Minha expressão permanece serena enquanto levo a taça de champanhe aos lábios, tomando um gole tranquilo, como se nada de anormal estivesse acontecendo. Sebastian continua a me encarar, agora com uma fúria mal disfarçada.— Boa garota — Henry murmura, me fazendo sorrir genuinamente.Com um leve aperto em minhas costas, ele me traz de volta à conversa. Pelo que parece uma eternidade, os homens falam sobre o mercado, investimentos futuros e eu contribuo com alguns comentários, mantendo o tom profissional. Mas, claro, o Sr. Lesley, que não tira os olhos de mim, finalmente destila seu veneno.— A senhorita realmente parece saber do que fala — ele diz, forçando um tom gentil. — Se hoje não estivesse aqui, novamente sob a sombra de um homem, eu até poderia dizer que me arrependo de ter desfeito os nossos negócios. Mas parece que certos hábitos nunca mudam.Ele gargalha, como se tivesse contado a piada da noite, enquanto seus olhos permanecem fixos em mim, esperando uma reação. Sinto o calor
Sem me dar tempo de reagir, Sebastian me empurra contra a parede, usando seu corpo para bloquear qualquer tentativa de fuga. O sorriso sádico, tão familiar, está estampado em seu rosto, mas o que realmente me chama a atenção é o olhar. A raiva em seus olhos é tão intensa que quase apaga o verde, deixando suas pupilas dilatadas dominarem o espaço. — Me solte, Sebastian — vocifero, tentando esconder o pavor que corre em minhas veias. No entanto, ele sorri ainda mais, inclinando a cabeça, me observando como um predador que saboreia o medo da presa. Sua mão aperta ainda mais meu pulso, e eu luto contra a dor. — Então não era mentira de Harper. Você realmente teve a audácia de dormir com Henry Blackwood — ele pronuncia o nome com nojo. — Ah, querida… sempre tão carente, não é? Acredita mesmo que Henry se interessou por você? Não seja tola… o único motivo pelo qual ele está com você é para ter acesso aos segredos que você conhece sobre mim, sobre a Majestic e, claro, porque é delicioso f
“Henry Blackwood” Mantenho Evie em meus braços, sentindo o alívio de encontrá-la. Meu coração continua acelerado, resultado do medo que senti minutos atrás, quando Chloe voltou sozinha à mesa, ofegante e pálida, dizendo que havia se perdido de Evie e que não a encontrava. Assim como eu, ela sabia que deixar Evie sozinha no mesmo ambiente que Sebastian seria apenas uma questão de tempo para que ele a incomodasse. — Olhe para mim, por favor — murmuro, segurando-a pelos ombros e afastando-a ligeiramente de mim. Ao percorrer meu olhar por seu corpo, encontro algumas marcas vermelhas se formando em seus braços e pescoço. Respiro fundo, tentando não demonstrar o quanto a visão dessas marcas me afeta. Desvio o olhar para Sebastian, que dá um passo para trás instintivamente, e me vejo obrigado a usar todo o meu autocontrole para não matá-lo com minhas próprias mãos. Não posso fazer isso agora. Não na frente dela. A abraço novamente, dando-lhe um beijo na testa antes de me virar para
“Evie Ashford” Medo. Sempre odiei sentir medo, mas Sebastian parece provocá-lo facilmente em mim só pelo simples fato de existir. No entanto, o medo que senti há pouco não se compara ao que sinto enquanto meus olhos permanecem fixos na saída do corredor onde eu estava. As lágrimas escorrem silenciosamente enquanto choro baixinho. Pela raiva, pela humilhação e, principalmente, pela impotência. Odeio sentir tudo o que Sebastian me provoca. Odeio o fato de ele ainda ter esse poder sobre mim, de conseguir me desmontar com meia dúzia de palavras e um toque cruel. — Eu o odeio tanto… Sussurro, afundando as unhas nas palmas das mãos, como se tentasse fazer com que a dor me trouxesse de volta ao raciocínio. Chloe, ainda abraçada a mim, percebe rapidamente minha ação e segura minhas mãos, acariciando as marcas com delicadeza. — Ele já te machucou o suficiente. Não deixe que você mesma faça o resto — ela sussurra, soltando uma das minhas mãos para enxugar minhas lágrimas. Em seguida, p
“Henry Blackwood” A pergunta paira no ar úmido do banheiro enquanto minhas mãos traçam círculos em sua pele, tentando apagar não apenas as marcas que aquele desgraçado deixou, mas também minha própria culpa por perder o controle. O olhar de Evie permanece fixo no meu, esperando por uma resposta. Não é uma história que gosto de reviver, mas sei que ela merece saber o que aconteceu no passado. — Tínhamos alguns amigos em comum após Oxford — começo, escolhendo as palavras com cuidado. — Como estávamos fundando nossas empresas praticamente ao mesmo tempo, eu, na hotelaria, ele, na tecnologia, acabamos nos aproximando. Na época, eu o considerava… se não um amigo, pelo menos alguém confiável. — Pauso, sentindo o gosto amargo das lembranças. — Foi quando ele conheceu a Olivia. — Sua… irmã? — Evie sussurra, levando a mão à boca, surpresa. Assinto lentamente. — Infelizmente, sim. No começo, até apoiei. Que irmão mais velho não quer ver sua irmã com alguém do mesmo círculo social, aparen
“Sebastian Morgan”Minhas mãos apertam o volante com tanta força que os nós dos meus dedos estão brancos. Agora que a adrenalina diminui, meu rosto e minha barriga latejam, me lembrando da humilhação de momentos atrás, intensificando meu ódio.Eu deveria ter dado um fim a Henry há anos, quando ele quis interferir no meu relacionamento com Olivia, quando conseguiu fazê-la desistir de mim, de nós, e preferiu ir embora. Ou quando ele decidiu agir como o protetor de mocinhas indefesas, ajudando Evie a se reerguer.— Maldito Henry Blackwood! — vocifero, socando o volante inúmeras vezes.Respiro fundo, mas o ar parece insuficiente para conter o ódio que sinto. As imagens dele ao lado de Evie só pioram as coisas. Os sorrisos, os toques discretos, a maneira como ele a olhava, como se ela fosse dele… Henry sempre soube como provocar, como tirar o melhor de mim, e agora ele ousa tocar no que é meu.Sim, Evie sempre será minha, assim como cada uma que fiz questão de marcar, de me tornar inesquecí
Uma risada escandalosa ecoa pelo banheiro, e Harper larga o pedaço do espelho, ignorando o sangue que pinga de sua mão. Ela se aproxima de mim com um sorriso orgulhoso nos lábios, deslizando a outra mão pelo meu ombro.— Você me disse tantas vezes para não esperar por você para resolver meus problemas — Harper murmura, num tom orgulhoso, enquanto saio do banheiro. Ela me segue. — Decidi resolver meus problemas assim que saí da casa de Henry naquele dia.— Não me diga que foi você quem… — murmuro, relutando em completar a frase ao me virar novamente para encará-la. Ela sorri e balança a cabeça negativamente.— Eu? Não, bobinho. Não fui eu quem provocou aquele incêndio acidental, mas… — confessa, ampliando o sorriso. — Alguns milhares de dólares para o cara certo e... whoosh! Pena que aquela m*****a sobreviveu.A raiva explode em meu peito antes que eu possa me conter. Em um movimento, agarro Harper pelo pescoço e a pressiono contra a parede do quarto. Seus olhos se arregalam, e o sangue
“Evie Ashford”Após algum tempo ouvindo todo o relato sobre boa parte do passado de Sebastian — algo que, no fundo, nem sequer me surpreendeu —, saímos da banheira quando a água já estava fria.Envolta em um roupão, sento-me na cama enquanto Henry se afasta para pegar algo no banheiro. Ao voltar para o quarto, ele me puxa para perto, e seu maxilar se contrai quando seus olhos param em meus braços.Acompanho seu olhar e encontro o motivo de sua reação: as marcas em meus braços começam a escurecer. Com um suspiro, ele pega um frasco de hidratante e começa a aplicá-lo sobre a pele machucada. Seu toque, cuidadoso e lento, parece conseguir apagar não apenas a dor física, mas também as memórias desta noite.— Pronto — murmura, depositando um beijo suave sobre minha pele. Seus olhos encontram os meus, cheios de preocupação. — Melhor?Assinto, segurando suas mãos para beijá-las. É difícil acreditar que as mesmas mãos que fizeram um estrago em Sebastian possam me tocar com tanta delicadeza.Ele