Enfim havia chegado a grande noite da inauguração da empresa de Chain. Ele havia planejado tanto aquilo e cuidou pessoalmente de cada detalhe que eu estava até nervosa de algo dar errado.Mas pelo jeito tudo daria certo. Praticamente todos os convidados comparecerem e clientes em potencial já começavam a se aproximar de meu marido, ansiosos para conhecer melhor a empresa e o diferencial que Chain trazia.Vez ou outra nossos olhares se cruzavam e sorríamos em cumplicidade um para o outro. Desenhei e produzi um vestido branco para o evento, curto, decote comportado, levemente justo na parte de cima e mais solto a partir do contorno da cintura. E não usei minha botas de guerra marrons. Caprichei no look, combinando com as Jimmy Cho cano alto com sarowsky rosa pink. Se eu chamava a atenção? Não sei se de todos, mas da pessoa que mais me interessava sim: Chain Archambault Chalamet.- Você está linda, Liah! – Ketlin me elogiou, assim que chegou.Analisei-a minuciosamente com o vestido que p
- Isso se chama abstinência de Merliah Archambault Chalamet. – Beijou meu ombro, apertando-me contra si.Virei-me de frente para ele e o enlacei pelo pescoço:- Eu estava morrendo de saudade... – Confessei.- Eu também...E sim, havíamos nos visto há pouco tempo atrás e inclusive saímos de casa juntos. Mas desde que chegamos ali, mal conseguimos nos ver.Percebi Mariane vindo, com os olhos fixos no filho, um sorriso tão grandioso que chegou a me arrepiar. Assim que se aproximou, perguntou a Chain:- Posso... Lhe dar um abraço?Afastei-me dele, deixando-a matar a saudade num forte abraço de mãe:- Senti tanto a sua falta.- Nos falamos ontem... – Ele riu, com ela ainda agarrada a ele feito uma criança.- Ainda assim senti sua falta... – Falou sem largar-lhe.Chain aceitou o abraço e assim que ela o soltou veio até mim, abraçando-me:- Liah, você está cada dia mais linda!- Seu filho me faz muito bem. – Brinquei, enquanto tentava desvendar os olhos verde esmeralda de meu marido.Minha m
- Você só pode estar de brincadeira, pai! – Senti minhas bochechas queimarem.- Oi... Sogro! – Chain passou a mão nos cabelos, aturdido.- Eu... Queria muito usar o banheiro. – Milano disse seriamente.Olhei para a porta do banheiro da frente e estava desocupado. O encarei:- Tinha que ser justo este?- Qual o problema de vocês dois com banheiros? – Ele perguntou, a voz um pouco descontrolada.- Eu não sou mais criança, pai. Chain é meu marido, somos casados e adultos.- Talvez eu seja um pouquinho ciumento porque não passei por esta fase da sua adolescência. Então sinceramente não lido muito bem com Chain a comendo no banheiro.- O banheiro é o de menos, Milano. Eu como sua filha em todos os lugares... – Chain foi debochado.- Deveria ficar mais atento... É a sua festa de inauguração... Precisa dar atenção aos convidados... – Milano tentava encontrar desculpas.Suspirei, resignada e balancei a cabeça:- Você me deixa com vergonha, pai!- Que vergonha, sogro! – Chain balançou a cabeça
Eu estava sentada no sofá, de frente para o mar. O sol fraco da manhã batia no meu rosto, encoberto por um enorme óculos de sol branco, de marca cara e famosa, que contrastava com meus cabelos escuros e curtos. O batom avermelhado combinava com o maiô branco e o quimono branco com desenhos de rosas vermelho-alaranjadas.Bebi um gole do leite, seguindo o meu desenho, amparando a prancheta numa das pernas, enquanto a outra abrigava a cabeça de Chain, que usava somente uma bermuda branca, a parte superior completamente nua.Entre um rabisco e outro, eu virava a folha, não satisfeita com o que produzia. Tentava fazer com exatidão o que vinha à minha mente, mas não saía como o esperado. Numa das vezes arranquei a folha com raiva, amassando e sem querer virando o leite do copo, que espalhou-se sobre o sofá.Levantei imediatamente, quase deixando Chain cair:- Virei... O leite.Chain sorriu e me olhou:- Não deveria ser uma Margarita?Comecei a rir:- Ainda lembra daquilo?- Exatamente cada
NORIAH NORTE, 22 ANOS ANTES.Assim que o movimento enfraqueceu, pedi para minha chefe:— Senhora Miranda, não me sinto bem. Será que eu poderia sair um pouco mais cedo hoje?A mulher, com cara de poucos amigos, olhou no relógio e disse, secamente:— Vou descontar estes quinze minutos do seu salário.— Ok — aceitei.Peguei minha bolsa e senti-me enjoada novamente. E sabia que um pouco era pela forma como ela havia me tratado. Não bastava ser rica, tinha que ser também uma pessoa cruel e sem coração.Além de não estar realmente nos meus melhores dias, tinha que passar no laboratório para retirar o exame antes que fechasse as portas. Sim, porque meu horário de trabalho não coincidia com o deles, então o simples fato de retirar um papel era algo extremamente difícil. E não, eu não tinha ninguém que pudesse fazer aquilo por mim.Assim que saí na rua, senti o cheiro de escapamentos de carros, o trânsito congestionado, o vai e vem de pessoas de um lado para o outro e incrivelmente aquilo fez
Andei na chuva, devagar, sem me preocupar, visto que já estava completamente encharcada. Assim que cheguei em frente ao portão da pensão onde morava, fui diretamente até a recepção:— Olá, dona Eva. Será que eu poderia, por favor, usar o seu telefone?Ela me olhou e disse, sem pensar duas vezes:— Claro.Arqueei a sobrancelha. A mulher disse “claro”? A velha detestava quando eu pedia para ligar e ainda pedia dinheiro na hora para cobrir o custo da conta.Enfim, eu não iria questionar. Pior seria se ela agisse como sempre, praticamente me fazendo implorar.Disquei o número que já sabia de cor:— Alô — ouvi a voz que fazia meu coração bater mais forte.— Sou eu, meu amor.— Candy? — a voz dele foi de felicidade ao saber que era eu.— Sim... Eu... Preciso falar com você.— Eu também preciso falar com você — pude ouvir a risada dele do outro lado. — Tenho uma surpresa.— Jura? Eu também... — limpei as lágrimas que ainda me atormentavam.— A minha vai ser especial.— A minha mais... — gara
NORIAH NORTE, TEMPOS ATUAISAssim que chegamos, Cristiano me olhou demoradamente antes de desligar o carro.Senti um arrepio percorrendo minha espinha, sabendo tudo que aconteceria.- Preparada? – Ele perguntou.- Sim... Nasci preparada.Cristiano riu, me fazendo rir também. Meu namorado era um homem maravilhoso. Antes que eu abrisse a porta do automóvel, ele já estava fazendo isso, me auxiliando a descer.- Espere. Fique aqui e feche os olhos... Por favor. – Pediu, com um sorriso encantador e nervoso nos lábios.- Ok... Eu... Acho que consigo. – Pronunciei o “acho” de forma sincera.Achei que não conseguiria, mas no fim, tive a capacidade de fechar os olhos e não abrí-los, como ele pediu. Porque na verdade, eu já imaginava que ele criaria um ambiente bem romântico para aquele momento.Escorei-me no capô do carro, me sentind
- Não... Está... Tudo bem... – Olhei para tudo encharcado de espumante ao nosso redor.- Que coisa chata... Eu acho que sobrou... Uma taça só.Ele mostrou o líquido que não chegou a encher a taça e me deu um ataque de riso. O problema é que quando me dava estes ataques, eu não conseguia parar. Cris, de início, achou engraçado. Mas depois ficou sério, talvez pensando que eu pudesse estar forçando a situação. A questão é que eu tentava falar, mas não saía. Olhava para taça e lembrava da situação e tudo voltava à minha mente.Eu ri até o ar faltar nos meus pulmões e minha barriga doer. E não sei se era só pela situação com o espumante. Mas pela forma automática como estava sendo aquilo tudo.Respirei fundo e disse:- Vamos transar, “