ISABELLAPassei a noite inteira conversando com Viktor. Descobri que está aqui a trabalho, ele é um investigador particular, pelo que entendi. E eu, como não podia contar toda a verdade, escolhi apenas uma parte dela: sou apenas uma garota italiana que se mudou com a família para ficar perto dos avós. Nada mais.Na manhã seguinte, tomo um banho rápido, visto uma calça jeans, uma camisa branca e meu salto favorito. Desço correndo as escadas, já atrasada, mas antes que possa sair pela porta da frente, a voz firme da minha mãe me paralisa.— Isabella, aonde você pensa que vai?Fecho os olhos, respiro fundo e viro para encará-la.— Trabalhar, mamãe. Aonde mais eu iria?Ela me encara com aquele olhar de autoridade que já não lhe cabe mais.— Você está de castigo, mocinha. Não me obedeceu ontem, me desrespeitou e chegou sabe-se lá que horas!Seguro um riso debochado.— Engraçado, porque não me sinto nem um pouco de castigo. — Ergo a sobrancelha. — Mamãe, você precisa de ajuda. Está começand
VIKTOR— NÃO ME INTERESSA, NIKITA! — grito, sentindo o desespero subir como uma maré violenta. — Eu só preciso encontrar ela!Meu peito está em chamas, a angústia me consumindo por inteiro. Isabella disse que ia trabalhar e, depois disso, silêncio total. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Celular desligado o dia inteiro. Isso não é normal.Se algo aconteceu com ela… não quero nem pensar nessa possibilidade.— Irmão, você nem conhece ela direito. E se ela estiver com o namorado? — A voz de Nikita carrega um tom despreocupado que me irrita além do limite.Meu sangue ferve. Como ele ousa?— Isabella é minha. — Rosno, sentindo cada músculo do meu corpo se tensionar.— Cara, são duas da manhã. Se ela não apareceu, deve ter um motivo.Ele não percebeu minha fúria ou simplesmente não se importa. Antes que eu possa mandá-lo para o inferno, meu celular vibra em minha mão. Meu coração quase para.Bella.Atendo sem hesitar.— Isabella?O som do seu choro atinge meu peito como um soco. O alívio q
VIKTORTer Isabella tão perto de mim me deixa à beira da loucura. Meu desejo é beijá-la até apagar toda a tristeza que ainda vejo em seus olhos. O que diabos está acontecendo comigo?Ela se afasta rapidamente, as bochechas coradas de uma forma que a deixa ainda mais bonita.— Vamos terminar logo antes que meus irmãos venham atrás de mim — diz, mudando de assunto apressadamente.Sorrio, achando adorável a forma como tenta disfarçar sua vergonha.— Quantos irmãos você tem? — pergunto, tentando aliviar o clima.Os olhos dela brilham quando fala:— Cinco. Meu irmão mais velho, Owen; os gêmeos Otto e Ollie; a Livi e a bebê Ayla.É evidente o amor que sente por eles, e isso só a torna ainda mais encantadora.— E você? Tem irmãos?Gosto da forma como ela quer saber mais sobre mim.— Não, mas tenho dois melhores amigos que são como irmãos, Ivan e Nik. Foram eles que passaram o dia me ajudando a te procurar.Ela sorri, observando meu rosto atentamente, como se algo ali a deixasse satisfeita.C
VIKTORPassei a manhã inteira tentando encontrar qualquer ligação entre Isabella e os Mancini, mas não achei nada. Não posso ser tão azarado a ponto de me apaixonar por uma inimiga. Os Mancini são cruéis, impiedosos, manipulam e sequestram sem hesitação. Foram eles que levaram a filha do meu chefe. Petrov é um cretino desprezível, mas ainda assim, é o chefe da máfia russa. Minha lealdade pertence a Russia.A tarde segue como qualquer outra: caçando pistas sobre Melissa Petrov. Só que agora não posso mais ficar à espreita na frente da empresa. Se Isabella me ver, estou fodido. Como vou explicar que sou um mafioso? Que mato e torturo pessoas? Ela nunca me aceitaria.Meu celular toca. Atendo no segundo toque.— Irmão, sai da frente da empresa. — A voz de Nikita está tensa. — Petrov ordenou um ataque contra os Mancini.Meu estômago afunda.— O quê? Por quê? — Minha mente imediatamente pensa nela. Isabella está no fogo cruzado.— Ele está cansado de esperar. Quer começar a guerra logo. Enc
ISABELLANão. Isso não pode ser verdade.Meu peito aperta, e a dor da traição rasga minha alma como uma lâmina fria. Viktor. O homem que tomou meu coração, que me fez acreditar no impossível… Ele não pode estar aqui para matar minha mãe.As armas estão apontadas para ele. O ar ao meu redor pesa, cada segundo parece uma eternidade. Eu deveria odiá-lo.Mas o pensamento de vê-lo morto é insuportável.Sem pensar, corro para frente dele, protegendo-o com meu próprio corpo.— Não, por favor, não! — Minha voz é um grito de desespero, sufocada pelas lágrimas que escorrem sem controle.Viktor me encara, seus olhos castanhos queimando com algo entre angústia e amor.— Isabella, não se ponha em perigo, meu amor! — Sua voz treme, tomada de agonia.Mas agora eu vejo.Tudo foi uma mentira. Cada toque. Cada beijo. Cada promessa.Mentira.Meu coração se parte de um jeito irreversível. O amor se converte em ódio puro. Eu me viro para ele, o sangue latejando em minhas veias.— Não me chama assim! — meu
VIKTORA única coisa que me importa é garantir que ela saia viva dessa guerra.Estamos na sala de reuniões da empresa Mancini quando Otávio, impaciente, toma a frente:— Qual o plano do meu avô?Sem rodeios, digo a verdade:— Recuperar a filha e se vingar pelo sequestro.— Sequestro? Que sequestro? — Rafael franze a testa, confuso.Cruzo os braços, lembrando de todas as vezes que questionei essa história.— Petrov sempre afirmou que inimigos sequestraram sua filha. Eu e meus irmãos nunca engolimos essa versão, mas nunca conseguimos provar nada.Rafael ri, mas não há humor em sua expressão.— Sequestro? Melissa fugiu. Meu soldado a ajudou a escapar dos maus-tratos do pai. Quando soube que seria entregue a Maxwel, o velho cruel da máfia escocesa, ela preferiu morrer. Ele a encontrou tentando se matar e, em vez de deixá-la, prometeu ajudá-la a fugir. Trouxe-a para cá, onde ficou sob nossa proteção.O impacto da revelação me atinge em cheio. Tudo se encaixa.— Então é isso... Petrov quer
ISABELLAAcordo sentindo o calor do seu corpo colado ao meu. Sua respiração é quente contra minha nuca, e um beijo suave faz minha pele arrepiar. Sua voz rouca ecoa no meu ouvido, carregada de diversão e desejo.— Bom dia, futura namorada.Solto uma risada, ainda de olhos fechados, apreciando sua audácia matinal. Levanto a mão direita no ar, balançando os dedos.— Está vendo alguma aliança aqui, senhor Ivanov?Ele solta um riso baixo, aquele sorriso torto que me desarma toda vez.— Consigo visualizar claramente, senhora Mancini.Reviro os olhos.— Você é muito sínico, sabia?Ele apenas ri, se afastando um pouco. Me espreguiço, sentindo cada músculo do meu corpo protestar. Uma dor latejante percorre meus membros, me fazendo soltar um gemido de frustração.— Preciso de um banho. Você me fez treinar até as duas da manhã. E aquele banho rápido para tirar o suor não ajudou em nada. Meus músculos ainda estão gritando.Viktor decidiu que queria testar todas as minhas habilidades. Disse que p
VIKTORDeixo Isabella em segurança na casa de Rafael e sigo para minha casa. Algo dentro de mim grita que essa reunião não será apenas mais um encontro estratégico,será um campo minado.Chego, vou direto para o meu quarto e abro o cofre no chão. Minha semi-automática, uma pistola reserva e minhas inseparáveis facas,fiéis companheiras de incontáveis mortes,estão todas lá, prontas para o que vier. Volto ao carro e sigo meu destino. No caminho, envio uma mensagem para Isabella e os Mancini: o show vai começar.Ao chegar, os homens de Petrov já me aguardam. Suas expressões são fechadas, tensas. Mal sabem que esta será a última vez que alguns deles respirarão.— Nem um cafézinho para mim? — digo sem humor, observando os rostos atentos ao meu redor.— Chefe. — Todos me cumprimentam com respeito.Caminho entre eles como um predador cercado por lobos que não sabem que já foram caçados.— O plano é simples. Vamos atacar onde mais dói: o armazém. Lá dentro está todas as drogas e armas de guerr