Damian On Damian Hayes sempre foi bom em manter o controle. No gelo, ele era rápido, calculista e feroz. Sabia exatamente como prever os movimentos do adversário, como virar o jogo a seu favor. Fora dali, não era tão diferente. Mantinha a confiança como uma armadura, o sorriso despreocupado como marca registrada e nunca — nunca — deixava ninguém ver quando algo o afetava de verdade. Então, por que diabos ele ainda estava pensando naquela mensagem? Era só uma mensagem. Ele não deveria ter ficado esperando a resposta. Ele não deveria ter sentido aquele aperto de expectativa. E, definitivamente, não deveria ter soltado um suspiro aliviado quando ela finalmente respondeu. Mas Luna Navarro estava conseguindo fazer algo que ninguém fazia há muito tempo. Bagunçá-lo. E ele não sabia se gostava ou odiava isso. ⛸️🏒📖❄️ Na manhã seguinte, Damian chegou cedo ao campus para o treino do time. O ringue estava vazio quando ele entrou, a luz fria refletindo no gelo impecável. Ele gostava
Luna On Luna gostava de rotina. Gostava de acordar cedo, preparar um café forte e sentar à mesa para revisar os textos da faculdade. Gostava de saber exatamente o que faria no dia, sem surpresas, sem mudanças repentinas. Mas, ultimamente, Damian Hayes estava bagunçando tudo. Ela percebeu isso quando, ao invés de focar no artigo que precisava terminar, pegou o celular e abriu a conversa com ele. Nenhuma mensagem trocada. O que significava que, para saber sobre o jogo, ela teria que perguntar. E isso já era irritante por si só. Mordeu o lábio, hesitante. Ela poderia simplesmente procurar a informação sozinha, mas... qual era o problema em perguntar diretamente? Com um suspiro pesado, digitou rápido: - Que horas é o jogo? A resposta veio em menos de um minuto. - Achei que não se importava, estressadinha. Ela revirou os olhos antes de responder: - E não me importo. Só preciso saber que horas não passar perto da arena pra não ter que ouvir gente gritando. - Claro. Acreditar
Luna não deveria ter ido à comemoração. Ela sabia disso. Tinha plena consciência de que sua presença ali só faria Damian se sentir mais convencido do que já era. Mas Zoe era uma força da natureza quando decidia algo. — Para de drama, Luna — a amiga disse, puxando-a pela mão. — É só uma festa. Você merece se divertir um pouco. — Eu me divirto perfeitamente bem com um bom livro e uma xícara de café — Luna resmungou. Zoe revirou os olhos. — E o que aconteceu depois do jogo? Você ficou calada o caminho inteiro. Luna hesitou. Ela não queria admitir que a troca de olhares com Damian ainda a incomodava. Havia algo nele que a deixava inquieta. Algo que fazia sua pele formigar e seu coração bater em um ritmo irritantemente irregular. — Nada demais — ela respondeu. Zoe arqueou uma sobrancelha, claramente não acreditando. — Ah, claro. Você só trocou olhares intensos com o capitão do time e quase entrou num jogo de sedução. Nada demais mesmo. Luna bufou. — Você exage
A biblioteca sussurrava em tons de papel antigo e madeira polida. O aroma de livros velhos e café requentado pairava no ar, uma mistura familiar e reconfortante para Luna Navarro. Enquanto o burburinho abafado de conversas acadêmicas ecoava ao fundo, ela se afundava cada vez mais em sua pesquisa, o lápis deslizando pelo caderno com anotações rabiscadas em sua caligrafia apertada. A mesa diante dela estava coberta por livros pesados de teoria literária, folhas destacadas com marcações coloridas e uma xícara de café frio esquecida ao lado do cotovelo. Ela mordia o lábio inferior, franzindo o cenho ao reler uma passagem densa sobre narrativas não-lineares. Ali, cercada por histórias e silêncio, Luna se sentia invisível. E gostava disso. O mundo ao seu redor podia girar em ritmo acelerado — os corredores lotados, os dramas universitários, a euforia dos jogos de hóquei que faziam a faculdade inteira vibrar — mas, naquele espaço entre estantes e conhecimento, nada disso importava. Ou pe
Damian On O despertador toca, e eu o ignoro.Por exatamente três minutos.O som irritante continua, insistente, até que minha mão o acerta com força. A luz fraca da manhã atravessa a cortina do meu quarto, iluminando o caos de roupas jogadas, equipamentos de hóquei e livros que eu jurei que ia organizar.Outra manhã. Outra rotina. O mesmo ciclo de sempre.Me espreguiço, sentindo a rigidez dos músculos. O treino do dia anterior ainda pesa no corpo, mas nada que um banho frio e cafeína não resolvam. Me arrasto até o banheiro, jogando água no rosto antes de encarar meu reflexo no espelho. Olhos verdes cansados, cabelo bagunçado, um corte no lábio da última disputa mais agressiva no gelo.Isso é hóquei. Isso sou eu.Visto uma camiseta preta, jeans rasgado e minha jaqueta de couro surrada. As chaves da minha moto estão onde sempre deixo – no capacete, pendurado na maçaneta da porta. Pego e saio do quarto, descendo as escadas até a garagem do prédio.Minha moto , Dama da noite espera por
LunaO barulho dos meus próprios passos ecoa no corredor da biblioteca, abafado pelo tapete grosso que cobre o chão. O lugar está quase vazio, do jeito que eu gosto. Algumas poucas mesas ocupadas por alunos imersos nos estudos, pilhas de livros espalhadas e o farfalhar discreto de páginas virando. O cheiro de papel antigo e café requentado me envolve, uma mistura reconfortante que me acompanha desde o primeiro dia de faculdade.Minha mesa habitual fica no canto, perto da estante de literatura clássica. Um refúgio silencioso. Deixo a bolsa cair sobre a cadeira e solto um suspiro. Meus ombros relaxam, minha mente encontra um fio de tranquilidade. A biblioteca é o único lugar onde o mundo lá fora não exige nada de mim.Sento, tiro um livro da bolsa e o abro no meio, onde marquei com um post-it rosa. Mas antes que eu possa me perder na história, uma sombra se move na minha visão periférica.— Luna Navarro.Minha cabeça se ergue antes mesmo de processar a voz. Zoe.Ela se joga na cadeira à
LunaO som abafado das conversas preenche a sala, criando um zumbido constante de vozes misturadas. Meu caderno está aberto sobre a mesa, mas minha mente está longe da matéria.O professor anda de um lado para o outro, os óculos escorregando pelo nariz enquanto ajeita alguns papéis. Sei o que está por vir – ele mencionou um trabalho importante na última aula, e agora é questão de tempo até que ele nos jogue em alguma atividade em dupla.E eu já sei exatamente com quem quero fazer.Zoe está sentada ao meu lado, tamborilando os dedos na mesa com impaciência. Ela lança um olhar sugestivo para mim, e eu reviro os olhos antes mesmo dela dizer qualquer coisa.— Só para garantir, caso role duplas, você vai comigo, né? — sussurra ela.— Óbvio — respondo, distraída.O professor pigarreia, chamando a atenção da turma.— Como mencionei na última aula, o trabalho que vocês farão valerá uma boa parte da nota do semestre. E, para garantir que tenham uma visão mais ampla sobre o tema… — Ele pausa, c
Luna Eu preciso de paciência. Muita paciência. Porque, honestamente, Damian Hayes é insuportável. Depois de quase trinta minutos tentando estruturar nosso trabalho, a única coisa que consegui foi um leve começo de dor de cabeça. Ele se recosta na cadeira como se não tivesse um pingo de preocupação no mundo, enquanto eu rabisco tópicos no meu caderno, tentando não surtar. - Você pode, por favor, focar nisso por cinco minutos? - peço, exasperada. Damian ergue a cabeça e pisca lentamente, como se tivesse acabado de ser acordado de um cochilo. - Eu estou focado. - Não, você não está. Você só tá sentado aí, olhando para mim como se isso fosse um reality show. Ele ri. - Você percebeu? Jogo a caneta sobre a mesa. - Claro que percebi! Dá para parar? - Eu só estou tentando entender você, estressadinha. Fecho os olhos e respiro fundo. - Primeiro: para de me chamar assim. Segundo: não tem nada para entender. Vamos só dividir as tarefas e fazer isso direito, ok? Ele me observa por