Acordo sentindo um braço ao meu redor. Sorrio ao me lembrar de Otávio, embora estranhe acordar assim. Mesmo sendo a primeira vez que desperto ao lado de um homem, gostei do calor que ele exala e de como isso me aquece. Tento me levantar devagar, retirando seus braços ao redor da minha cintura, mas meu toque o faz se remexer e me apertar ainda mais contra seu peito. Sinto seu abdômen, firme, e um suspiro involuntário escapa dos meus lábios. Nesse momento, Otávio afasta meu cabelo e deposita um beijo suave na minha nuca, arrepiando minha pele. — Planos para o seu domingo? — sua voz rouca e grave me causa um misto de nervosismo e encantamento. Não consigo entender como me sinto tão entregue a ele. Não era para ser assim. — Ficar em casa, estudar e descansar... essa é minha rotina de domingo — respondo, tentando soar casual. — Alguma matéria importante? — Não. — Então vamos sair. Viro-me para ele, encarando-o com surpresa. — Sair? — pergunto, franzindo a testa, ainda surpresa com
Mentiras e mais mentiras. Essa é a base do meu relacionamento, e isso não é certo.Estou no limite, quase dizendo a verdade, quase jogando tudo para o alto, mas não posso. Consertar essa bagunça em que me meti é mais difícil do que imaginei.Desirée é esperta. Ela não se contenta com meias palavras, e isso é um problema. Ao lado dela, não posso ser quem quero ser. Preciso viver como se estivesse pisando em um campo minado, sempre alerta, até Alexander conseguir o que quer.Observo enquanto ela sai pela porta do prédio, vestindo um casaco preto longo sobre um vestido colado ao corpo, que vai até os joelhos, também preto. Seu cabelo está preso em um rabo de cavalo elegante, e mesmo de longe, consigo sentir a confiança e o poder que ela carrega.É isso que me fez me apaixonar por ela. Seu poder como mulher. Desirée não se comporta como uma menina assustada; ela domina o ambiente apenas por existir. Odeio admitir, mas se ela tivesse crescido na máfia, provavelmente já seria uma assassina
Estou há quase uma hora em busca do vestido perfeito, não por mim, mas por Otávio. Não quero que algo dê errado nos seus negócios por causa de uma noiva que não está nem um pouco interessada no próprio casamento.Experimentei seis vestidos até agora, mas nenhum deles era o que realmente estávamos procurando.Digo "estávamos" , porque Otávio fez questão de opinar sobre todos, e, felizmente, ele também não gostou de nenhum.— Quem sabe seja a hora da senhora experimentar a minha primeira alternativa? — diz a vendedora, enquanto me observo no espelho.O vestido que ela nos apresentou no início era lindo, mas chamativo demais para o meu gosto.— Pegue ele. — Otávio, de forma quase autoritária, faz com que a vendedora abaixe a cabeça e saia. Eu o encaro pelo espelho, cruzando os braços.— Pega leve. Não é só você que está frustrado aqui.Ele se aproxima e, com um gesto preciso, abaixa o zíper do vestido estilo sereia. O vestido ficou perfeito no meu corpo, mas ainda não era "ele".— Vai te
— O casamento já está marcado para daqui a um mês.Faço um cálculo mental rápido: uma semana após a festividade da empresa. Será um pouco corrido para mim, mas nada que eu não possa lidar.— Tudo bem. — Sorrio, distraída, enquanto mexo na comida no meu prato sem muito interesse.Estamos no apartamento de Otávio, almoçando tarde, quase três da tarde. Optamos por resolver tudo sobre o casamento antes para nos livrarmos dessa "preocupação". Ou melhor, ele quer se livrar dessa preocupação. Eu, sinceramente, não me importo com nada disso. O que eu realmente quero será posto em minhas mãos muito em breve.Termino de comer, levanto com o prato e o copo, e vou até a pia, lavando-os automaticamente.— Eu quero saber daquele assunto. — Minha voz soa firme, sem rodeios.— Ok. — Otávio se levanta, parecendo levemente contrariado, mas não dou muita atenção. — Vamos ao escritório.Enxugo as mãos no pano de prato enquanto ele faz o mesmo. Ele sai à frente, sem dizer mais nada, e eu o sigo em silênci
Assim como você! Suas palavras são como uma adaga cravada no meu coração. Um riso incrédulo escapa dos meus lábios, mais como um reflexo do desespero do que qualquer outra coisa.— Eu posso ter sido gerada por ela, mas isso não significa que sou como ela! — digo, com a voz carregada de frustração. — Por Deus, Otávio, olha bem para mim! Sei que nos conhecemos há apenas um ano, mas já deveria ser tempo suficiente para você saber quem eu sou de verdade.Jogo os papéis para o lado, recusando-me a encarar aquelas verdades desconfortáveis. Não quero ver nada relacionado a ela, aquela mulher que parece envenenar minha existência.Otávio continua em silêncio, seus olhos fixos em mim, como se estivesse aguardando pacientemente o momento em que a realidade me atingirá de verdade. Sua calma me assusta mais do que qualquer palavra.Passo os olhos para o segundo envelope, ainda sobre a mesa. O número "2" escrito em letras grandes parece um aviso. Um medo profundo se instala em meu peito, como se
Desirée recolhe as fotos de Paulo de cima da mesa com um cuidado quase reverente, como se fossem seu último tesouro na terra. Sua expressão está tão fechada que quase consigo ouvir seus pensamentos, tentando bloquear tudo o que acabou de descobrir.Uma frustração pesada se apossa de mim. Nesse exato momento, deveria me afastar dela, deixá-la ir e processar tudo sozinha. Mas não consigo.— Eu preciso ficar com isso. — Ela finalmente se vira para mim, segurando as fotos firmemente. — O resto você ateia fogo. Essa conversa nunca aconteceu, Otávio.Meu peito aperta e minha cabeça lateja. É como se enfrentar os velhos do Conselho fosse menos cansativo do que lidar com ela agora.Ela quer fingir que essas revelações nunca aconteceram. Quer fingir que nada mudou, que ainda pode viver em sua bolha de negação. Mas eu sei que não vai durar. Depois do nosso casamento, tudo vai desandar, e ela vai ter que enfrentar a verdade, goste ou não.Alexander já deixou claro que não cederá. Ele está determ
Minhas bochechas ainda estão molhadas pelas lágrimas derramadas minutos atrás. Minhas mãos tremem, assim como meu coração, que bate descompassado. Mas, desta vez, não é pelas angústias ou pelas verdades difíceis. É por Otávio.Era para ser apenas um acordo. Um contrato frio e calculado que servisse aos nossos propósitos. Entretanto, começo a pensar que ele usou esse pretexto apenas para estar perto de mim. Porque foi tão fácil para ele dizer que gosta de mim, como se esse sentimento estivesse guardado dentro dele há muito tempo, esperando pacientemente pelo momento certo de escapar.Como ele mesmo disse, eu sou teimosa. Mas também sou exigente, possessiva, difícil de lidar. Talvez seja por isso que ele me intriga tanto. Porque, de alguma forma, ele não recua. Não teme ou hesita diante de quem eu sou. Pelo contrário, enfrenta cada parte de mim com uma intensidade avassaladora, que me desarma sem esforço.Otávio está me fazendo ceder, algo que nem Marcela consegue. E, de certa forma, is
A cama macia cede levemente sob o meu corpo, mas os detalhes do quarto desaparecem da minha mente. Tudo o que importa é ele, inclinado sobre mim. Meus dedos deslizam pelo ombro largo, explorando a firmeza dos músculos enquanto seus lábios encontram os meus com um fervor que me faz perder o fôlego. O gosto dele me embriaga, é intenso e irresistível, e cada beijo parece incendiar algo dentro de mim.— Olhe para mim — ordenou, afastando-se ligeiramente enquanto retirava meu vestido. Meus olhos encontraram os dele, e o calor que percorria meu corpo só aumentou. — Não tire os olhos dos meus enquanto eu venero o seu corpo.Seus olhos não se desviaram enquanto ele se aproximava, seus lábios traçando um caminho da minha coxa até a barriga. A cada toque, meu corpo reagia com uma intensidade que eu mal podia controlar.Otávio subiu, espalhando beijos quentes por minha pele, até alcançar meus seios. — Você é linda, Desirée — murmurou antes de abocanhar meu mamilo, arrancando de mim um gemido inv