Robert Era tudo surreal demais para ser mera coincidência. Passei dias lutando contra a ideia de descobrir o endereço de Theodora e a sequestrar para uma ilha deserta, agora lá estava eu, sozinho com a mulher que invadia meus sonhos. Cheguei à Ubatuba na segunda-feira de manhã e fui direto para o escritório do Hipermercado. Depois de uma longa discussão com o sindicato onde apresentei a escola que faria o curso profissionalizante dos funcionários, terminamos parcialmente satisfeitos de ambos os lados. Por enquanto o fogo estava apagado e eu podia esquecer aquele assunto por um tempo. Então joguei no GPS o endereço que Toninho me indicou e dirigi até o condomínio que ficava numa das praias mais nobres da cidade. Eu confesso que fui poucas vezes às praias de Ubatuba, nas raras vezes em que estive ali acabei estendendo a viagem até o Rio de Janeiro e ficando em um apartamento em Arraial do Cabo. Infelizmente o apartamento não estava disponível e eu decidi dar uma chance pa
RobertTalvez eu ainda estivesse um pouco fraco por causa da febre noturna, mas nada tiraria de mim a oportunidade de ter Theodora. Depois que todas as barreiras que eu mesmo impus foram derrubadas, não havia mais nada para me impedir.Não sei como conseguimos resistir tanto àquela força invisível que nos puxava de encontro um ao outro, como um poderoso ima. Não tinha experimentado uma urgência tão grande como aquela. Eu a queria tanto que chegava a doer.Ela segurou minha mão e eu entendi que havia rendição sincera e completa.— Vamos para o quarto, Rob — ela disse e seguimos juntos até o aposento que ela havia escolhido para ficar. Ainda era dia e uma luz suave entrava no lugar apenas o suficiente para que eu pudesse contemplar a mulher à minha frente.Então eu a envolvi com meus braços, sentindo seu corpo grudado ao meu, cheio de lascívia. Nossas bocas se encontraram no momento seguinte e brinquei com os lábios deliciosos enquanto minha mão deslizava por suas costas, percebendo cad
Theodora Me levantei da cama preguiçosa. Eu estava tão feliz por ter me entregado ao Robert, pois não poderia ter sido mais perfeito. Meu corpo estava levemente dolorido e talvez um pouco, mas era um incômodo gostoso. Não pude deixar de lembrar do passado, quando me senti tão pouco mulher por ser incapaz de ir até o fim com certo homem e agora… Bem, agora eu estava completa. Olhei para a cama e vi as marcas de sangue no lençol, gelei. Ele teria percebido que era meu? Kaique e eu demos tanto a entender que éramos um casal bastante ardente, Como eu explicaria aquilo?Arranquei o lençol da cama num único puxão e corri com ele para o tanque que ficava nos fundos da casa, esfregando-o com afinco. Robert se aproximou da porta e me viu, meu rosto se aproximou da porta e me viu. Meu rosto pegou fogo e eu não sabia exatamente o que dizer.— Depois que você terminar, venha para a sala, nós precisamos conversar. A voz dele não deixava transparecer nenhuma dica do que ele sen
Robert A vida não podia ser mais perfeita! Nos dias que se seguiram, Theodora e eu aproveitamos ao máximo a companhia um do outro. Além de uma química incontrolável que agia entre nós, eu me sentia à vontade ao lado daquela mulher linda e estava tão bem que não tive mais as enxaquecas e a queimação no estômago. Algumas poucas vezes precisei ir ao escritório da RCS no centro de Ubatuba para despachar alguns documentos, porém como tudo parecia sob controle eu voltava o mais rápido possível para casa. E naqueles dias, vivendo de maneira mais modesta e simples, percebi que ter paz era o melhor remédio para os meus males. Sem empregadas, sem passeios badalados, sem comida de restaurante… Apenas ela e eu numa casa de praia. Eu pensava sobre todas essas coisas enquanto terminava de preparar o macarrão ao molho sugo, que era uma das poucas coisas que eu sabia cozinhar. Fui até a sala onde Tessy dançava uma de suas coreografias. Eu me sentia hipnotizado pelos movimento
Theodora Aqueles maravilhosos dias na praia acabaram e Robert me deu carona até minha casa. Percebi que ele ficou surpreso ao constatar a simplicidade da minha residência. Nossa casa ainda tinha marcas de lama nas paredes e eu expliquei para ele que fomos vítimas de uma enchente há pouco tempo. Priorizamos os reparos internos. Era uma realidade diferente de Robert. A família dele morava na Vila Olímpia enquanto a minha estava na perigosa periferia de São Paulo. Não o convidei para entrar. Aliás, provavelmente ele não aceitaria. O que existia entre nós era incerto, havia a certeza de que queríamos um ao outro o tempo todo e que o desejo era latente, mas tínhamos um relacionamento? — Eu te ligo. Quero te ver o mais breve possível — ele disse, beijando-me com ternura. — Já estou com saudades — eu disse. — Eu também. Você só me faz bem, Tessy. — Ele disse, com notável sinceridade. Depois de quase duas semanas juntos, a despedida foi difícil. Eu sabia que
Robert Quando cheguei da praia, fui para meu Flat. Eu havia ignorado as últimas mensagens de Betina, pois queria pensar bem no que responderia. Não era certo enganá-la ou mesmo insistir numa relação unilateral, eu não conseguia desejá—la porque a via com os olhos de um irmão. E agora havia Theodora. Ah, aquela mulher rodou meu mundo bem rápido. Eu já tinha feito sexo gostoso com várias mulheres, mas nenhum com a carga emocional que eu sentia com ela. E me pareceu que nenhuma outra conseguiria superá-la. Aliás, sentia que ela bastava. Eu já havia desfeito as minhas malas quando bateram à minha porta. Atendi achando que era a senhora da limpeza, mas me surpreendi com a visita do meu pai. Octávio Servantes me dirigiu um meio sorriso e entrou examinando meu Flat na qual ele visitou apenas duas vezes. — Olá filho, parece que a viagem lhe fez bem, você está com uma cara bem melhor. — Sim, eu me sinto muito melhor, era o descanso que eu precisava. Obrigado
Theodora Eu mastigava o biscoito para esconder o nervosismo. Ele parecia escolher bem as palavras. — Tessy, é o seguinte, eu não rompi com a Betina. Eu devia ficar surpresa, no entanto não fiquei. — Hum... — Surgiu um probleminha e vou ter que esperar um pouco para terminar. — É claro que sim. — Torci o nariz — Afinal, o que eu tenho para te oferecer além de uma trepada!? De repente eu estava chorando. Queria me mostrar indiferente e superior, mas foi só começar a falar para as lágrimas me cegaram. Eu não era boa de briga, na verdade eu fugia delas. — Tessy, ouça. — Ele veio na minha direção, mas eu não lhe dei chance de me tocar — Vamos conversar. — Olha, você não me deve nada, ok? Não me fez promessas, eu é que me iludi. Você já estava com a Betina antes disso tudo acontecer. Eu só... só não quero ser a outra...pra mim não dá assim. — Por favor, me escute Tessy. — Ele finalmente conseguiu se aproximar — Não quero que sofra, não quero
Robert O meu celular tocou novamente, era mais uma mensagem de Betina. Eu não poderia evitá-la para sempre, mas também me sentia mal por ela. Atendi a ligação: — Olá, Betina. — Finalmente! — Ela soltou — Oi Rob, está muito difícil te achar. Você voltou das suas férias e não nos vimos ainda. — Betina parecia ansiosa — Eu estava brava ainda quando você foi viajar, mas agora minha cabeça esfriou e não precisa fugir de mim. — Não estou fugindo — menti. — Apenas estou envolvido em muitos projetos na empresa. — Papai me contou que você tem se dedicado bastante, ele ficou contente por ver a disposição do genro dele nos negócios. — Pude ouvir a risadinha dela, no outro lado da linha — Betina, você está feliz? — Feliz? Que tipo de pergunta é essa? — Ela pareceu achar engraçado — Acho que sou, não parei para analisar isso. — Mas o que te faz feliz? — Hum, acho que esse noivado me faz feliz. A perspectiva de criar um lar, ter nossa casa, ser mãe.