CAPÍTULO 117 Otávio

Entrei no quarto que estava hospedado na casa de Alexander e, imediatamente, liguei meu celular, sentindo um peso crescente no peito. Me afastei para o banheiro, precisava de um banho. Meus dedos, quase instintivamente, foram para o bolso da calça, pegando a aliança que Desirée havia deixado. Olhei para o objeto, sentindo a frieza do metal, como se aquele simples gesto fosse a última conexão entre nós. Eu não sabia como ela estaria agora, o que teria acontecido desde a última vez que nos vimos. Algo me dizia que o tempo e as circunstâncias poderiam tê-la mudado, e a ideia de encontrá-la, sabendo que ela ainda podia estar magoada, apertava meu peito.

Ao me encarar no espelho, não pude evitar focar na cicatriz no meu rosto, uma lembrança do que aconteceu, do que já não poderia ser apagado. A barba, que havia crescido para tentar encobrir, não fazia um grande trabalho — ainda havia um pequeno vestígio da cicatriz, um leve traço de algo que eu queria esquecer, mas que nunca sairia de mim.
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