Robert
Eu sempre gostei muito de mulher, isso não é segredo para ninguém. Nunca passava muito tempo sem alguém para aquecer minha cama e quando vi Theodora a imaginei imediatamente deitada em meus braços. Jamais uma mulher me atraiu tão rápido. Geralmente eu admirava a beleza em primeiro lugar e após uma conversa agradável conseguia avaliar o potencial de uma suposta parceira. Com Theodora foi instantâneo. Quando a vi já a quis na mesma hora e fui consumindo por uma certeza de que tê-la em minha cama seria glorioso. Como não desejar aquela boneca de pele perfeita envolta num vestido tão tentador? Eu via as costas desnudas e tinha uma vontade enorme de descer minha mão pela carne macia até chegar ao quadril arredondado. E que sorriso! Quando me cumprimentou eu pude observar de perto os dentes brancos e perfeitos, como pérolas em sua boca. Por um instante eu esqueci completamente de Betina. Se minha perfeita acompanhante percebeu minha agitação, não demonstrou qualquer sinal. E quando Betina se enveredou numa discussão qualquer com meu irmão caçula, Cristian, aproveitei a oportunidade para buscar a mulher que atiçava minha curiosidade. — Parece que gostou desse — eu disse, me aproximando sorrateiramente. Ela se assustou e eu vi seus pequenos seios subirem e descerem rapidamente numa respiração agitada.— Sim. Enquanto conversávamos sobre os quadros não conseguia evitar admirar-lhe o corpo esguio. Eu sempre preferi mulheres mais fartas, com curvas insinuantes, seios que quanto maiores fossem, melhor. Theodora era o oposto. Mais alta que a maioria, magra como uma modelo e seios pequenos que deviam caber na palma da mão. Eu ia convidá-la para beber algo na sacada, olhando as luzes da cidade, mas não deu tempo. Logo um rapaz se aproximou e a beijou de maneira possessiva. Por que imaginei que ela estava só?Obviamente que uma mulher espetacular daquelas não estava sozinha. O rapaz era o tal filho do Toninho e me surpreendi, pois meu pai disse que o rapaz era, digamos, diferente dos outros. Ele se enganou, suponho. Logo me afastei, antes que minha decepção ficasse evidente. Me senti como um lobo afastado do galinheiro, com o estômago roncando de fome. Será que ela tinha um relacionamento sério ou seria só um caso? Se fosse a segunda opção, talvez houvesse um espaço para mim na agenda de Theodora. — Aqui está ele! — Cristian disse, me entregando Betina. — Fique aí com seu cavalheiro perfeito. — O que deu nele? — perguntei para Betina, pois meu irmão parecia zangado. — O de sempre, ele zoa comigo, mas não gosta quando faço o mesmo com ele. Se não aguenta brincar, não desce pro play. Não fiz questão de entender porque Betina e Cristian estavam se engalfinhando novamente. Logo o leilão começou e os quadros foram todos vendidos. Minha mãe ficou imensamente feliz, principalmente porque uma das telas foi disputada com bastante entusiasmo. Todos os quadros foram retirados e logo os organizadores da festa liberaram o espaço para uma pista de dança. Ninguém ousou dançar as três primeiras músicas, porém quando o ritmo mudou para uma batida latina, vi o tal Kaique arrastar Theodora para a pista de dança. Apesar de certa relutância inicial, a misteriosa mulher se soltou rapidamente. — Caramba, eles parecem profissionais! — Betina exclamou. Ela mantinha o braço envolto ao meu e estava realmente admirada. O jeito como eles dançavam era muito sensual. Mesmo com o salto fino que calçava, a mulher de vermelho se movia com muita leveza. Os quadris balançavam de forma graciosa e parecia que a fenda do vestido revelava ainda mais das pernas a cada giro. Com certeza ela levava o namorado à loucura. Se uma mulher fosse capaz de se mover assim quando dança, como deveria ser então entre quatro paredes? A dança terminou e todos aplaudiram. Theodora e o namorado voltaram para o lado de Toninho que parecia muito alegre por toda a atenção que seus acompanhantes desfrutavam. Eu conduzi Betina até eles. — Que lindo vocês dançando! — Betina afirmou. — Quem me dera saber fazer só um terço do que vocês mostraram! — O Kaique é ótimo em conduzir — Theodora disse, abraçando o namorado.— Nós sempre dançamos juntos — Kaique confessou. — Eu adoro dançar, mas não tenho muito talento. — Meu filho é um excelente tutor — Toninho elogiou. — Filho, tira a moça para dançar. — Aí, será que eu levo jeito? — a loira fala, olhando para mim como se procurasse minha aprovação para dançar com outro homem. — Acho que é uma grande oportunidade de aprender alguns passos — incentivei. Logo Betina foi para a pista acompanhada de Kaique que parecia muito animado em ensiná-la. — E você, vai me ensinar também? — perguntei a Theodora que ficou vermelha. — Não sei se... — Não seja boba, Tessy! Dance com o Sr. Robert — disse Toninho, quase a servindo numa bandeja. Ela concordou e deixou que eu a conduzisse pela mão. Diferente da mão macia de Betina, a pele dela era mais áspera e seu aperto mais firme, como o de alguém que teve uma vida árdua. Para minha sorte a música do momento era uma batida latina mais suave, eu não estava interessado em piruetas e coisas do tipo. Uma das minhas mãos pousou sobre a cintura bem desenhada, mas meu desejo era de descer um pouco mais... — Você sabe dançar, Sr Robert? — A voz dela era suave e baixa, saindo quase que num sussurro. — O suficiente para não passar vexame. Fui conduzindo minha parceira para uma área mais ao canto do salão. A apertei um pouco mais contra meu peito e ela não pareceu se importar. Pelo contrário, a mão antes firme estava agora tombada entre a minha. — Seu perfume é muito bom, Theodora. Só não combina muito com você. — Oras, por quê? — ela me perguntou surpresa. — Eu esperava algo mais cítrico, exótico, no entanto, você cheira à flor. — Não é perfume, é apenas um creme corporal que usei, você não gostou? Olhei fixamente no rosto dela, observando os olhos intensos, a boca bem desenhada com aquele batom vermelho que me lembrava um tomate suculento. Segurei dentro de mim a vontade gigante de sugar—lhe os lábios e provar todo seu sabor. Me contive. — Eu adoro. Theodora continuava me olhando fixamente e eu quis adivinhar o que ela pensava enquanto me encarava. Será que ela sentia as ondas de desejo tanto quanto eu? De repente ela ficou vermelha e se descolou de mim. Continuei segurando-a para que não saísse. — Acho que minha pergunta foi bem sem noção. Tipo, eu te perguntei se gostou do meu perfume… Fui inconveniente. — Ela ficou embaraçada. Se Theodora estava fingindo um falso pudor, eu entraria na brincadeira. Sempre gostei de brincar com as presas antes de devorá-las. — Não se preocupe, mesmo que não tivesse perguntado eu iria expressar o quanto gostei do seu cheiro. — Oh! — Você é uma obra prima como um todo e deve estar acostumada com o interesse dos homens. — Acho que está exagerando, penso que o mundo está cheio de mulheres bonitas e a aparência não é suficiente para determinar alguém. E quero ser mais do que isso, mais que uma mulher bonita. Quando encontrar alguém especial, espero que ele enxergue além do meu exterior. — Você disse: "Quando encontrar alguém especial...", esse ser especial não é o Kaique? — Nossa, eu... — Esqueceu dele? — ri alto, quando ela se deu conta da gafe. — O que vocês têm é sério ou só um lance? Porque acho que está muito nítido que me interessei por você no instante em que a vi. — Sério? Eu não... — Não percebeu? É impossível Theodora, que você não sinta quando um homem está te comendo com os olhos. A mulher ficou sem reação e então parou de dançar. Só então percebi que outra música tinha começado a tocar e enquanto todos sacudiam o corpo ao ritmo de um axé antigo, nós dois apenas valsamos. — Eu já tenho namorado... — ela disse, mas não parecia muito segura de suas palavras. Por um instante achei que ela lamentava. — E é algo sério mesmo? — Estávamos parados ainda na pista de dança e eu segurava o punho dela. — Sim, muito sério. — É uma pena. Ela voltou a me olhar com seus olhos deslumbrantes, despertando algo dentro de mim. Aquele olhar me consumia. — Estou com calor e acho que vou procurar um copo de água — ela disse de repente e arrancou a mão da minha, como se estivesse voltando a si depois de um transe hipnótico. — Obrigado pela dança, Sr. Robert. Theodora partiu quase correndo para o lado do Toninho e permaneceu assim até o fim da festa. Eu ri sozinho. Ah, fazia muito tempo que eu não conseguia o que queria, mas ia respeitar o fato de que ela já pertencia ao tal Kaique. Minha cabeça entendia a situação, mas meu corpo permanecia energizado, ansioso e frustradoTheodora Cheguei sábado à noite tão cansada em casa que praticamente desabei na cama. Acordei no dia seguinte do mesmo jeito que me deitei: de bruços, o pescoço de lado e a coberta jogada no chão. Me levantei sentindo o pescoço doer e segui para o banheiro tal como uma zumbi. Percebi, ao passar pelo corredor, (minha casa tem um banheiro só para todos nós) que eu estava sozinha. Meus pais e minha irmã deviam ter ido ao culto de domingo. Mirei-me no espelho e vi que meus cílios postiços ainda estavam no lugar e os cabelos lisos na força da chapinha continuavam bonitos. — Só vou lavar o cabelo amanhã — decidi. Enquanto tomava banho a imagem de Robert Servantes me surgiu: como um homem podia ser tão atraente? O irmão dele, Cristian, era mais bonito, Robert porém possuía uma aura tentadora, um sorriso malicioso e contido. Sei lá, me pareceu tentador demais. — Ele disse mesmo que se sentia atraído por mim? — me perguntei em voz alta. A mão firme dele na mi
Robert Depois do Baile Beneficente da Família Servantes, eu saí com a cabeça tumultuada e senti que meu corpo estava todo carente. Se era por causa dos drinks que tomei ou se pela torrente de sensualidade que a misteriosa Theodora descarregou em mim, eu não sabia dizer, contudo eu precisava urgentemente me desaguar em um corpo de mulher. Infelizmente a linda companheira de Kaique não se mostrou à disposição. Eu nunca fui o tipo de homem que olha para mulheres comprometidas, porém aquela era uma situação particularmente diferente. Parece que eu havia encontrado minha "kriptonita". Bastou vê-la para entender que eu a queria e quando pude me aproximar do corpo dela, naquela pista de dança, me senti bêbado... A bela Betina não me era uma opção imediata, eu a respeitava muito e esperava que as coisas entre nós acontecessem de maneira planejada e com tranquilidade, no entanto, naquela hora o que eu tinha era urgência. Para minha sorte, Betina se ofereceu para levar uma a
TheodoraAquela semana no trabalho foi exaustiva. Era sexta-feira e eu não via a hora de ir para casa me ver longe daquele lugar sufocante. A Contacte Contabilidade era um escritório grande e no meu setor só havia mulheres.— Você errou essa planilha, Theodora! — minha encarregada falou, com a voz cheia de irritação. — E se eu enviasse assim? Refaça e pelo amor de Deus, confira mil vezes antes de me entregar qualquer coisa!Eu me afundei na minha cadeira. Enia era mais jovem do que eu, mas como filha do dono era bastante autoritária.Não bastava eu ser a vítima favorita das implicâncias dela, mas eu realmente estava muito distraída naquela semana e havia cometido alguns deslizes, o que no mundo da contabilidade era imperdoável.Que eu odiava o meu trabalho não era novidade: me sentia tão triste atrás daquela mesa de escritório, olhando o tempo todo para números, planilhas...mas era melhor que os meus dois últimos empregos com telemarketing. Ali pelo menos o salário era digno e eu tinh
Robert Era dia do aniversário de Cristian, um evento criado por minha mãe em cima da hora. Cristian nunca foi de comemorar o próprio aniversário, todavia, como ele andava muito baixo astral, a ideia de uma festa pareceu ser positiva. E meu irmão caçula não poderia recusar já que, nossos pais estavam muito animados, como se a festa fosse deles. Depois de uma semana cansativa na empresa, repleta de reuniões inadiáveis, tudo o que eu mais queria era um final de semana tranquilo. Ainda assim, fiquei incumbido de buscar Betina e depois o bolo e doces e ambas as tarefas me pareciam morosas. Betina demorou demais para se arrumar e o bolo foi encomendado em um lugar bem longe. Quando chegamos à casa do meu pai, confesso que já estava cansado. Todo mundo parecia já ter chegado e poucos notaram nossa entrada. Betina logo se desvencilhou na minha mão e correu para meus pais, cobrindo—os de abraços enquanto eu tentava achar algum funcionário que poderia ir comigo ao carro buscar o
TheodoraQuando o sol começou a baixar, os convidados foram se retirando da área da piscina. Kaique tinha voltado para o meu lado há pouco tempo e eu não escondi minha chateação por ter sido abandonada.— Melhore essa carinha, meu amor — ele disse, me fisgando pela cintura. — Você se saiu muito bem.— Por onde andou? Achei que seu objetivo era conquistar o Sr. Servantes e tentar fechar o negócio com a empresa deles para ajudar seu pai.— Sim, o objetivo era esse até eu colocar os olhos no Alejandro...— Alejandro?— Sim, o segurança bonitão deles. — Kaique deu uma desmunhecada, contudo logo se recompôs — Só de lembrar daqueles braços enormes empurrando contra a parede da garagem, me arrepio todinho.— Me poupe dos detalhes! — arfei. — O seu problema, meu amigo, é que mesmo sendo gay você age igualzinho a todos os homens: pensam mais com a cabeça de baixo do que a de cima!— E você precisa de uma boa foda — ele disse, me encarando daquele jeito cheio de desdém. — Deve estar juntando t
RobertDepois dos parabéns ao meu irmão Cristian, o salão virou uma mini balada. De repente tiraram uma caixa de som, não sei de onde e uma seleção de músicas agitadas começaram a tocar.Eu estava no meu canto, observando a animação dos convidados ao dançarem. Até mesmo meus pais pulavam entre os jovens e Cristian havia arrastado Dona Marta, a governanta, para dançar também. O ambiente estava à meia luz, minha mãe havia improvisado uma iluminação interessante com castiçais. Victor se aproximou de mim com dois copos de uísque e me ofereceu um, que eu aceitei de bom grado.— Obrigado. Não vai dançar? — eu perguntei a ele, enquanto sorvia o líquido amarelado.— Nem pensar. Sou muito descoordenado, ia passar vergonha.— Essa eu queria ver — eu ri. — Cadê sua acompanhante?— Tive que mandar para casa de táxi. Longa história. — Ele voltou o olhar para os que dançavam — Aquele moço que seu pai convidou, se ele não estivesse com a namorada aqui diria que ele é viado. Olha o jeito que ele rebo
TheodoraEu voltei para dentro da mansão com o rosto em chamas. Estava tão desorientada que não sabia para onde ir. Por sorte, Kaique e Lisa me interceptaram logo que me aproximei do salão e juntos subimos as escadas que davam para um imenso corredor.— Dona Ofélia já me mostrou o meu quarto — Lisa indagou, me puxando pela mão.Entramos todos no cômodo e, se o momento fosse outro, eu teria me encantado com o papel de parede em tons de camurça e branco. Eu apenas sentei na cama despejando todo meu peso nela, como se fosse um saco de batatas.— Menina, o que aconteceu? Você saiu da pista e depois reapareceu com essa cara — Kaique disse.— Eu torci o tornozelo — comecei dizendo.— E você não foi ver se ela estava bem? — Lisa interrogou Kaique que se fez de desentendido — Você é um péssimo namorado!— Você também estava ocupada demais com o caçula dos Servantes, que eu vi. Eu te trouxe aqui para dar apoio à sua irmã.— Gente, não precisam discutir por minha causa — eu pedi com voz cansada
Robert O café da manhã que Dona Marta preparou era digno de um hotel de luxo. A maioria preferiu se sentar na grande mesa preparada no Salão principal, enquanto eu apenas me servia de um café puro e bem forte. Próxima à escada que levava para o terraço estava Theodora, sozinha. Era evidente que algo a preocupava e eu senti vontade de ir conversar com ela, mas antes mesmo que eu me pusesse em sua direção, a mulher subiu as escadas. Não deu dois minutos e vi o Senador Ferraz se dirigindo para o mesmo lugar. Meu sangue gelou, uma vez que o velho era conhecido por não ter a mínima noção de decoro e moral, incrível que um tipinho como aquele fazia parte do círculo de amigos do meu pai e não tinha o menor sentido estar na festa de Cristian. Depois do flagra que meu pai nos deu na noite anterior entendi que era melhor não me meter com Theodora, mas os minutos começaram a passar e confesso que um mal pressentimento começou a me dominar. Não era prudente que nenhuma mulher