CAPÍTULO 46 Otávio

— Neste mundo, sentimentos são fraquezas. Eu fiz o que precisava para sobreviver longe daquele lunático. Não era meu dever amar ou cuidar dela, nem de ninguém. Eu não abriria mão dos meus desejos, dos meus sonhos, por causa dos filhos de Francesco.

Ela me encara como se suas palavras fossem justificativas válidas, mas tudo o que sinto é desprezo.

— É fácil para você me cobrar agora, em um tempo em que tudo está mudando, mas na minha época... você acha justo que eu me sacrificasse para o bem deles? — Ela gesticula com desdém, referindo-se a Desirée e ao falecido irmão, como se fossem insignificantes. — Nenhum dos dois mereciam minha atenção. Tive-os contra minha vontade, fui obrigada a engravidar e gerá-los. Dar a vida a cada um deles já foi o suficiente.

Achei que ela se calaria, mas ela continua, implacável.

— Pois entenda, Otávio, Desirée ficou melhor nas mãos de Paulo. Ela foi cuidada, da maneira torta dele mais foi. Se ela estivesse ficado nas mãos de Francesco ou até mesmo na
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