— Apresento a todos, Zaya, a última competidora a dançarina da noite! — ouviu-se apenas o som da voz do apresentador chamando seu pseudônimo, pois ele não estava ali.
A luz do holofote caiu sobre ela quando entrou no palco, enquanto o grande salão do hotel luxuoso mantinha as demais luzes apagadas, para que os convidados e hóspedes pudesse assistir de forma confortável e focados nas apresentações daquela noite. Era sua primeira vez ali, estava torcendo para conseguir a vaga de dançarina naquele hotel, assim seguiria seu sonho sem revelar sua real identidade.Estava prestes a realizar seu sonho, se tornar uma dançarina profissional, como foi sua mãe.Com um véu abaixo dos olhos, cobrindo a parte inferior do rosto sentia-se mais confiante. Pôs o pé esquerdo na frente do direto, mostrando parte do salto preto por baixo da saia longa, com fendas nas laterais, negra como a noite e como seus cabelos compridos, nela pendia um cinto dourado, cheio de adereços delicados, o ventre estava visível, além disso, também havia o bustiê contornando seu busto. Os olhos destacados por delineador e lápis, destacando seus cílios longos e os verdes escuros de Zahraa, a música iniciava. Com o coração saltando do peito por se mostrar para quase duzentas pessoas, aparentemente a grande maioria da alta sociedade. Tentando se concentrar no som da música e manter o olhar confiante enquanto observava cada grupo sentado nas mesas a distância, ela respirou devagar, para que ninguém notasse quando seu véu se movimentou. Abaixou-se aos primeiros sons que ouviu, ficando com um joelho no chão e a perna esquerda à mostra, passando pela fenda. A pele parda e delicada foi vista, os cabelos escondiam seu rosto para dar início a sua apresentação, precisava ser diferente das demais que passaram por ali. A música instrumental era uma escolha sensata do dono do hotel para que ninguém tivesse sua escolha influenciada pela letra ou gosto da música, os levando a prestar atenção apenas nas dançarinas.Então ela levantou elegante e sedutora, as mãos para cima, a cintura balançando lentamente, hipnotizando os presentes. As pessoas estavam presas a sua dança em um silêncio cômodo e ansioso. A cabeça dela moveu-se ligeiramente de um lado a outro, dando a impressão que o pescoço a acompanhou, no ritmo certo.A melodia se intensificou de repente, os movimentos também, sempre sensuais. Por alguns minutos foi assim. Então o som parou, assim como ela, trazendo todos de volta a realidade quando ela se curvou ofegante, agradecendo de forma respeitável e silenciosa a todos os espectadores. Minutos depois, todas foram chamadas de volta, então a decisão não tardou a ser revelada. — Parabéns! Você foi a escolhida como a estrela principal da noite! — disse o apresentador vestido elegantemente. Ela foi tomada pela surpresa, mesmo ouvindo o som de palmas entusiasmadas por todo o local. O sorriso deslizou em seus lábios, quando se curvou tentando segurar estabilizar as batidas frenéticas do coração, quando levantou a cabeça e arrumou a compostura avistou o cara alto, de cabelos grisalhos no fim do salão, mesmo com a pouca luz sobre as outras pessoas, ela o reconheceu imediatamente, era Youssef, seu pai. Agora o que sentia se transformou em nervosismo, as mãos soaram, o corpo enrijeceu. — Venha senhor, se não foi convidado não pode entrar. — os seguranças se aproximaram dele. A carranca que ele carregava o impediu de bater palmas naquele momento, parecia não ouvir os seguranças. Youssef tinha em torno de cinquenta anos, conservado por trabalhar em lugares confortáveis e climatizados. Trazia nos olhos escuros uma amostra clara de decepção e raiva, fazendo o corpo da jovem se arrepiar, ela previu a confusão assim que ele entrou, não só para ela, agora todos estavam envolvidos. Então não teve coragem de dar as costas as pessoas por influência dele, estava muito assustada, mas manteve o respeito e com firmeza segurou o olhar no seu, demostrando não está arrependida e fingindo não está com medo dele. — Ela está emocionada. — disse o apresentador, vendo-a sair do palco cedo demais. Todos acreditaram que seus passos para trás sem dar as costas era o maior sinal de que ela respeitava e agradecia a atenção deles, ficaram impressionados com tal atitude. Mal sabiam que era por covardia e falta de confiança por causa do homem no meio deles. — Senhor, deve sair daqui. — insistiu o outro segurança. O homem os ignorou, pois reconheceu Zahraa de imediato, mesmo com toda aquela roupa, ela era igualzinha à mãe, a cópia exata, até mesmo a cor dos olhos ela herdara. Parecia que estava vendo sua falecida esposa ali, se apresentando para todos aqueles estranhos, como ela fazia antes de se tornar professora de dança, foi assim que sua filha também aprendeu a dançar, por mais que ele odiasse a possibilidade dela seguir os passos da mãe, ela o fez, havia acabado de fazer, era sua única filha, Zahraa Al-Abdulla. Os dedos apertaram nas palmas com agressividade, ele não compreendia como podia haver tamanha semelhança e teimosia, de quem sobrou depois da partida prematura de sua companheira. Os seguranças seguraram de cada lado dos seus ombros para o tirar dali. — O que os faz pensar que não deveria estar aqui? Isso por acaso é correto? — apontou com discriminação para o palco. — Senhor, não tem nada de errado acontecendo aqui, é apenas uma apresentação. — um dos homens tentou dialogar o mantendo parado. — Aé? E qualquer pessoa pode se mostrar? — Youssef estava irritado o suficiente para cometer uma loucura. — Iremos conversar lá fora, senhor. — começaram a puxá-lo para a passagem que levava ao corredor. — Eu tenho direito de estar aqui tanto quanto essas pessoas. — disse entredentes o pai da dançarina, encarando cada um dos seguranças que tinham as mãos nele. — Se não tem um convite, nem pagou entrada, deve sair! — respondeu um deles ainda carregando-o a força. — Então não seja por isso. — tentou colocar as mãos nos bolsos. — Posso? — alertou que retiraria o dinheiro.Os seguranças o soltaram, esperando o pagamento, a política do local era evitar a violência e gerar qualquer acontecimento negativo que fosse manchar a imagem do hotel. Youssef retirou a carteira, os entregando parte do salário que recebia."Tudo pelo dinheiro." Bufou Youssef. ***** Zahraa já correu para fora do palco assim que avistou seu pai, com as roupas trocadas, colocou tudo na mochila de forma desorganizada, colocou o lenço sobre os cabelos, avançando pelos corredores, evitando passar perto do salão enquanto ainda ajustava o zíper da bolsa. De repente bateu contra algo duro e alto, o que a levou a retroceder e cair sentada no chão, seus olhos foram rapidamente para cima, onde ela avistou o jovem alto, bem vestido, de olhos verdes cinzentos, rosto belo e postura perfeita. Era ele?Os olhos saltaram: "O que ele está fazendo aqui?"O corpo do jovem de vinte anos, com altura considerável, tendo um e oitenta e três parecia ainda mais alto sendo visto de baixo, os músculos dele insinuavam serem trabalhados, mesmo com a pouca idade, parecia se esforçar para permanecer com a estrutura adequada para a quantidade de massa muscular que tinha. — Sinto por isso! — as primeiras palavras saíram dos lábios dele. A mão direita surgiu mais perto de Zahraa, o olhar indescritível, a postura impecável, a roupa sob medida, os sapatos limpos e caros. Os cabelos dele estavam penteados de forma natural, uma parte maior para o lado direito, com alguns fios quase caindo sobre a sobrancelha grossa, a outra parte tinha alguns fios do lado esquerdo caindo perto do canto do olho, olhos marcantes, nariz bem feito, lábios meio rosados de volume adequado, com uma barba levemente aparada; surgindo como uma espessura de dos dedos desde os cabelos curtos perto das orelhas, até o maxilar e queixo. — Por acaso não mereço ao menos ouvir sua voz?
Horas antes da apresentação de Zahraa… O celular de Haidar tocou em cima de sua cama. O jovem estava arrumando a gravata no pescoço, queria algo formal para aquela noite, mas não pôde ignorar o som daquela chamada. Caminhando até o telemóvel, arrancou a gravata que não conseguia colocar no lugar. Pegou o celular visualizando o nome na tela, atendeu imediatamente. — Pai. Boa noite! — desejou antes de ouvir a voz do sheik. "Boa noite! Quero que venha aqui imediatamente!" — foi direto. — Agora? Agora eu… — foi interrompido por seu pai. "Temos um assunto que não se pode esperar." — aquelas palavras fizeram o jovem suspirar. — Certo. Estou indo! — disse desligando o aparelho.Antes de guardar o aparelho, ouviu o som da notificação que piscou a tela novamente, tendo interesse aguçado, abriu a notícia que havia surgido. — O que temos aqui? — começou a ler o trecho da notícia…Seus olhos verdes cinzentos se estreitaram, a respiração acelerou. — O que significa isso? — usou o tom alto,
— Haidar, você sempre soube que esse dia chegaria. — disse Khalil. — Sim, mas… — se interrompeu. Engoliu as palavras sob o olhar de seu pai. — Eu entendo. — disse em alto som, nada de murmúrio.O sheik estava orgulhoso pelo filho conseguir permanecer com o tom de voz inalterável, mas no fundo, queria que ele o enfrentasse, pedisse explicação e não aceitasse nada que não quisesse tão fácil, como estava fazendo agora. Parecendo ler a mente do pai, Haidar endureceu o olhar, ampliando a firmeza que havia aprendido a guardar dentro de si. — Algo a questionar? — Khalil esperou a manifestação da insatisfação causada pela notícia. — Eu não quero isso agora! Sei que posso fazer isso, me casar, mas não irei fazer nas condições escolhidas! — assegurou.Khalil escondeu o orgulho aos poucos o preenchendo, pondo no lugar uma carranca que o levou a canalizar a alegria na falsa irritação contra a atitude segura do filho. — Você não ouviu as condições, como sabe se tudo já foi escolhido? — pergun
(No presente, depois de ter esbarrado com Zahraa.) "O que foi isso?" Haidar se perguntou arqueando uma sobrancelha.Então se recordou do que o fez voltar para dentro do hotel antes de Zahraa aparecer e esbarrar nele. Deveria averiguar qual foi o resultado daquela noite.Havia se ausentado por meros minutos, quando foi atender uma ligação.Caminhou até o salão novamente, avistou Youssef, ele estava sentado em uma das mesas, com dois homens de cada lado, um mais velho e outro mais jovem. "Então foi por isso que ela fugiu? Mas o que fazia aqui se não estavam juntos?" Se perguntou. Seus olhos buscavam a dançarina que estava no palco quando ele chegou, outras estavam no seu lugar, recebendo felicitações daquele que as apresentava. — Senhoras e senhores, tendo o resultado decisivo dessa disputa, iremos encerrar as apresentações. Fiquem com as tradicionais dançarinas agora. — O homem no palco estendeu a mão para a entrada do palco, dando alguns passos para trás para sumir novamente. As jo
— É complicado, jovem príncipe… — hesitou o mais velho.Omar assistiu em silêncio, sempre demonstrando interesse, apesar de saber mais que Haidar. A desinformação incomodava o príncipe, mas saber que alguém tinha tudo nas mãos enquanto, ele perdia uma oportunidade por outra pessoa, era pior ainda. — E por quê seria complicado? — inquiriu, em tom sério. — As candidatas têm direito a manter sua privacidade no momento da inscrição. Elas podem dar pseudônimos no lugar de nomes reais e identificação. — diz Ismael. — E como isso funciona? Como podem confiar nelas dessa forma? — Haidar estreitou os olhos para os dois que estavam com ele naquela mesa. — Em troca de seus nomes e qualquer número de identificação nos bancos de dados, elas têm que responder uma série de perguntas concretas que são averiguadas antes que sejam aceitas e convidadas a participar da seleção. — Haidar estava intrigado com a resposta de Ismael, assim como estava com a presença de Omar. O loiro não se intromete ou ten
Assim que o táxi parou na porta de casa, Zahraa agradeceu mentalmente por se livrar do olhar hostil do motorista, pois para sua má sorte, havia conseguido o mesmo carro, o motorista passou a viagem inteira com a cara fechada, a dançarina sabia bem o que passava por sua cabeça. Ele a estava julgando por conta do horário que retornava para casa. Saltou do carro e não evitou fazer careta para que o motorista notasse quando espiasse pelo espelho. Só então, correu para dentro, pretendendo se esconder de seu pai, havia demorado tanto a conseguir um táxi que tinha medo de encontrá-lo em casa. — Para onde pensa que vai? — assim que pisou no primeiro degrau da escada ouviu a voz do pai.Os pêlos em seu corpo eriçaram, uma sensação de medo terrível a abraçou por trás, fazendo-a congelar no lugar, com as mãos no corrimão e o pé direito no primeiro degrau. — Temos apenas uma coisa para falar. — as palavras foram ouvidas por ela, enquanto tentava se recompor. — Você me desobedeceu, quebrou as
Quase deixou o celular cair em seu próprio rosto, nervosa não soube o que mandar. "Temos assuntos pendentes a tratar." — essa mensagem não a assustou menos que as outras.A pessoa do outro lado sabia que ela estava lendo as mensagens, por isso continuou... "Logo nos encontraremos." "E já posso adiantar…" — a pessoa do outro lado queria amedrontá-la, pois escrevia rapidamente e mandava mensagens curtas."Estou ansioso por esse encontro." — permitiu que ela descobrisse se tratar de um homem. "Prometo desde já, que você não se arrependerá de vim ao meu encontro!" — assegurou, aquilo só a assustou mais, pois não parecia que ela tinha escolhas.Zahraa deslizou o indicador rapidamente, quase deixou o aparelho escapar de suas mãos, pressionou o botão na lateral e desligou. No entanto, ainda permaneceu encarando a tela com assombro, mesmo depois de ficar totalmente negra. Devagar, baixou o aparelho o colocando de lado. "Isso é uma perseguição?" Temia que fosse verdade, não queria acabar
Zahraa conseguiu pegar um táxi depois de muito se molhar na chuva apenas para não ser vista por Haidar, havia esperado para ter certeza que ele não havia encontrado seu telemóvel, quando o viu entrar no seu carro esporte, não conseguindo encontrar nada a mais com ele, deixou de acreditar no envolvimento dele naquela situação.O caminho até a residência dela foi rápido, pois a chuva cessou assim que ela entrou no táxi, fazendo-a resmungar. Entrou em casa com as roupas encharcadas, seu pai estava na sala, esperando-a. — Tome um banho, troque essas roupas e venha preparar o jantar! — ordenou assim que a viu, estava muito sério para se presumir que havia tido um bom dia. — Sim, senhor! — subiu as escadas sem reclamar.Se dirigiu ao banheiro do quarto com rapidez para não molhar demasiado o piso, prevenindo um acidente comum para ela, às vezes era distraída. Tomou um banho rápido, colocando o primeiro vestido que encontrou, prendeu os cabelos úmidos pela chuva e correu para a sala. — O