Inicio / Romance / Isabella / Chegamos a Nova York
Chegamos a Nova York

ISABELLA

Pousamos no Queens no meio da madrugada. O sono pesava, mas o frio na barriga falava mais alto. No momento em que descemos do avião, carros enormes e blindados já nos esperavam. Meu pai e meu tio saíram cumprimentando aqueles homens com tanta empolgação que até parecia reencontro de novela mexicana.

Assim que entro no carro, faço questão de me certificar de que estou em um diferente de dona Melissa. Ainda não estou pronta para falar com ela. E se eu entrar no mesmo carro, vai que ela tenta puxar assunto? Prefiro evitar o risco.

Nem percebo o tempo passar, só noto que chegamos quando os carros param. Olho pela janela e me deparo com um condomínio imenso: quatro mansões enormes e várias casas germinadas ao redor. O carro estaciona em frente à maior delas. Parece coisa de filme.

Antes mesmo de absorver a grandiosidade do lugar, noto uma movimentação na porta da casa. Uma senhora sorridente surge acompanhada de um senhor elegante.

— Vovó! Vovô! — Eu e meus irmãos gritamos em uníssono, em uma sintonia que só acontece em momentos que diz respeito a comida e nossos avós.

Os dois, que são jovens demais para serem chamados de velhinhos, abrem um sorrisão.

— Meus amores! — Vovó nos envolve em um abraço coletivo abençoado com cheiro de bolo recém-assado.

— Como vocês cresceram desde a última vez que nos vimos! — diz vovô, animado.

— Eu até posso ter crescido, vô — Otto começa, já preparado para soltar alguma besteira —, mas a Isabella e a Lívia continuam minúsculas.

— Ah, vai te ferrar, garoto! — Livi, como sempre, sem paciência para as piadas ridículas do nosso irmão.

— Deixa para lá, irmã — reviro os olhos —, isso é só inveja. Somos as mais lindas da família, então ele tenta nos menosprezar para se sentir melhor.

— Vê se se enxerga, Isabella Mancini! — ele fala se exibindo, apontando para o próprio rosto. — O mais bonito da família sou eu, óbvio. E o Oliver, que só é bonito assim porque tem a minha cara.

— Tô vendo que essa casa vai voltar a ser agitada. — Vovó balança a cabeça, rindo.

— A senhora não viu nada, mãe. — Meu pai abraça minha avó com um olhar cúmplice.

O clima está leve, mas não posso ignorar a tensão no ar. Ainda assim, voltar para perto dos meus avós parece a melhor decisão que tomamos em muito tempo.

Assim que entramos na casa, somos arrastados direto para a cozinha. O fato de ser madrugada não impede dona Olívia de preparar um banquete que poderia alimentar um pequeno exército.

— Nossa, vovó, a senhora preparou comida para um batalhão? — Owen pergunta, chocado.

— Você não viu nada, garoto. — Tio Lucas ri. — Sua avó é a rainha do exagero quando se trata de comida. Suspeito que o objetivo dela seja nos engordar.

— Se continuar reclamando, você não come, Lucas. — Vovó lança um olhar de mãe que não admite desaforo. — E, para sua informação, fiz tudo isso para os meus netos e para minha nora querida.

Ela se vira para minha mãe com um olhar doce.

— Como você está, minha querida? Parece exausta. E não é para menos... Sinto muito por tudo que aconteceu. Mas agora vocês estão seguros aqui.

— Obrigada, Olívia. Senti saudades desta casa e da senhora.

— Eu também, mãe. — Meu pai se intromete. — Mas vou confessar: senti muito mais saudades da sua comida!

Ele se senta à mesa e começa a devorar a comida como se tivesse passado um mês sem comer. Meu tio segue o exemplo, e nós caímos na risada.

— Falando assim, Rafael, parece até que eu não cozinho bem! — Mamãe cruza os braços, fingindo estar ofendida.

— Não é nada disso, minha rainha! — Meu pai sorri daquele jeito safado que dá até vontade de vomitar. — Sua comida é a melhor do mundo. Eu amo tudo que vem de você...

— NOJENTO! — gritamos todos juntos, sincronizados na revolta.

Mamãe ri e se senta ao lado dele, rendida.

A madrugada segue tranquila. Eu, obviamente, ainda não consigo olhar para dona Melissa, mas pelo menos não arranjo briga no primeiro dia. Pequenos progressos.

Na hora de dormir, fico no quarto mais distante. Pela primeira vez, não preciso dividir o espaço com ninguém. Finalmente, um pouco de paz. Pelo menos por hoje.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP