Robert O café da manhã que Dona Marta preparou era digno de um hotel de luxo. A maioria preferiu se sentar na grande mesa preparada no Salão principal, enquanto eu apenas me servia de um café puro e bem forte. Próxima à escada que levava para o terraço estava Theodora, sozinha. Era evidente que algo a preocupava e eu senti vontade de ir conversar com ela, mas antes mesmo que eu me pusesse em sua direção, a mulher subiu as escadas. Não deu dois minutos e vi o Senador Ferraz se dirigindo para o mesmo lugar. Meu sangue gelou, uma vez que o velho era conhecido por não ter a mínima noção de decoro e moral, incrível que um tipinho como aquele fazia parte do círculo de amigos do meu pai e não tinha o menor sentido estar na festa de Cristian. Depois do flagra que meu pai nos deu na noite anterior entendi que era melhor não me meter com Theodora, mas os minutos começaram a passar e confesso que um mal pressentimento começou a me dominar. Não era prudente que nenhuma mulher
Theodora Eu já havia me sentido assim com alguém em qualquer momento na vida? Com uma urgência não resolvida, uma fome nunca saciada? Quando Robert capturou minha boca num beijo intenso e gostoso eu não pude resistir, pois meu corpo todo implorava por isso. E pensar que horas atrás eu estava à mercê de um abusador que me fez ter nojo de mim mesma, a ideia de ser violada por um ser tão asqueroso era tenebroso e graças a Deus que Robert havia aparecido. Eu olhava para ele como se fosse reluzente como ouro e minha gratidão não cabia no peito. Então eu entendi que queria ser dele, mesmo que fosse uma única vez. Diferente de Ector, meu ex namorado, eu me sentia segura comigo mesma e pronta para avançar. — Tessy... Ele me chamar pelo apelido só fez minha certeza se intensificar. Correspondi ao beijo dele, passando minhas mãos pelos braços bem torneados. Então ele me levantou e me colocou sentada sobre a mesa em que antes tomávamos nosso café. Uma xícara caiu
Theodora Eu gostaria de poder dizer que as duas semanas seguintes passaram voando, mas não seria verdade. Se arrastaram como velhas raquíticas. Minha rotina voltou ao normal. Depois do escândalo na mansão dos Servantes, Kaique disse a todos que terminamos e assim eu fiquei fora de campo. De qualquer forma, o Toninho fechou negócio com o Octávio e agora eles eram vistos constantemente na companhia um do outro. Tudo normal, tudo como o esperado, exceto por uma coisa: eu não parava de pensar em Robert! Nós nos vimos em duas ocasiões apenas: na Festa Beneficente e no aniversário de Cristian, sempre acreditei que se precisava de muito mais tempo para cultivar sentimentos fortes por alguém e com Robert Servantes foi diferente.Toda vez que o telefone tocava eu olhava ansiosa esperando que fosse ele e logo lembrava que eu não tinha lhe dado meu número, então eu ria do ridículo da minha situação. Estar no trabalho com a cabeça repleta de recordações tumultuadas não aj
Robert Eu estava trabalhando como um louco nos últimos dias. Tínhamos uma filial nova sendo criada na Argentina, havia o novo contrato de treinamento com a escola do Toninho e várias e várias reuniões com fornecedores. Cristian estava se envolvendo em um novo negócio e, portanto, as maiores responsabilidades da nossa rede de Hipermercados estavam recaindo sobre mim. Meu pai trabalhava mais como um consultor e em seus setenta anos, já não aguentava mais ficar o dia todo trancado num escritório. E hoje haviam inventado um jantar de noivado, argh! Minha mãe não se conformou que Betina e eu estivéssemos noivos sem a pompa necessária. Aliás, ela queria realizar uma recepção na casa dela, com uma lista de oitenta convidados , mas fui muito taxativo quanto ao tamanho do evento: o mais íntimo possível. No final da tarde fui para meu apartamento me arrumar apesar da dor de cabeça infernal. Nos últimos dias eu tinha enxaqueca todos os dias, além de uma queimação no estômago.
Theodora Na sexta-feira levei minha mala para o trabalho e quando o expediente terminou eu fui diretamente para a Rodoviária, uma vez que não queria perder um minuto sequer das minhas tão esperadas férias. Me despedi das colegas de trabalho com animação e até abracei Enia, tamanha era minha empolgação. Então cheguei à noite no condomínio e a casa do Toninho era em frente ao mar. Entrei na casa, encantada pela visão estrelada do céu. No lugar havia cinco quartos com suíte, uma cozinha pequena, mas muito bem equipada, havia uma sala bem aconchegante com um lindo tapete felpudo no meio e uma pequena e encantadora biblioteca ao lado. Escolhi um quarto com vista para a praia e depois me preparei para dormir. O sábado e o domingo foram dias perfeitos. Sol durante a manhã, um pouco de chuva à tarde para refrescar o ambiente e noites de céu limpo. Aproveitei para passear pela cidade de Ubatuba, conheci o aquário municipal e me empanturrei de camarão e peixe. A maresia havia de
Robert Era tudo surreal demais para ser mera coincidência. Passei dias lutando contra a ideia de descobrir o endereço de Theodora e a sequestrar para uma ilha deserta, agora lá estava eu, sozinho com a mulher que invadia meus sonhos. Cheguei à Ubatuba na segunda-feira de manhã e fui direto para o escritório do Hipermercado. Depois de uma longa discussão com o sindicato onde apresentei a escola que faria o curso profissionalizante dos funcionários, terminamos parcialmente satisfeitos de ambos os lados. Por enquanto o fogo estava apagado e eu podia esquecer aquele assunto por um tempo. Então joguei no GPS o endereço que Toninho me indicou e dirigi até o condomínio que ficava numa das praias mais nobres da cidade. Eu confesso que fui poucas vezes às praias de Ubatuba, nas raras vezes em que estive ali acabei estendendo a viagem até o Rio de Janeiro e ficando em um apartamento em Arraial do Cabo. Infelizmente o apartamento não estava disponível e eu decidi dar uma chance pa
RobertTalvez eu ainda estivesse um pouco fraco por causa da febre noturna, mas nada tiraria de mim a oportunidade de ter Theodora. Depois que todas as barreiras que eu mesmo impus foram derrubadas, não havia mais nada para me impedir.Não sei como conseguimos resistir tanto àquela força invisível que nos puxava de encontro um ao outro, como um poderoso ima. Não tinha experimentado uma urgência tão grande como aquela. Eu a queria tanto que chegava a doer.Ela segurou minha mão e eu entendi que havia rendição sincera e completa.— Vamos para o quarto, Rob — ela disse e seguimos juntos até o aposento que ela havia escolhido para ficar. Ainda era dia e uma luz suave entrava no lugar apenas o suficiente para que eu pudesse contemplar a mulher à minha frente.Então eu a envolvi com meus braços, sentindo seu corpo grudado ao meu, cheio de lascívia. Nossas bocas se encontraram no momento seguinte e brinquei com os lábios deliciosos enquanto minha mão deslizava por suas costas, percebendo cad
Theodora Me levantei da cama preguiçosa. Eu estava tão feliz por ter me entregado ao Robert, pois não poderia ter sido mais perfeito. Meu corpo estava levemente dolorido e talvez um pouco, mas era um incômodo gostoso. Não pude deixar de lembrar do passado, quando me senti tão pouco mulher por ser incapaz de ir até o fim com certo homem e agora… Bem, agora eu estava completa. Olhei para a cama e vi as marcas de sangue no lençol, gelei. Ele teria percebido que era meu? Kaique e eu demos tanto a entender que éramos um casal bastante ardente, Como eu explicaria aquilo?Arranquei o lençol da cama num único puxão e corri com ele para o tanque que ficava nos fundos da casa, esfregando-o com afinco. Robert se aproximou da porta e me viu, meu rosto se aproximou da porta e me viu. Meu rosto pegou fogo e eu não sabia exatamente o que dizer.— Depois que você terminar, venha para a sala, nós precisamos conversar. A voz dele não deixava transparecer nenhuma dica do que ele sen