VIKTORA única coisa que me importa é garantir que ela saia viva dessa guerra.Estamos na sala de reuniões da empresa Mancini quando Otávio, impaciente, toma a frente:— Qual o plano do meu avô?Sem rodeios, digo a verdade:— Recuperar a filha e se vingar pelo sequestro.— Sequestro? Que sequestro? — Rafael franze a testa, confuso.Cruzo os braços, lembrando de todas as vezes que questionei essa história.— Petrov sempre afirmou que inimigos sequestraram sua filha. Eu e meus irmãos nunca engolimos essa versão, mas nunca conseguimos provar nada.Rafael ri, mas não há humor em sua expressão.— Sequestro? Melissa fugiu. Meu soldado a ajudou a escapar dos maus-tratos do pai. Quando soube que seria entregue a Maxwel, o velho cruel da máfia escocesa, ela preferiu morrer. Ele a encontrou tentando se matar e, em vez de deixá-la, prometeu ajudá-la a fugir. Trouxe-a para cá, onde ficou sob nossa proteção.O impacto da revelação me atinge em cheio. Tudo se encaixa.— Então é isso... Petrov quer
ISABELLAAcordo sentindo o calor do seu corpo colado ao meu. Sua respiração é quente contra minha nuca, e um beijo suave faz minha pele arrepiar. Sua voz rouca ecoa no meu ouvido, carregada de diversão e desejo.— Bom dia, futura namorada.Solto uma risada, ainda de olhos fechados, apreciando sua audácia matinal. Levanto a mão direita no ar, balançando os dedos.— Está vendo alguma aliança aqui, senhor Ivanov?Ele solta um riso baixo, aquele sorriso torto que me desarma toda vez.— Consigo visualizar claramente, senhora Mancini.Reviro os olhos.— Você é muito sínico, sabia?Ele apenas ri, se afastando um pouco. Me espreguiço, sentindo cada músculo do meu corpo protestar. Uma dor latejante percorre meus membros, me fazendo soltar um gemido de frustração.— Preciso de um banho. Você me fez treinar até as duas da manhã. E aquele banho rápido para tirar o suor não ajudou em nada. Meus músculos ainda estão gritando.Viktor decidiu que queria testar todas as minhas habilidades. Disse que p
VIKTORDeixo Isabella em segurança na casa de Rafael e sigo para minha casa. Algo dentro de mim grita que essa reunião não será apenas mais um encontro estratégico,será um campo minado.Chego, vou direto para o meu quarto e abro o cofre no chão. Minha semi-automática, uma pistola reserva e minhas inseparáveis facas,fiéis companheiras de incontáveis mortes,estão todas lá, prontas para o que vier. Volto ao carro e sigo meu destino. No caminho, envio uma mensagem para Isabella e os Mancini: o show vai começar.Ao chegar, os homens de Petrov já me aguardam. Suas expressões são fechadas, tensas. Mal sabem que esta será a última vez que alguns deles respirarão.— Nem um cafézinho para mim? — digo sem humor, observando os rostos atentos ao meu redor.— Chefe. — Todos me cumprimentam com respeito.Caminho entre eles como um predador cercado por lobos que não sabem que já foram caçados.— O plano é simples. Vamos atacar onde mais dói: o armazém. Lá dentro está todas as drogas e armas de guerr
ISABELLA Viktor e meu pai se uniram contra mim. Segundo os dois, ir para o meu apartamento seria perigoso demais. O lugar mais seguro no momento era o condomínio Mancini. Minha casa ainda não estava pronta,meu pai fazia o possível para acelerar a obra. Enquanto isso, ficaria na casa dos meus avós, junto com seu Rafael e minha irmãzinha, Ayla. Assim que chegamos, Viktor desce do carro e pega minhas malas, deixando-me apenas com meu ursinho de pelúcia. Eu o encaro, semicerrando os olhos. — Eu consigo carregar minhas coisas, sabia? — Eu sei — ele responde, sorrindo de lado —, mas gosto de cuidar do que é meu. Reviro os olhos, mas não discuto. Assim que entramos, ouço um grito animado. — Izzy, você voltou! — Ayla dispara em minha direção, pulando nos meus braços. Eu a seguro no colo, rindo com a empolgação. — Voltei, minha princesinha! Você se comportou com a vovó? — Claro que sim! Eu sou sempre comportada! — ela responde, com um sorrisinho travesso. Depois, seus olhos pousam em
Viktor— Viktor, você foi convocado de volta. Petrov está preocupado que você seja morto, assim como todos os outros. Você é muito valioso para a máfia russa.— Eu não posso voltar, irmão. Não vou deixar Isabella!Ivan suspira, frustrado, mas sua voz continua firme:— Eu sei que você a ama. Mas será mais fácil protegê-la sabendo o que está acontecendo. Você será o guarda de Petrov. Precisamos de você infiltrado, colado nele.Ele está certo. Eu sei que está. Mas ficar longe de Isabella? Isso está fora de questão.Antes que eu possa recusar, Rafael intervém:— Ivan tem razão. No momento, você é o único que pode se aproximar do Petrov. Você é o melhor soldado que ele tem. Ele vai querer você ao lado dele como um escudo.— Eu não vou deixar Isabella. Eu não posso! — minha voz sai mais dura do que eu esperava.Ela se aproxima, segura meu rosto entre as mãos delicadas e desliza os polegares pela minha pele em um carinho reconfortante.— Amor... — sua voz é um sussurro, mas carrega uma deter
ViktorSeguro minha arma com firmeza e abro a porta com cautela. Petrov está logo atrás, colado em mim. Se quisermos sair vivos dessa sala, cada movimento precisa ser calculado. O corredor parece limpo. Faço um sinal para ele me seguir enquanto avanço, cortando o caminho até os fundos do salão. Os tiros ecoam à distância, cada vez mais longe.Chegamos ao último corredor. Mal viro a esquina e um italiano surge na minha frente. O instinto toma conta,se eu disparar, entrego nossa localização. Avanço, desarmo-o com facilidade, mas o desgraçado é rápido. Em segundos, saca uma faca e investe contra mim. Esquivo-me no último instante, sentindo o fio da lâmina cortar o ar ao lado do meu rosto. Ele avança de novo, feroz. Espero, atento, até encontrar a brecha perfeita,agarro seu pulso com força, imobilizo a faca e, com um movimento seco, seguro sua nuca e a trago contra o meu joelho. O impacto é brutal. O corpo dele desaba.Lanço um olhar rápido para Petrov.— Vamos.- digo Petrov ergue a arma
ISABELLAAcordamos com um susto. Felicity, minha bolinha de pelos, rosna ferozmente. Mais feroz ainda, é o grito da minha irmã:— Cala a boca, coisa pulguenta! Isabella, acorda! Vamos pra Rússia!Meu coração dispara. O mundo desacelera por um segundo. Rússia? Agora? Será que aconteceu alguma coisa com o Viktor?— Por quê, Lívia? — pergunto, a voz trêmula.— Viktor mandou mensagem. A guerra começa em três dias. Papai está negociando com a Itália pra se aliar a eles nessa batalha.Ela fala com um brilho no olhar, empolgada com sua primeira guerra como se fosse uma aventura qualquer. Me visto em segundos: camiseta preta justa, calça flexível para lutar, jaqueta de couro que esconde minhas facas e armas. As botas de salto grosso são perfeitas,confortáveis pra mim, dolorosas pra quem leva o golpe. Pego a arma que Viktor deixou comigo no cofre do meu quarto e desço.— Todos prontos? — papai pergunta, a voz firme.Todos assentem. Marcello e os dois soldados escolhidos por Viktor se posiciona
ISABELLAJá se passaram dois dias de um treino exaustivo. Meu corpo está no limite, e minha mente... essa nem mesmo nos sonhos me deixa em paz. Na última noite, Leonardo teve que me acordar três vezes por causa dos meus pesadelos. Eu, ele e Marcello viramos praticamente inseparáveis,até no treino de facas usamos uns aos outros como cobaias. Mas agora, a brincadeira acabou.É hoje.O ataque será de madrugada. Ivan avisou: Petrov reforçou a segurança da mansão. Mais soldados. Mais russos para morrer.Eu e minha irmã saímos do vestiário juntas,estamos totalmente idênticas: cabelos presos em rabos de cavalo soltos, blusas térmicas coladas ao corpo, calças flexíveis, nossas botas preferidas, e o toque final,nosso maravilhoso cintos de couro com strass, onde penduramos nossas facas e armas menores. Muito útil e de sobra muito lindo, nos deixando fabulosas!Assim que saímos, ouvimos os comentários:— Quem é quem? — pergunta um dos italianos, encarando a gente confuso.Rimos juntas.— Meninas