Stella estava deitada, sentindo-se fraca na cama do hospital. A Dra. Jenny Dawson, a médica responsável, insistiu que ela ficasse lá devido à sua condição crítica.

— Sra. Miranda, não seria bom ligar para o seu marido, para que alguém fique com você? — Perguntou Jenny.

Stella esboçou um sorriso para Jenny.

— Já mandei mensagem para ele.

Jenny sorriu, sentindo pena da nova paciente, que claramente não estava se cuidando.

Quando Jenny saiu, Stella soltou um profundo suspiro, acariciando sua barriga plana. Um sorriso pequeno surgiu em seu rosto. Finalmente, ela e Charles seriam pais. Esperava que isso fosse o motivo para ele amá-la e completar a família deles.

Felizmente, a gravidez estava bem. Ela não sabia que já estava grávida de cinco semanas. Agora, precisava ter muito cuidado para proteger o bebê que crescia dentro dela.

— Devo avisar… — Alex começou a dizer.

Stella rapidamente se virou para ele e balançou a cabeça.

— Pode ir agora. Vou te ligar quando precisar.

Alex, apesar de mais velho, era forte e obedeceu, saindo silenciosamente do quarto.

Sozinha novamente, Stella sorriu mais uma vez. Pegou seu celular na mesinha e verificou se havia uma resposta de Charles. Em vez de uma mensagem dele, havia uma de Sophie. Seu sorriso desapareceu rapidamente ao lê-la.

[Não incomode o Charles, porque a mulher que ele mais ama chegou. Elizabeth é mais importante do que você jamais será.]

Stella apertou o celular com força depois de ler a mensagem. Não conseguiu resistir e abriu o vídeo anexado. Lágrimas desceram pelo seu rosto enquanto assistia. Um sorriso amargo se formou ao ver Charles sorrindo para a mulher.

Se Elizabeth estivesse na sua frente, Stella com certeza puxaria o cabelo dela. Seus soluços aumentaram quando Elizabeth beijou Charles, e ele não se afastou. A dor não estava apenas em seu coração, mas também na sua barriga, como se seu filho sentisse a mesma angústia.

O vídeo terminou na parte em que Elizabeth beijava Charles. Stella a conhecia bem. Quando o avô de Charles, Ramon Cooper, a escolheu para ser a esposa dele, Elizabeth suplicou e se opôs. No entanto, como Stella estava apaixonada por Charles, o casamento seguiu em frente.

Stella acreditava que, nos três anos em que estiveram juntos, havia conquistado o coração de Charles. Ela suportou e se humilhou, ansiando por seu amor. Quando ele finalmente a assumiu, ficou radiante, mesmo que estivesse embriagado. Isso aconteceu mais algumas vezes, mas ele sempre a fez tomar pílulas anticoncepcionais.

— É por isso que ele raramente vem para casa? — Perguntou ela, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

Um mês atrás, soube que Elizabeth tinha voltado à cidade. Esperava que Ramon tivesse encontrado uma maneira de mantê-la longe, mas Elizabeth retornou, provavelmente com a ajuda de Charles. Preocupada com o distanciamento de Charles ultimamente, ela secretamente parou de tomar as pílulas.

— Bebê, me perdoa. Você está aqui por causa do meu egoísmo. Sinto muito, mas parece que não posso te dar uma família completa. — Ela acariciou suavemente a barriga, com lágrimas ainda escorrendo pelas bochechas.

Respirando fundo, tentou se acalmar. Não podia suportar a ideia de perder seu filho também. Colocando um sorriso no rosto para o bebê, sabia que precisava evitar o estresse. Essa seria a última lágrima derramada por Charles. Com uma nova vida para cuidar, precisava pensar com razão, não com o coração.

— Amor, é óbvio que a Stella está te traindo. Ela deve ter ouvido que eu voltei, e logo encontrou um homem para salvá-la da pobreza!

Charles olhou fixamente para a foto tirada por Marimar do lado de fora de sua casa. Na imagem, Stella estava entrando em um carro luxuoso com um homem.

— Eu te disse, essa mulher é interesseira. Ela logo encontrou um velho rico. — Disse Sophie, com raiva, cruzando os braços na frente de Charles.

Charles se levantou com uma expressão vazia e virou as costas para elas.

— Já está tarde, vão dormir.

Magda de imediato segurou o braço de Sophie para impedi-la de seguir Charles.

— Chega, Sophie. Deixe o Charles pensar um pouco.

Sophie bateu o pé de frustração, insatisfeita com a reação de Charles à foto.

Elizabeth se levantou e se virou para Sophie.

— Você sabe quem é o homem da foto?

Magda hesitou, pensando na pergunta de Elizabeth naquele momento. Ela analisou a imagem. O carro que pegou Stella era caro. Estudou o rosto do homem, que estava bem vestido e parecia respeitável, mas não o reconhecia.

— Mãe, ele é uma das pessoas que você contratou para arruinar a imagem da Stella aos olhos do Charles? — Perguntou Sophie, olhando para Magda.

— Não sei quem é. Não conheço nenhum parente rico dela, então não faço ideia de quem é esse cara.

— Não vamos nos prender a quem a ajudou. O que importa é que convencemos o Charles de que há outro homem na vida da Stella. — Disse Elizabeth, sorrindo e acenando para Sophie e Magda.

— Exatamente! Agora, precisamos garantir que o Charles não sinta pena da Stella! — Sophie colocou o braço em volta dos ombros de Elizabeth e a levou para seu quarto.

No quarto do hospital, Stella olhou para o teto, sua mente cheia de pensamentos sobre o que viria a seguir. A ideia de ser separada de Charles trouxe lágrimas aos seus olhos, como se seu coração sentisse a mesma dor.

— Quando ele souber que estou grávida, ele vai ficar comigo. — Consolou-se, lembrando que sua família valorizava as crianças. — Claro que ele não vai querer que nosso filho nasça fora do casamento. Ele vai ter que ficar ao meu lado! — Disse para si mesma, um leve sorriso iluminando seu rosto.

Na manhã seguinte, Stella despertou, piscando contra a luz intensa que entrava pela janela. Ao pegar seu celular, percebeu que estava desligado. A bateria deveria ter acabado durante a noite, e ela não tinha carregador.

— Bom dia, como você está se sentindo? — A voz de Jenny a cumprimentou ao entrar no quarto.

Stella sorriu de volta para a jovem médica. Embora gentil, Jenny mantinha uma postura profissional.

— Estou me sentindo melhor, doutora. Posso ser liberada agora? — Perguntou Stella.

Jenny verificou o pulso e o soro de Stella. Estava quase vazio, e tanto os batimentos dela quanto os do bebê estavam estáveis.

— Vou te dar uma receita de remédios e vitaminas para ajudar na saúde do bebê. É importante seguir minhas instruções e voltar na próxima semana.

— Com certeza, muito obrigada!

— Seu marido ainda está a caminho? — Jenny olhou ao redor do quarto.

Stella sorriu.

— Sim, ele está vindo me buscar. Obrigada de novo.

Jenny olhou para Stella e ofereceu um sorriso caloroso.

— Não se esqueça, é crucial evitar o estresse. Se precisar de alguém para conversar, estou aqui para você.

Stella lutou contra as lágrimas e retribuiu o sorriso de Jenny, apreciando sua preocupação genuína, mesmo sendo conhecidas há pouco tempo.

— Estresse não é bom para você nem para o bebê. — Acrescentou Jenny.

Durante a conversa, Jenny compartilhou mais conselhos úteis, que Stella absorveu ansiosamente, especialmente sobre a maternidade. Para Jenny, parecia que Stella estava lidando com problemas no casamento.

Stella saiu do hospital com o coração pesado, respirando fundo o ar fresco antes de chamar um táxi. Pediu para ser levada para casa, esperando que as coisas estivessem melhores com Charles. Ao chegar, foi recebida por Magda, cujo olhar desaprovador não passou despercebido.

— Onde você esteve? Como se atreve a voltar depois de passar a noite com outro cara? — A acusação de Magda atingiu Stella como um soco.

— Por favor, escolhe suas palavras com cuidado, não há outro homem. — Respondeu Stella calmamente, pensando em seu bebê.

— Ainda negando, mesmo com provas? — A voz sarcástica de Sophie ecoou.

Stella se virou e encontrou Sophie na sala, e então seus olhos caíram sobre Charles, sentado quieto no sofá.

A dor invadiu o rosto de Stella ao ver a mulher ao lado de Charles. 'Então, ela passou a noite aqui,' pensou amargamente.

Naquele momento, Stella percebeu sua insignificância para Charles, especialmente depois que ele soube que ela estava internada. Uma sensação de impotência a dominou, deixando-a incapaz de se mover ou falar.

Daniel Lawson, o advogado presente, limpou a garganta, percebendo a angústia que emanava de Stella. Ele simpatizava com sua situação, mas se sentia impotente para intervir, especialmente com Ramon fora do país para tratamento.

O casamento de Charles e Stella era amplamente visto como uma conveniência, uma união feita por causa de Ramon, na expectativa de que ele não vivesse muito tempo. No entanto, a longevidade inesperada de Ramon levou à situação atual.

A expressão de Charles se endureceu enquanto encarava Stella.

— Se você precisava de dinheiro, deveria ter falado. Não conseguiu nem esperar para assinar os papéis do divórcio antes de sair correndo atrás de outro homem rico.

O coração de Stella despencou com a acusação de Charles. Ela sabia que ele pensava que ela só se importava com dinheiro, mas ouvir isso dele a machucava profundamente.

— Se você está tão ansiosa para encontrar outro homem rico, vamos nos separar. — Declarou Charles.

Sophie e Magda sorriam, antecipando o que Charles diria a seguir. Elizabeth fazia força para não sorrir, claramente satisfeita.

Stella se sentiu destruída. Apesar de seus esforços, não conseguiu esconder a tristeza nos olhos.

— A Elizabeth voltou, então é hora de nos separarmos. — Murmurou Charles, desviando o olhar de Stella, incapaz de suportar a dor e a confusão que ela refletia. Lutando com suas emoções, ele se levantou e sinalizou para Daniel prosseguir.

Daniel se aproximou de Stella, que parecia paralisada.

— Sra. Cooper, aqui estão os papéis que você precisa assinar. Não se preocupe, em troca do divórcio, você vai receber R$ 5 milhões e esta casa, para garantir que você esteja bem.

Stella fixou os olhos nos papéis que Daniel lhe entregou. Havia dois — um para o dinheiro e outro para a casa. Em vez de chorar, um sorriso amargo se formou em seu rosto. Ela riu da forma como sua vida havia se desenrolado. Para os outros, parecia que ela estava feliz com o que receberia, mas era tudo tão irônico.

Mesmo sentindo uma dor genuína, ela escondeu isso com risadas. Quando olhou para cima, encontrou os olhos de Charles. Sorriu de novo, notando o quanto ele ainda era bonito, mesmo com aquele olhar frio. Nesse momento final, ela queria mostrar que estava feliz por ele, feliz por ele estar com a mulher que realmente amava.