Quando voltei, por sorte encontrei Rambo na recepção:
— O nosso hóspede... Já chegou ao hotel novamente? — Me fiz de desinteressada.
— Fala do homem de olhos verdes e sobrenome estranho?
— Nosso único hóspede... Quem mais seria?
— Ele fez check-out.
— Como assim?
— Bem, ele chegou há menos de uma hora atrás e disse: gostaria de fazer o check-out. Pagou pela estadia e foi embora.
Respirei fundo e subi, desolada. Eu até que me divertia brigando com ele. Me entretia de alguma forma. Não que tivesse qualquer outro tipo de interesse por trás... A não ser no abdômen incrível... Talvez os olhos bonitos... Um pouco do jeito falante e sem se importar com o que eu pensava da opinião dele...
Toquei meu dedo, sentindo um pouco de falta do inútil anel do humor. Enfim, acabou: ele fez check-
— Você parece bastante impressionado, irmão!— Não... Não estou impressionado. Simplesmente as coisas não batem, entende?— Você poderia simplificar as coisas e obter uma ordem judicial e expulsar as poucas pessoas do lugar e pôr o prédio abaixo. Só isso. Em um mês ou pouco mais que isso já iniciaria as fundações do Shopping. Depois... Bem, depois é só arrumar uma boa esposa que goste de você pelo que é, ou seja, um rapaz bonito, inteligente, “fiel”, responsável, que detesta mulheres, festas, amigos e bebidas e além disso é tão bondoso a ponto de não querer dividir um vintém do que tem com ela.— Isso não é nada fácil, Milano. Não brinque com minha dor... E o castigo de nosso “amado” pai.— Acha que a minha parte é
— Chain, e como está conviver com Tessália na mesma casa?— É tudo muito recente. Ainda nem cruzei com ela.— Por sorte eu também não.— Aquela casa é enorme demais para nos cruzarmos todos lá dentro — observei.— Qual foi a intenção do velho com isso, afinal?— Milano, a intenção é simples: ver o circo pegar fogo. Se for observar bem, tudo está interligado. Tessália não pode se envolver com ninguém para que não haja possibilidade de ficarmos juntos. Para se certificar de que tudo correria bem, me manda casar e morar sob o mesmo teto da minha ex. Impõe a condição de a minha futura esposa aceitar “separação de bens” para que dificulte ainda mais a minha vida. Ou seja, ela tem que realmente gostar de mim. E se ela gostar de mim... Automatic
— Não podemos arriscar agora, pois Robson exigiu que eu não me envolvesse com ninguém e que você casasse com outra mulher. E a exigência de nós dois juntos nesta casa foi justo para nos fazer sofrer, entende?— Sofrer?— Sim... Por estarmos juntos e impedidos de nos tocarmos. Pois isso nos faria perder a herança.— Ninguém está a nos observar, não é mesmo? Ou tem câmeras escondidas pelos advogados aqui? — debochei.— Sim, há câmeras na casa.— Eu pouco me importo, Tessália. Não vou tocá-la porque eu não quero. — Levantei da cama, pouco me preocupando que estava só de cueca.Para sorte dela, ou azar, eu não estava completamente nu naquela noite, que era como costumava dormir.— Você... Ainda está tão lindo — ela me observou e mordeu o lábio inferior, tentando mostrar seu desejo de forma clara, os olhos fixos no meu pau.— Obrigado... Faço o possível — agradeci. — Mas este corpo não mais lhe pertence. Você teve uma escolha... E escolheu o meu pai.— Chain, isso faz anos. Você nunca vai
— Eu não estava tocando nele... Estava “me” tocando. Aliás, vai ficar me vigiando do seu quarto agora?— Não... Estou vigiando meu irmão, “madrasta”.— Você é mais velho que eu, Milano. Não fique me chamando de “madrasta”. — No momento que casou com meu pai, passou a ser minha “madrasta” Tessália. Sinto muito se o termo a incomoda. Aliás, você também é madrasta de Chain. Não tem a ver com idade, se é que me entende. Quando casou com meu pai, sabia que ele tinha um filho mais velho que você... E um mais novo, que se não me engano, era seu namorado na época.— Você é um amargurado — ela olhou na cara dele e foi saindo.— E você uma interesseira — Milano revidou e Tessália saiu batendo a porta com força.— Obrigado por me salvar.— Vi que você estava em maus lençóis. E antes que perdesse a porra da sua cabeça de baixo, decidi intervir.— Eu resistiria a ela.— Duvido. A coisa começou a esquentar e você não fez nada.— Eu só assistiria... Imaginei que não teria problema.— Idiota.— Agor
Eu estava no desjejum quando minha mãe me deu um beijo, falando em seguida no meu ouvido:— Me encontre na garagem depois. Quero falar com você.Vi que ela saiu logo em seguida e bebi o café todo de uma vez, curiosa para saber o que minha mãe queria.Saí do restaurante do Hotel e segui pelo corredor que abrigava a academia, encontrando a porta de saída para área externa. O quintal do Hotel estava com o mato crescido ao fundo, parecendo um lugar abandonado.Segui a calçada bem-feita, por onde passavam os clientes para terem acesso a porta da frente do Hotel depois que deixavam seus carros na garagem do subsolo.O lugar estava em reforma, ou melhor, construção. Faziam meses que minha mãe tentava calçar tudo, desde o caminho que vinha da estada principal. Mas não sobrava dinheiro nunca.Cheguei e a vi sentada numa pilha de pedras, que esperavam h&aac
— Não estamos nos afastando, mãe. Mas eu não sou mais uma garotinha. Eu tenho meus sonhos e preciso ir em busca da realização deles.— Sinto que vou perdê-la.— Jamais, mãe.— E sabe o que mais? Se isso acontecer, vou ter muito orgulho de você.— Como assim?— Você tem mais força do que eu, minha filha. Quando sair, sei que não irá voltar.— Vou... Mas não para trabalhar no Bordel Califórnia. Nem no Hotel. Mereço mais do que isso... E não significa que eu esteja menosprezando o seu trabalho ou o das meninas.— Eu sei, Merliah.— Eu vou me inscrever para faculdade de novo. Estou feliz, mãe. Obrigada.— Pretende morar na faculdade ou ir e vir diariamente?— Ainda não sei. Vou ver o que é mais econômico.—
Joguei o vaso na parede, espatifando-o em mil pedaços de vidros, que se espalharam pelo quarto.— Liah... Você está louca? E se tivesse pegado em mim?— Era só um vaso, Cris. Eu poderia ter feito pior, como mirar uma arma na sua cabeça, de costas, e ter tido a coragem de atirar — minha mente trouxe Chain de volta e toda sua revolta por eu ter apertado o gatilho.— Não pode tentar me punir pelos “seus” problemas, Liah.Meus problemas? Eu ri sozinha, lembrando como tinha ficado excitada só de olhar para o corpo de um homem, dias atrás. Não, eu não era frígida. Eu tinha fogo correndo nas veias e minha própria mãe advertiu que Cris, por sua inexperiência, não conseguiria apagar.Mas de que adiantaria me vangloriar, dizendo que o problema não era eu e sim ele? Por mais que estivesse decidida a acabar nosso relacionamento mal começado, não tinha intenção de feri-lo. Acreditava que Cris estava muito apegado a mim e inclusive usava a palavra “amor” o tempo todo.Para ele, se vivêssemos até a
— Ou ser demitida — ele riu, balançando a cabeça.— Qualquer um pode servir bebidas. Sou dispensável aqui.— Não, não é. E sabe disso. Todos gostam de você e sentimos falta quando você não está. Afinal, não é sempre que uma garrafa é quebrada na cabeça de um homem com tanto estilo — riu novamente.— Obrigada — me dei ao luxo de rir um pouco e me divertir com a situação.— O que a fez perder a cabeça deste jeito?— A forma como ele fez... Foi... Nojenta.— Ele é novo, ao que me parece. Não sabe que você não faz parte do cardápio.Não demorou muito e Corinne me chamou, interrompendo minha conversa com Rambo. Me levou diretamente ao escritório da minha mãe, que já me esperava sentada à mesa, furiosa.— Como você age desta forma, porra?— Me desculpe... Eu não suportei as mãos dele na minha cabeça... Querendo que eu... Encostasse no seu pau.— Ele estava de calças, caralho!— Ainda assim... Foi nojento.Ela levantou e começou a andar de um lado para o outro, nervosa:— Hoje definitivament