VIKTOREu preciso entender por que diabos eu nunca ouvi falar de um tal de Josh “melhor amigo” da minha mulher. Isabella sempre me contou sobre todas as pessoas importantes da vida dela. Todas. E esse Joshua nunca apareceu nem como coadjuvante. Será que ela também o amou? Porque, pela forma como ele olha pra ela… é óbvio que ele a ama. Será que eles já ficaram? Foram namorados? Merda. Esse pensamento só está me deixando mais furioso.Não. Se Isabella não falou nada, é porque não era importante. Ponto. Ou… porque ela escondeu de propósito.— Vitto? — a voz dela me arranca do turbilhão de pensamentos assim que sentamos à mesa reservada com nossos nomes dourados. — Fala — respondo, tentando parecer menos bravo do que me sinto.— A gente precisa conversar. Se fechar não vai resolver nada — ela fala baixo, só pra mim, com a voz que ela usa quando quer acalmar uma tempestade.Mas não adianta. A pergunta explode da minha boca antes que eu consiga respirar:— Por que caralhos você nunca me co
ISABELLAAssim que Viktor sai bufando pro banheiro, vejo Josh subindo as escadas. Me levanto e vou atrás, o coração acelerado. Conheço essa casa como a palma da minha mão,mas por algum motivo, o pai dele sempre foi um fantasma nessa casa. Paro em frente ao quarto. Bato três vezes.— Entra — ele responde lá de dentro, a voz abafada.Quando abro a porta, ele tá deitado na cama, o braço cobrindo o rosto como se quisesse desaparecer dali.— Josh...? — chamo. Ele me olha e se senta, devagar. — A gente precisa conversar.— Agora quer conversar, Isabella? — a voz dele vem carregada de mágoa.— Joshua, somos melhores amigos. Prometemos ficar juntos, sempre. Um pelo outro em tudo.jamais brigar, Lembra disso?— Promessas que perdem o valor quando você me esconde a coisa mais importante da sua vida. Caramba, Izzy. A gente é praticamente irmão! Você devia ter me contado.— Eu sei... você tá certo. Eu só queria te contar pessoalmente, sabe? Queria te ver, te abraçar, ouvir você dizendo que é uma l
VIKTORFicamos na Itália por mais três dias para comemorar o aniversário das gêmeas e do playboy do Joshua. Minha mulher estava radiante, cercada pelos irmãos, pela nova família e por mim. O brilho nos olhos dela ao ver Nikita e Ivan chegando, exigência dela e de Livia , valeu cada segundo. Arriscamos deixar o conselho no comando da máfia por algumas horas,só para vê-la sorrir daquele jeito.A despedida foi uma verdadeira choradeira. A família, mais uma vez, se divide: parte fica na Itália, parte volta pra Nova York. E eu, junto com minha mulher, meus irmãos e Aleksandr, retornamos à Rússia. Sem data de volta, pelo menos até o casamento de Otto e Mariana.Rússia — MoscouO vento frio nos recepciona assim que descemos do avião. Minha mulher se encolhe, estremecendo. Suas bochechas coram rapidamente, e eu sorrio. Puxo ela pra perto, a envolvo com meu corpo, tentando aquece-la com meu calor. Os carros já nos esperam. Entramos e seguimos para nosso novo condomínio, finalmente todo finaliz
ISABELLA— Tá, agora me explica. O que você tá aprontando? — pergunto, cruzando os braços assim que Viktor se afasta.Alek suspira, cabisbaixo.— Cunhada… sua irmã é a melhor sniper, luta, mata, dança, canta, tem carisma, é linda… ela é simplesmente perfeita. E eu? Nem bom no meu trabalho eu sou. O pouco que melhorei foi graças ao Viktor, e ainda assim, ele tava fingindo quando me treinou em Nova York. Porque já era aliado de vocês. Eu realmente… não sei o que a Lívia viu em mim.Vejo a dor na voz dele, mas também a honestidade.— Alek, minha irmã nunca amou ninguém. Nunca se encantou por alguém de verdade. Essa é a primeira vez que vejo ela assim: vulnerável, apaixonada. Você fez minha irmã, Lívia Mancini, falar em casamento... sem ela vomitar, ter um surto, ou sair matando alguém. Isso é um milagre. Você é especial pra ela. Mesmo que não se sinta assim ainda.Ele sorri de canto, com os olhos marejando.— Eu só quero ser bom o suficiente pra protegê-la.Mesmo todos sabemos que ela não
VIKTOR Estamos há horas trancados nesse maldito escritório, tentando evitar mais uma guerra. Já vimos sangue demais, perdas demais. E agora, se essa merda realmente explodir, não será três máfias contra um homem. Será uma aliança sombria, liderada por um psicopata sanguinário, com outras facções se alinhando por medo ou ganância. As perdas seriam incalculáveis. A destruição... total. Rafael, Guilherme e nós... precisaríamos de cada aliado possível. E mesmo assim, não sei se seria suficiente.— Ronaldo, seu acordo foi com Petrov. Assim que assumi, qualquer trato com aquele desgraçado morreu junto com ele. — Ivan diz, sua voz fria, firme, olhando direto para o escroto da máfia escocesa pela videoconferência.— Então você está dizendo que não tem palavra, pequeno Ivan? — Ronaldo rebate com aquele olhar que congelaria qualquer um. Qualquer um, menos a mim. Em mim, ele desperta vontade de arrancar seus olhos com minhas próprias mãos. — Seu pai fez um acordo. Melissa me foi prometida. Ela
ISABELLA— Irmã, estamos indo. Mas pelo amor de Deus, me conta isso direito. Como assim meu cunhado mandou o pau no cu do Ronaldo pro inferno?! — Livi pergunta com uma animação que beira o entusiasmo. Nem parece que é da próxima guerra que estamos falando.É assim que conseguimos nos manter conectadas: chamadas de vídeo, todo santo dia.— Ele não falou exatamente com essas palavras, Livi — reviro os olhos, sabendo que não adianta brigar com ela por estar animada com mais uma confusão. — Mas, sério, deixa isso pra lá. A gente precisa se concentrar. O Alek, seu namorado, está longe,muito longe,de estar pronto pra isso.— Relaxa, irmã. Já pensei em tudo! — diz ela, como se estivesse planejando uma viagem de férias.— Pensou no que, Livia Mancini? — sempre que ela fala assim, meu coração dá um salto. É a voz da encrenca.— Simples. Vou prender ele num baú com ventilação, jogar dentro de um avião e mandar pra bem longe dessa merda toda! — ela fala pulando pela casa, como se fosse a ideia m
ISABELLATiros. Gritos. O cheiro de pólvora no ar.Estou agarrada à minha mãe, chorando desesperada. Meu coração bate tão forte que parece querer rasgar meu peito. Por que isso está acontecendo? Por que querem nos machucar?A porta é arrombada com um estrondo que ecoa por toda a sala. Um homem surge na entrada.— Te achei, sua desgraçada — ele rosna, o sotaque estranho tornando suas palavras ainda mais aterrorizantes.Ele aponta a arma para mim, um sorriso macabro no rosto. O som do disparo explode nos meus ouvidos.— ISABELLA! — O grito da minha mãe é a última coisa que escuto antes da escuridão me engolir.Acordo ofegante.O despertador toca ensurdecedor ao meu lado. Meu coração ainda está disparado, e a sensação horrível do sonho persiste. De novo, esse pesadelo. Se eu contar para minha mãe, ela vai dizer que minha imaginação é fértil demais. Mas por que isso parece tão real?Sacudo a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Hoje é o primeiro dia do último a
ISABELLA Entramos no avião. Minha irmã se senta ao meu lado, os olhos fixos em nosso pai, esperando,não exigindo,uma explicação. Quando percebe que ele não diz nada, ela explode: — E então? Vai explicar que merda está acontecendo ou temos que implorar? — Livi nunca teve paciência para rodeios. Nosso pai solta um suspiro pesado. Seu olhar carrega um peso sombrio, como se estivesse prestes a abrir uma ferida que nunca cicatrizou. — Eu vou contar tudo. Vocês merecem saber a verdade. O silêncio que se segue é ensurdecedor. — Há vinte e dois anos, sua mãe fugiu do país onde morava, Rússia.Seu avô… — ele hesita, escolhendo as palavras com cuidado — é um homem cruel e detestável. Ele queria obrigá-la a se casar com um velho de setenta e cinco anos, ainda mais asqueroso que ele. Meu estômago revira. — A única alternativa dela foi fugir. Um soldado infiltrado do meu pai, que é o chefe da máfia nova iorquina, a ajudou a escapar. Trouxeram Melissa para a América, onde ela ficou s