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Primeiras impressões

ISABELLA

Hoje é o nosso primeiro dia na imprensa. Logo pela manhã, teremos uma reunião por vídeo chamada com Nathanael, o chefe da máfia de Chicago. Ele é nosso aliado e guarda nossos melhores armamentos sem levantar suspeitas. Em troca, ajudamos a construir um dos maiores bunkers da região, com o acordo de usá-lo como bem quisermos. Além disso, Nathanael é pai de Romeu,marido da minha tia Emília e melhor amigo do meu avô.

Desde as quatro da manhã, estou dentro do meu closet, revirando cada peça de roupa na tentativa frustrada de encontrar algo perfeito para vestir. Nada parece bom o suficiente. Pedir ajuda para minha mãe está fora de questão. Ela ainda não superou o fato de que eu e minha irmã escolhemos "essa vida", como ela sempre diz. As discussões intermináveis entre ela e meu pai são a prova de que, no fundo, seu problema não é a escolha em si, mas o medo de nos perder.

Quando o relógio marca seis horas, desisto. Pego qualquer roupa, minha bolsa, escondo a arma na cintura e sigo para a garagem do condomínio. Marcello, meu soldado desde que cheguei aqui, já me espera na porta.

— Para onde você vai uma hora dessas, sua maluca? — ele pergunta, cruzando os braços.

— Óbvio que para o shopping, Cello! — respondo, sorrindo.

Ele suspira, balança a cabeça e abre a porta do carro para mim. Antes de fechá-la, murmura:

— Eu só posso ter feito algo muito feio na minha outra vida para estar sendo punido agora com você...

Sorrio enquanto ele dá a volta e assume o volante.

Quando chegamos ao shopping, Marcello não desgruda de mim. Alto, musculoso, com pele negra impecável, olhos verdes intensos e uma expressão intimidadora. Ele parece o tipo de homem que mataria alguém sem pestanejar se encostassem um dedo em mim. As pessoas que abrem suas lojas nos encaram enquanto passamos. Na rua, somos profissionais. Mas a portas fechadas, fazemos guerras de travesseiro e conversamos sobre as conquistas amorosas dele e do irmão. Acho que ajuda muito em nossa amizade e convivência diária termos idades próximas

— Em qual loja estamos indo, criatura? — ele pergunta, a voz baixa o suficiente para que apenas eu escute.

Viro levemente o rosto para responder:

— Ainda não sei — sorrio —, mas você será meu consultor de moda.

Marcello revira os olhos.

— Eu devo ter matado o filho do faraó. Ou o próprio faraó...

Rio da indignação dele e seguimos para a loja. Escolho várias peças, e ele se vê obrigado a sentar enquanto desfilo os looks um a um.

— Então? Esse é o último — digo, girando para ele ver melhor.

Marcello, sempre impecável no autocontrole, tenta manter a expressão neutra, mas falha. Seus olhos brilham, ele se remexe na poltrona e pigarreia antes de responder:

— Esse vestido... acho que está perfeito, Izzy. Você está realmente bela.

Sorrio com a sinceridade dele.

— Então é esse!

Me viro para o espelho. O vestido preto justo se molda ao meu corpo. O tecido é confortável e maleável, a saia lápis com uma fenda discreta me permite mobilidade suficiente para uma luta corpo a corpo, se necessário. Meus cabelos castanhos caem em ondas pelas costas, e o colar com a inicial "I", idêntico ao "L" da minha irmã, completa o visual. Perfeito.

— Marcello williams, você tem um excelente gosto para moda — digo, satisfeita.

— Podemos ir agora ou você quer se atrasar no primeiro dia?

Olho para o relógio.

— Merda! Marcello, paga o estacionamento que eu te encontro na garagem!

Ele hesita.

— Vai, Cello! Eu sei me cuidar!

Ele varre a loja com os olhos, certificando-se de que não há perigo iminente, e então segue para a garagem.

Corro para o caixa, pago minhas compras e saio às pressas. Mas não previ a possibilidade de esbarrar em alguém.

E não é qualquer um.

O homem mais gato que já vi na vida.

Cabelos castanhos claros, bagunçados de um jeito propositalmente perfeito. Alto. Olhos castanhos profundos. Sardas quase imperceptíveis que o tornam ainda mais charmoso. E aquela barba rala, bem feita, me faz querer passar a mão por seu rosto.

Congelo.

E ele percebe.

Seu sorriso safado se abre lentamente, como se soubesse exatamente o efeito que causa. Só então percebo que estou parada, olhando para ele feito uma idiota.

Forço minha postura e tento recuperar a dignidade.

— Desculpa, eu realmente não te vi. Estava distraída olhando a hora para não chegar atrasada no trabalho.

Ele sorri ainda mais.

— Desculpe-me você. Eu também estava... distraído.

Seu olhar percorre meu corpo, e ele claramente aprova o que vê.

— Primeiro dia?

Desvio o olhar, um pouco envergonhada, e faço um movimento discreto com a cabeça.

— Preciso ir.

— Tenha um ótimo primeiro dia então.

Aquele sotaque diferente, aquele sorriso... droga.

— Obrigada. Tenha um ótimo dia também.

Sigo para a garagem, mas não resisto e olho para trás.

Ele ainda está ali.

Me observando ir embora.

Tão... perfeito.

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