Amanda

Minha vida tinha ficado de ponta cabeça. Eu não sabia mais quem era ou o que iria fazer... Não tinha mais nada e nem ninguém, até aquela mulher bater à minha porta e o filho de Jerrilly Djovig me fazer uma proposta.

No começo estranhei, é claro. Não vi um motivo aparente para Ricardo Djovig, o herdeiro e filho intocável de Jerrilly vir atrás de mim. No entanto, ficar com ele seria melhor que um orfanato. Tudo o que só precisava ser uma boa aluna, me manter longe dele o maior tempo possível para não atrair sua atenção a mim durante nove meses.

Então eu seria livre.

Voltaria para casa, investiria em alguma empresa até terminar o ensino médio e entraria na mesma como acionista depois disso... bem longe da Djovig Softwares de preferência.

Não seria tão difícil assim, não fosse eu estar com a mala arrumada e ir ao quarto de minha mãe pegar a caixa que ela deixou ali com alguma razão, como se soubesse que algo iria acontecer. 

Quando coloquei a mão no objeto, meu telefone começou a tocar. Eu não iria atender, mas era Ghenos e ouvir a minha melhor amiga – por mais que ela pudesse ser cruel de vez em quando – me faria bem, supus.

— Amanda, amiga, soube o que aconteceu. Como você está?

— Péssima — falei com um nó na garganta —, mas vou sobreviver. Obrigada por ligar.

— Quer que eu vá até aí?

— Não, acho melhor não. Há uma assistente social aqui em casa. Você sabe, não é? A questão de eu ser menor e tudo mais. E apesar de minha mãe ter passado tudo para meu nome em vida, não tenho idade para ser emancipada. Acho que isso ainda pode me dar uma dor de cabeça enorme, mas estou totalmente  atordoada ainda para ser sincera. Minha mãe saberia o que fazer nessa situação, mas bem... ela não está aqui para me auxiliar.

— Ai, amiga, que coisa horrível! E como você vai mover um processo judicial contra os Djovig de um orfanato?

— Um processo? — perguntei confusa. — Ghenos, do que você está falando?

— Ai, Amanda, você é muito inteligente, mas não entende nada com nada, não é? — ela falou irritada. — Te enviei um print. Qualquer coisa me liga, papai ficará mais do que feliz em pegar o caso.

Ela desligou. Minha melhor amiga me ligou, me chamou de burra e desligou na minha cara poucas horas após eu descobrir que perdi a minha mãe. 

“Está na hora de rever suas amizades, Amanda”, a minha imagem falou para mim de dentro do espelho.

Eu iria ignorá-la, não fosse a imagem que Ghenos havia me mandado. Uma notícia de um site muito famoso e polêmico, que dizia que minha mãe era amante do chefe dela e que morreram a caminho de uma casa no interior, onde passariam o fim de semana juntos.

Eu caí na cama de minha mãe, sentada e sem reação enquanto minha imagem no espelho me observava sem falar nada. Não chorei, estava triste, zangada, nervosa e muitas outras coisas que não conseguia descrever, mas não chorei, afinal não conseguiria nem se quisesse, então apenas fiquei ali, contemplando o nada.

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