habilidade que Afrodite obtinha de se locomover de um lugar para outro tão rapidamente. — Podemos descer para conversar? – ela estreitou os olhos para dentro do cômodo como se procurasse algo – eu não quero ser inconveniente e entrar no seu quarto. É algo íntimo demais para mim. Eu ri da sinceridade dela. Se havia algo que eu amava em Afrodite, era a sua espontaneidade. — O assunto é tão importante assim? – ela revirou os olhos em um gesto brincalhão – provavelmente a conversa é sobre a Kara, acertei? — Anda nos espionando? – deu um leve tapa no meu ombro – certamente por aquela janela do seu quarto que dá de frente para o Jardim. Eu saí do quarto, fechando a porta logo atrás de mim. Jasmim estava com a Bruna no andar de baixo e, embora reclamasse bastante por ter que cuidar da m