Não foi como Endrelina esperava, não haviam as batidas descompassadas em seu peito, o calor se alastrando do simples toque dos lábios ao rosto enquanto tingia as bochechas de rubro, e aquecida seu coração, ou o arrepio prazeroso que devia eriçar todos os poros do corpo, mas já estava acostumada que as coisas não fossem do seu jeito com o Caçador. Porém não esperava por aquilo, pelo toque sem vida, o gosto amargo da morte se alastrando dos lábios ao fundo de sua boca atando um nó na garganta, e com sua alma trincando aos poucos.
Endy queria se afastar mais não conseguia reunir forças, algo dentro de si havia se rasgado de cima a baixo de tal maneira que não conseguia tirar seus lábios dos dele. Não desejava, perder o contato, que fosse real, e que as forças do universo o trouxessem de volta e a tomassem em seu lugar. A levassem e n&
Aylilins acordou cedo, antes que o galo pudesse cantar e que todos os nobres do castelos pudessem vê-la sair, como era da sua rotina trocou a camisola azul celeste pela camisa de manga comprida branca, vestiu sobre ele o colete marrom, com as bordas e os cadarços da amarração dos botões negros, e por fim pôs a calça bege que estava tão surrada que nem uma das empregadas diria que pertenciam a princesa ou o que fazia entre suas coisas no baú. Porém a parte mais difícil não era se vestir ou atravessar os muros bem protegidos, mas encontrar o outro exemplar da bota negra que devia estar no seu pé direito, e não perdida em algum canto obscuro do castelo. Aylilins não tinha tempo para procurar pelo calçado, era a visão do sol rompendo a linha do horizonte, pela janela entre aberta, que a informava que precisava sair correndo ou chegaria atrasada, e essa insolência não sairia de graça, não com Malcon.Foi o medo aliada a pressa que a fez sair em disparada pelos corredor
Assim que o rosto encostou nas águas negras um arrepio percorreu o corpo, era o frio retraindo os músculos e diluindo a pouca coragem de continuar a tarefa. Mas era isso ou achar um jeito de vencer Malcon em um combate, onde a única espada por perto uma hora estaria sobre o seu pescoço. Então continuou torcendo que fosse mais rápida que o sol traspassando o horizonte, estava correndo contra a bola amarelada avermelhada que nunca se atrasava, até mesmo contra o tempo, e por um momento que a lenda do lago fosse verdade. “É impensável, impossível, sereias não existem, não deviam existir. Não naqueles lago gelado e coberto de folhas.” Era o que dizia pra si entre as espiadelas na rocha fora d’água.A mão presa a espada mais atrapalhava do que ajudava entre as braçadas, isso quando a lâmina cega não atingia o corpo e o rosto, da garota, durante a primeira volta. Mas foram as pedradas motivacionais do comandante que a motivaram a continuar dando braçadas com os dois bra
Ela não viu nada antes ou chegou a sentir que alguma coisa estava se aproximando, mas tinha a estranha sensação que alguém a estava observando. Era constante, estava intrínseca em sua alma, na pele arrepiada e nas braçadas que ganhavam força e velocidade graças ao medo, ao desejo de não ser a refeição de bom dia. Mas já era tarde demais, já estava sendo carregada ao fundo do lago. A água densa tinha o odor podre de decomposição, o gosto amargo e ferrosos de lama preenchia a garganta, enquanto empapava a saliva na boca e fazia os tímpanos ruir, como se estivesse tomado umas boas pancadas.Não havia visibilidade nas águas negras e a pouca luz só mostravam a direção correta pra seguir, mas teria que arranjar um jeito de se livrar do que a estava puxando. Não adiantava segurar a respiração ainda que tentasse o ar dava um jeito de escapar pelos lábios selados ou pelas narinas enquanto a água entrava.Aylilins se manteve calma conforme era arrastada
Endy abriu os olhos na turva penumbra, que os abraçava junto com o calor dentro da minúscula barraca, e fitou o rosto imóvel do caçador, os lábios rosados entreabertos, as bochechas mais pálidas que o habitual, e as pálpebras seladas por uma pequena crosta líquida que descia a face, feito uma lágrima. Mas não era. Tudo isso informava ao consciente, a razão e a lógica que não tinha como ele estar vivo, mas como todos as coisas vivas estava morto.“Não pode ser verdade? É uma mentira tão ruim que não tem como acreditar. É impossível...” Era o ceticismo que repercutia nos pensamentos de Endy, enquanto seu rosto aguardava a sensação do toque úmido roçando suas bochechas e o suave ruído do ar penetrando as orelhas. “É tudo coisa da sua cabeça. Foi só uma brisa no
Assim que abriu os olhos a primeira coisa que Orion tentou fazer foi levantar, mas o corpo não obedeceu se recusando a engolir a dor e a se por de pé. As ires ainda estavam descompassadas tentando por em ordem o montante de pele sobre seu corpo, as costas da garota a sua frente com uma corda presa entre os dedos e um pedaço de gelo na outra mão. Fitou ao redor se dando conta do trenó, da mochila que estava sendo usando de travesseiro e permaneceu em silêncio por algum tempo, até que a viu fazer a coisa mais estúpida que podia ser feita.- Não coma neve, coloque-a no cantil e deixe dentro das suas roupas. – Informou à garota que mastigava alguns pedaços de neve.Não faltava muito talvez uns dez a vinte quilômetros que naquele ritmo podia se prolongar por mais dois a três dias. O problema seria a nevascas, a tempestade se intensificando de momento a momento. O céu calmo não o enganava de forma nem uma sabendo que quando a tormenta começasse não ce
Na última vez que abriu os olhos Endrelina estava abraçando-o, buscando algum calor em seu corpo gelado. Os cabelos castanhos tocando seu rostos enquanto a cabeça descansava em seu peito, ele subiu as mãos pelas costas da garota, não sabendo aonde colocá-las, e a abraçou de volta colando seu corpo ao dela. Era bom ter ao que se agarrar, sentir o calor transitando dele pra ela e descobrir que havia mais alguém que lutaria por ele, para mantê-lo vivo. Era reconfortante. Essa seria uma boa memória se ainda se lembrasse dela. Se não recordasse da dor e de quantas vezes cogitou a hipótese de deixá-la a própria sorte e não levá-la consigo. Mas tudo que se lembrava aos poucos dava lugar ao breu e então a luz.Orion agradeceu aos céus quando abriu os olhos e percebeu que estava em seu quarto, e não fazendo parte de um amontoado de gelo. As ires serpentearam o cômodo procurando qualquer desordem, mas tudo estava em seu devido lugar, nas prateleiras com seus poucos livros,
Pela primeira vez Endy percebeu algo na voz, tinha um ar de fraqueza, de convicção mesclada a uma infantilidade que beirava o egocentrismo, mas também o imaginou dizendo com lágrimas descendo o rosto, com um suspiro exausto de uma alma cansada de lutar, de perder, de nunca desistir. Pela primeira vez seu caçador deixava o plano das deidades, das pessoas que não se quebravam pra revelar os mais sutis traços humanos, a fragilidade e a dúvida. Era só mais um menino correndo atrás de um sonho, um bebê tentando tocar a lua do seu pequeno berço sem de dar conta da distância que havia entre eles, um desejo condenando a não se realizar, a falhar todas as vezes.- Faz parte do meu sonho. – Continuo ele a fitando, enquanto seus olhos ganhavam uma nova audácia, uma versão dupla e reforçada da convicção que já estiveram entre as ires sem vida, mas agora estavam mais fortes, renovadas pelo constante desgaste. Então devolveu com a mesma coragem que respondeu, com um novo ânimo. P
Devia ser cedo, a luz do sol nascente mal invadia o quarto através da cortina e tudo que ouvia pela janela aberta era o som estridente de água caindo. Foi a curiosidade que a levou a desvendar o mistério do que havia lá fora? O que fazia aquele barulho? O que ou quem estava acordado, aquelas hora? Por isso esgueirou os olhos pelo tecido ao vento, enquanto aos poucos observava os fatos solucionando o intrigante caso que estava em sua mente. Os cabelos curtos ganhavam tons mais escuros conforme a água passava por eles, e ao fitar as costas, expostas, cheias de cicatrizes perguntas se formavam questionando qual seria as histórias por trás delas? Mas não era esse o foco, não naquele momento. Ao lado dele uma tocha presa ao poço fornecia a pouca luz que corroía o delicado véu do que restava da noite. O balde foi julgado no poço e depois de alguns segundos água despencava a partir da cabeça levando toda a sujeira do corpo embora.Conforme acordava perguntas surgiam e as i