Peguei o elevador e entrei no andar da presidência. Encontrei Apollo e Anna conversando e me juntei a eles. — Então, tudo certo? — perguntei a eles.— Tudo certinho. Esse é o seu discurso — Anna falou. — Apollo só precisa verificar a sonoplastia para confirmar se está tudo certo e eu vou verificar os freezers.— Tudo bem. Desço em alguns minutos assim que Augusto chegar. Se um de vocês o vir, peça para ele subir até aqui.Eles assentiram e saíram. Anna também estava muito bonita, mas sua beleza era natural, do tipo que qualquer roupa cai muito bem nela. Eu li e reli o discurso que ela escreveu para mim várias vezes. Ele estava perfeito, para dizer o mínimo e eu era um bom orador, então me sairia bem, tinha certeza.Eu já estava ficando agoniado, mas quando eu reli o discurso pela quinta vez, ele entrou junto com Amanda. Ela deixou sua bolsa na minha mesa e se sentou, esperando comportadamente. — Aconteceu alguma coisa, rapaz?— Na verdade, não. Só queria que vocês chegassem.— Com m
Era uma manhã de domingo quando toda a minha paz se rompeu e eu fui atirado inferno abaixo. Eu havia acordado cedo e ido à academia correr um pouco e erguer alguns pesos antes do café da manhã. Aparentemente, mais um dia normal, mas depois que subi, tomei um banho e me deparei com Amanda no corredor usando uma camisola nada adequada para uma menina da idade dela, parece que tudo desencadeou em um efeito dominó sem fim.Primeiro, como eu disse, Amanda não se vestia como uma menina da idade dela deveria se vestir. Em vez dos tradicionais ursinhos ou coraçõezinhos coloridos, seu conjunto exibia uma seda branca e de renda em sua comissão de frente, que sinceramente, não tinha como não notar.— Para onde a senhorita acha que vai vestida dessa forma? — perguntei indignado. Onde estavam as roupas estranhas de algodão com estampas infantis?— Tomar café, é claro. Se você está de cabelo molhado e com o roupão é porque também não está alimentado. Isso quer dizer que tomaremos o café juntos?— E
Acabamos de tomar nosso café da manhã e caminhamos enquanto conversávamos para voltarmos aos nossos quartos para nos trocarmos. Amanda ficaria em casa, aproveitando o sol e a piscina e eu iria ver Suellen. O plano era perfeito, até tudo começar a desandar.Eu precisava do contato de Amanda para amenizar a dor que a maldição causava, então passei meu braço tatuado em volta do braço nu dela.— Está louco, Ricardo? — ela perguntou, indignada.— Ah, pare com isso e deixe de ser chata. Apesar de estar com essa roupa indecente ainda é minha irmã e estamos indo para o mesmo lugar.— Não exatamente no mesmo lugar. Eu vou para o meu quarto e você para o seu. Acho melhor me soltar, agora sim estamos nos comportando como dois loucos enamorados.— Namorados? — perguntei chocado.— Namorados não, amantes — ela falou com seriedade e depois se resetou. A brincadeira havia ido longe demais.— Amanda...— Cale-se Ricardo!E lá vinha o nome completo de novo. Amanda estava com raiva, mas não era para mi
Augusto entrou no carro calado. Esperou que eu entrasse e deu partida, dois carros atrás de nós. Eu estava trêmula de raiva e ódio. O que aquela aproveitadora estava fazendo na minha casa? Como Ricardo pôde permitir que ela chegasse até lá quando estava tudo bem entre nós? Eu estava soando como uma maluca, eu sabia, mas aquela blogueira não me descia nem um pouco. Certo que no início eu até aprovava, mas algo mudou e embora eu não conseguisse explicar o porquê, sentia que ela não era de confiança, que estava com Ricardo apenas para prejudicá-lo. Claro que eu não disse nada a ele, minha mãe sempre disse que se você quer que uma pessoa insista no erro, basta apenas apontá-lo diretamente para ela, especialmente em relacionamentos.— Você precisa se acalmar, menina — Augusto falou depois de um tempo. — Não deveria colocar tudo a perder por uma coisa insignificante.— Uma promessa quebrada não é insignificante. É a segunda vez que ele me machuca, eu não sou uma marionete.— E ele ficará b
Observei o lugar com calma, era um lugar um tanto objetivo, não havia quadros, ou qualquer coisa que sugerisse que ali havia uma família.— Nunca pensei que morasse sozinho — falei puxando um assunto aleatório. — Eu já fui casado. Minha esposa e eu éramos felizes nesta casa, e depois que ela se foi não tive coragem de trazer outra mulher para morar aqui. Sente-se.— Ela deve ter sido uma pessoa incrível — comentei, porque ninguém tem tanto respeito assim por um falecido se não for assim. — Ela com certeza era. Essa casa tinha vida quando ela estava aqui. Você ainda era um bebê, mas quando vinha aqui, ela ficava com um brilho nos olhos tão grande que doía meu coração não poder dar um filho a ela. Então a tragédia aconteceu. Você foi atacada enquanto estava sob supervisão dela e Alice nunca se perdoou por isso. Quando você foi torturada em sua frente, quando ela os viu acabarem com o fio de vida que havia restado em você... o brilho dela se apagou.— Desculpa, eu não estou entendendo.
Minha mãe sempre trabalhou fora e eu sempre estive ao cuidado de babás quando eu era criança. Esse cenário se repetiu até quando eu tinha uns 12 anos, quando ela decidiu que eu era grande o suficiente para não colocar fogo na casa. Aos quinze, o cenário parecia se repetir. Eu passei o domingo inteiro acompanhada por uma mulher que se dizia ser minha responsável. Na segunda, quando pensei que enfim me livraria daquela situação, recebi a notícias de que o colégio havia me dado alguns dias livres. Óbvio que não acreditei em nada do que Augusto disse, ele estava me mantendo trancada naquela casa por puro deleite e prazer. E eu era sua prisioneira. Nem mesmo meus seguranças, Wendy, Pablo ou Victor haviam ido ver como eu estava. Se fossem eu poderia pedir ajuda, mas sem poder fazer nada, eu desabafava minha raiva toda na guitarra. Passei a semana inteira trancada no quarto, eu não confiava em Augusto o suficiente para ficar no mesmo lugar que ele ou um de seus subordinados, e tentava, ao
Senti meus olhos arderem. Eu o assustei? Eu? Foi ele quem mandou cavar uma cova no quintal em frente à minha janela, foi ele quem veio atrás de mim quando um dos homens disse que eu havia visto eles conversarem. Eu o assustei? Eu choraria se pudesse. — Amanda. Diga o que está pensando. — Quero ir para casa. Para a minha casa. — Sabe que não posso permitir. Você é minha responsabilidade agora. — Não! Ricardo, ele tem a minha guarda. Ele é meu responsável, e é meu irmão. — Há uma controvérsia nisso. — O que? — Ricardo não é seu responsável legal. — Mas é claro que é. Ele é o meu irmão... — Sim, mas ele também confia em mim o suficiente para assinar qualquer papel que eu lhe der, principalmente se eu disser que é o melhor para você. Eu não acreditava no que estava ouvindo. Ricardo havia me deixado nas mãos de Augusto? Será que ele sabia da história toda? Da mulher do homem? Da morte dela? — Você não pode estar falando sério. — Veja. Ele me deu um envelope, contendo um docume
As reuniões com Hellen e Augusto em meu escritório estavam cada vez mais frequentes desde que minha doce irmãzinha se enclausurou na casa do velho. Pensei que logo ela voltaria, se não para casa, mas pelo menos para o colégio, visto que era o sonho dela estudar lá, mas quinze dias depois e era como se Amanda houvesse sumido do mapa, não fosse Augusto trazer atualizações diárias que em nada me animava.— Toca aquela coisa barulhenta o dia todo — Augusto falou assim que Hellen perguntou pela amiga —, enlouquecendo as empregadas.— Talvez Hellen possa falar com ela. Sei que não quer me ver, mas você...— Sem chance — Hellen respondeu. — Quando Amanda quer fingir que algo não existe, realmente não existe para ela. Afundei em minha poltrona, desanimado. Hellen pediu desculpa, estava ali já fazia um tempo considerável e precisava ir embora. Mandei Pablo a levar de volta para o internato e fiquei com Augusto, que me observava.— Dê mais um tempo a ela, Ricardo. Preocupe-se em encontrar as a