Theodora Saímos para o saguão do Teatro e eu estava tão feliz! Com uma mão eu carregava o buquê de rosas do terceiro lugar na competição de dança e com a outra eu segurava a mão do Robert. Ele andava devagar por causa do gesso e fiquei preocupada por mantê-lo tanto tempo de pé. E distraída com tudo isso, não vi minha família se aproximar de nós. Eu havia me esquecido completamente deles. — Quem é você e onde pensa que vai com a minha filha? — Ouvi minha mãe questionar Robert, tentando se impor mesmo com sua baixa estatura. No primeiro momento ele pareceu surpreso, mas alguns instantes observando a mulher de pele negra e lindos olhos verdes ele pareceu entender quem ela era. — Me desculpe, sou Robert Servantes — ele disse e estendeu a mão. — Então é você o rapaz que anda fazendo minha filha chorar? — indagou, antes de apertar a mão dele. — Sou a mãe dela, Esmeralda. E esse homem aqui é o Reginaldo, pai da Theodora. — É um prazer... — Quero que vo
Theodora nunca teve o sonho de se casar de branco numa grande igreja enfeitada com flores, tudo que sempre quis foi encontrar um grande amor e ser feliz. Era por isso que o casamento civil num cartório da Rua Frei Caneca foi suficiente para ela. Lisa e Kaique assinaram como testemunhas e depois houveram algumas fotos pelo celular. Nada de glamour, nada estrondoso como Ofélia Servantes desejou que fosse o casamento de seu primogênito, mas a vontade dos noivos era essa e todos aceitaram. E partiram de São Paulo como se nada mais importasse, deixando para trás a agitação da metrópole e seguindo rumo ao litoral. Octávio Servantes ainda não se convencera que Robert viveria sem o luxo que lhe foi oferecido a vida toda, saber que o filho mais velho trabalharia home-office como analista financeiro da RCS era praticamente um insulto para ele. No entanto Robert fez sua escolha com muita certeza do que queria e sabia que a felicidade tinha seu preço. E Theodora que nunca gostou do trabalho
Theodora "Tem algo de errado com você Tessy, e eu estou cansado de tentar... é frustrante..." Vira e mexe as palavras do meu ex namorado vinham à minha mente para me lembrar que eu tinha falhado como mulher. Eu tinha vinte e cinco anos e ainda era virgem, mesmo depois de dois anos de namoro. — Venha ser meu par, miga. — Kaique, meu melhor amigo, me tomou pela mão. Estávamos no estúdio de dança Cia Amaral & Drazo, meu destino todos os dias após o trabalho. Se ficar no escritório contábil era uma tortura para mim, as noites nas aulas de salão eram um escape perfeito. — Eu deveria deixar você dançar com o Marcus. O cara não para de sorrir para você — comentou Kaique, achando engraçado. — Não olhe tão diretamente, disfarça, sua louca! No entanto, eu já tinha virado o pescoço e me deparado com o olhar direto do rapaz sobre mim. Ele tinha boa aparência e era um excelente dançarino. “Não vou sair com você com esse cabelo, Tessy. Não é porque você é preta que não pode passar um a
TheodoraO sábado foi intenso. Kaique revirou meu guarda-roupas e concluiu que eu era a mais insossa das mulheres. Dali ele me arrastou para o shopping e eu provei vestidos que jamais compraria, eram extravagantes e excessivamente caros.Depois passei a tarde no salão do Miguel onde ele me montou da cabeça aos pés. O habilidoso cabeleireiro era um antigo paquera do meu amigo, Miguel e seu auxiliar pareciam se divertir muito enquanto escolhiam meu penteado e opinavam sobre a maquiagem, como se eu não estivesse ali. Minha opinião não valia nada naquela situação.— Não quero fazer chapinha, vai estragar meu cabelo! — protestei, mas sem sucesso.— Não se preocupe, princesa. Eu tô passando uma máscara de pré hidratação, seu cabelo não vai sofrer dano nenhum — disse Miguel, enquanto separava todo o cabelo em mechas. — Aliás, seus cabelos ficariam lindos com umas luzes para iluminar. Pensa nisso e quando puder volte aqui que vou deixar o seu crespo ainda mais poderoso!E depois de um dia tod
Robert Eu sempre gostei muito de mulher, isso não é segredo para ninguém. Nunca passava muito tempo sem alguém para aquecer minha cama e quando vi Theodora a imaginei imediatamente deitada em meus braços. Jamais uma mulher me atraiu tão rápido. Geralmente eu admirava a beleza em primeiro lugar e após uma conversa agradável conseguia avaliar o potencial de uma suposta parceira. Com Theodora foi instantâneo. Quando a vi já a quis na mesma hora e fui consumindo por uma certeza de que tê-la em minha cama seria glorioso. Como não desejar aquela boneca de pele perfeita envolta num vestido tão tentador? Eu via as costas desnudas e tinha uma vontade enorme de descer minha mão pela carne macia até chegar ao quadril arredondado. E que sorriso! Quando me cumprimentou eu pude observar de perto os dentes brancos e perfeitos, como pérolas em sua boca. Por um instante eu esqueci completamente de Betina. Se minha perfeita acompanhante percebeu minha agitação, não demonst
Theodora Cheguei sábado à noite tão cansada em casa que praticamente desabei na cama. Acordei no dia seguinte do mesmo jeito que me deitei: de bruços, o pescoço de lado e a coberta jogada no chão. Me levantei sentindo o pescoço doer e segui para o banheiro tal como uma zumbi. Percebi, ao passar pelo corredor, (minha casa tem um banheiro só para todos nós) que eu estava sozinha. Meus pais e minha irmã deviam ter ido ao culto de domingo. Mirei-me no espelho e vi que meus cílios postiços ainda estavam no lugar e os cabelos lisos na força da chapinha continuavam bonitos. — Só vou lavar o cabelo amanhã — decidi. Enquanto tomava banho a imagem de Robert Servantes me surgiu: como um homem podia ser tão atraente? O irmão dele, Cristian, era mais bonito, Robert porém possuía uma aura tentadora, um sorriso malicioso e contido. Sei lá, me pareceu tentador demais. — Ele disse mesmo que se sentia atraído por mim? — me perguntei em voz alta. A mão firme dele na mi
Robert Depois do Baile Beneficente da Família Servantes, eu saí com a cabeça tumultuada e senti que meu corpo estava todo carente. Se era por causa dos drinks que tomei ou se pela torrente de sensualidade que a misteriosa Theodora descarregou em mim, eu não sabia dizer, contudo eu precisava urgentemente me desaguar em um corpo de mulher. Infelizmente a linda companheira de Kaique não se mostrou à disposição. Eu nunca fui o tipo de homem que olha para mulheres comprometidas, porém aquela era uma situação particularmente diferente. Parece que eu havia encontrado minha "kriptonita". Bastou vê-la para entender que eu a queria e quando pude me aproximar do corpo dela, naquela pista de dança, me senti bêbado... A bela Betina não me era uma opção imediata, eu a respeitava muito e esperava que as coisas entre nós acontecessem de maneira planejada e com tranquilidade, no entanto, naquela hora o que eu tinha era urgência. Para minha sorte, Betina se ofereceu para levar uma a
TheodoraAquela semana no trabalho foi exaustiva. Era sexta-feira e eu não via a hora de ir para casa me ver longe daquele lugar sufocante. A Contacte Contabilidade era um escritório grande e no meu setor só havia mulheres.— Você errou essa planilha, Theodora! — minha encarregada falou, com a voz cheia de irritação. — E se eu enviasse assim? Refaça e pelo amor de Deus, confira mil vezes antes de me entregar qualquer coisa!Eu me afundei na minha cadeira. Enia era mais jovem do que eu, mas como filha do dono era bastante autoritária.Não bastava eu ser a vítima favorita das implicâncias dela, mas eu realmente estava muito distraída naquela semana e havia cometido alguns deslizes, o que no mundo da contabilidade era imperdoável.Que eu odiava o meu trabalho não era novidade: me sentia tão triste atrás daquela mesa de escritório, olhando o tempo todo para números, planilhas...mas era melhor que os meus dois últimos empregos com telemarketing. Ali pelo menos o salário era digno e eu tinh