— Ora, ora, ora!! Então quer dizer que a ursinha voltou pra buscar mais mel. Juscelino, encostou a caminhonete e baixou o som, antes de falar essas asneiras. A menos de um ano, não tinha onde cair nem vivo nem morto. Era um pé rapado, ralando pra comer e pagar o barraco. Agora que manda nos pontos de venda de drogas, vive com o rei na barriga. — Vim só passar um papo reto contigo, tá ligado? – Tinha que falar como uma deles, mostrar moral, se não, sairia com a boca inchada dali. — Pra ti, tenho até cinco minutos, gata. Ele abriu a porta do passageiro, e jogou o corpo mais pra frente colocando uma das mãos no volante e a outra no saco. Lambeu os lábios onde mostrou o piercing na língua. — A não ser que tu queira caprichar no garoto, te dou até dez. Os garotos que estavam por perto deram risada, para encher a bola dele. — Acho que Karla deve ficar bem satisfeita só com isso, pra mim já deu. Dacinho veio pra cima de mim, dava pra sentir a respiração dele no meu ombro, quando Jus
Tinha que aproveitar meus quinze minutos de almoço, e não havia muitas pessoas no refeitório, que pena, queria fazer novas amizades, saber das fofocas da empresa. Degustei o meu pedido e fui olhando as mensagens no celular. Lilith diz: “E aí, xodó, como está sendo o seu “first day”? Grupo Mat.ClassOne (13 mensagens) Nem vou abrir agora, em casa eu vejo. Vamos ver o que mais temos aqui…Momy diz: “Esqueceu da mamãe?”Alfredo (pai) diz: “Sua mãe quer saber de você. Tia Catarina diz: “Liga pra sua mãe”Mas gente, será que toda mãe é assim, ou só a minha? Ou eu como ou ligo pra ela. Resolvi colocar mais comida na boca, agora só tinha mais uns sete minutos, nem sei como ia dar tempo de escovar os dentes. — Olá, mocinha, você aceita um suquinho? – Era D. Nina, a gentileza em pessoa. — Estava passando para ir na copa, aqui tem laranja e maracujá. — Ah, D.Nina, mas que amor…— Imagina, o primeiro dia deve ser tão difícil, não é? — Eu estou adorando, sabe, eu estava empolgada para trabal
— Boa tarde, Tabita, como você está? Passei a noite no Hospital 24h, no pronto atendimento, em um soro interminável!— Boa tarde, Apolo, estou bem, e você? – Pergunto por educação, porque já vi que está maravilhoso. Ahhh! Meu Pai, se esse homem me desse bola. Se recomponha, mulher!!!— Estou bem. Vou tomar um café, Carlos está lá em cima, estou com walk e celular. Sempre profissional, nem uma gracinha. Apesar que todos aqui sabem do boato que dorme com a abelha rainha. — Claro, pode deixar – fiz sinal de continência para ele com dois dedos na testa. Mas ele estava tão em outro mundo, acho que nem viu. — Boa tarde, Tabita, vim te cobrir. — Boa tarde, Graça, nem vi a hora passar. Vou subindo, então, obrigada. Chamei o elevador, quando abriu a porta, para minha surpresa o antipático do novato estava ali parado, com uma cara branca que nem fantasma. Ele estava encostado no espelho, parecia tonto e ofegante. Apertei o terceiro andar, onde tinha uma copa mais perto. Melhor levar ele p
— Bom, pessoal, por hoje é só – todos bateram palmas depois do último repasse de cena. — Diego, você quer falar mais alguma coisa?— Não, só fiquem de olho no grupo com instruções para o próximo ensaio. — Lili, você tem notícias da Bruna e do Christian? – Uma das atrizes perguntou para mim, fazendo com que eu olhasse o celular. — Não tem nenhuma mensagem deles, mas vou ligar daqui a pouco e posto no grupo. — Ok, valeu. Tchau!!Olhei para o celular e tinha só a mensagem da Hannah sobre levar a amiga Sara lá pra casa. Já tinha respondido que sim, ela tinha uma cópia da chave podia me esperar lá. Diego estava arrumando o palco, e aproveitei para fazer uma chamada de vídeo, para o Chris. Surpreendentemente, Bruna atendeu. — Oi, Lili, desculpa não ter dado notícias antes. Eu até ia mandar uma selfie no grupo, mas não tivemos tempo, sabe, espera que vou mandar.O telefone avisou que chegou mensagem no grupo, sem desligar a ligação eu abri a foto. Bruna estava agarrada no pescoço de Chri
Eu conheci Paola em um encontro de motos, em uma cidadezinha do interior. Fui com um amigo meu. Estávamos no posto de gasolina abastecendo antes de chegar ao destino e ela estava lavando as mãos no banheiro. — Que tatoo linda você tem no pulso! – Eu vi que era um pássaro azul saindo de uma gaiola enfeitada com lindas flores brancas. — Doeu muito para fazer. — Sim, bastante, aqui é uma área bem sensível. Ela deu um leve sorriso triste para mim e ficou me olhando pelo espelho. — Melhor eu ir, tchau!— Tchau, Sara. Quando ela me chamou pelo nome, fiquei intrigada, mas algo me dizia para não perguntar nada e apenas ir embora dali. Olhei mais uma vez para ela pelo espelho, e sorri naturalmente, não pude evitar. Até coloquei meus cabelos para trás da orelha, com timidez. Passei o resto da viagem olhando a natureza e lembrando da imagem da tatoo e o rosto dela no espelho me olhando. Às vezes, eu imaginava ela sussurrar meu nome, para sentir aquela sensação de novo. Quando chegamos na
— Enfermeira, posso falar com o médico agora, por favor? — Sr. Trindade… — É Apolo, o senhor está no céu. Agora não venha me dizer que o doutor não pode vir por isso ou aquilo. Eu posso me dar alta se eu quiser, porque isso não é uma prisão, certo? — Acontece que o senhor… — Eu já disse…— Desculpa, você não está em condições de andar e se continuar agitado, tenho permissão de aplicar um calmante no seu soro. — Nem pense em uma coisa dessas. Eu tentei mesmo me levantar, imagine, eu preso em uma cama de hospital. Se você pudesse pensar em um pesadelo mais terrível para minha vida, seria isso. Acho que chega a ser uma fobia. Vou tentar de novo. Mas o que é isso, está tudo girando….— Sr. Apolo, pelo amor de Deus… pessoal ajudem aqui!A enfermeira não me aguentava sozinha, coitada, caí sobre ela como uma jaca madura. Depois de dois rapazes me colocarem na cama, e me sedaram, eu dormi por muitas horas. — Bom dia, dorminhoco. Era a cara feia do Maurício me olhando e vindo com um
Bruno diz: “E aí, Dolfo, não falou mais comigo.”Bruno diz: “Como você está?”Rodolfo diz: “Estou bem, tato, mas preciso saber se o velho vai estar em casa amanhã.”Bruno diz: “Você vem ver a mamãe?”Rodolfo diz: “Sim, vou ver vocês dois.”Bruno diz: “Podemos nos encontrar em algum lugar. Ele vai estar sim.”Bruno diz: “Que tal no Viennas Bar? Você sempre gostou de lá.”Rodolfo diz: “Depois combinamos, não se preocupe.”Amanhã eu vou falar poucas e boas pra ele. Se ele acha que pode comprar minha vaga dessa forma, é muita humilhação. Já não basta o que ele me fez a vida toda, cada passo, cada palavra que eu pronunciava tinha que estar à altura dos Alcântara Fortunato. Preciso de uma bebida. — Olá, tudo bem? Desci até a recepção do hotel. —Sabe onde tem um barzinho aqui perto, nada muito chique? — Claro, senhor… — Por favor, pode me chamar de Rodolfo. Eu apelei juntando as mãos. A última coisa que queria ouvir era meu sobrenome agora . — Sim, Sr. Rodolfo. É só seguir duas quadras
— Então Antonella, como está se saindo nossa nova secretária? — Sr. Nicolas, não é lá grandes coisas, mas ainda está muito cedo para avaliar. Eu dei um sorriso arrogante para ela. Antonella sabia ser maldosa quando queria e eu sabia disso, precisava às vezes ser pulso firme, porém ela é essencial pra mim. — Ajude a moça e a trate bem, não quero desavenças no trabalho. — Claro, Sr. Nicolas, se houver, não será da minha parte e sim…— Antonella, eu sei que não haverá. Onde está Hannah? — Ela foi arrumar a sala de reuniões nove. O olhar dela era fulminante agora, até atendeu uma ligação para não falar mais comigo. Acho que não me sai muito bem nessa conversa. Procurei Hannah e a encontrei marcando os lugares na mesa. Nátali tinha razão, ela era encrenca pra mim. Fiquei parado olhando como ela se movia, a maneira como seus lábios pronunciavam sem som os nomes, que procurava antes de colocar achar. Como colocava o cabelo atrás da orelha, quando abaixava a cabeça. Parecia uma sinfoni