Capítulo 3
Stella sentiu um nó se formar na garganta. Ela se virou para Charles mais uma vez e perguntou:

— Eu só preciso saber se eu algum dia signifiquei algo para você, mesmo que um pouquinho?

Charles lhe lançou um olhar frio e disse:

— Você sabe que só me casei consigo por causa do meu avô. Pegue o dinheiro que você queria quando casamos e me devolva minha liberdade.

Stella lutou para esconder um sorriso amargo. Ela não podia culpar Charles por pensar assim. Quando ele perguntou por que ela queria se casar com ele, não tinha uma boa resposta, apenas disse que era seu sonho se casar com um homem rico. Mesmo que tivesse dado uma razão diferente, ele ainda a veria como uma interesseira. O que mais a feriu foi que Charles nunca a amou durante os três anos juntos. Ela soltou um suspiro silencioso e assentiu lentamente, aceitando a dolorosa verdade.

— Você me amaria se eu fosse rica? — Perguntou Stella, sem pensar muito.

— Amor verdadeiro não é sobre usar as fraquezas dos outros para seu próprio benefício. — Respondeu Charles friamente.

Stella abaixou a cabeça, ferida pelas palavras dele. Ela ficou em silêncio por um momento antes de tomar uma decisão.

Daniel ficou surpreso quando Stella, em silêncio, pegou a caneta da mão dele e assinou os papéis do divórcio. Ele olhou para Charles, mas ele já tinha se afastado.

Magda e Sophie olharam para Stella em choque. Elas não esperavam que ela cedesse sem lutar.

— Hah, agora você mostrou suas verdadeiras intenções. Hoje, ficou claro que só queria dinheiro e nunca se importou com o Charles! — Acusou Sophie, magoada por causa dele.

— Sophie, não perca seu tempo com ela. Uma interesseira não tem coração e só faz jogo sujo. — Disse Elizabeth, segurando o braço de Sophie.

— Só quero que o Charles seja feliz, por isso estou o deixando ir. — Respondeu Stella, calmamente.

Sophie hesitou, percebendo a tristeza nos olhos de Stella, apesar de sua calma.

Stella se virou para Elizabeth.

— Estou deixando o Charles com você. Cuide dele. Ele tem dificuldade para dormir sozinho à noite.

Elizabeth desviou o olhar, irritada e ofendida pela insinuação de que estava se contentando com as sobras.

— Tem mais um documento que você precisa assinar. — Disse Daniel a Stella, entregando-lhe outro papel.

Stella soltou um profundo suspiro, observando o documento. Era o acordo pelo dinheiro.

— Ei, não tenha pressa em se mudar para a casa. Deixe as coisas do Charles serem retiradas primeiro. — Começou Magda, mas Stella se virou abruptamente.

— Eu não quero. Só quero agradecer por ter me apoiado esses três anos. — Respondeu Stella, saindo.

Daniel ficou parado, surpreso com a falta de interesse de Stella pelo dinheiro ou pela casa.

— Ei, Stella, e suas coisas? — Chamou Marimar ao sair.

— Você pode ficar com tudo. — Respondeu Stella, saindo lentamente. Ela precisava ir embora enquanto ainda conseguia andar.

— Ugh, que arrogante! Ela só está tentando fazer você se sentir culpada ao recusar o dinheiro! — Exclamou Elizabeth, frustrada.

Sophie piscou, voltando à realidade. Ela queria ir atrás de Stella, que parecia tão mal, mas Magda a deteve.

— Não sinta pena dela. Ela é boa nisso. O Charles não pode descobrir que ela rejeitou o dinheiro.

Relutantemente, Sophie concordou, observando Stella entrar em um táxi com apenas sua bolsa. Ela não conseguiu evitar sentir um pouco de pena de Stella, questionando se haviam tomado a decisão certa.

— Não pense nisso. Ela não merece sua simpatia. Devemos comemorar a liberdade do seu irmão, e meu sonho de me casar com o Charles finalmente pode se realizar. — Insistiu Elizabeth.

Sophie sorriu para Elizabeth e concordou. Pegou o documento de Daniel, sabendo que precisava mantê-lo em segredo.

— Diga que a Stella pegou a cópia dela quando você contar ao Charles.

Daniel acenou com a cabeça, relutante, e seguiu com Charles para o escritório.

— Ela assinou tudo? — Indagou Charles, sem se virar.

— Sim. — Confirmou Daniel, colocando os papéis assinados sobre a mesa.

Charles olhou para os papéis do divórcio, verificando a assinatura de Stella. Ele achou que ela tinha feito isso por necessidade, especialmente por causa da casa no acordo.

— Tem certeza disso? — Questionou Daniel, estudando o amigo atentamente.

Sem dizer uma palavra, Charles serviu vinho em um copo e estendeu um a Daniel para brindar.

Daniel não insistiu em uma resposta, brindando com o amigo, entendendo que Charles precisava de companhia.

Marimar entrou feliz no quarto de Stella, escolhendo as coisas que gostava. Hesitou com as joias, pensando se deveria pegá-las agora, mesmo que Sophie dissesse que eram dela. Optou por pegar depois e trancou a porta para manter os outros fora.

Enquanto isso, Sophie, Magda e Elizabeth estavam animadas, felizes por se livrarem de Stella, que sempre acharam irritante.

Stella apertou os olhos, tentando segurar as lágrimas. Precisava se manter calma, mesmo com a dor na barriga voltando. Felizmente, tinha dinheiro suficiente para um táxi. Pediu ao motorista para levá-la ao hospital, preocupada que pudesse perder o bebê por causa da dor.

Sentindo-se fraca, Stella pensou em ligar para quem a havia levado no dia anterior, mas se desapontou ao perceber que seu celular estava morto. Ela esqueceu de carregar. Amassou seus papéis médicos, decidida a manter a gravidez em segredo. O taxista foi gentil e a ajudou a entrar no hospital.

Quando Jenny soube que sua paciente havia voltado, correu para ajudar. Ao ver o sangue, ficou muito preocupada, mas não fez perguntas. Percebeu que Stella estava desesperada.

— Por favor, não deixe meu bebê morrer! — Suplicou Stella a Jenny, com a voz trêmula de medo.

Jenny assentiu tristemente, entendendo a urgência. Ela rapidamente administrou uma injeção para estancar o sangramento e pediu que Stella descansasse na cama. Admirava a coragem de Stella em enfrentar esse desafio sozinha para salvar seu filho.

Sentindo-se um pouco mais aliviada com os cuidados de Jenny, Stella se permitiu cair na escuridão, buscando alívio para a dor no coração.

— Dra. Dawson, você não vai embora ainda? — Perguntou a enfermeira ao encontrar Jenny no quarto da paciente.

— Vou ficar até ela acordar. — Respondeu Jenny. Stella estava dormindo há horas, e Jenny a monitorava sempre que podia.

Stella acordou com o som de movimento. Gentilmente, colocou a mão na barriga, sentindo uma mistura de preocupação e esperança.

Stella esboçou um pequeno sorriso ao ver Jenny.

— Muito obrigada! Realmente aprecio que você esteja cuidando de mim.

— É meu dever ajudar a salvar vidas. Há mais alguma coisa que você precisa?

Stella olhou para o relógio na parede. Era noite, e seu estômago roncou de fome.

— Tenho uma comida pronta que é boa para você e o bebê.

— Obrigada. Posso pegar seu celular emprestado?

Jenny não hesitou em entregar o celular a Stella, percebendo que o dela estava desligado.

Agradecida, Stella discou o número de Alex, a pessoa em quem sempre confiou para ajuda.

— Preciso da sua ajuda.

Jenny observou Stella de perto, notando a mudança em sua postura dependendo de quem ela estava falando.

Stella manteve a ligação curta, compartilhando sua localização antes de devolver o celular a Jenny.

— Você gostaria de um carregador para o seu celular? — Ofereceu Jenny.

— Não, obrigada.

— Bem, se você não precisa de mais nada, eu vou sair. Não se preocupe, já informei o médico e a enfermeira da noite sobre a sua situação.

Stella agradeceu mais uma vez a Jenny. Quando ficou sozinha, forçou-se a comer apesar da falta de apetite, sabendo que precisava se nutrir pelo bem do bebê.

Seu humor continuou sombrio, mesmo depois que Alex chegou.

— Você vai voltar para casa? — Perguntou Alex educadamente. Quando ela assentiu, ele sorriu. — Seu pai vai ficar feliz.

Stella deu um sorriso amargo. Voltar para a casa do pai significava abrir mão da liberdade completamente.

— Não se preocupe. Você vai estar melhor agora. Não vai passar pelo que passou com seu ex-marido.

Ela desviou o olhar, irritada. Acabara de descobrir que seu pai estava monitorando a situação dela sem que ela soubesse.

— Já resolvi tudo. Você pode partir quando estiver pronta.

Stella se levantou rapidamente da cama e começou a se arrumar. Com seu pai envolvido, qualquer coisa poderia acontecer.

— Seu celular.

Ela agarrou o celular de Alex, planejando se livrar dele. Quebrou o chip e jogou no lixo. Depois, arremessou o celular contra a parede, estilhaçando-o.

— Limpe o quarto antes de sair.

Alex apressou-se em limpar a bagunça do chão e jogar fora. Ele estava feliz em ver a velha Stella voltando.
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