Ariel
Assim que cheguei em casa, joguei minha bolsa em um canto e deixei-me cair no sofá. Teddy, meu pequeno furacão peludo, não perdeu tempo. Ele correu em minha direção, pulando em meus braços como se eu fosse sua maior alegria.
— Oi, meu amor! — disse, envolvendo-o com carinho. — Sentiu saudades?
Ele balançou o rabinho, cheio de entusiasmo, e começou a lamber meu braço, como se estivesse me dando boas-vindas depois de um longo dia.
— Vamos dar uma volta, então? — sugeri, levantando-me.
Com um pulo animado, Teddy desceu do meu colo e correu até o lugar onde guardo sua coleira. Peguei-a, colocando-a com cuidado em seu pescoço, enquanto ele se contorcia de alegria.
Saímos para o parque ali perto do apartamento. O sol estava começando a se pôr, e o céu estava pintado de laranja e rosa. Enquanto caminhava, minha mente se distraiu e fui levada de volta a todas as dificuldades que passei desde que deixei Thomaz.
A vida não tinha sido fácil, mas agora que eu tinha um novo emprego, eu precisava me controlar e me manter firme.
Depois de andar um pouco, sentei-me debaixo de uma árvore, puxando a garrafinha de água e os petiscos que trouxe. Teddy se aninhou entre minhas pernas, observando tudo ao redor com a linguinha de fora, parecendo o cão mais feliz do mundo.
Meu celular tocou no bolso, interrompendo minha contemplação. Era meu irmão, Max.
— Oi, maninho! — atendi, tentando esconder o sorriso.
— Oi, gatinha! Como você tá? — a voz dele soava alegre, como sempre.
— Bem melhor agora, depois de uma corrida com o Teddy. — disse, inclinando o celular para que ele pudesse ver meu companheiro. — E você, como andam as coisas por aí?
— Tudo tranquilo, mas… não era pra você estar trabalhando agora?
Encolhi os ombros, não queria entrar na história do meu ex-chefe. Max era temperamental demais e eu sabia que ele poderia pegar o primeiro avião e vir dar uma lição no nele e no Thomaz.
— Eu fui demitida. Eles tiveram que reduzir os funcionários. — Tentei manter a voz leve, mas senti o olhar de Max se fechar em desconfiança.
— Tem certeza que o Thomaz não tem nada a ver com isso? — ele perguntou, a preocupação evidente em sua voz.
— Sinceramente? Tem… Mas já consegui um novo emprego. A empresa onde a Jéssica trabalha estava com vagas na equipe de limpeza e eu consegui uma delas.
Max ergueu uma sobrancelha, o que me fez sentir um frio na barriga.
— Limpeza? Era pra você estar trabalhando na sua área de formação.
— Eu sei, mas você sabe como é difícil arrumar emprego depois do que o Thomaz fez. E eu estava com pressa, precisava arranjar algo pra ajudar a Jéssica com as despesas e também com a nossa ma…
Parecia que a palavra “mãe” ficou presa na minha garganta. Max me olhou com curiosidade.
— Você ia dizer a nossa mãe? Ela tá precisando de alguma coisa?
Respirei fundo. Era difícil esconder as coisas dele, mas a situação estava se complicando.
— É melhor você conversar com ela.
— O que está acontecendo, Ariel? — ele perguntou, e eu sabia que não poderia fugir.
— Olha, a mamãe não tá muito bem. Não se preocupe, mas é ela quem deve te contar.
— O que você tá escondendo? — a pressão na voz dele aumentou.
— Apenas algo que ela pediu. Olha, liga pra ela e vocês dois conversam. Eu já disse até demais.
Max respirou fundo, apertando o dedo entre os olhos, parecendo tentar se controlar. Eu sabia que ele se preocupava demais.
— Eu te liguei pra falar sobre outra coisa.
— O quê? — Perguntei, a curiosidade aumentando.
— Estou noivo.
Meus olhos se arregalaram e a expressão de choque invadiu meu rosto.
— N-noivo? De quem? — A pergunta saiu da minha boca antes que eu pudesse pensar.
Ele virou o celular para o lado, chamando alguém com a mão. Logo, uma loira de olhos azuis se aproximou, com o maior sorriso do mundo, enquanto dividia a tela com meu irmão.
— Essa é a Kaline, minha noiva. Kaline, essa é a minha irmã caçula, Ariel.
— Oi, é um prazer finalmente conhecê-la! — Kaline disse, mas algo em seu tom não parecia tão alegre quanto suas palavras.
— Oi… — respondi, sem saber o que dizer. Meu cérebro estava em um turbilhão. Max, meu irmão, noivo? Ele realmente vai se casar?
— Não conta pra mamãe ainda, tá? Quero fazer uma surpresa pra ela. Vou entrar de férias do trabalho e quero ir ver vocês pra apresentar a Kaline pessoalmente.
— Você pode guardar segredo? — Kaline perguntou, com um olhar esperto.
Por Deus, algo nela não me desceu bem.
Apenas acenei com a cabeça, concordando.
— Bom, tenho que ir agora. Até mais, mana! Depois que eu falar com a nossa mãe sobre seja lá o que for, eu te ligo.
— Certo, vou aguardar. Te amo, até mais.
— Também te amo!
— Tchau, Ariel! — Kaline se despediu, e a tela ficou preta.
Fiquei sentada ali, tentando processar tudo. Era pra eu estar feliz, meu irmão finalmente encontrou alguém, mas por que não me sentia assim? Por que Kaline não me passava confiança?
Bem, quem precisa confiar é ele, não eu. Talvez fosse só ciúmes, já que ele confiava nela o suficiente para pedi-la em casamento.
— Vamos, Teddy. — disse, levantando-me e puxando Teddy pela coleira. O que mais poderia eu fazer além de esperar e torcer para que tudo desse certo?
***
Ao chegar em casa, fui direto para o banheiro. Um banho quentinho sempre ajuda a relaxar, e depois de me vestir com algo leve e confortável, comecei a preparar o jantar. Com o cheirinho da comida invadindo a casa, resolvi me distrair um pouco e assistir a algo na TV. Mas assim que liguei o aparelho, o rosto bonito, porém frio, de Christian Mitchell apareceu, tomando quase toda a tela.
— Esse cara não cansa de trazer problemas para a família dele. Não sei como essas mulheres conseguem suportá-lo. A forma como me tratou hoje no elevador foi ridícula. — resmunguei, revirando os olhos.
Era impressionante como algumas pessoas só se importavam em se sentir superiores. Christian e Alicia eram figuras influentes aqui em Nova York, e havia sempre uma fila de gente querendo se aproximar, buscando algum benefício. Mas sinceramente? Não valia a pena. Eu só queria fazer meu trabalho e manter distância desse tipo de encrenca.
Logo depois, Jéssica chegou, toda animada, e começou a contar como tinha sido seu dia na empresa, especialmente sobre Alicia, que estava furiosa com os novos rumores envolvendo Christian.
— E os pais deles, o que dizem sobre tudo isso? — perguntei, bem curiosa.
— Ah, nada. Olha, o Christian pode ser um playboy riquinho, mas ele sabe administrar a empresa como ninguém. Os acionistas até torcem o nariz para o jeito dele fora do trabalho, mas não podem reclamar dos resultados que ele trouxe pra gente.
Eu apenas acenei, um tanto pensativa. Christian parecia ser o sinônimo de dor de cabeça na vida de qualquer garota. E eu sabia bem como era ter um homem complicado assim por perto.
— E você, como foi seu dia? — Jéssica me puxou de volta à realidade.
— Ah, o mesmo de sempre. Correria, e sem muitas novidades. — respondi, tentando soar despreocupada, enquanto pensava em Christian e na bagunça que sua vida parecia ser.
ChristianEu estava numa correria total quando percebi que havia perdido a hora e perdido as reuniões da manhã. O coração disparou, mas não tinha como deixar de aproveitar a situação. Levantei da cama o mais rápido que pude e vi Katherine deitada ali, nua, depois da noite quente que tivemos.Ela me lançou um olhar sorridente, cheio de malícia, e rapidamente começou a se vestir.Chegamos na empresa e ela subiu comigo no elevador.— Vamos aproveitar os últimos segundos? — disse ela, com um brilho nos olhos.— Não custa nada aproveitar até os últimos segundos, né? — respondi, dando um meio sorriso. Não tinha como recusar aquela oferta. O elevador seria só nosso.Assim que entramos no elevador, eu a puxei para mim, envolvendo minha mão em sua cintura. A sensação de tê-la tão perto me deixou em um estado de euforia. — Você precisa ser silenciosa. - Disse, beijando seus lábios.Katherine sorriu, e eu não pude resistir. Comecei a explorar seu corpo, sentindo-a se derreter em meus braços. M
ArielEstava de boa no banho, relaxando com a água quente, quando a notificação do meu celular me tirou do meu momento zen. Com as mãos cheias de sabão, tentei pegar o celular, mas ele escorregou e caiu direto na banheira.— Não… — falei, horrorizada, olhando o aparelho afundar.Em um ato reflexo, estendi a mão e o puxei de volta, mas ao olhar para a tela, vi que estava toda azul escuro, com umas listras brancas dançando por ali. — Perfeito! — resmunguei, com uma pitada de sarcasmo.Respirei fundo, tentando não entrar em pânico. Saí da banheira e me enrolei em uma toalha, correndo para o computador. Comecei a pesquisar o que fazer com um celular molhado. As dicas eram variadas e bizarras: “coloque em um pote de arroz” e “não ligue o aparelho”. Fechei a tela do laptop e encarei o meu celular. Ótimo, só o que faltava.Me vesti rápido, sentindo a ansiedade aumentar, e quando olhei pela janela, percebi que a noite já estava caindo. Desci correndo as escadas, com o coração acelerado, em
ArielAssim que Alicia saiu, Jess a seguiu, me deixando sozinha com os outros funcionários. Eles começaram a se arrumar, mas três mulheres ficaram me encarando de maneira estranha, seus olhares julgadores faziam minha insegurança crescer. Tentei me concentrar em qualquer outra coisa até que uma mulher de pele negra, cabelos cacheados e olhos verdes veio até mim, exibindo um sorriso caloroso.— Não liga para elas, estão sempre com essa cara fechada — disse ela, estendendo a mão de maneira amigável. — Sou Emily, mas pode me chamar de Mily.Senti meu corpo relaxar um pouco diante de sua atitude gentil. Apertei sua mão, devolvendo o sorriso.— Prazer, sou Ariel.— Aquelas são Bethy e Maya. Nós três cuidamos da limpeza por aqui. Você é a nova contratada, certo? — perguntou Mily, seus olhos brilhando.— Sim — respondi, tentando soar mais confiante.— Ótimo! Você vai ser minha parceira. Vou te mostrar tudo o que precisa saber. Primeiro de tudo, os outros andares não são problema nosso, têm
A comida chegou, fumegante e perfumada, e tentei me concentrar no prato à minha frente, mas a conversa sobre o noivado do meu irmão e a sensação de desconfiança em relação à noiva dele ainda pairavam sobre mim como uma nuvem carregada. Tentamos mudar de assunto, mas a questão continuava ali, pendente, silenciosa, como algo prestes a eclodir.Enquanto eu mexia distraidamente na comida, ouvimos uma batida suave na janela ao nosso lado. Jess e eu viramos, curiosas, e encontramos Alicia acenando para nós com um sorriso caloroso. Ela fez um gesto com a mão, indicando que esperássemos, e logo a vimos entrando pela porta do restaurante. Ela parecia elegante e segura, como sempre, movendo-se com uma graça natural até se aproximar da nossa mesa.— Oi, meninas! — Alicia cumprimentou, com o tom leve e amigável de sempre.— Oi — respondi, um pouco surpresa com sua presença, mas feliz por vê-la.— Oi, senhora — Jess disse, tentando manter o tom formal, mas logo percebendo o erro quando Alicia er
ChristianEu estava indo até a copa pegar um café quando, para minha irritação e satisfação, vejo exatamente quem eu queria ver: Ariel. Ela estava reabastecendo as cápsulas da máquina de café. Isso me deu uma oportunidade perfeita.Aproximei-me devagar, cada passo calculado. Quando cheguei mais perto, minha voz saiu em um tom baixo e frio.— Por que você correu de mim mais cedo? — perguntei. — Ficou com medo?Ela se assustou e, em sua tentativa de manter o equilíbrio, quase escorregou no balcão. Ariel me olhou, visivelmente nervosa, sua pele começando a corar, e disse:— Eu... eu não corri, senhor. — Sua voz tremeu, revelando o desconforto.Eu sorri internamente. Adorava vê-la intimidada assim. Cheguei mais perto, a poucos centímetros dela, a prendendo contra a bancada. Ela prendeu a respiração e desviou o olhar, sem saber o que fazer.Enquanto ela estava ali, sem saída, eu peguei uma xícara, coloquei a cápsula de café na máquina e comecei a preparar o meu. Virei-me novamente para ela
(Ariel)Eu estava quase terminando de limpar o gabinete do pessoal de design gráfico quando percebi uma movimentação estranha. Vários deles se amontoavam, apressados, tentando caber no elevador de uma vez só. — Isso tem cara de reunião de emergência — comentou Emily. Antes que eu pudesse responder, ouvi alguém me chamar.— Ariel! — A voz era de Alicia, e ela parecia aliviada ao me ver. Me virei, sem entender muito bem o que estava acontecendo.— Oi, Alicia. Posso ajudar em algo? — perguntei, um pouco surpresa com a abordagem repentina.— Sim, por favor. Você é formada em Literatura Inglesa, certo? — perguntou, como se isso fosse uma informação importante naquele momento.— Sim, sou — respondi, ainda mais confusa.— E você gosta de ler, não é? — Alicia continuou, sem pausa.— Gosto... mas por que essas perguntas? pensei, mas não disse em voz alta. — Ótimo! — exclamou Alicia, me segurando pelo pulso com um brilho de alívio nos olhos. — Eu preciso de você, Ariel.— Para o quê? — perg
ArielAcordo com o som suave do alarme. Me espreguiço, sentindo os músculos ainda meio tensos da noite anterior. Depois da minha rotina matinal habitual, preparo-me para ir trabalhar. Decido sair mais cedo. Começo uma hora antes que Jess, e não quero que ela acorde por minha causa. Ela sempre tenta me convencer de que não é problema, mas hoje quero evitar isso.Coloco meu casaco, o clima ainda frio, mesmo com o sol começando a despontar no céu. Caminho até a estação de metrô, que fica a poucas quadras do nosso prédio. O sol, brilhando entre os edifícios, promete um dia mais quente, mas o vento gelado ainda é insistente.Assim que chego à estação, entro e me acomodo num banco enquanto espero o metrô. O ar lá dentro é abafado, contrastando com o frio da rua. Penso brevemente em começar a caminhar mais – uns minutos de caminhada e já estou ofegante, e isso nem deveria ser difícil. Quando o metrô finalmente chega, me junto à multidão, cada um no seu próprio mundo, esperando que o dia c
ArielPrendi a respiração como se isso pudesse me fazer desaparecer. Era ele. Christian estava aqui? E agora? — pensei baixinho, com o coração acelerado. Meus olhos estavam fixos na maçaneta da porta do banheiro que começava a se mover, lentamente, para baixo. A tensão no ar parecia interminável, e meu corpo estava paralisado. Cada centímetro que a porta se abria era uma tortura.De repente, a porta se abriu de uma vez, e quem apareceu ali foi Jessica, com um sorriso enorme e seu vestido justo, radiante como sempre.— Ei, eu queria saber se você pode trocar os brincos comigo? — ela perguntou, toda animada, como se nada estivesse acontecendo.Soltei a respiraç&atild