Meus joelhos falham imediatamente e, se não fossem os policiais ainda me segurando, eu provavelmente teria ido ao chão. Por um momento aterrorizante, Evie parece tão imóvel que mal consigo respirar. Então ela se move. Seus olhos se abrem, percorrendo o ambiente com uma expressão desorientada, e o alívio que sinto é tão intenso que solto o ar preso na garganta. — Henry — Benjamin me chama, trazendo-me de volta à realidade. Ele encara os policiais com o tom profissional que conheço bem. — Podem soltá-lo. Sou o advogado dele e garanto que vai se comportar. Quando os policiais finalmente afrouxam o aperto e me soltam, dou um passo à frente, tentando me aproximar mais da ambulância, mas Benjamin segura meu braço. — Calma, Henry! — ele exclama. — Eles precisam fazer o trabalho deles. Meu olhar permanece fixo no interior da ambulância, observando os paramédicos que trabalham rapidamente, examinando Evie. Um suspiro aliviado escapa de mim quando finalmente ouço algo mais claro: —
“Evie Ashford” O silêncio que se segue à minha pergunta pesa entre nós. Henry me encara, franzindo as sobrancelhas enquanto seus dedos tamborilam contra minha mão. A confusão em seu olhar me faz ser clara: — Henry, o apartamento é seu — minha voz sai rouca, áspera como lixa, e preciso limpar a garganta antes de continuar. — Não de Benjamin. — Não, não é de Benjamin. — Ele fecha os olhos por um momento, soltando um suspiro pesado antes de me encarar novamente. — É meu, assim como o prédio. — Claro. — murmuro, respirando fundo, tentando organizar meus pensamentos. — Por que mentiu? — Porque… — Ele passa a mão pelos cabelos escuros, um gesto que já se tornou familiar. Seus olhos encontram os meus com a mesma intensidade de sempre. — Quando Benjamin me contou como você ficou depois que encontrou Sebastian dentro do seu apartamento, senti a necessidade de mantê-la segura. Eu precisava ter certeza de que você estaria protegida e... — sua voz falha levemente. — Sabia que você não ac
“Alguns dias depois…” Observo meu reflexo no espelho enquanto ajusto o presente de Henry em meu corpo: um longo vestido vermelho, com um decote discreto, mas que destaca minhas curvas na medida certa. Lily anda pelo quarto como um furacão, alternando entre me ajudar com os últimos detalhes da maquiagem e verificar obsessivamente seu celular. — Thomas confirmou que vem, Lily — Chloe diz do outro lado do quarto, enquanto luta com um par de brincos. — Relaxa. — Eu sei, mas… — Lily hesita, prendendo as mãos entre os cabelos. — É a primeira vez que ele vem aqui em casa. E se… — Para com isso, amiga — interrompo, rindo. — Vai dar tudo certo! — Ouça a Evie — Chloe completa, finalmente conseguindo colocar o brinco. — Logo você estará sentando naquele pedaço de mau caminho. E se prepare, viu? Algo me diz que ele logo vai te pedir em namoro. — Ah, meu Deus… — Lily murmura, jogando-se na cama. — Que menininha exagerada! — a loira exclama, revirando os olhos antes de me encarar. — E
Minha expressão permanece serena enquanto levo a taça de champanhe aos lábios, tomando um gole tranquilo, como se nada de anormal estivesse acontecendo. Sebastian continua a me encarar, agora com uma fúria mal disfarçada.— Boa garota — Henry murmura, me fazendo sorrir genuinamente.Com um leve aperto em minhas costas, ele me traz de volta à conversa. Pelo que parece uma eternidade, os homens falam sobre o mercado, investimentos futuros e eu contribuo com alguns comentários, mantendo o tom profissional. Mas, claro, o Sr. Lesley, que não tira os olhos de mim, finalmente destila seu veneno.— A senhorita realmente parece saber do que fala — ele diz, forçando um tom gentil. — Se hoje não estivesse aqui, novamente sob a sombra de um homem, eu até poderia dizer que me arrependo de ter desfeito os nossos negócios. Mas parece que certos hábitos nunca mudam.Ele gargalha, como se tivesse contado a piada da noite, enquanto seus olhos permanecem fixos em mim, esperando uma reação. Sinto o calor
Sem me dar tempo de reagir, Sebastian me empurra contra a parede, usando seu corpo para bloquear qualquer tentativa de fuga. O sorriso sádico, tão familiar, está estampado em seu rosto, mas o que realmente me chama a atenção é o olhar. A raiva em seus olhos é tão intensa que quase apaga o verde, deixando suas pupilas dilatadas dominarem o espaço. — Me solte, Sebastian — vocifero, tentando esconder o pavor que corre em minhas veias. No entanto, ele sorri ainda mais, inclinando a cabeça, me observando como um predador que saboreia o medo da presa. Sua mão aperta ainda mais meu pulso, e eu luto contra a dor. — Então não era mentira de Harper. Você realmente teve a audácia de dormir com Henry Blackwood — ele pronuncia o nome com nojo. — Ah, querida… sempre tão carente, não é? Acredita mesmo que Henry se interessou por você? Não seja tola… o único motivo pelo qual ele está com você é para ter acesso aos segredos que você conhece sobre mim, sobre a Majestic e, claro, porque é delicioso f
“Henry Blackwood” Mantenho Evie em meus braços, sentindo o alívio de encontrá-la. Meu coração continua acelerado, resultado do medo que senti minutos atrás, quando Chloe voltou sozinha à mesa, ofegante e pálida, dizendo que havia se perdido de Evie e que não a encontrava. Assim como eu, ela sabia que deixar Evie sozinha no mesmo ambiente que Sebastian seria apenas uma questão de tempo para que ele a incomodasse. — Olhe para mim, por favor — murmuro, segurando-a pelos ombros e afastando-a ligeiramente de mim. Ao percorrer meu olhar por seu corpo, encontro algumas marcas vermelhas se formando em seus braços e pescoço. Respiro fundo, tentando não demonstrar o quanto a visão dessas marcas me afeta. Desvio o olhar para Sebastian, que dá um passo para trás instintivamente, e me vejo obrigado a usar todo o meu autocontrole para não matá-lo com minhas próprias mãos. Não posso fazer isso agora. Não na frente dela. A abraço novamente, dando-lhe um beijo na testa antes de me virar para
“Evie Ashford” Medo. Sempre odiei sentir medo, mas Sebastian parece provocá-lo facilmente em mim só pelo simples fato de existir. No entanto, o medo que senti há pouco não se compara ao que sinto enquanto meus olhos permanecem fixos na saída do corredor onde eu estava. As lágrimas escorrem silenciosamente enquanto choro baixinho. Pela raiva, pela humilhação e, principalmente, pela impotência. Odeio sentir tudo o que Sebastian me provoca. Odeio o fato de ele ainda ter esse poder sobre mim, de conseguir me desmontar com meia dúzia de palavras e um toque cruel. — Eu o odeio tanto… Sussurro, afundando as unhas nas palmas das mãos, como se tentasse fazer com que a dor me trouxesse de volta ao raciocínio. Chloe, ainda abraçada a mim, percebe rapidamente minha ação e segura minhas mãos, acariciando as marcas com delicadeza. — Ele já te machucou o suficiente. Não deixe que você mesma faça o resto — ela sussurra, soltando uma das minhas mãos para enxugar minhas lágrimas. Em seguida, p
“Henry Blackwood” A pergunta paira no ar úmido do banheiro enquanto minhas mãos traçam círculos em sua pele, tentando apagar não apenas as marcas que aquele desgraçado deixou, mas também minha própria culpa por perder o controle. O olhar de Evie permanece fixo no meu, esperando por uma resposta. Não é uma história que gosto de reviver, mas sei que ela merece saber o que aconteceu no passado. — Tínhamos alguns amigos em comum após Oxford — começo, escolhendo as palavras com cuidado. — Como estávamos fundando nossas empresas praticamente ao mesmo tempo, eu, na hotelaria, ele, na tecnologia, acabamos nos aproximando. Na época, eu o considerava… se não um amigo, pelo menos alguém confiável. — Pauso, sentindo o gosto amargo das lembranças. — Foi quando ele conheceu a Olivia. — Sua… irmã? — Evie sussurra, levando a mão à boca, surpresa. Assinto lentamente. — Infelizmente, sim. No começo, até apoiei. Que irmão mais velho não quer ver sua irmã com alguém do mesmo círculo social, aparen