Otávio estende a mão, firme e decidida, seus olhos me encarando com uma intensidade que transmite não apenas autoridade, mas uma expectativa silenciosa. Respiro fundo, tentando controlar o turbilhão de emoções dentro de mim, antes de segurar sua mão. O contato é instantâneo, a textura quente de sua pele contra a minha me faz sentir uma conexão quase elétrica. Ele me puxa delicadamente, me levantando com facilidade, e no movimento, sou envolvida pelo perfume marcante que carrega — amadeirado, intenso, com um toque de mistério.Cada detalhe ao seu redor parece cuidadosamente calculado, como se ele soubesse exatamente como me fazer sentir vulnerável e atraída ao mesmo tempo.Então, ele levanta a outra mão, e vejo que está segurando uma pequena caixinha preta. Meu coração dispara, e por um momento, o ar parece faltar. Já sei o que está prestes a acontecer. Ele abre a caixinha com um gesto suave, e meus olhos se fixam no anel solitário de ouro rosé que brilha sob a luz que entra pela janel
Rodolfo chegou de viagem hoje à tarde, então Alexander achou que seria uma boa ideia discutirmos os primeiros passos para uma aliança com a Ndrangheta. Estaciono o carro em frente à porta da mansão de Alexander, uma casa imponente que parece estar a quilômetros de distância da cidade. Olho ao redor, avaliando o cenário: as árvores são engolidas pela escuridão, e o breu lá no fundo parece engolir tudo, enquanto a mansão está banhada por luzes amarelas, criando um contraste surreal contra o escuro da noite.Suspiro, sentindo o primeiro floco de neve cair. Provavelmente teremos um Natal movimentado este ano. Essa ideia me faz sorrir, afinal, sempre quis ter uma família grande ao redor da mesa, celebrando a data. Conhecendo Helena, sei que ela não deixará passar em branco, como os outros anos em que simplesmente deixamos o Natal passar despercebido.Adentro a casa, sendo recebido por Cassandro e pelo cachorro de Alice. Me abaixo para alisar os pelos do pequeno animal, sentindo a leveza do
🚦🚦Alerta de Gatilho Este livro contém temas sensíveis que podem ser perturbadores para alguns leitores. Elementos como violência, relacionamentos abusivos, traumas, conflitos familiares, temas de máfia e vingança são abordados. Recomendamos cautela ao prosseguir, especialmente para aqueles que possam ser afetados por esses temas.🚦🚦 Este é o terceiro livro da série. BOA LEITURA 📚📚📚💗 Desirée González Eu não tinha o melhor pai do mundo, mas tinha um que se esforçava para ser. Desde sua morte, me vi sozinha, andando em um labirinto de medo e injustiça. Foi injusto o que fizeram com ele, mas, de certa forma, eu sabia que seu vício em jogos o afundaria no lamaçal. Ainda assim, não consigo aceitar o destino que lhe foi concedido. Ainda me lembro do seu sorriso e do seu jeito brincalhão, mesmo quando me deixava zangada. Eu o amava e admirava. Ele era tudo o que eu tinha, o único que me aceitou como eu sou, já que minha mãe preferiu os prazeres do mundo do que a nós dois. Agora,
Nova York – 13 anos atrás...17, 18, 19, 20, 21... Parei de contar ao sentir alguém colocar as mãos sobre meu ombro esquerdo. Ao levantar a cabeça, vejo minha mãe, com os olhos arroxeados e inchados, um pequeno corte no lábio e os olhos vermelhos pelo choro. Ela olha fixamente para a cena diante de nós, e eu volto minha atenção para Alexander novamente. Ele está encolhido em um canto, eu vejo o chicote ser levantado e cair mais uma vez sobre ele. Dessa vez, perdi as contas. Fecho os olhos quando o olhar do meu pai se volta para mim.Eu sabia que Alexander estava apanhando por minha culpa. Viro a cabeça e vejo Rodolfo em outro canto do quarto; há sangue no canto de sua boca, e ele me olha com raiva. Os três apanharam por causa da minha falha. Eles estragaram mais uma apresentação da máfia porquê eu não consegui matar alguém. Eu não queria matar, mas ver minha família sofrer a cada erro meu dóia mais do que a própria morte.Meu pai caminha em minha direção, e sinto a mão da minha mãe
Um ano antes...— Pai? — franzi a testa, agoniada, ao ver meu pai caído no sofá, bêbado novamente. Ultimamente, tem sido mais frequente vê-lo assim, e isso me cansa tanto físicamente quanto psicologicamente.Eu só queria viver um dia tranquilo, apenas um, mas parece que isso é impossível.Eu só tenho ele... e minha amiga Marcela. Na verdade, eu só tenho Marcela, porque meu pai se perdeu nos jogos e nas bebidas. Por mais que eu tente, não consigo salvá-lo.— Ele está fedendo. — Marcela sussurra atrás de mim enquanto nos aproximamos dele. Coloco a mão em sua testa para ver se não está com febre, mas, honestamente, eu não sei o que fazer. — Ele parece morto.Lanço um olhar de reprovação para minha querida amiga.— Não diga besteira. — Suspiro, empurrando-a suavemente em direção à cozinha.O apartamento é pequeno, não tenho luxo, mas ao menos é confortável. A cozinha e a sala são conjugadas, há dois quartos e um banheiro simples. Para mim, é perfeito. Abro a geladeira e pego uma garrafa d
O restaurante do senhor Aroldo está com um movimento bom hoje, o que, de certa forma, me alegra, porque isso pode me render uma grana extra.Depois de muito conversar com minha amiga, decidi internar meu pai em uma clínica de reabilitação e entrar na faculdade. A bolsa já ganhei; agora é só seguir com os meus sonhos. Mas, para isso, terei que trabalhar dobrado.— Desirée, mesa seis. — Respiro fundo, sabendo o que isso significa.Faz cerca de duas semanas que o mesmo rapaz vem aqui todos os dias. Ele se senta na mesma mesa e, por mais que as outras meninas tentem atendê-lo, ele só aceita ser atendido por mim. O pior é que, quando estou de folga, ele não vem. Isso, de certa forma, me deixou com o pé atrás. Aprendi a não confiar em ninguém, mas, dentro do estabelecimento, tenho que manter as aparências.Pego o cardápio e uma caneta, e sigo para sua mesa. Encaro seus olhos verdes, em um tom quase como o meu; ele parece gentil e amigável, mas o seguro morreu de velho. Não confio.— Boa tar
— Você está bem? — Marcela pergunta, levanto a cabeça e a vejo fechando a porta com as mãos cheias de sacolas. Hoje faz uma semana que enterrei meu pai. Eu não consigo entrar no quarto dele, não consigo dormir à noite, simplesmente não consigo fazer mais nada. O vazio parece me engolir a cada dia que passa. E, para piorar a situação, minha genitora ligou dizendo que eu tenho que vender o apartamento e ir morar com ela. Ela ainda teve a audácia de afirmar que metade da venda é dela, já que na época em que esse apartamento foi comprado, ela estava com meu pai. Eu a odeio, e não é pouco. — Estou bem. — minto, forçando um sorriso. — Pergunta estúpida. — Marcela diz, colocando as sacolas em cima do balcão. — Resposta errada. Decidiu o que vai fazer em relação à sua mãe? — Ela não é minha mãe. Marcela suspira, como se tentasse encontrar uma saída para a situação. — Desirée, você precisa dar um jeito nisso. — Eu vou voltar a trabalhar hoje, amanhã vou me matricular na faculdade e, ass
— Mande o currículo agora mesmo.Marcela está totalmente eufórica. Faz três dias que estou pensando sobre a proposta de Otávio em enviar um currículo para o Gran Hotel, mas ainda não tomei minha decisão.Consegui entrar na faculdade, meu salário já está ajeitado para alugar um novo lugar e o apartamento colocarei à venda amanhã.— Eu entrei na faculdade agora, eles não vão me ligar.— Para de ser teimosa e ao menos tenta.— Tudo bem.Pego meu celular e entro no Google. Primeiro vou pesquisar sobre esse hotel.Imediatamente uma enxurrada de informações aparece e, para o meu desespero, a imagem de Otávio dizendo que ele é o vice-presidente aparece. Abro a boca incrédula; como eu não percebi isso antes?— Terra chamado Desirée.— Você queria saber quem é Otávio.— Queria não, amiga, eu ainda quero.— Aqui. — Viro o celular para ela, e a reação dela é a mesma.— Ele é o vice-presidente Otávio Gambino. Não. — Ela balança a cabeça freneticamente.Me levanto, largando o celular. Agora que eu