“Henry Blackwood”Sentado na área lounge do hotel, olho para o relógio pela terceira vez em menos de cinco minutos. Ao meu lado, Thomas parece mais tranquilo do que eu, folheando um jornal local que encontrou em algum lugar. Eu, por outro lado, tento ignorar o olhar da senhora rechonchuda sentada do outro lado do lounge, que me observa como se eu fosse um alienígena. Ou talvez eu esteja apenas ficando paranoico com a espera.Evie está trancada naquela sala com o Sr. Donovan há quase duas horas, e a demora começa a me incomodar. O velho mal-humorado já deveria ter recusado a proposta, e ela já deveria estar de volta com uma desculpa qualquer, pronta para tentar de novo.Respiro fundo, tentando dissipar a ideia de estar provando do meu próprio veneno. Afinal, o plano inicial era acompanhar de perto como Evie lidaria com o impossível, uma boa oportunidade de provocá-la enquanto eu fugia de Harper e suas incessantes indecisões sobre o casamento. Mas agora, com o tempo se arrastando, começo
“Evie Ashford”A sensação de dever cumprido me envolve enquanto tomo um gole do meu Martini, sentindo o calor do álcool se espalhar pelo corpo. Convencer o Sr. Donovan a finalmente fechar o negócio foi, sem dúvida, um dos melhores momentos da minha carreira recente.Mas o que realmente me pegou de surpresa foi o elogio de Henry. Saber que consegui algo que até ele julgava impossível me deu uma sensação de vitória única. E o melhor de tudo? Passei horas sem precisar suportar suas provocações constantes, uma paz tão rara quanto uma folga inesperada.Essa paz, no entanto, chegou ao fim, porque agora Henry está a poucos passos de distância, sentado no bar e apreciando seu whisky, como se soubesse que meu alívio tinha um prazo de validade.— Será que o Sr. Blackwood não vai nos achar mal-educados por não convidá-lo para tomar um drink conosco? — Thomas pergunta, como se notasse a presença de Henry mesmo sem vê-lo.Me remexo na cadeira, tomando um pouco do Martini enquanto pondero suas palav
Henry finalmente levanta o olhar, e o sorriso provocador que conheço tão bem se espalha pelo seu rosto.— Só achei que seria educado compartilhar um vinho com a responsável pela maior vitória da All Seasons no momento — ele diz, me entregando a taça com uma tranquilidade que me desconcerta.Meus dedos tocam a taça e, por um segundo, sinto como se o mundo estivesse girando ao contrário. Henry, no meu quarto, no meio da noite, e eu… enrolada em um roupão. Tento ignorar a batida acelerada do meu coração enquanto pego a taça, incapaz de evitar a sensação de que estou sendo arrastada para uma armadilha.— Isso não faz sentido — murmuro, tentando colocar uma barreira entre nós, mas falhando miseravelmente.— Faz para mim. Não queria que eu reconhecesse sua capacidade? — ele responde, levantando-se lentamente antes de tocar sua taça na minha. — Nada mais justo que um brinde à sua competência, Srta. Ashford.— Achei que já tivéssemos feito isso no bar, na presença de Thomas — respondo, tentand
O beijo começa calmo, quase hesitante, como se ambos estivéssemos tentando processar o que está acontecendo. Mas, em questão de segundos, a intensidade toma conta. Sinto a mão de Henry se mover para minha nuca, puxando-me para mais perto enquanto seus lábios pressionam os meus com urgência.Nossa respiração se torna pesada, ofegante, e antes que eu perceba, Henry me levanta facilmente, me fazendo sentar na borda da mesa sem interromper o beijo. Envolvo meus braços ao redor de seu pescoço, puxando-o contra meu corpo quando sinto algo duro pressionar contra minhas pernas.Minhas mãos, antes imóveis em seu colarinho, deslizam para os botões da camisa, e começo a desabotoá-los. Impaciente, Henry me ajuda, e, quando o último botão se abre, seu abdômen perfeitamente definido se revela, causando um arrepio pelo meu corpo. Ele me encara com aquele sorriso que sempre me irrita, mas que agora provoca outra sensação.— Está gostando do que vê? — ele pergunta, com uma pontinha de arrogância.— Cal
“Henry Blackwood”Com um movimento rápido, rejeito a ligação, sem me importar se Evie viu quem estava ligando. Jogo o celular para o lado, sentindo a frustração da interrupção me atingir. Meus olhos encontram os de Evie, e posso ver a confusão se formando em seu rosto.Meu corpo ainda queima de desejo, especialmente com ela nua em cima de mim, suas coxas pressionando meus quadris, e sua umidade evidente, me enlouquecendo. Quero puxá-la de volta, tocar sua pele, esquecer o mundo além desta cama.Através de seu rosto corado e os olhos ligeiramente baixos, vejo que o desejo permanece, mas agora está misturado a algo que a faz hesitar. Isso me faz conter meus impulsos, enquanto tento decifrar o que se passa em sua cabeça.— Evie… — começo, finalmente quebrando o silêncio tenso. No entanto, ela se afasta lentamente, pegando o roupão ao meu lado antes de se levantar e se enrolar nele.— Isso não deveria ter acontecido. — A voz dela sai num sussurro quase inaudível, enquanto ela amarra o roup
“Evie Ashford”A noite foi uma bagunça emocional, e agora, pela manhã, minha cabeça não está nem um pouco melhor. Enquanto arrumo minha mala, jogando as roupas de qualquer jeito dentro dela, solto um longo suspiro. O orgasmo intenso que Henry me proporcionou deveria ter sido suficiente para me fazer pensar com clareza, mas aqui estou eu, ainda remoendo tudo o que aconteceu. E, pior, meu corpo pede mais.— É oficial, eu enlouqueci! — resmungo, fechando a mala antes de começar a me arrumar.Após alguns minutos, respiro fundo e decido que preciso sair daqui logo. Desço para o saguão, sabendo que o voo de volta para Londres sairá em breve. Quando chego, Thomas já está esperando. Ele sorri assim que me vê e se aproxima com a mesma animação de sempre. Me esforço para sorrir de volta.— Pronta para voltar? — ele pergunta com leveza.— Mal posso esperar — minto, forçando o entusiasmo.Assim que termino de falar, vejo Henry se aproximando, e meu corpo imediatamente gela. Tento manter o sorriso
O medo me consome. A última vez que senti isso... não, não posso estar cega novamente. Tento controlar minha respiração, focar no presente. Respiro fundo, sabendo que preciso enfrentar esse medo. Com uma coragem forçada, abro os olhos.Tudo está desfocado. Esforço-me para enxergar, mas nada ao meu redor parece nítido. É como se o mundo estivesse se distorcendo diante de mim, as cores e formas borradas, sem contornos claros. Meu coração acelera ainda mais.— Respira, Evie — ouço a voz de Chloe, próxima, tentando me acalmar. — Aquele idiota já se afastou. O que está sentindo? Você está me assustando.— Está acontecendo novamente, Chloe — sussurro, lutando para manter a calma enquanto a ansiedade aumenta. — Me tira daqui, por favor.Chloe não perde tempo. Ela chama o garçom rapidamente, paga a conta de qualquer jeito e me ajuda a levantar. Segurando a minha mão, ela me leva até seu carro e me coloca no banco do carona.Assim que ela entra no carro, tento focar a visão e a vejo pegar o cel
Levanto-me imediatamente ao ouvir as vozes. Meu coração acelera, e meu corpo reage antes que eu possa pensar. Então vejo Benjamin e Henry entrando. “Perfeito. Justo o que eu não precisava agora”, penso.— Está melhor? — Benjamin se aproxima e me puxa para um abraço antes de se afastar. Quando assinto, ele aponta para as sacolas. — Trouxe o jantar.— Obrigada — digo, com um sorriso automático. Desvio o olhar para Henry, esperando algum sorriso irritante ou um olhar provocativo, mas sua expressão está tensa.— Evie. — ele finalmente me cumprimenta com um tom frio e indiferente, como se fosse um mero conhecido.— Henry. — murmuro, forçando um sorriso educado.O contraste entre a frieza atual e a intensidade de poucas horas atrás não passa despercebido por mim, e logo um pensamento me invade: Como alguém que parecia tão dominado pelo desejo consegue agir como se nada tivesse acontecido, enquanto eu claramente estou corando apenas por estar em frente a ele?Rapidamente tento mudar o foco an