— O casamento já está marcado para daqui a um mês.Faço um cálculo mental rápido: uma semana após a festividade da empresa. Será um pouco corrido para mim, mas nada que eu não possa lidar.— Tudo bem. — Sorrio, distraída, enquanto mexo na comida no meu prato sem muito interesse.Estamos no apartamento de Otávio, almoçando tarde, quase três da tarde. Optamos por resolver tudo sobre o casamento antes para nos livrarmos dessa "preocupação". Ou melhor, ele quer se livrar dessa preocupação. Eu, sinceramente, não me importo com nada disso. O que eu realmente quero será posto em minhas mãos muito em breve.Termino de comer, levanto com o prato e o copo, e vou até a pia, lavando-os automaticamente.— Eu quero saber daquele assunto. — Minha voz soa firme, sem rodeios.— Ok. — Otávio se levanta, parecendo levemente contrariado, mas não dou muita atenção. — Vamos ao escritório.Enxugo as mãos no pano de prato enquanto ele faz o mesmo. Ele sai à frente, sem dizer mais nada, e eu o sigo em silênci
Assim como você! Suas palavras são como uma adaga cravada no meu coração. Um riso incrédulo escapa dos meus lábios, mais como um reflexo do desespero do que qualquer outra coisa.— Eu posso ter sido gerada por ela, mas isso não significa que sou como ela! — digo, com a voz carregada de frustração. — Por Deus, Otávio, olha bem para mim! Sei que nos conhecemos há apenas um ano, mas já deveria ser tempo suficiente para você saber quem eu sou de verdade.Jogo os papéis para o lado, recusando-me a encarar aquelas verdades desconfortáveis. Não quero ver nada relacionado a ela, aquela mulher que parece envenenar minha existência.Otávio continua em silêncio, seus olhos fixos em mim, como se estivesse aguardando pacientemente o momento em que a realidade me atingirá de verdade. Sua calma me assusta mais do que qualquer palavra.Passo os olhos para o segundo envelope, ainda sobre a mesa. O número "2" escrito em letras grandes parece um aviso. Um medo profundo se instala em meu peito, como se
Desirée recolhe as fotos de Paulo de cima da mesa com um cuidado quase reverente, como se fossem seu último tesouro na terra. Sua expressão está tão fechada que quase consigo ouvir seus pensamentos, tentando bloquear tudo o que acabou de descobrir.Uma frustração pesada se apossa de mim. Nesse exato momento, deveria me afastar dela, deixá-la ir e processar tudo sozinha. Mas não consigo.— Eu preciso ficar com isso. — Ela finalmente se vira para mim, segurando as fotos firmemente. — O resto você ateia fogo. Essa conversa nunca aconteceu, Otávio.Meu peito aperta e minha cabeça lateja. É como se enfrentar os velhos do Conselho fosse menos cansativo do que lidar com ela agora.Ela quer fingir que essas revelações nunca aconteceram. Quer fingir que nada mudou, que ainda pode viver em sua bolha de negação. Mas eu sei que não vai durar. Depois do nosso casamento, tudo vai desandar, e ela vai ter que enfrentar a verdade, goste ou não.Alexander já deixou claro que não cederá. Ele está determ
Minhas bochechas ainda estão molhadas pelas lágrimas derramadas minutos atrás. Minhas mãos tremem, assim como meu coração, que bate descompassado. Mas, desta vez, não é pelas angústias ou pelas verdades difíceis. É por Otávio.Era para ser apenas um acordo. Um contrato frio e calculado que servisse aos nossos propósitos. Entretanto, começo a pensar que ele usou esse pretexto apenas para estar perto de mim. Porque foi tão fácil para ele dizer que gosta de mim, como se esse sentimento estivesse guardado dentro dele há muito tempo, esperando pacientemente pelo momento certo de escapar.Como ele mesmo disse, eu sou teimosa. Mas também sou exigente, possessiva, difícil de lidar. Talvez seja por isso que ele me intriga tanto. Porque, de alguma forma, ele não recua. Não teme ou hesita diante de quem eu sou. Pelo contrário, enfrenta cada parte de mim com uma intensidade avassaladora, que me desarma sem esforço.Otávio está me fazendo ceder, algo que nem Marcela consegue. E, de certa forma, is
A cama macia cede levemente sob o meu corpo, mas os detalhes do quarto desaparecem da minha mente. Tudo o que importa é ele, inclinado sobre mim. Meus dedos deslizam pelo ombro largo, explorando a firmeza dos músculos enquanto seus lábios encontram os meus com um fervor que me faz perder o fôlego. O gosto dele me embriaga, é intenso e irresistível, e cada beijo parece incendiar algo dentro de mim.— Olhe para mim — ordenou, afastando-se ligeiramente enquanto retirava meu vestido. Meus olhos encontraram os dele, e o calor que percorria meu corpo só aumentou. — Não tire os olhos dos meus enquanto eu venero o seu corpo.Seus olhos não se desviaram enquanto ele se aproximava, seus lábios traçando um caminho da minha coxa até a barriga. A cada toque, meu corpo reagia com uma intensidade que eu mal podia controlar.Otávio subiu, espalhando beijos quentes por minha pele, até alcançar meus seios. — Você é linda, Desirée — murmurou antes de abocanhar meu mamilo, arrancando de mim um gemido inv
Acordo ao som de murmúrios ao longe, suaves e indistintos. Meu corpo se mexe na cama com calma, uma sensação de leveza me envolve, como se algo em mim tivesse se transformado. Sinto-me mais viva.Ontem não foi a minha primeira vez. Já havia feito sexo antes, umas cinco vezes, talvez. Sempre com o mesmo cara, alguém que, quando percebi que estava me apaixonando, resolvi afastar. Era mais seguro terminar do que mergulhar em algo incerto. Mas ontem... Ontem foi diferente. Não era apenas sexo, nem o desejo cru e imediato. Foi além disso. Algo mais profundo, mais íntimo.Eu amei.Por mais que eu e Otávio tenhamos nos entregado um ao outro várias vezes na noite passada, meu corpo ainda clama por ele. É uma novidade avassaladora, algo que nunca experimentei antes. Um querer que transcende o físico e invade minha alma, me deixando perplexa e, ao mesmo tempo, eufórica.Levanto-me ao perceber que os murmúrios cessaram. Meu olhar vagueia pela cama antes de alcançar o vestido dobrado cuidadosamen
Depois de vasculhar as coisas de Otávio, encontrei tudo o que precisava na segunda gaveta; pasta, escova e ate um secador que decido não usar. Ajusto a toalha nos cabelos, visto o vestido e saio do banheiro. Ele está na varanda, sentado em uma poltrona no canto, concentrado no celular.O terno impecável molda sua figura com uma elegância natural. Os cabelos, cuidadosamente penteados, emolduram um rosto que combina poder e sedução de uma forma quase injusta. Há algo incrivelmente atraente nele, algo que nunca falha em mexer comigo.Dou alguns passos, segurando a toalha na cabeça, e ele ergue o olhar. Seu sorriso, fácil e encantador, se espalha pelo rosto, aquecendo meu coração sem esforço.Não me preocupo em estar assim na frente dele. Descalça, simples, brigona e teimosa. Quem quiser estar comigo terá que aceitar isso.— Minha calcinha — digo, estendendo a mão assim que paro na sua frente.Otávio arqueia uma sobrancelha, a sombra de um sorriso brincando em seus lábios.— Achei que, a
— Você está atrasada com os documentos de hoje. Isso tem algo a ver com a hora em que resolveu aparecer? A voz do cão ecoa pelo andar, carregada de autoridade forçada, mas eu ignoro, mantendo meu foco nos papéis à minha frente. Sem levantar a cabeça, aponto para a pasta ao meu lado esquerdo, falando com indiferença: — Está aqui o fechamento do evento. Já negociei a decoração, o senhor Alexander analisou, assinou, e todo o projeto feito pela senhora Helena Gambino já está arquivado. Coloco a folha que estava segurando em cima da mesa e me encosto na cadeira, cruzando os braços enquanto a encaro. Tatiane pega a pasta e começa a folhear lentamente, como se quisesse encontrar alguma falha. Ela parece não ter entendido quando eu disse que Alexander já havia analisado todo o documento. — Vermelho e dourado? — Ela questiona, com um tom de desdém. — Eu nunca deveria ter confiado esse projeto a você. Com certeza, não deu a eles mais opções para escolher. Sorrio com calma, sabendo exatament