Kara — Eu nunca senti tanto medo de perder alguém, como senti de perder você. As palavras do Gustavo ecoaram no meu ouvido como a declaração de amor mais sincera que alguém havia feito em toda a minha vida. Eu sorri e por um momento esquecemos que Alexandre também estava no carro e ouvia nossa conversa, embora parecesse estar concentrado nos documentos. Eu girei o pescoço para olhá-lo. O advogado tinha um olhar confuso, que se alargou quando meu rosto ficou vermelho. — Isso foi uma declaração ou eu estou imaginando coisas? – ele disse, quando Gustavo o olhou pelo espelho retrovisor, sorrindo. — Eu tinha me esquecido de que você estava aí – Gustavo disse – tendo para dizer sobre o testamento. — Dessa vez eu não vou aceitar que o senhor mude de assunto, patrão – Alexandre balançou a cabeça em negação e largou os documentos de lado. Eu sorri. Embora eu desejasse que ninguém soubesse do que acontecia entre mim e o Gustavo, permitir que Alexandre fosse o primeiro a saber. Afinal de
Gustavo Henri. Eu acreditei que aquilo era um sonho. Ver a Kara parada em frente ao meu quarto, vestindo uma camisola vermelha, tão sedutora, pedindo para ficar comigo, eu realmente devia estar sonhando. O perfume dela invadiu meu quarto quando fechei a porta e me vi sozinho com ela. Era um perfume especial, sedutor e viciante. Seu rosto vermelho revelava o quanto ela estava envergonhada ou talvez com medo. Me aproximei devagar, sem tocá-la, embora meu impulso implorasse para que eu avançasse o sinal imediatamente, eu não o fiz. — Como está a Jasmim? – ela lançou o olhar até mim e eu me perdi neles. — Não se preocupe – mostro para mim a babá eletrônica e sorriu – ela não vai acordar até que amanheça. Kara se aproximou e seus dedos finos tocaram meu abdômen e deslizaram até as minhas costas. Ela avançou quando aproximou seu rosto do meu. — Eu não quero mais fugir de você – sussurrou e aquilo me deixou excitado – eu quero ser sua totalmente. Antes que eu pudesse responder, eu
Kara Meus esforços para que Marta não me visse saindo do quarto do Gustavo foram em vão. Assim que fechei a porta, fui fuzilada pelo olhar questionador e surpreso dela. Me olhou de cima a baixo, com desprezo, e disse em seguida. — Vai dizendo adeus ao seu romance com o senhor Gustavo – meu coração congelou com as palavras dela. Marta julgava saber tudo e eu desconfiava se realmente não sabia. Ela sorriu antes de concluir – tenho ótimas notícias para dar a você, baba. A senhora dessa casa, esposa legítima do senhor Gustavo, finalmente acordou do coma. Foi como uma bomba explodindo dentro do meu peito. Eu fiquei com o olhar perdido, ainda que percebesse a felicidade no rosto de Marta ao constatar minha reação. Eu sei que o meu rosto revelou minha decepção. Ela girou os calcanhares e caminhou até a porta. Ainda em choque, eu precisei lutar contra a paralisia que me atingiu. Engoli toda a minha frustração e saí dali antes de o Gustavo abrir a porta. Eu não queria ter que olhar par
POV. Bruna Sanchez Era como um sono profundo. Eu escutava a voz da minha mãe constantemente pedindo para eu acordar, mas eu não conseguia. Lentamente, eu abri os meus olhos e eles arderam com a luz clara que vinha do quarto. Eu ouvi gritarias e de repente fui cercada por pessoas vestidas de branco, assustadas. Eu não entendia o que acontecia, quando finalmente me dei conta estar em um hospital, deitada em uma cama, com o corpo repleto de aparelho. Tinha uma sonda no meu nariz e aquilo me incomodou até finalmente ser retirado. — Seja bem-vinda de volta, Bruna – o médico parado a minha frente parecia feliz. — Como assim, de volta? – eu não tinha ideia do que acontecia. — Você não se lembra do que aconteceu? – Sobre o que aquele homem estava falando? Eu me lembrava apenas de entrar no meu carro, desesperada, atrás do Gustavo e depois disso eu acordei nesse hospital. — Você sofreu um acidente de carro – meus lábios se abriram – e ficou três meses em coma. O Gustavo chegando em ca
Gustavo Henri. Minha garganta estava completamente seca. Eu caminhava rapidamente pelo corredor do hospital como se ansiasse verdadeiramente rever minha esposa. Não havia um dia sequer, desde o acidente, que eu não desejasse que a Bruna acordasse daquele maldito coma. Lembrei-me então da noite que tive com a Kara e o meu coração pulou mil batidas. Finalmente, eu me veria livre daquele problema. Me divorciaria da Bruna e poderia dizer ao mundo o quanto eu amava a Kara. Mas as coisas não saíram como eu planejava. Há dez passos da porta do quarto de Bruna, fui abordado pelo médico dela. O homem parecia feliz em me ver e ansioso por me contar tudo o que acontecia. — Preciso conversar com você, antes de ir ver a Bruna – o semblante dele se modificou, agora o médico parecia preocupado. Ele me levou até o seu consultório. Sentei-me em frente a ele, descobrindo finalmente como ele se chamava. Magno Martins. Parecia até mesmo nome de cantor famoso. Olhei nos olhos dele e esperei que e
Kara Jimenez O dia se arrastou, lentamente, como uma forma torturante de me castigar. Depois da breve visita do Alexandre, eu permaneci isolada, para não ter que ouvir todos na mansão dizendo o quanto estavam felizes com a recuperação da Bruna. As notícias sobre esse fato já estavam espalhadas por todas as mídias sociais. Bruna era um milagre e uma foto dela ao lado de Gustavo era aclamada. Aquilo fez meu coração se afundar dentro do meu peito. Eu não deveria ter me esquecido jamais de que ele ainda era um homem casado. Eu esperava que o Gustavo retornasse para casa com o divórcio assinado, mas não foi isso o que aconteceu. Vi as luzes do farol do seu carro serem apagadas, enquanto ele caminhava para dentro da mansão. Fui para o meu quarto, para não ter que vê-lo ou dar a impressão de que eu o esperava. Mas alguns minutos depois, ele bateu a minha porta. Era inevitável aquele encontro. Inspirei o ar com força e prometi a mim não demonstrar fraqueza de forma alguma. Quando os me
Gustavo Henri A noite avançou em passos lentos. Eu não conseguia dormir, naquele quarto escuro e vazio. Faltava alguma coisa e, quando eu olhava para o lado, Kara não estava ali. Eu já nem sabia mais quando ela voltaria para mim e aquilo me consumia por dentro. Me levantei de sobressalto. Amanhã seria minha folga e, se eu quisesse pernoitar, eu poderia. Buscava uma solução para os meus problemas. Em breve, a Bruna voltaria para essa casa e eu teria que fingir que nada havia acontecido. Por quanto tempo eu ainda teria que esperar? Voltei a me deitar e dormir. Acordei no outro dia assustado. Ainda eram sete e meia daquela manhã e um barulho vinha do andar de baixo. Me levantei apressadamente quando me deparei com Cassandra no meio da minha sala discutindo com a Kara. — O que a senhora faz aqui? – lancei a ela um olhar fulminante quase desnudando sua alma. — Vista-se primeiro, Gustavo – girou o pescoço para o outro lado, evitando olhar para mim. Percebi que eu estava sem camisa
Kara O céu daquela manhã mudou gradualmente para um tom alaranjado, indicando que seria quente e cheio de problemas. Eu me tranquei no meu quarto sem a Jasmim, sabendo que Cassandra estava lá fora, comandando tudo o que ela considerava poder mudar. Meu coração se contorceu de dor, sem saber até quando eu conseguiria suportar toda aquela situação. Eu havia escutado claramente quando ela dissera que Bruna voltaria para aquela casa no dia seguinte. Eu deveria ter me preparado para aquele momento, porque eu sabia que ele chegaria. Agora, a esposa de Gustavo retornaria para os braços do seu marido e para cuidar de sua adorável filha. Certamente Cassandra havia contado tudo a ela. Tudo o que as pessoas diziam era de fato verdade. Pelos momentos seguintes, fiquei pensando na maneira como o Gustavo havia me tratado, da frieza e indiferença como se o que havia acontecido entre nós dois não fosse importante. Eu já estava afundando em uma depressão profunda, quando alguém bateu na minha po