Oito meses depois...Tivemos que esperar a guerra entre a Outfit e a Yakuza terminar para finalmente realizarmos nosso casamento. De certa forma, passei esse tempo preocupada com a situação, mas, graças a Deus, tudo se resolveu.Agora, diante do espelho, finalizo os últimos retoques da minha maquiagem enquanto admiro meu vestido de noiva. Ele era exatamente como eu queria: elegante, leve e fluido. O corpete ajustado, com um decote V profundo, trazia um toque sensual e sofisticado. O busto e a cintura eram ricamente adornados com aplicações florais rendadas, que se estendiam suavemente pela saia de camadas de tule translúcido, criando um efeito esvoaçante. A fenda lateral revelava parte da minha perna direita, adicionando um toque ousado.Dessa vez, o vestido não tinha tanto brilho nem aquele volume exagerado do primeiro. Mas era meu. Feito para mim.Olho para minha antiga aliança enquanto ela desliza do meu dedo, sento seu peso pela última vez. Desde o dia em que voltamos da cabana, q
Nossa primeira viagem em família precisava ser especial, e Otávio fez questão de me levar para conhecer alguns pontos turísticos antes de chegarmos ao nosso destino principal, Angra dos Reis que é sem sombra de dúvidas um verdadeiro paraíso tropical.Agora, em pé na areia macia e morna, contemplo Otávio sentado na areia, concentrado em ajudar Íris a construir um castelo. Ele sorri para ela, os olhos brilhando com um carinho que sempre me aquece o peito.Seguro o teste de gravidez em minhas mãos, sentindo meu coração disparar. O pequeno visor confirma aquilo que, no fundo, eu já suspeitava a dias...Estou grávida, grávida do homem que mudou meu mundo.É certo que...Eu nunca acreditei em contos de fadas. Sempre mantive meus pés no chão, convicta de que, se eu não corresse atrás, nada aconteceria. Cresci cercada por poucos, trabalhei duro, estudei ainda mais e, muitas vezes, me desdobrava entre o serviço e os cuidados com Paulo, o homem que considerei como um pai.Até que um dia, Otávio
Oito anos depois...Desço do cavalo, amarrando-o com cuidado, e tiro o chapéu ao entrar na casa. Subo os degraus como faço todos os dias, exceto hoje, que é o aniversário de Íris. Minha pequena completa 10 anos, e, como sempre nessa data, comemoramos a vida em dobro. No mesmo dia em que Íris nasceu, foi também quando despertei do coma.Coincidência ou não, as coisas aconteceram assim, e até hoje acredito que aquele sonho que tive foi Desirée e Íris me chamando, me tirando do que eu pensava ser real, mas que, no fundo, não era.Já na entrada, escuto a discussão de Mason e Aiden.A gravidez gemelar foi uma grande surpresa quando descoberta. Nem eu nem Desirée desconfiávamos mas, mais surpreendente ainda é como brigam por qualquer coisa. Se estão discutindo agora, com certeza Desirée não está por perto—os dois morrem de medo da mãe.— Pai! — Íris grita assim que entro, vindo correndo para me abraçar. — Faz eles pararem, são insuportáveis!Eu sorrio, apertando-a contra mim, enquanto ouço
A festa, com toda certeza, estava do jeito que Íris queria, cheia de gente. Minha filha ama estar rodeada de pessoas.Já os gêmeos estavam isolados no canto, comendo carne e jogando Connect Four. Sempre que fazíamos algum evento na fazenda, era assim: eles no mundinho deles. Pelo menos, nesses momentos, eles não brigavam.Eu analiso tudo à minha volta.As luzes da fogueira dançavam ao ritmo do vento, projetando sombras quentes e suaves sobre a terra batida da fazenda. O som de violões e acordeões se espalhava pelo ar, entrelaçando-se com o riso alto e as conversas animadas das pessoas que se aglomeravam ao redor. Os casacos de couro e chapéus de cowboy formavam um contraste vibrante com as cores quentes da noite, e o cheiro da carne assada e do milho torrado preenchia o ar, convidando todos a se deliciar.Homens e mulheres, com seus passos firmes e animados, se moviam no ritmo da música country. O estalar da lenha na fogueira era como uma batida constante, enquanto as chamas iluminav
🚦🚦Alerta de Gatilho Este livro contém temas sensíveis que podem ser perturbadores para alguns leitores. Elementos como violência, relacionamentos abusivos, traumas, conflitos familiares, temas de máfia e vingança são abordados. Recomendamos cautela ao prosseguir, especialmente para aqueles que possam ser afetados por esses temas.🚦🚦 Este é o terceiro livro da série. BOA LEITURA 📚📚📚💗 Desirée González Eu não tinha o melhor pai do mundo, mas tinha um que se esforçava para ser. Desde sua morte, me vi sozinha, andando em um labirinto de medo e injustiça. Foi injusto o que fizeram com ele, mas, de certa forma, eu sabia que seu vício em jogos o afundaria no lamaçal. Ainda assim, não consigo aceitar o destino que lhe foi concedido. Ainda me lembro do seu sorriso e do seu jeito brincalhão, mesmo quando me deixava zangada. Eu o amava e admirava. Ele era tudo o que eu tinha, o único que me aceitou como eu sou, já que minha mãe preferiu os prazeres do mundo do que a nós dois. Agora,
Nova York – 13 anos atrás... 17, 18, 19, 20, 21... Parei de contar ao sentir alguém colocar as mãos sobre meu ombro esquerdo. Ao levantar a cabeça, vejo minha mãe, com os olhos arroxeados e inchados, um pequeno corte no lábio e os olhos vermelhos pelo choro. Ela olha fixamente para a cena diante de nós, e eu volto minha atenção para Alexander novamente. Ele está encolhido em um canto, eu vejo o chicote ser levantado e cair mais uma vez sobre ele. Dessa vez, perdi as contas. Fecho os olhos quando o olhar do meu pai se volta para mim. Eu sabia que Alexander estava apanhando por minha culpa. Viro a cabeça e vejo Rodolfo em outro canto do quarto; há sangue no canto de sua boca, e ele me olha com raiva. Os três apanharam por causa da minha falha. Eles estragaram mais uma apresentação da máfia porquê eu não consegui matar alguém. Eu não queria matar, mas ver minha família sofrer a cada erro meu dóia mais do que a própria morte. Meu pai caminha em minha direção, e sinto a mão da min
Um ano antes...— Pai? — franzi a testa, agoniada, ao ver meu pai caído no sofá, bêbado novamente. Ultimamente, tem sido mais frequente vê-lo assim, e isso me cansa tanto físicamente quanto psicologicamente.Eu só queria viver um dia tranquilo, apenas um, mas parece que isso é impossível.Eu só tenho ele... e minha amiga Marcela. Na verdade, eu só tenho Marcela, porque meu pai se perdeu nos jogos e nas bebidas. Por mais que eu tente, não consigo salvá-lo.— Ele está fedendo. — Marcela sussurra atrás de mim enquanto nos aproximamos dele. Coloco a mão em sua testa para ver se não está com febre, mas, honestamente, eu não sei o que fazer. — Ele parece morto.Lanço um olhar de reprovação para minha querida amiga.— Não diga besteira. — Suspiro, empurrando-a suavemente em direção à cozinha.O apartamento é pequeno, não tenho luxo, mas ao menos é confortável. A cozinha e a sala são conjugadas, há dois quartos e um banheiro simples. Para mim, é perfeito. Abro a geladeira e pego uma garrafa d
O restaurante do senhor Aroldo está com um movimento bom hoje, o que, de certa forma, me alegra, porque isso pode me render uma grana extra.Depois de muito conversar com minha amiga, decidi internar meu pai em uma clínica de reabilitação e entrar na faculdade. A bolsa já ganhei; agora é só seguir com os meus sonhos. Mas, para isso, terei que trabalhar dobrado.— Desirée, mesa seis. — Respiro fundo, sabendo o que isso significa.Faz cerca de duas semanas que o mesmo rapaz vem aqui todos os dias. Ele se senta na mesma mesa e, por mais que as outras meninas tentem atendê-lo, ele só aceita ser atendido por mim. O pior é que, quando estou de folga, ele não vem. Isso, de certa forma, me deixou com o pé atrás. Aprendi a não confiar em ninguém, mas, dentro do estabelecimento, tenho que manter as aparências.Pego o cardápio e uma caneta, e sigo para sua mesa. Encaro seus olhos verdes, em um tom quase como o meu; ele parece gentil e amigável, mas o seguro morreu de velho. Não confio.— Boa tar