Anos depois...
Olho meu relógio e vejo que já são 8hrs da manhã de uma segunda feira. Suspiro pesadamente enquanto folheio um jornal enquanto procuro um anúncio de emprego.
Sou uma advogada recém-formada mas hoje em dia é difícil achar uma boa vaga, ou pelo menos qualquer emprego nesse quesito, pois dão mais oportunidade para quem já tem experiência no ramo.
Moro com minha mãe, mas mal conseguimos pagar às contas e esse mês está ainda mais apertado pro meu bolso._ Bianca?
Mamãe me chama com sua voz doce e suave vindo da cozinha após desligar o telefone o colocando no gancho.
_ Sim mamãe. - Eu a respondo intrigada, querendo saber o motivo de sua inquietude ao tirar seu avental.
_ Um vizinho me disse que estão contratando no bar ao lado. Eu pensei em ir lá, quem sabe eu consiga, nos ajudará muito nas despesas da casa.
_ Não mamãe! Deixa comigo, eu vou aguentar trabalhar lá se me contratarem, a Senhora já está muito debilitada.
Me levanto da mesa de café enquanto mamãe procura por suas chaves. Cada uma de nós passou a ter uma depois que papai foi embora.
É uma tática de segurança, caso ele volte transtornado. Infelizmente papai se viciou no mundo das drogas, eu nunca entendi bem o porquê.
Passando por ela, eu abro a porta enquanto me observa de longe.
_ Bianca! - Ela grita. Mas tarde demais para vir até mim.
Pego meu casaco no mancebo ao lado enquanto saio pela porta sobre seu olhar furioso, indo em direção ao bar, após ouvi-la gritar meu nome novamente.. frustrada.
Não deixo minha mãe ir por quê sei que é teimosa. Ela sabe que em seu estado não pode trabalhar e mesmo assim já faz serviços domésticos.
Tenho que brigar com ela a todo momento, repreendendo-a como se fosse uma criança mimada.Após chegar na calçada do bar, noto as portas de metal do estabelecimento fechadas pela metade. Então dando três batidas eu espero no lado de fora, até que uma voz me alcança.
_ Entre por favor. - Ele branda.
Um pouco envergonhada eu entro sem jeito, assim vendo Elder, o dono do bar arrumando algumas garrafas de bebidas do lado de trás do balcão, em sua prateleira.
_ Boa tarde senhor. Fiquei sabendo que estão contratando. gostaria de tentar, estou interessada na vaga.
O dono do bar me olha de cima para baixo como se estivesse me avaliando.
E pelo seu rosto neutro, fica difícil saber qual foi o resultado.Sem graça, eu torno a falar, tentando parecer firme e convincente.
_ Eu moro aqui do lado. Ficaria mais fácil pra vocês terem um funcionário a disponibilidade não acha?
De repente ele se interessa e coloca sua atenção em mim deixando de lado as garrafas ao se aproximar e pegar minha mão em um comprimento.
_ Correto. Você sabe como atender clientes? Sabe fazer drinks?
Eu não pensei nisso, eu não sei nada sobre drinks! Afinal não sou uma menina baladeira igual as outras mulheres da minha idade, tive muitas responsabilidades muito cedo e uma delas foi estudar para passar na OAB, sempre foi meu sonho.
_ Atender clientes sim, Mas.. drinks? Eu não sou boa.
Olho pra ele como se tivesse pedindo um favor, fazendo uma cara de cachorro pidão.
_ Mas posso aprender se me permitir.
Me dê um prazo e não se arrependerá!Se tem uma coisa que sou boa é em negociar.. Não é à toa que escolhi ser uma advogada.
_ Se eu não for boa para o cargo você não precisará me pagar o tempo de trabalho exercido. - Exclamo a ele.
Ele me encara pensativo, parecendo analisar a proposta. Entretanto conheço essa cara, provavelmente não consegui o emprego. Depois de 30 segundos ele resolve falar.
_ Ok mocinha, me convenceu.Você tem uma semana pra aprender pelo menos três drinks.. Acha que consegue? _ Sim, pode contar comigo! Eu aperto a mão do dono do bar para simbolizar um acordo fechado. Super feliz por conseguir essa vaga, embora não seja o que eu deseje.. vai ajudar suprir nossas necessidades. _ Abrimos de segunda a sábado das 19hrs às 4hrs da madrugada.Pode começar hoje. _ Obrigada! você não vai se arrepender. _ Assim eu espero. saio do bar feliz e eufórica, voltando pra casa com um sorriso enorme pelos lábios. _ Bianca! - Mamãe grita ao me ver entrando. _ Bianca meu amor, por que não me deixou ir minha filha? Você já faz tanta coisa por mim. Será que vai conseguir? Eu não quero te prejudicar minha querida.. não quero que se sobrecarregue. _ consigo sim mamãe. Isso é até eu conseguir um cargo como advogada. E pare de disser essas coisas, eu faria tudo por você. _ Eu acredito no seu talento minha menina. Só não quero que se preocupe demais comigo.Desde pequena
_ Eu.. Eu.. _ Sim Senhorita? - Diz o estranho com as mãos ainda em mim, me levando a outra dimensão com o simples toque de seus dedos em minha pele. Vendo que estou fazendo papel de idiota, ele sorri. Parecendo se divertir com a situação e a vermelhidão quente que se forma em minhas bochechas. _ Tudo bem não tem problema. Ele diz ao me soltar, sorrindo e colocando as mãos no bolso enquanto encosta em seu carro de luxo que está estacionado na rua. O vento que passa por nós balança meu cabelo revelando mais ainda meu rosto envergonhado. Os olhos dele me encaram sem parar, resultando em um silêncio constrangedor enquanto seus olhos parecem me devorar. Desviando o olhar, ele abre seus lábios canudos demonstrando um pingo de sarcasmo em sua voz ao dizer: _ Sempre corre assim pela rua? _ E que hoje é meu primeiro dia de trabalho, sai apressada pra não chegar atrasada, me desculpe senhor. _ Por favor.. me chame de Adam. _ Eu - ok.. _ Seu nome é? _ Bianca Senhor, quero dizer... A
_ Tudo bem cara. Me solta. Ao soltar o rapaz que sai correndo do bar, Adam se senta onde ele estava, me encarando em seguida. _ Você está bem? - Ele pergunta. _ Sim. Digo irritada. Apesar de ter me defendido, não gosto da ideia de ser submissa a um homem a tal maneira, posso me defender sozinha. _ Vai beber alguma coisa? _ Por favor, uma margarita. _ Pode deixar. Por sorte eu pesquisei antes de vim pra cá alguns drinks. _ A clássica? _ Sim por favor. Eu sei que existem três formas de consumir este drink: Shake: batida entre 20 e 30 vezes com gelo na coqueteleira e servida coada na taça. é a mais tradicional. On the rocks: também batida na coqueteleira, porém serve-se com duas pedras de gelo na taça. _ Aqui está. _ Algum acompanhamento? _ Oque você sugere? Olho para o cardápio e falo: _ Nessa categoria se encaixam tudo o que pode ser consumido com as mãos e em poucas mordidas, por exemplo as populares mini coxinhas de frango, bolinhos de queijo e bacalhau, kibe e lanch
_ Afinal meu nome é Andressa, algo me diz que vamos nós ver muito. _ Ah claro.. Você também é funcionária de Edvgs Center? - A pergunto. _ Digamos que de certa forma sim. Ela fala em um tom sarcástico olhando para o irmão. _ Bom.. adorei te conhecer, mas tenho que levar minha irmã pra casa.Te mantenho informada ok? _ Claro. Ele toma o restante de sua bebida colocando o copo sobre a madeira do balcão em seguida, pagando a conta. Sua irmã se despede de mim com um breve aceno, enquanto caminham juntos até a porta. No dia seguinte Lucinda aparece na minha porta com várias bebidas em mãos. Dando seu melhor sorriso ao entrar. _ Oiee amiga! - Diz ela animada. _ Oii Lú, veio me mostrar as receitas? _ Sim meu bem, eu prometo.. eu cumpro! Lucinda entra e fica na sua sala de estar, com seu sorriso animado. _ Estou vendo que sim.. _ Onde está sua mãe? - Ela pergunta depois de procurá-la com os olhos pela cozinha. _ Pois então, esse horário ela está no quarto descansando.. É o efeit
Seu olhar está perdido, ele não esperava que eu fizesse isso no último instante. Jogo sua jaqueta na banco e começo a andar de volta por onde viemos. Adam vem logo atrás depois de pegar sua jaqueta, ele não diz nada e apenas me segue.. acho que sabe que passou dos limites. Ao chegar na porta de casa, me apresso para entrar mas ele me segura. _ Você ainda vai na entrevista? Me desculpe.. eu não deveria ter.. _ Não foi nada Adam, vai ser melhor continuar sendo nada. E, sim.. vou sim. Então me solto dele entrando tão rápido que nem o deixo me responder. Não estou preparada pra isso, por que ele tinha que tentar me beijar? Ei deixei claro.. O tempo todo. O decorrer da semana vai bem, mamãe por enquanto anda bem também. Então me sinto aliviada em ir na entrevista hoje que já é quinta feira. _ Mamãe? _ Sim meu amor? _ Eu tenho uma entrevista essa manhã, Como eu estou? Essa é uma das melhores roupa do bazar da Lucinda. _ Você fica linda em qualquer coisa meu amor. Lamento não pode
_ Aah não.. São muito chatas! Tirei o dia de hoje para fazer compras. _ Você ainda vai me falir irmãzinha. _ Até parece, um bilionário como você, Ops! Andressa olha pra mim colocando sua mão na boca, obviamente achando que falou o que eu deveria não saber. _ Tudo bem. Eu já sei. - Digo a ela cruzando os braços. _ Aah meu irmão te contou? finalmente. _ Andressa! - ele a Repreende. _ Na verdade, eu descobri agora Andressa. _ Eu garanto que não foi por mal, meu irmão reagi assim quando quer proteger as pessoas ou ajudá-las. Ele acaba emitindo a verdade não é mesmo Adam? _ Não comece Andressa, me deixe conversar com Bianca. _ Ok, 5 minutos. Preciso dela depois. Eu a encaro e percebo que fala sério, ela mal me conhece mas é tão simpática comigo. Que acabo ficando cismada com essa coisa dos irmãos Rivera. Entretanto, Andressa sai enquanto eu fico sozinha com Adam, que me observa de longe me estudando com seu olhar. _ Então? - Exclamo irritada. _ Eu queria te ajudar por isso men
Corro até ela ligeiramente, procurando ver se está bem. Não conseguindo lidar com a situação, pego minha bolsa e procuro por meu celular desesperadamente. _ Alô aqui é Bianca Bentes! Estou na rua 54 quadra B preciso de uma ambulância agora. Chamo a ambulância com minhas mãos trêmulas rezando para não acontece r o pior, sinto como se fosse uma longa espera com minha mãe em meus braços. Mas então eles logo chegam, a prestando todo o atendimento e, levando-a para o hospital. Mais tarde no hospital.. O médico se aproxima da sala de espera e procurando por alguém, na hora me levanto e seus olhos vão de encontro aos meus. _ Bianca Bentes? - Ele pergunta. _ Sim, sou eu. Dou longos passos indo até ele, rezando para que mamãe esteja bem. _ O estado de sua mãe infelizmente se agravou, o câncer está no último estágio. Lamento, mas as chances são poucas, Ainda mais aqui em hospital público. _ Mas não há nada que eu possa fazer?Tem alguma chance? Por favor doutor, diz que tem algo que pos
De repente nossos corpos reagem como se fossem um, se unindo-se pelo carinho. Eu me sinto bem, me sinto leve e uma sensação de paz emana em mim, uma paz que nunca senti antes. Mas então eu me afasto dele, lembrando quem ele é. E que provavelmente serei nada mais que um projeto bobo em suas garras. _ Eu vou te pagar cada centavo, vou trabalhar pra você. _ Não pense em trabalho agora Bianca, fico feliz por ter aceitado mas não nessas condições. Cruzo meus braços enquanto caminho até o outro corredor, com Adam ao meu lado me seguindo. _ Estou aceitando esse emprego pelo bem da minha mãe senhor Rivera. Quero poder te pagar o mais rápido, não pense que isso vai ficar assim. Tento parecer o mais forte possível escondendo minhas lágrimas dele, meu tom soa firme enquanto olho para espaço vazio. _ Não vou deixar você usar isso como algo para me submeter a você, sou uma mulher independente. Eu não estou a venda, eu posso me acabar de trabalhar, mas o seu dinheiro.. pode ter certeza de que