Cap.3 - Fácil de manipular

Christian

Eu estava numa correria total quando percebi que havia perdido a hora e perdido as reuniões da manhã. O coração disparou, mas não tinha como deixar de aproveitar a situação. Levantei da cama o mais rápido que pude e vi Katherine deitada ali, nua, depois da noite quente que tivemos.

Ela me lançou um olhar sorridente, cheio de malícia, e rapidamente começou a se vestir.

Chegamos na empresa e ela subiu comigo no elevador.

— Vamos aproveitar os últimos segundos? — disse ela, com um brilho nos olhos.

— Não custa nada aproveitar até os últimos segundos, né? — respondi, dando um meio sorriso. 

Não tinha como recusar aquela oferta. O elevador seria só nosso.

Assim que entramos no elevador, eu a puxei para mim, envolvendo minha mão em sua cintura. A sensação de tê-la tão perto me deixou em um estado de euforia. 

— Você precisa ser silenciosa. - Disse, beijando seus lábios.

Katherine sorriu, e eu não pude resistir. Comecei a explorar seu corpo, sentindo-a se derreter em meus braços. Meus dedos alcançaram seu clitóris e o acariciei, ouvindo um gemido baixo de seus lábios, então, sem aviso prévio, penetrei dois dedos em sua entrada quente e úmida.

Katherine se inclinou, pedindo mais, meus dedos aumentaram o ritmo até que a ouvi gemer, mordendo meu ombro enquanto suas paredes internas se contraiam em meus dedos.

Ela fechou os olhos, perdendo-se em prazer. Quando a vi chegar ao clímax, um gemido suave escapou de seus lábios. Aquela cena era a definição de perfeição para mim. Ver uma mulher se perder no prazer era tudo o que um homem queria. 

Eu afastei as mãos lentamente e, antes que as portas se abrissem, a puxei para mais perto e a beijei, um último beijo.

As portas do elevador se abriram, e a primeira a olhar para fora foi Katherine. Eu a segui com o olhar e me deparei com uma mulher pequena parada na minha frente, nos encarando. Nunca a vi por aqui, e honestamente, isso não importava nem um pouco.

Mas, essa criatura minúscula parecia ter decidido que aquele era o lugar ideal para ficar. Fiquei irritado ao vê-la parada, bloqueando a saída. O tempo estava correndo, e eu não tinha paciência para isso.

— Dá pra você sair da frente? — pedi, tentando manter a calma, mas com um toque de ignorância na voz. Eu só queria passar.

— Desculpe, desculpe! — ela respondeu, os olhos arregalados, enquanto se movia um pouco para o lado, mas não o suficiente para me deixar passar.

Eu respirei fundo, forçando um sorriso que não tinha nada a ver com cordialidade. Como se tudo o que ela soubesse fazer fosse pedir desculpas. 

— Só sabe se desculpar? — murmurei, já saindo apressado do elevador. Não tinha tempo para lidar com mais essa distração. 

Assim que entrei na sala de reuniões, fui surpreendido pela carranca da minha irmã, Alicia. Ela estava me encarando de um jeito que, se eu fosse qualquer outra pessoa, me sentiria intimidado.

— O que foi? Onde estão os clientes? — perguntei, sentando-me em uma das cadeiras, já pensando que precisava me recuperar do atraso.

Alicia, que estava sentada, se levantou e cruzou os braços, me lançando um olhar fulminante.

— Eles vieram pela manhã.

— Mas a reunião que aconteceu pela manhã não era com os Knight? — insisti, tentando entender a situação.

— Também! Os compradores tiveram uma emergência e pediram para adiar a reunião. Eu te liguei várias vezes, e nada de você chegar. Eu nem quero saber onde você estava. 

— Resolvido? — minha pergunta a deixou ainda mais brava.

— Sim, graças à Jéssica.

— O que a Jéssica tem a ver com isso? — questionei, surpreso.

— Ela estava por dentro do conteúdo da reunião, já que acompanhou os encontros passados. Juntas, conseguimos convencer os compradores a assinar o acordo.

— Ótimo, então por que essa cara? — perguntei, apontando para a expressão dela.

— Porque esse é o seu trabalho, Chris.

— Eu sei qual é o meu trabalho aqui.

— Não parece! — ela disparou, saindo sem dar espaço para eu responder.

Maravilha, mais uma bronca da minha irmã mais nova sobre a empresa. Sempre fiz o máximo que pude para acertar aqui, e o único deslize ela acha que pode chegar reclamando. A raiva borbulhava em mim enquanto me dirigia para a minha sala.

Poucos minutos depois, minha assistente, Marissa, entrou. Essa mulher era uma beleza, e sempre me deixava louco. As horas extras que ela passava aqui em meu escritório eram bem-vindas, e esse era um dos motivos para ainda estar trabalhando aqui.

— Sr. Christian, a senhora Dulce está pedindo para falar com o senhor. Devo permitir a entrada dela? — perguntou Marissa, mantendo um tom profissional.

Dulce não era de me perturbar sem um bom motivo, e sendo a gerente do RH, eu devia dar atenção a ela.

— Pode deixá-la entrar.

— Sim, senhor. Com licença.

Uma das coisas que eu apreciava em Marissa era sua capacidade de diferenciar o pessoal do profissional.

Ouvi batidas leves na porta, e Dulce entrou, sentando-se na poltrona em frente à minha mesa. Percebi que ela estava com um iPad nas mãos.

— Desculpe atrapalhar o seu trabalho, mas é algo urgente. 

— Prossiga... 

— Senhor Mitchell, precisamos discutir uma contratação recente — ela disse, ajustando-se na cadeira. 

Levantei uma sobrancelha, já impaciente.

— O que é que tem?

Dulce deslizou o dedo pelo iPad e virou a tela para mim, exibindo a ficha de uma funcionária. Uma mulher chamada Ariel Davis. A imagem dela não me era estranha, mas não dei muita importância.

— Essa moça, Ariel Davis — Dulce começou. — Ela tem uma ficha horrível.

Ela deu uma pausa dramática, o que, francamente, me irritava.

— Continue.

— Ela é formada em Literatura Inglesa, mas trabalhou em uma editora por dois meses antes de ser demitida, acusada de plágio.

Isso prendeu minha atenção. Eu detesto fraudes, especialmente as que afetam a imagem da empresa.

— Depois disso — Dulce prosseguiu —, não conseguiu emprego em outras editoras. Acabou trabalhando em diferentes setores, mas em todos há acusações contra ela. Desde comportamento impróprio até assédio. A esposa de um antigo chefe a demitiu por suspeitar de algo entre os dois.

Eu segurei o iPad, olhando para a foto da mulher mais uma vez. Era a garota do elevador, a que praticamente me bloqueou mais cedo com aquelas desculpas sem fim. Olhos grandes, expressão assustada. 

Ela definitivamente não parecia o tipo de pessoa envolvida nesse tipo de coisa, mas como bem sei, aparências enganam.

— E mesmo assim você a contratou? — perguntei, seco, colocando o iPad de volta na mesa.

— Na verdade, senhor, foi ordem da sua irmã. Alicia a encontrou em algum lugar e, mesmo sabendo do histórico dela, pediu para que a contratássemos.

Aquilo me fez parar. Alicia estava interferindo de novo. Eu já tinha problemas suficientes com as escolhas dela, mas agora isso? Dulce se levantou com o iPad em mãos, continuando:

— A garota começa amanhã. Estou vindo até o senhor porque, se os outros funcionários descobrirem que aceitamos uma pessoa com esse tipo de passado, haverá preocupações. Isso pode afetar a reputação da empresa.

Eu a ignorei por um momento, desviando o olhar para o iPad enquanto a imagem de Ariel Davis permanecia na minha mente. Típico. Esse tipo de mulher aparece como uma vítima, mas sempre tem algo a esconder. 

Já encontrei várias delas ao longo dos anos — todas querendo o mesmo: dinheiro, status, uma vida fácil.

— Então, cancele a contratação — ordenei, seco, voltando o olhar para Dulce. — Eu não quero essa mulher trabalhando aqui. Vou falar com a Alicia.

Dulce assentiu, pedindo licença antes de sair do escritório. Assim que a porta se fechou, soltei um suspiro irritado. 

— Só o que me faltava — murmurei para mim mesmo.

A manhã seguia tranquila até Alicia entrar na minha sala como uma tempestade. Eu estava respondendo e-mails, focado em limpar minha caixa de entrada, mas a presença furiosa dela me fez desviar o olhar do monitor. 

Já sabia que vinha encrenca.

— Eu também sou dona de metade disso aqui, como você passa por cima de um pedido meu? — ela praticamente gritou, sem rodeios, os olhos faiscando de raiva.

Suspirei e cruzei os braços, apoiando-me na cadeira. Sabia exatamente do que ela estava falando.

— Aquela garota não é qualificada para trabalhar aqui — disse, frio, sem tirar os olhos de Alicia.

Ela bufou, cruzando os braços como se não acreditasse no que estava ouvindo.

— Aliás, ela não é qualificada para trabalhar em lugar nenhum — acrescentei, cortante. — Você viu a ficha dela? Como pôde permitir a contratação de alguém assim?

Alicia bufou, visivelmente irritada, mas firme como sempre.

— Porque eu sei muito bem como homens idiotas podem tornar a vida de uma mulher um inferno, só porque ela teve a audácia de dizer "não"! — Ela deu um passo em minha direção. — É exatamente o que está acontecendo com Ariel.

Revirei os olhos, sem esconder o desprezo. 

— Ah, já decorou o nome dela... — falei, com sarcasmo pesado.

— Não seja ridículo, Christian! — Ela estalou, quase batendo o pé. — Eu só vim aqui te avisar que ela vai trabalhar aqui, e se for preciso, tiro do meu próprio dinheiro para pagar o salário dela.

Soltei uma risada curta, mas não de diversão.

— Quanta idiotice... O que essa garota fez pra você defendê-la desse jeito? Ela te contou que foi acusada de plágio? E das outras acusações? Alguma coisa sobre assédio ou a demissão que levou?

Alicia hesitou por um segundo, e eu vi a dúvida nos olhos dela.

— Não, ela não falou... — admitiu, mas não com menos firmeza.

Levantei uma sobrancelha, minha expressão desafiadora.

— E você acha que sabe que ela não tem culpa? Alicia, você tá sendo ingênua. Acha que só porque ela tem um rostinho de vítima, isso apaga o que ela fez? — Dei uma pausa, tentando medir minha irritação. — Essa garota, essa Ariel, deve ter percebido o quanto você é fácil de manipular. Ela está se aproveitando de você.

Alicia ficou tensa. Eu podia ver o conflito estampado no rosto dela.

— Você sabe o que aconteceu comigo... — ela disse, sua voz mais baixa, mas ainda resoluta. — Eu não vou deixar isso acontecer de novo. E eu só vim aqui te avisar que, querendo ou não, ela vai trabalhar aqui.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, olhando diretamente para ela. Sabia que minha irmã não era de voltar atrás tão facilmente. Mas também não sou de engolir desaforo, nem de permitir que alguém não qualificado comprometa minha empresa.

— Veremos — soltei, a voz fria, deixando claro que aquilo ainda não estava decidido.

Alicia bufou, irritada, e saiu da sala, batendo a porta com força.

Eu amava minha irmã, mas ela estava errada dessa vez. E talvez cega. Ariel era mais uma oportunista que percebeu uma brecha. E se ela achava que iria se dar bem nessa empresa, estava muito enganada.

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