Robert Eu estava no banheiro masculino do Térreo com Victor. Não quis voltar à minha sala na presidência da RCS. — Aquela bruxa te atacou! — O diretor industrial esbravejou — Como seu irmão tem coragem de colocar uma louca dessas aqui na empresa! — Ela estava defendendo a irmã — falei, não jogando mais lenha na fogueira. — Não comenta isso com o Cristian. — Sério? Não está com ódio dela? — Eu poderia estar se o ódio que sinto pelo meu pai neste momento não fosse maior. — O que aconteceu, Rob? — Lisa contou que meu pai foi ontem falar com a Theodora e propôs que ela fosse minha amante enquanto me caso com Betina. — Seu pai deve ter os motivos dele — Victor disse. — Você está mesmo certo do que quer? — Victor, você já se apaixonou? Já gostou de alguém de verdade? — Está óbvio que não. — Se encostou na pia do banheiro — E até onde eu saiba, nem você. — Isso mudou, eu amo a Theodora. — Parei um segundo antes de prosseguir — Percebo ag
Theodora Depois da conversa tensa com Octávio Servantes, eu voltei para casa em pedaços. Vivi aquele final de quinta-feira como uma zumbi. No dia seguinte o Robert não parava de me ligar. Eu não atendi e bloqueei qualquer tentativa dele em falar comigo. Eu estava no trabalho quando um número estranho me chamou no celular. Quando atendi era Robert: — Por favor, não desligue,Tessy! — Robert? Como se atreve? — Fiquei incrédula com a ousadia dele em usar um outro número de telefone para me ligar. — Precisamos conversar. — Para me enrolar mais? Acha divertido me enganar? Não quero saber de você — brandei. Eu só conseguia sentir raiva. — Eu não sei exatamente o que meu pai te falou, mas pode acreditar que não fiz nada para te enganar! — Me responda uma coisa, o contrato que você tanto falou já estava assinado? — Sim, mas... Desliguei. Corri para o banheiro do escritório e fiquei lá por um tempo, tentando organizar minhas emoções. Ouvir
Robert— Eu te amo — gritei o mais alto que pude. Dessa vez Theodora pareceu compreender.Eu queria que o mundo todo ouvisse que aquela mulher mandava no meu coração. E apenas por ela eu enfrentava uma chuva torrencial, encharcando meus sapatos novos e pondo a prova meu relógio italiano.— O quê? — Não ouvi o que ela disse, mas se ela tinha parado de andar e sorria, era um bom sinal.Comecei a atravessar a rua. Foi quando senti o impacto...Lembro do som da buzina. E o som das rodas deslizando no chão molhado. Me lembro também de Theodora gritando meu nome.E como em uma cena rodada em câmera lenta, fui arremessado para frente e bati com força no chão.Uma das minhas últimas lembranças foi de Tessy debruçada sobre mim, e então tudo escureceu...Dez dias depois...Abri os olhos lentamenteAcordei num ambiente muito branco e iluminado e conclui rapidamente que eu estava hospitalizado. Minha visão estava embaçada pela lâmpada logo acima da minha cabeça. Eu sentia muita sede e tinha algo
Theodora Era domingo de manhã e eu estava sentada no estúdio de dança, fazendo uma pausa no meu ensaio pessoal com o professor Jeferson. Enquanto me hidratava, e limpava o suor da testa, não conseguia evitar as lembranças de dias atrás, bastava que minha mente ficasse desocupada para que eu revivesse a cena do acidente de Robert. Saber que ele havia recobrado a consciência me dava certo alívio, no entanto não tirava o peso que pairava sobre mim: "Rob está assim por sua culpa? Meu filho nunca teria pisado naquele bairro antes de conhecer você!" — Os gritos de Ofélia iam e voltavam em minha memória. No dia do acidente eu fui para o hospital junto com a ambulância que resgatou Robert. Por alguns instantes ele parecia saber que eu estava ali e apertou minha mão com força. Depois desapareceram com ele dentro do hospital. Eu fiquei na sala de espera em agonia. Pedi para Lisa avisar a família dele porque eu mesma não tinha o contato dos Servantes. Então eles chegaram
Robert Eu vestia o terno que Cristian separou para mim. Não havia sido a melhor escolha, mas isso era um obstáculo pequeno diante da recusa da Dra. Ermelinda em me dar a alta médica. — Sr. Servantes, eu preciso que fique aqui por pelo menos mais três dias... — Estou apenas avisando que vou embora, doutora. Já tem um carro esperando lá embaixo. — Pelo menos me prometa que voltará amanhã para eu te examinar. E que tomará todos os medicamentos da receita nos horários certos. — Trato feito, agora estou indo. — Mas e a receita? — ela perguntou, ao me ver partindo. — Envie para o meu escritório. Sai caminhando do jeito que dava com aquele gesso horroroso na perna. Consegui escondê-lo dentro da boca larga da calça social, pelo menos nisso Cristian tinha acertado. O táxi me deixou em frente ao endereço do evento. Logo fui conduzido ao camarote e me sentei. Estava aliviado, pois o pequeno trajeto entre a calçada e meu assento foi suficiente para sen
Theodora Saímos para o saguão do Teatro e eu estava tão feliz! Com uma mão eu carregava o buquê de rosas do terceiro lugar na competição de dança e com a outra eu segurava a mão do Robert. Ele andava devagar por causa do gesso e fiquei preocupada por mantê-lo tanto tempo de pé. E distraída com tudo isso, não vi minha família se aproximar de nós. Eu havia me esquecido completamente deles. — Quem é você e onde pensa que vai com a minha filha? — Ouvi minha mãe questionar Robert, tentando se impor mesmo com sua baixa estatura. No primeiro momento ele pareceu surpreso, mas alguns instantes observando a mulher de pele negra e lindos olhos verdes ele pareceu entender quem ela era. — Me desculpe, sou Robert Servantes — ele disse e estendeu a mão. — Então é você o rapaz que anda fazendo minha filha chorar? — indagou, antes de apertar a mão dele. — Sou a mãe dela, Esmeralda. E esse homem aqui é o Reginaldo, pai da Theodora. — É um prazer... — Quero que vo
Theodora nunca teve o sonho de se casar de branco numa grande igreja enfeitada com flores, tudo que sempre quis foi encontrar um grande amor e ser feliz. Era por isso que o casamento civil num cartório da Rua Frei Caneca foi suficiente para ela. Lisa e Kaique assinaram como testemunhas e depois houveram algumas fotos pelo celular. Nada de glamour, nada estrondoso como Ofélia Servantes desejou que fosse o casamento de seu primogênito, mas a vontade dos noivos era essa e todos aceitaram. E partiram de São Paulo como se nada mais importasse, deixando para trás a agitação da metrópole e seguindo rumo ao litoral. Octávio Servantes ainda não se convencera que Robert viveria sem o luxo que lhe foi oferecido a vida toda, saber que o filho mais velho trabalharia home-office como analista financeiro da RCS era praticamente um insulto para ele. No entanto Robert fez sua escolha com muita certeza do que queria e sabia que a felicidade tinha seu preço. E Theodora que nunca gostou do trabalho
Theodora "Tem algo de errado com você Tessy, e eu estou cansado de tentar... é frustrante..." Vira e mexe as palavras do meu ex namorado vinham à minha mente para me lembrar que eu tinha falhado como mulher. Eu tinha vinte e cinco anos e ainda era virgem, mesmo depois de dois anos de namoro. — Venha ser meu par, miga. — Kaique, meu melhor amigo, me tomou pela mão. Estávamos no estúdio de dança Cia Amaral & Drazo, meu destino todos os dias após o trabalho. Se ficar no escritório contábil era uma tortura para mim, as noites nas aulas de salão eram um escape perfeito. — Eu deveria deixar você dançar com o Marcus. O cara não para de sorrir para você — comentou Kaique, achando engraçado. — Não olhe tão diretamente, disfarça, sua louca! No entanto, eu já tinha virado o pescoço e me deparado com o olhar direto do rapaz sobre mim. Ele tinha boa aparência e era um excelente dançarino. “Não vou sair com você com esse cabelo, Tessy. Não é porque você é preta que não pode passar um a