“Evie Ashford”A noite foi uma bagunça emocional, e agora, pela manhã, minha cabeça não está nem um pouco melhor. Enquanto arrumo minha mala, jogando as roupas de qualquer jeito dentro dela, solto um longo suspiro. O orgasmo intenso que Henry me proporcionou deveria ter sido suficiente para me fazer pensar com clareza, mas aqui estou eu, ainda remoendo tudo o que aconteceu. E, pior, meu corpo pede mais.— É oficial, eu enlouqueci! — resmungo, fechando a mala antes de começar a me arrumar.Após alguns minutos, respiro fundo e decido que preciso sair daqui logo. Desço para o saguão, sabendo que o voo de volta para Londres sairá em breve. Quando chego, Thomas já está esperando. Ele sorri assim que me vê e se aproxima com a mesma animação de sempre. Me esforço para sorrir de volta.— Pronta para voltar? — ele pergunta com leveza.— Mal posso esperar — minto, forçando o entusiasmo.Assim que termino de falar, vejo Henry se aproximando, e meu corpo imediatamente gela. Tento manter o sorriso
O medo me consome. A última vez que senti isso... não, não posso estar cega novamente. Tento controlar minha respiração, focar no presente. Respiro fundo, sabendo que preciso enfrentar esse medo. Com uma coragem forçada, abro os olhos.Tudo está desfocado. Esforço-me para enxergar, mas nada ao meu redor parece nítido. É como se o mundo estivesse se distorcendo diante de mim, as cores e formas borradas, sem contornos claros. Meu coração acelera ainda mais.— Respira, Evie — ouço a voz de Chloe, próxima, tentando me acalmar. — Aquele idiota já se afastou. O que está sentindo? Você está me assustando.— Está acontecendo novamente, Chloe — sussurro, lutando para manter a calma enquanto a ansiedade aumenta. — Me tira daqui, por favor.Chloe não perde tempo. Ela chama o garçom rapidamente, paga a conta de qualquer jeito e me ajuda a levantar. Segurando a minha mão, ela me leva até seu carro e me coloca no banco do carona.Assim que ela entra no carro, tento focar a visão e a vejo pegar o cel
Levanto-me imediatamente ao ouvir as vozes. Meu coração acelera, e meu corpo reage antes que eu possa pensar. Então vejo Benjamin e Henry entrando. “Perfeito. Justo o que eu não precisava agora”, penso.— Está melhor? — Benjamin se aproxima e me puxa para um abraço antes de se afastar. Quando assinto, ele aponta para as sacolas. — Trouxe o jantar.— Obrigada — digo, com um sorriso automático. Desvio o olhar para Henry, esperando algum sorriso irritante ou um olhar provocativo, mas sua expressão está tensa.— Evie. — ele finalmente me cumprimenta com um tom frio e indiferente, como se fosse um mero conhecido.— Henry. — murmuro, forçando um sorriso educado.O contraste entre a frieza atual e a intensidade de poucas horas atrás não passa despercebido por mim, e logo um pensamento me invade: Como alguém que parecia tão dominado pelo desejo consegue agir como se nada tivesse acontecido, enquanto eu claramente estou corando apenas por estar em frente a ele?Rapidamente tento mudar o foco an
Por um momento, fico parada, sem reação. Seu abraço, unido às palavras que soam como uma promessa, traz algo que eu não esperava. Diante dessa sensação de segurança, algo que há tanto tempo me parecia inalcançável, sinto meu corpo relaxar em seus braços.Minha mente diz que eu não deveria me deixar levar por isso, apontando o risco das consequências, mas meu coração, ainda abalado pela presença de Sebastian e pelos últimos acontecimentos, encontra conforto nos braços de Henry. Fecho os olhos, me permitindo, por um instante, acreditar que realmente estou segura.O peso de suas palavras me faz respirar mais fundo, e eu me odeio por sentir tanto alívio. Sei que confiar em Henry é perigoso, sei que me permitir sentir qualquer coisa além de provocação e rivalidade com ele pode ser um caminho sem volta. Mas, ao mesmo tempo, tudo parece tão… certo.— Você não precisa fazer isso — murmuro, sentindo minha voz sair mais suave do que pretendia.— Faço porque quero, Evie — ele responde, num tom ba
O ar gelado dos Alpes Franceses é um alívio para minha mente turbulenta, mas não para a tensão que carrego no peito. Enquanto o carro segue pela estrada montanhosa até a clínica de Adrian, tento me preparar mentalmente para o sermão que ele certamente vai me dar. Sei que demorei demais para voltar aqui, mas com tudo o que aconteceu com Sebastian e Henry, foi difícil encontrar tempo e dinheiro para qualquer coisa que não fosse resolver crises.Assim que o carro para na frente da clínica, respiro fundo antes de descer. A fachada do local é acolhedora, cercada por pinheiros cobertos de neve, o que deveria me acalmar, mas só aumenta minha ansiedade.Pouco tempo depois, sou finalmente chamada ao consultório e, ao abrir a porta, encontro Adrian sentado em sua mesa, me esperando com uma expressão nada amigável.— Evie Ashford… Antes tarde do que nunca, não é? — ele começa, sem esconder a frustração na voz.Forço um sorriso e fecho a porta atrás de mim, tentando disfarçar o nervosismo. Sento-m
“Henry Blackwood”Outra semana se inicia, no entanto, há alguns dias algo mudou. A rotina, algo que sempre me acalmava e me distraía de qualquer tipo de problema, se tornou um incômodo. Caminho em direção à minha sala, tentando me concentrar nos dias intensos que vêm pela frente, mas quando passo em frente à sala de Evie, meus olhos inevitavelmente voltam para a porta fechada.Evie está fora há quatro dias. Quatro dias sem nenhuma provocação, sem sua boca insolente e palavras afiadas e, mais importante, sem nenhuma notícia. Sei que ela foi até lá para resolver seus problemas, mas uma parte de mim esperava, ainda que ridiculamente, uma mensagem de agradecimento. Nem que fosse um simples “obrigada” por ajudar a tornar a viagem possível.— Será que ela está bem? — murmuro, soltando um suspiro frustrado.Balanço a cabeça, tentando me livrar desses pensamentos ridículos, e acelero o passo. Pensar em Evie e nos últimos acontecimentos é um caminho perigoso. Sei disso. E ainda assim, sempre qu
Ao reconhecer a voz mais exaltada, Benjamin e eu trocamos olhares confusos. Levanto-me rapidamente e sigo em direção ao som, com Benjamin logo atrás. Ao nos aproximarmos da mesa da minha secretária, o que vejo me faz revirar os olhos.— Você não pode me impedir de entrar! Sou a noiva dele. O que há de errado? Ele está com outra mulher, não está? — Harper diz, quase histérica, enquanto a Srta. Turner parece completamente perdida, sem saber como lidar com a situação.Ao me ver, Harper muda de postura em segundos, adotando seu ar inocente que me irrita profundamente. Benjamin dá um tapinha no meu ombro antes de se afastar, provavelmente se divertindo com o que terei que aguentar.— O que está acontecendo aqui? — pergunto, já sabendo a resposta, mas seguindo a porra do teatro.— A sua secretária está me impedindo de entrar — Harper faz um biquinho enquanto lança um olhar de desprezo para a Srta. Turner. — Isso é um absurdo! Ela deveria saber que nada é mais importante que a sua noiva.A Sr
Assim que entro na sala, levanto a sobrancelha, incapaz de esconder minha surpresa ao ver quem está ali. Minha mãe se levanta com um sorriso caloroso, como sempre, e me envolve em um abraço apertado.— Ah, meu menino! — ela diz, me apertando com carinho, enquanto meu padrasto, Robert, me observa com uma expressão indecifrável. Seu olhar sério não revela muito, mas é típico dele.— Estava com saudades, mãe — sussurro, afastando-me de seu abraço. Observo os dois enquanto meu cérebro ainda tenta processar a visita. — Por que não avisaram que estavam vindo?Minha mãe solta um suspiro pesado e abaixa o olhar, parecendo quase culpada. Seu jeito humilde é algo que sempre admirei, mas também é o que, às vezes, a torna mais vulnerável do que realmente é.— Soube do seu casamento, Henry — minha mãe diz, quase num sussurro. — Ouvi as funcionárias comentando que a notícia saiu nesses sites de fofoca que eu nunca me importei em olhar…Solto um suspiro pesado, passando a mão pelos cabelos. É óbvio q