Robert A vida não podia ser mais perfeita! Nos dias que se seguiram, Theodora e eu aproveitamos ao máximo a companhia um do outro. Além de uma química incontrolável que agia entre nós, eu me sentia à vontade ao lado daquela mulher linda e estava tão bem que não tive mais as enxaquecas e a queimação no estômago. Algumas poucas vezes precisei ir ao escritório da RCS no centro de Ubatuba para despachar alguns documentos, porém como tudo parecia sob controle eu voltava o mais rápido possível para casa. E naqueles dias, vivendo de maneira mais modesta e simples, percebi que ter paz era o melhor remédio para os meus males. Sem empregadas, sem passeios badalados, sem comida de restaurante… Apenas ela e eu numa casa de praia. Eu pensava sobre todas essas coisas enquanto terminava de preparar o macarrão ao molho sugo, que era uma das poucas coisas que eu sabia cozinhar. Fui até a sala onde Tessy dançava uma de suas coreografias. Eu me sentia hipnotizado pelos movimento
Theodora Aqueles maravilhosos dias na praia acabaram e Robert me deu carona até minha casa. Percebi que ele ficou surpreso ao constatar a simplicidade da minha residência. Nossa casa ainda tinha marcas de lama nas paredes e eu expliquei para ele que fomos vítimas de uma enchente há pouco tempo. Priorizamos os reparos internos. Era uma realidade diferente de Robert. A família dele morava na Vila Olímpia enquanto a minha estava na perigosa periferia de São Paulo. Não o convidei para entrar. Aliás, provavelmente ele não aceitaria. O que existia entre nós era incerto, havia a certeza de que queríamos um ao outro o tempo todo e que o desejo era latente, mas tínhamos um relacionamento? — Eu te ligo. Quero te ver o mais breve possível — ele disse, beijando-me com ternura. — Já estou com saudades — eu disse. — Eu também. Você só me faz bem, Tessy. — Ele disse, com notável sinceridade. Depois de quase duas semanas juntos, a despedida foi difícil. Eu sabia que
Robert Quando cheguei da praia, fui para meu Flat. Eu havia ignorado as últimas mensagens de Betina, pois queria pensar bem no que responderia. Não era certo enganá-la ou mesmo insistir numa relação unilateral, eu não conseguia desejá—la porque a via com os olhos de um irmão. E agora havia Theodora. Ah, aquela mulher rodou meu mundo bem rápido. Eu já tinha feito sexo gostoso com várias mulheres, mas nenhum com a carga emocional que eu sentia com ela. E me pareceu que nenhuma outra conseguiria superá-la. Aliás, sentia que ela bastava. Eu já havia desfeito as minhas malas quando bateram à minha porta. Atendi achando que era a senhora da limpeza, mas me surpreendi com a visita do meu pai. Octávio Servantes me dirigiu um meio sorriso e entrou examinando meu Flat na qual ele visitou apenas duas vezes. — Olá filho, parece que a viagem lhe fez bem, você está com uma cara bem melhor. — Sim, eu me sinto muito melhor, era o descanso que eu precisava. Obrigado
Theodora Eu mastigava o biscoito para esconder o nervosismo. Ele parecia escolher bem as palavras. — Tessy, é o seguinte, eu não rompi com a Betina. Eu devia ficar surpresa, no entanto não fiquei. — Hum... — Surgiu um probleminha e vou ter que esperar um pouco para terminar. — É claro que sim. — Torci o nariz — Afinal, o que eu tenho para te oferecer além de uma trepada!? De repente eu estava chorando. Queria me mostrar indiferente e superior, mas foi só começar a falar para as lágrimas me cegaram. Eu não era boa de briga, na verdade eu fugia delas. — Tessy, ouça. — Ele veio na minha direção, mas eu não lhe dei chance de me tocar — Vamos conversar. — Olha, você não me deve nada, ok? Não me fez promessas, eu é que me iludi. Você já estava com a Betina antes disso tudo acontecer. Eu só... só não quero ser a outra...pra mim não dá assim. — Por favor, me escute Tessy. — Ele finalmente conseguiu se aproximar — Não quero que sofra, não quero
Robert O meu celular tocou novamente, era mais uma mensagem de Betina. Eu não poderia evitá-la para sempre, mas também me sentia mal por ela. Atendi a ligação: — Olá, Betina. — Finalmente! — Ela soltou — Oi Rob, está muito difícil te achar. Você voltou das suas férias e não nos vimos ainda. — Betina parecia ansiosa — Eu estava brava ainda quando você foi viajar, mas agora minha cabeça esfriou e não precisa fugir de mim. — Não estou fugindo — menti. — Apenas estou envolvido em muitos projetos na empresa. — Papai me contou que você tem se dedicado bastante, ele ficou contente por ver a disposição do genro dele nos negócios. — Pude ouvir a risadinha dela, no outro lado da linha — Betina, você está feliz? — Feliz? Que tipo de pergunta é essa? — Ela pareceu achar engraçado — Acho que sou, não parei para analisar isso. — Mas o que te faz feliz? — Hum, acho que esse noivado me faz feliz. A perspectiva de criar um lar, ter nossa casa, ser mãe.
TheodoraRobert foi atender a porta. Tive um mal pressentimento e por isso me apressei a colocar novamente as roupas e calçar os sapatos.Permaneci no quarto, porém abri uma fresta para saber se estava tudo bem.— Betina? — Robert gritou alto o suficiente para que eu ouvisse.Coloquei a mão na boca para sufocar minha surpresa. Eu queria escancarar a porta para ouvir o que eles falavam, mas não podia.Percebi pelo som do salto alto batendo no assoalho que ela entrou. A voz era animada e parecia ter um presente para Robert, embrulhado num papel elegante.Alguns minutos se passaram antes que Robert abrisse a porta do quarto com calma e viesse ao meu encontro.— É a Betina — ele sussurrou.— Você disse que não eram tão íntimos, mas ela pode vir aqui sem ser anunciada. — Eu também sussurrava, no entanto havia uma carranca estampada no meu rosto — E agora? Fico aqui no quarto enquanto você dá uns amassos na sala com outra mulher?— Mantenha a calma, Tessy. Vou dispensá-la o mais rápido que
RobertVivi a semana mais longa da minha vida. As horas se arrastaram com uma lesma decrépita ao sol. Infelizmente meus colegas de trabalho tiveram que conviver com meu mau humor, com a impaciência e às vezes, com um pouco da minha grosseria. Não era de propósito e foi difícil até pra mim mesmo me aguentar.Fui até a janela da minha sala e olhei o movimento dos carros lá embaixo. Minha cabeça doeu só de lembrar do meu almoço com Betina quatro dias atrás: Ela me pediu para usar a camisa que me deu e realmente me caiu bem. Minha noiva me mostrou o lugar onde queria que a cerimônia de casamento acontecesse enquanto eu tentava não alimentar aquela conversa, mas ela estava animada demais. Depois veio um beijo repentino, o garçom serviu uma champanhe que não pedi e naquele momento não percebi a luz de um flash.Hoje eu vi o resultado: Uma foto nossa num site famoso de fofocas. A Manchete sobre o casamento do ano com data marcada que eu nem sabia qual era. Foto do nosso beijo e outra do garç
TheodoraQuarta—feira — Antes dos acontecimentos do capítulo anterior... Eu estava me mantendo muito ocupada, isso era perfeito pois sobrava menos tempo para sofrer. No trabalho a carga de serviço tinha aumentado com a ausência de duas pessoas no quadro de funcionários e eu passava a noite toda no estúdio de dança. Depois da aula habitual havia o ensaio com o professorJeferson. Ele havia criado uma coreografia linda, porém exigia muita técnica e eu estava sofrendo com uma sequência de giros. Apenas em casa eu me permitia pensar em Robert, sozinha em meu quarto era difícil não lembrar do olhar dele sobre mim. Quando ele me abraçava eu sentia que poderia enfrentar qualquer coisa no mundo. Naquele dia, em especial, almocei com o pessoal do trabalho num restaurante próximo ao escritório para comemorar o aniversário do dono. Voltamos rindo pois uma boa comida é capaz de levantar até os piores ânimos. — Tem um carrão estacionado lá fora — comentou Flávia, olhando pela