A loja inauguraria no dia seguinte. Eu estava muito feliz. Claro que o dinheiro que minha mãe e avó me deixaram foi fundamental para a realização do meu sonho.Assim que acabamos os últimos detalhes, convidei Ketlin:- Que acha de irmos almoçar?- Agora? Já passa das 14 horas!- Eu estou com fome.- Então vamos. – Ela pegou a bolsa.Saímos da loja e andamos pela calçada, lembrando de coisas engraçadas do passado e rindo. Estávamos lado a lado e Ketlin tinha o braço enganchado no meu, como fazíamos enquanto ainda morávamos em Azah.Encontramos um bistrô pequeno e aconchegante, com um espaço externo, alto, que ficava com vista para rua. Imediatamente nos dirigimos para lá. Eu adorava tomar sol, independente do horário.Assim que sentamos, o garçom veio nos trazer o menu. Pedimos algo leve e enquanto esperávamos, observei tudo ao redor, atentamente, encontrando Luan sentado numa mesa no canto, mais reservada. Ele estava sozinho, concentrado no celular, digitando e certamente nem tinha se
A inauguração do “Ateliê de moda Liah Chalamet” foi simples. Eu não queria chamar muito a atenção, até porque nem tinha muito tempo sobrando para aceitar tantos pedidos, visto que ainda não havia concluído a faculdade, que ainda me demandava muita atenção.Procurei me organizar com os turnos de manhã e noite para a faculdade e tarde para o Ateliê, sendo que desta forma eu conseguia antecipar um pouco a formatura e ao mesmo tempo realizar meu sonho de produzir minhas próprias peças.Os finais de semana eram sagrados para Chain e eu, com muito parques, tanto naturais quanto de diversões. Embora meu marido não admitisse, acho que ele era completamente vidrado por roda gigante e montanha russa.Já fazia uma semana que o ateliê havia inaugurado e embora fosse bem no centro da cidade, eu não havia recebido nenhuma cliente ainda.- Não fica chateada por não aparecer ninguém? – Ketlin me perguntou, enquanto organizava a vitrine com alguns tecidos importados que eu havia conseguido comprar, be
- Sim? – Tentei fazer com que soasse como uma afirmação, mas a dúvida foi tanta que saiu como pergunta.Ela suspirou:- Pensei em algo transparente da região da barriga, mostrando a pele, bem como as costas completamente nuas. Mas na parte de baixo quero pano... Talvez renda – pôs novamente o dedo na boca, indecisa – Quero que meu futuro marido fique louco, excitado...- Na cerimônia de coroação? – Murmurei, desordenada.- Não, no casamento.- Vamos trabalhar no seu vestido de coroação ou casamento?- Por enquanto no de coroação.- E o de casamento depois?- Sim... Se eu gostar do da cerimônia de coroação, podemos pensar juntas no de casamento, depois – ela sorriu.- Eu gostaria de conhece-la um pouquinho melhor, para podermos trabalhar sua roupa de acordo com a personalidade. Quero criar algo que seja a sua cara, entende?- Sim... Eu gostaria muito que fosse assim. Certamente terei que vir outras vezes, não é mesmo?- Sim. – Confirmei, de antemão.- Não quero outros clientes quando e
Enfim havia chegado a grande noite da inauguração da empresa de Chain. Ele havia planejado tanto aquilo e cuidou pessoalmente de cada detalhe que eu estava até nervosa de algo dar errado.Mas pelo jeito tudo daria certo. Praticamente todos os convidados comparecerem e clientes em potencial já começavam a se aproximar de meu marido, ansiosos para conhecer melhor a empresa e o diferencial que Chain trazia.Vez ou outra nossos olhares se cruzavam e sorríamos em cumplicidade um para o outro. Desenhei e produzi um vestido branco para o evento, curto, decote comportado, levemente justo na parte de cima e mais solto a partir do contorno da cintura. E não usei minha botas de guerra marrons. Caprichei no look, combinando com as Jimmy Cho cano alto com sarowsky rosa pink. Se eu chamava a atenção? Não sei se de todos, mas da pessoa que mais me interessava sim: Chain Archambault Chalamet.- Você está linda, Liah! – Ketlin me elogiou, assim que chegou.Analisei-a minuciosamente com o vestido que p
- Isso se chama abstinência de Merliah Archambault Chalamet. – Beijou meu ombro, apertando-me contra si.Virei-me de frente para ele e o enlacei pelo pescoço:- Eu estava morrendo de saudade... – Confessei.- Eu também...E sim, havíamos nos visto há pouco tempo atrás e inclusive saímos de casa juntos. Mas desde que chegamos ali, mal conseguimos nos ver.Percebi Mariane vindo, com os olhos fixos no filho, um sorriso tão grandioso que chegou a me arrepiar. Assim que se aproximou, perguntou a Chain:- Posso... Lhe dar um abraço?Afastei-me dele, deixando-a matar a saudade num forte abraço de mãe:- Senti tanto a sua falta.- Nos falamos ontem... – Ele riu, com ela ainda agarrada a ele feito uma criança.- Ainda assim senti sua falta... – Falou sem largar-lhe.Chain aceitou o abraço e assim que ela o soltou veio até mim, abraçando-me:- Liah, você está cada dia mais linda!- Seu filho me faz muito bem. – Brinquei, enquanto tentava desvendar os olhos verde esmeralda de meu marido.Minha m
- Você só pode estar de brincadeira, pai! – Senti minhas bochechas queimarem.- Oi... Sogro! – Chain passou a mão nos cabelos, aturdido.- Eu... Queria muito usar o banheiro. – Milano disse seriamente.Olhei para a porta do banheiro da frente e estava desocupado. O encarei:- Tinha que ser justo este?- Qual o problema de vocês dois com banheiros? – Ele perguntou, a voz um pouco descontrolada.- Eu não sou mais criança, pai. Chain é meu marido, somos casados e adultos.- Talvez eu seja um pouquinho ciumento porque não passei por esta fase da sua adolescência. Então sinceramente não lido muito bem com Chain a comendo no banheiro.- O banheiro é o de menos, Milano. Eu como sua filha em todos os lugares... – Chain foi debochado.- Deveria ficar mais atento... É a sua festa de inauguração... Precisa dar atenção aos convidados... – Milano tentava encontrar desculpas.Suspirei, resignada e balancei a cabeça:- Você me deixa com vergonha, pai!- Que vergonha, sogro! – Chain balançou a cabeça
Eu estava sentada no sofá, de frente para o mar. O sol fraco da manhã batia no meu rosto, encoberto por um enorme óculos de sol branco, de marca cara e famosa, que contrastava com meus cabelos escuros e curtos. O batom avermelhado combinava com o maiô branco e o quimono branco com desenhos de rosas vermelho-alaranjadas.Bebi um gole do leite, seguindo o meu desenho, amparando a prancheta numa das pernas, enquanto a outra abrigava a cabeça de Chain, que usava somente uma bermuda branca, a parte superior completamente nua.Entre um rabisco e outro, eu virava a folha, não satisfeita com o que produzia. Tentava fazer com exatidão o que vinha à minha mente, mas não saía como o esperado. Numa das vezes arranquei a folha com raiva, amassando e sem querer virando o leite do copo, que espalhou-se sobre o sofá.Levantei imediatamente, quase deixando Chain cair:- Virei... O leite.Chain sorriu e me olhou:- Não deveria ser uma Margarita?Comecei a rir:- Ainda lembra daquilo?- Exatamente cada
NORIAH NORTE, 22 ANOS ANTES.Assim que o movimento enfraqueceu, pedi para minha chefe:— Senhora Miranda, não me sinto bem. Será que eu poderia sair um pouco mais cedo hoje?A mulher, com cara de poucos amigos, olhou no relógio e disse, secamente:— Vou descontar estes quinze minutos do seu salário.— Ok — aceitei.Peguei minha bolsa e senti-me enjoada novamente. E sabia que um pouco era pela forma como ela havia me tratado. Não bastava ser rica, tinha que ser também uma pessoa cruel e sem coração.Além de não estar realmente nos meus melhores dias, tinha que passar no laboratório para retirar o exame antes que fechasse as portas. Sim, porque meu horário de trabalho não coincidia com o deles, então o simples fato de retirar um papel era algo extremamente difícil. E não, eu não tinha ninguém que pudesse fazer aquilo por mim.Assim que saí na rua, senti o cheiro de escapamentos de carros, o trânsito congestionado, o vai e vem de pessoas de um lado para o outro e incrivelmente aquilo fez