“Henry Blackwood”Mantenho Evie em meus braços, sentindo o alívio de encontrá-la. Meu coração continua acelerado, resultado do medo que senti minutos atrás, quando Chloe voltou sozinha à mesa, ofegante e pálida, dizendo que havia se perdido de Evie e que não a encontrava. Assim como eu, ela sabia que deixar Evie sozinha no mesmo ambiente que Sebastian seria apenas uma questão de tempo para que ele a incomodasse.— Olhe para mim, por favor — murmuro, segurando-a pelos ombros e afastando-a ligeiramente de mim.Ao percorrer meu olhar por seu corpo, encontro algumas marcas vermelhas se formando em seus braços e pescoço. Respiro fundo, tentando não demonstrar o quanto a visão dessas marcas me afeta.Desvio o olhar para Sebastian, que dá um passo para trás instintivamente, e me vejo obrigado a usar todo o meu autocontrole para não matá-lo com minhas próprias mãos. Não posso fazer isso agora. Não na frente dela.A abraço novamente, dando-lhe um beijo na testa antes de me virar para Chloe.—
“Evie Ashford”Medo. Sempre odiei sentir medo, mas Sebastian parece provocá-lo facilmente em mim só pelo simples fato de existir. No entanto, o medo que senti há pouco não se compara ao que sinto enquanto meus olhos permanecem fixos na saída do corredor onde eu estava. As lágrimas escorrem silenciosamente enquanto choro baixinho. Pela raiva, pela humilhação e, principalmente, pela impotência.Odeio sentir tudo o que Sebastian me provoca. Odeio o fato de ele ainda ter esse poder sobre mim, de conseguir me desmontar com meia dúzia de palavras e um toque cruel.— Eu o odeio tanto…Sussurro, afundando as unhas nas palmas das mãos, como se tentasse fazer com que a dor me trouxesse de volta ao raciocínio. Chloe, ainda abraçada a mim, percebe rapidamente minha ação e segura minhas mãos, acariciando as marcas com delicadeza.— Ele já te machucou o suficiente. Não deixe que você mesma faça o resto — ela sussurra, soltando uma das minhas mãos para enxugar minhas lágrimas. Em seguida, pega a taç
“Henry Blackwood” A pergunta paira no ar úmido do banheiro enquanto minhas mãos traçam círculos em sua pele, tentando apagar não apenas as marcas que aquele desgraçado deixou, mas também minha própria culpa por perder o controle. O olhar de Evie permanece fixo no meu, esperando por uma resposta. Não é uma história que gosto de reviver, mas sei que ela merece saber o que aconteceu no passado. — Tínhamos alguns amigos em comum após Oxford — começo, escolhendo as palavras com cuidado. — Como estávamos fundando nossas empresas praticamente ao mesmo tempo, eu, na hotelaria, ele, na tecnologia, acabamos nos aproximando. Na época, eu o considerava… se não um amigo, pelo menos alguém confiável. — Pauso, sentindo o gosto amargo das lembranças. — Foi quando ele conheceu a Olivia. — Sua… irmã? — Evie sussurra, levando a mão à boca, surpresa. Assinto lentamente. — Infelizmente, sim. No começo, até apoiei. Que irmão mais velho não quer ver sua irmã com alguém do mesmo círculo social, aparen
“Sebastian Morgan”Minhas mãos apertam o volante com tanta força que os nós dos meus dedos estão brancos. Agora que a adrenalina diminui, meu rosto e minha barriga latejam, me lembrando da humilhação de momentos atrás, intensificando meu ódio.Eu deveria ter dado um fim a Henry há anos, quando ele quis interferir no meu relacionamento com Olivia, quando conseguiu fazê-la desistir de mim, de nós, e preferiu ir embora. Ou quando ele decidiu agir como o protetor de mocinhas indefesas, ajudando Evie a se reerguer.— Maldito Henry Blackwood! — vocifero, socando o volante inúmeras vezes.Respiro fundo, mas o ar parece insuficiente para conter o ódio que sinto. As imagens dele ao lado de Evie só pioram as coisas. Os sorrisos, os toques discretos, a maneira como ele a olhava, como se ela fosse dele… Henry sempre soube como provocar, como tirar o melhor de mim, e agora ele ousa tocar no que é meu.Sim, Evie sempre será minha, assim como cada uma que fiz questão de marcar, de me tornar inesquec
Uma risada escandalosa ecoa pelo banheiro, e Harper larga o pedaço do espelho, ignorando o sangue que pinga de sua mão. Ela se aproxima de mim com um sorriso orgulhoso nos lábios, deslizando a outra mão pelo meu ombro.— Você me disse tantas vezes para não esperar por você para resolver meus problemas — Harper murmura, num tom orgulhoso, enquanto saio do banheiro. Ela me segue. — Decidi resolver meus problemas assim que saí da casa de Henry naquele dia.— Não me diga que foi você quem… — murmuro, relutando em completar a frase ao me virar novamente para encará-la. Ela sorri e balança a cabeça negativamente.— Eu? Não, bobinho. Não fui eu quem provocou aquele incêndio acidental, mas… — confessa, ampliando o sorriso. — Alguns milhares de dólares para o cara certo e... whoosh! Pena que aquela maldita sobreviveu.A raiva explode em meu peito antes que eu possa me conter. Em um movimento, agarro Harper pelo pescoço e a pressiono contra a parede do quarto. Seus olhos se arregalam, e o sangu
O clima no quarto do Hotel President Wilson, em Genebra, parece tão frio quanto o ar lá fora, apesar de o aquecedor estar no máximo. Sebastian, com o semblante fechado, desfaz a gravata enquanto anda pelo quarto, claramente irritado. Sentada na cama, eu o sigo com o olhar, sabendo que isso resultará em mais uma briga.— Meu amor, pensei que tivesse deixado claro que eu seria o responsável pela empresa — Sebastian diz, forçando um sorriso que não chega aos olhos.— Sebastian, você está exagerando! Qual o problema em me deixar ser responsável por algo que me pertence? — retruco, mas ao ver seus olhos verdes escurecendo, sinal claro de que a discussão vai se agravar, me arrependo rapidamente.— Ah, claro. Agora vai usar isso como argumento? Vai querer me humilhar dizendo que a empresa é sua? — ele explode, e eu me encolho diante do seu tom de voz. Rapidamente, ele limpa a garganta e se aproxima de mim. — Desculpe, querida. Não queria gritar, mas… Evie, sei que você quer provar que é tão
Ignorando o olhar gélido dele, me levanto rapidamente e pego alguns guardanapos. Em um acesso de desespero, começo a esfregá-los na calça do homem, focando especificamente na virilha, sem pensar nas consequências. Imediatamente, ele recua, balançando a cabeça com um olhar surpreso.— Pare com isso! — ele exclama, segurando meu pulso com firmeza. — A menos que sua intenção seja me arrastar para um quarto e terminar o serviço, mantenha suas mãos longe do meu… apenas pare!— Sinto muito, eu só estava tentando ajudar! — exclamo, puxando meu pulso de sua mão. Quando ele finalmente me solta, acrescento: — Não foi minha intenção. Foi um acidente. Não precisa ser grosseiro ou insinuar algo tão baixo.— Um acidente? — ele sorri cinicamente, tomando um gole de whisky sem desviar o olhar de mim. — Seja mais cuidadosa da próxima vez. Ou melhor, mantenha distância das pessoas quando estiver armada com uma bebida. — Ele revira os olhos ao voltar a se sentar. — Deus… Algumas pessoas realmente têm so
Quando ele se senta diretamente à minha frente, seu olhar me desafia a reconhecê-lo. A surpresa deve estar estampada no meu rosto, porque um sorriso arrogante começa a se formar lentamente em seus lábios, como se estivesse se deliciando com minha descoberta. — Tudo bem, Sra. Ashford? — ele pergunta, entrelaçando os dedos sobre a mesa enquanto me encara, ainda com aquele sorriso. — Parece que você está começando a me reconhecer, mas não custa perguntar: devo me apresentar formalmente? — Henry Blackwood, tão óbvio… Não, não precisamos de formalidades, aparentemente — respondo, tentando manter a calma que não sinto. — Nosso encontro ontem à noite foi mais do que suficiente para me apresentar a você. — Que bom saber que sua memória é tão boa. — Ele se recosta na cadeira, o olhar carregado de desdém. — No entanto, devo dizer que sua primeira impressão não foi das mais elegantes. Mas, claro, entendo que bebidas podem transformar comportamentos. — Se está tentando provocar alguma reação,