CAPITULO 5

Sinto o suor escorrer pela minha testa e findar em meu queixo, estou a quase cinco horas seguidas cortando lenha para o fogão e a fogueira que faço em noites de frio, parece que vem uma frente fria por aí.

Andei pelo mundo inteiro procurando um lar para morar, vaguei do norte ao sul, do leste ao oeste, conheci diversas cidades com culturas variadas, mas em nenhum lugar me sentir em casa até que encontrei esse lugar no topo da montanha Miragem, sua subida é muito perigosa pois a mesma é coberta por pedra em todos os seus lados, mas quando se chega ao topo a vista faz jus ao nome e faz com que fiquemos felizes por enfrentar o perigo de subir-lá, a vista daqui de cima é tão incrível... Daí o nome da montanha.

Ao pé da montanha se encontra o rio Deivis, que ganhou esse nome, pois o homem foi o responsável pela divisão das terras pertencentes a dois fazendeiros que sempre brigaram por mais território há muitos anos atrás. Só de ver o sol nascendo aqui me sinto renovado, não me canso de ver a mesma cena todas as manhãs, o belo conjunto de montanhas cobertas por árvores com o rio corrente em seus pés é uma cena deslumbrante, fascinante, calmante, relaxante.

Hoje é dia de ir até uma cidade comprar mantimentos então, me apresso em minha tarefa com a lenha e quando acabo coloco dentro de uma sacola e sigo para dentro de casa, guardo junto ao fogão e vou para o banheiro, me despi e tomei um rápido banho de água gelada (mas já estou acostumado), enrolo a toalha em minha cintura e vou para meu quarto que fica no primeiro andar da casa, ao chegar me seco e me visto com uma cueca box preta, uma calça jeans de lavagem azul rasgada nos joelhos, uma camisa xadrez com suas mangas até os cotovelos e pra finalizar calço minha bota preta.

Depois de arrumar meus cabelos e passar um perfume no pescoço sai de dentro de casa e quando levanto a mão com a chave para trancar a porta paro.

- Merda! Droga! - escuto uma voz suave esbravejar.

A voz feminina em um tom baixo e pelo tremor de suas palavras vejo que a dona dela está assustada. Por que será?

Sem ter nada melhor para fazer, resolvi ver do que se tratava. Afinal, essa montanha é minha e aqui não costumo receber visitas.

Com passos rápidos me aproximo de um dos lados da montanha e avisto uma garota quase caindo não penso racionalmente em nada, caminho rápido até a beirada do penhasco onde uma garota está pendurada e segur sua mão puxando para mim.

 Seus olhos... São lindos. Um verde água tão clara que me vejo hipnotizado por eles. Prendo o ar em meus pulmões. Sinto meu corpo enrijecer ao descer meu olhar até sua boca delicada e feita para beijos.

Pequena, carnuda, bem torneada, vermelhinha. Será que é errado eu querer saber o gosto que possui esses lábios que neste exato momento estão a tirar-me a sanidade?

Seu cabelo era grande, liso, volumoso e a deixava ainda mais bonita do que eu conseguia ver através daquela sujeira no rosto bonito e cansado.

Seus seios médios, porém volumosos estavam escondidos atrás da discreta blusa preta, comecei a imaginar como eles seriam sem aquela peça de roupa os cobrindo. 

Saio de meus devaneios e percebo que não sou o único encantado, pelo jeito que ela está me olhando diria que estar quase a babando, sorrio internamente, gostei de saber que mexi com ela tanto quanto ela mexeu comigo. Contenho-me para não rir, afinal, eu também estava a avaliando sem nenhum pudor.

Mais uma vez sem pensar percebo que ela está muito debilitada por causa da irresponsabilidade de escalar sem os equipamentos necessários, que mulher maluca.

Quando pego-a em meus braços penso que peguei o nada de tão leve que ela é. Ela não diz nada, apenas encosta sua cabeça em meu peito, sinto-me arrepiar e um sentimento desconhecido me invade me deixando à beira da loucura e com uma imensa vontade de cuidá-la e protegê-la, que estranho nunca me senti assim antes.

Ao abrir a porta de minha casa e penso em coloca-la no chão percebo que ela acabou adormecendo em meus braços, tento acordá-la e percebo que desmaiou no curto espaço de tempo que levei até chegar aqui, talvez esteja com alguma dor e o corpo não aguentou e apagou.

Vou em direção ao único banheiro de minha casa e com muito cuidado tiro o resto da roupa que cobre o pequeno corpo.

Eu juro, fiz de tudo, tudo mesmo mas não consegui ficar admirar aquele corpo delicado e bonito, me xingo internamente pela minha total falta de respeito. Olhei para o corpo da garota e pela minha experiência vejo que se trata de uma jovem, muito jovem. Merda, fiquei encantado por uma menina, só pode ser falta de um bom sexo, nem sei quando foi a última vez.

Percebo que seu corpo ainda tem muito o que mudar, seus seios médios, durinhos e empinados me deixam vidrado e pelo seu formato percebo que ainda vão crescer. Suas curvas não são muitas, mas as que têm as deixa linda, cintura de violão, olho pra sua intimidade e vejo que não tem muitos pelos e pela grossura dos fios sei que nunca foi depilada.

Por toda a minha experiência(  de bruxo, médico e cientista ) chuto que ela não tem mais que 16 anos de idade e me sinto um depravado por estar interessado nessa garota.

Depois de banhá-la, algo muito difícil pois aqui não tem banheira e nem chuveiro tive que me virar, enrolo em uma das minhas toalhas que não usei e a levo até o quarto de hospedes no primeiro andar e a deitando na cama, não sei porque mantenho esse quarto já que nunca recebo visitas. Desço as escadas e vou até sua mochila que deixei no sofá, pego um peça íntima e uma camisola, sigo para a cozinha e debaixo da pia pego a caixa de primeiro socorros e volto para o quarto. Com o álcool limpo todas as suas feridas e os cortes mais profundos coloco algodão e um curativo (improvisado) para não deixar exposto a ferida, a visto e fico a olhá-la adormecida.

Mas que merda estou fazendo? Por que estou a cuidar e a velar o sono dessa menina que não conheço? Por que sinto meu ser ser invadido por sentimentos que pensei ter morrido junto com minha família? Travo o maxilar.

Avalio o rosto jovem agora limpo, algo naquele rosto me lembra alguém mas ainda não sei quem. É tão linda, parece um anjo e aposto que tem um bando de moleques doidos por ela e sinto um leve incômodo por pensar nisso, não posso me interessar por uma garota que conheci a menos de vinte e quatro horas, sou muito velho para namoricos adolescentes, o certo é esquecer esse sentimento estranho que surgi em minha alma. Era só o que me faltava, decidir apagar sua imagem nua da minha mente e guardar a sete chaves o que eu estivesse começando a sentir.

Sem ter muito o que fazer deitei no outro lado da cama e durmo, não deveria dormir agora e muito menos aqui com ela mas caindo no sono e só acordei no dia seguinte. Por um instante havia me esquecido da pequena que estava no outro lado da cama, mas ao ouvir o som de sua respiração volto a lembrar-me e um pequeno sorriso escapa entre meus lábios.

Eu devo estar ficando louco, estou sozinho a tanto tempo que a primeira companhia que me aparece fico doido e encantado. Me levanto, visto uma calça moletom e uma camisa, e antes de sair do quarto cubro seu corpo que estava parcialmente descoberto.

Saio do quarto, vou até o banheiro onde faço minha higiene pessoal e tomo um rápido banho, visto-me e saio do banheiro. Vou até o armário da cozinha e vejo que o mesmo está zerado apenas com uma lata de sopa e um pacote de biscoito, acabou que nem fui na cidade para abastecer a minha casa. Pego o pacote e vou para a sala em busca de um livro para ler, meus pensamentos vão longe.

Penso em como minha vida mudou, já tive várias fases nesses seiscentos anos de idade, desde o aprendiz de feiticeiro jovem e esforçado a completo depravado e promíscuo, já tive tantas mulheres que perdi a conta, mas nenhuma delas me despertou o interesse instantâneo que essa menina. Nem mesmo a minha criação por quem achei estar apaixonado há um tempo atrás, e relembrar sua pouca idade é como um tiro na perna, sou muito velho para ela, sem contar que não a conheço e nem terei a oportunidade. Seria bom se eu nunca tivesse ido até o penhasco, mas então ela poderia ter morrido, esse pensamento me faz estremecer.

  Termino de comer e jogo a embalagem no lixo, limpo minha mão e minha boca voltando para o quarto sentado na cadeira e fico à espera que a pequena garota desperte de seu sono.

A bela adormecida demora muito para acordar, fico preocupado com esse sono interminável, administrei um sono na sua veia para mantê-la forte. Vinte e quatro horas dormindo, o que não é normal, ela acorda. Descubro que seu nome é Renata, um bonito nome e significa renascida.

Depois de acordada a levo para a cozinha para alimentá-la, sirvo a única coisa que tem em casa naquele momento que é uma latinha de sopa, apesar de parecer nervosa e tímida ela não tem vergonha de comer. Espero ela terminar de comer.

Seguimos para a sala e descubro que ela gosta de ler, a presenteio com um livro de romance sobrenatural, com a esperança que não esqueça de mim e quem sabe um dia voltemos a nos encontrar. 

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