— É complicado, jovem príncipe… — hesitou o mais velho.
Omar assistiu em silêncio, sempre demonstrando interesse, apesar de saber mais que Haidar. A desinformação incomodava o príncipe, mas saber que alguém tinha tudo nas mãos enquanto, ele perdia uma oportunidade por outra pessoa, era pior ainda. — E por quê seria complicado? — inquiriu, em tom sério. — As candidatas têm direito a manter sua privacidade no momento da inscrição. Elas podem dar pseudônimos no lugar de nomes reais e identificação. — diz Ismael. — E como isso funciona? Como podem confiar nelas dessa forma? — Haidar estreitou os olhos para os dois que estavam com ele naquela mesa. — Em troca de seus nomes e qualquer número de identificação nos bancos de dados, elas têm que responder uma série de perguntas concretas que são averiguadas antes que sejam aceitas e convidadas a participar da seleção. — Haidar estava intrigado com a resposta de Ismael, assim como estava com a presença de Omar. O loiro não se intromete ou tenta adentrar no assunto, apenas responde o que lhe é perguntado.Haidar podia sentir a aura estranha que vinha do lado em que Omar estava posicionado. — Crer que isso funciona quanto a segurança deste local, também? — Ismael percebeu que as coisas se complicaram se ele apenas respondesse às perguntas de Haidar, delas viriam mais perguntas, então teve de pensar rápi— Ainda não temos os dados completos dela, mas se puder retornar na próxima noite, podemos colocá-la à sua frente, se assim desejar! — assegurou o dono do espaço. — Isso seria bom. — Haidar ficou satisfeito. Apenas assim, Ismael pôde respirar. — Então podemos contar com sua presença uma vez mais? — o dono do hotel quis ter certeza que atrairia o filho de Khalil para o hotel, tornando o lugar ainda mais popular com suas visitas constantes. — Certamente! — assegurou o jovem.Um grande sorriso deslizou salientando as bochechas de Ismael. — Será sempre uma honra recebê-lo, jovem Al-Maktoum! — diz Ismael.Um pouco incomodado com a presença daquele que havia acabado de conhecer, Haidar procurou ir embora mais rápido. — Me retiro agora. Tenham uma ótima noite! — desejou para Omar e a Ismael. Ambos responderam igualmente, vendo o príncipe deixar o local. — Creio que a presença dele aqui lhe traz benefícios. — pressentiu Omar. — Com toda certeza! — respondeu o outro. — E quanto a identidade da dançarina, está falando sério? — O questionamento de Omar não alegrou o mais velho. — Não viu que estava quase investigando por conta própria? — o mais velho semicerrou os olhos na direção do loiro de íris avelãs. — Que diferença faria? — Omar quase lhe deu um sorriso insolente. — Muita diferença. Ele é o herdeiro do sheik, a imagem de um é o outro. O que quer que eu faça? — chateou-se com o novo parceiro de negócios. — Ele não estaria tão interessado em apenas uma mulher, estaria? — insistiu no assunto. — Ele nunca está interessado em ninguém, exceto hoje, isso significa que é real. — disse Ismael, sentindo de repente um pouco de alegria por ter a dançarina ali. — Então a jovem é valiosa? — Omar murmurou para si, permitindo que o outro ouvisse. — A mais valiosa que já tivemos. — sorriu para o loiro, agarrou a garrafa de vinho na mesa e despejou um pouco do conteúdo em duas taças que haviam ali. — Ao nosso futuro sucesso! — Ismael entregou a taça para Omar o obrigando a brindar com ele.No fundo, Ismael não queria que suas palavras demonstrassem que ele tratava a ideia da jovem ser um objeto ou prêmio para eles. O loiro anui tocando a taça na superfície frágil da outra, vendo o novo parceiro beber, ele repetiu a ação, pensativo, fazia planos.Omar havia gostado de como a jovem dançarina o olhou assim que pôs os pés no local; naquele momento, ela estava perdida, não sabia a quem se dirigir, por isso foi atraída por ele. Na curta conversa que tiveram enquanto ele a ajudou a chegar até Margaret, pôde contar as vezes que a dançarina ficou rubra apenas por está na sua presença, ele era ciente do impacto que sua imagem causava em algumas pessoas, principalmente mulheres. Portanto, assim que a deixou no camarim, sua mente trabalhou a seu favor, ela havia confessado não ter acompanhante, isso lhe deu vantagem. Como a jovem atraiu sua atenção, iria mantê-la por perto, por isso decidiu patrociná-la, sendo seu acompanhante também. — Quando vamos assinar o contrato? — Omar chamou a atenção de Ismael. — Quando estiver preparado. — diz o outro, devolvendo a taça vazia à mesa. — Em duas noites, então. — deixou Ismael curioso. — Vai conseguir alguém para agilizar o contrato? Por quê? — Não só isso, reunir a documentação também. — se refere às informações da dançarina. — Tem um advogado? — Ismael pensa no que o outro poderia estar planejando. — Certamente. — usou um tom semelhante a ironia, no fundo, ele tinha o príncipe na cabeça, por isso usou as mesmas palavras.Ismael juntou as sobrancelhas na sua direção, observando a taça do outro virar quando ele bebeu todo o conteúdo dela com malícia nos olhos. Neste momento, o dono do hotel relembrou as palavras de Margaret quando anunciou que Omar seria um de seus convidados, ressaltando que ele estaria livre para escolher qualquer dançarina para representar perante a lei. "Tenha cuidado com ele! Omar nunca faz nada por impulso." As palavras dela soavam novamente em sua mente, de forma clara desta vez. Quando investigou a loira sobre o motivo que a levou a falar aquilo, ela apenas disse que o conhecia bem. "Ele não respondeu ao jovem Al-Maktoum quando perguntou sobre suas origens." Pensou observando o seu entorno, para não alertar Omar sobre seus pensamentos. "Se é assim. Quem é você Al-Baghdadi. E o que está planejando para essa pobre garota?" Voltou seus olhos para o loiro.Um brilho estranho cruzou suas íris avelãs, causando um leve calafrio na espinha de Ismael, a aura escura de Omar surgia aos poucos. — Não se preocupe com nada. — Omar pareceu ler a mente dele. "Margaret, por quê não me avisou antes?" Pensou enquanto concordava para fingir relaxar, neste momento, seus olhos se cruzaram com os de Margaret, suas palavras estavam certas, Omar planejava algo, e a pobre garota era o alvo.Assim que o táxi parou na porta de casa, Zahraa agradeceu mentalmente por se livrar do olhar hostil do motorista, pois para sua má sorte, havia conseguido o mesmo carro, o motorista passou a viagem inteira com a cara fechada, a dançarina sabia bem o que passava por sua cabeça. Ele a estava julgando por conta do horário que retornava para casa. Saltou do carro e não evitou fazer careta para que o motorista notasse quando espiasse pelo espelho. Só então, correu para dentro, pretendendo se esconder de seu pai, havia demorado tanto a conseguir um táxi que tinha medo de encontrá-lo em casa. — Para onde pensa que vai? — assim que pisou no primeiro degrau da escada ouviu a voz do pai.Os pêlos em seu corpo eriçaram, uma sensação de medo terrível a abraçou por trás, fazendo-a congelar no lugar, com as mãos no corrimão e o pé direito no primeiro degrau. — Temos apenas uma coisa para falar. — as palavras foram ouvidas por ela, enquanto tentava se recompor. — Você me desobedeceu, quebrou as
Quase deixou o celular cair em seu próprio rosto, nervosa não soube o que mandar. "Temos assuntos pendentes a tratar." — essa mensagem não a assustou menos que as outras.A pessoa do outro lado sabia que ela estava lendo as mensagens, por isso continuou... "Logo nos encontraremos." "E já posso adiantar…" — a pessoa do outro lado queria amedrontá-la, pois escrevia rapidamente e mandava mensagens curtas."Estou ansioso por esse encontro." — permitiu que ela descobrisse se tratar de um homem. "Prometo desde já, que você não se arrependerá de vim ao meu encontro!" — assegurou, aquilo só a assustou mais, pois não parecia que ela tinha escolhas.Zahraa deslizou o indicador rapidamente, quase deixou o aparelho escapar de suas mãos, pressionou o botão na lateral e desligou. No entanto, ainda permaneceu encarando a tela com assombro, mesmo depois de ficar totalmente negra. Devagar, baixou o aparelho o colocando de lado. "Isso é uma perseguição?" Temia que fosse verdade, não queria acabar
Zahraa conseguiu pegar um táxi depois de muito se molhar na chuva apenas para não ser vista por Haidar, havia esperado para ter certeza que ele não havia encontrado seu telemóvel, quando o viu entrar no seu carro esporte, não conseguindo encontrar nada a mais com ele, deixou de acreditar no envolvimento dele naquela situação.O caminho até a residência dela foi rápido, pois a chuva cessou assim que ela entrou no táxi, fazendo-a resmungar. Entrou em casa com as roupas encharcadas, seu pai estava na sala, esperando-a. — Tome um banho, troque essas roupas e venha preparar o jantar! — ordenou assim que a viu, estava muito sério para se presumir que havia tido um bom dia. — Sim, senhor! — subiu as escadas sem reclamar.Se dirigiu ao banheiro do quarto com rapidez para não molhar demasiado o piso, prevenindo um acidente comum para ela, às vezes era distraída. Tomou um banho rápido, colocando o primeiro vestido que encontrou, prendeu os cabelos úmidos pela chuva e correu para a sala. — O
— Desculpe atrapalhar sua noite alteza! — pediu de antemão.Zahraa não conseguia ouvir a resposta dele. — Há uma jovem aqui dizendo ser a filha do senhor Al-Abdulla… — ele não completou, apenas levantou fitou Zahraa. — Permito que ela suba? — Quis ter certeza. — Sim. Sim. — disse ele, com o telefone contra a orelha. — Deseja que faça a revista? — Depois da resposta, devolveu o aparelho ao lugar de origem. Quando pôs a mão no outro bolso, Zahraa acreditou que iria tirar de lá algo para revista-la, enrijeceu um pouco com o pensamento de algo passando por seu corpo, procurando detectar quaisquer ameaça contra o príncipe. Para sua confusão, ele retirou uma chave, entregando a ela, deu um passo para o lado. — Para quê preciso disso? — Zahraa estava confusa com o objeto em mãos. — Está autorizada a subir. Pegue o elevador, ele vai parar no andar do príncipe. — A explicação dele foi breve.A confusão da jovem ainda era notória, a chave era estranha na palma dela. — Use a chave na por
A voz dela sumiu. Os olhos verdes cinzentos a envolveu. — Parece que gosta disso. Então continue sendo intimidada por esse cara estranho. — as palavras dele a deixam confusa. — Quê? — Zahraa entendia menos agora. Haidar se abaixou para deslizar o celular por cima da mesa de centro que os separava. — O número desconhecido que está enviando mensagem para você constantemente. — explicou, a vendo capturar o aparelho e vasculhar sobre o que ele falava.Haviam novas mensagens estranhas como as primeiras, Haidar não parecia ter respondido a nenhuma delas. Os olhos de Zahraa levantaram para o encontrar. — Estava falando disso? — murmurou envergonhada. Por um momento quis desmanchar de alívio. — Esconde algo que eu deveria saber? Acreditava que não tínhamos nada a ver um com o outro. — a verdade em suas palavras alfinetaram Zahraa, a obrigando a se recompor. — Não há. — quis assegurar, não foi capaz.O príncipe a estudou com interesse. — Poderia dizer que fui capaz de descobrir a identi
Não era do feitio de Haidar brincar de gato e rato, por isso estava se irritando com a brincadeira, havia aprendido com o sheik que deve se levar a sério as coisas qualquer detalhe que o incomodar, as mensagens não o incomodavam muito, apenas um pouco, mas as mentiras de Zahraa sim. Ele se questionava a cada passo o motivo de levá-la a esconder coisas dele, aquilo só o fazia pensar que teria algo haver com ele, pois ela conhecia a família dele de perto, assim como a versão dele da infância, poderia ter qualquer coisa que os envolvessem. Zahraa parecia tão frágil agora, as costas quase deslizando pela parede que se recostou, os olhos presos na imagem dele crescendo à medida que se aproximava mais dela. — Vamos Zahraa! — Haidar tentou usar o tom leve de pedido.A bela jovem quase escorregou pela parede, no entanto, no segundo seguinte, ela recobrou as forças e fugiu dele. — Uff! — Haidar sentia a falsa coroa cair de sua cabeça, a mulher era arisca. "Tenho que fazer tudo isso para con
Zahraa não tinha certeza se era real ou não. Queria desesperadamente aceitar, mas o medo foi maior. — Meu amo… — os olhos verdes cinzentos dele não traziam o amor que desejava ver na pessoa disposta a tomá-la como esposa. Havia algo sim, parecia desejo carnal, não era o certo. Tendo reconhecido o significado do olhar dele, teve certeza que o príncipe tinha outro propósito, o qual se encaixava apenas como uma parte do quebra-cabeça. Zahraa teve as mãos formigando para tocar os dedos que ainda permaneciam abaixo do queixo dela, por algum motivo evitou parecer muito arisca. Lembrou da nova identidade como dançarina, pensou em momentos futuros e neles teria de agir rápido, mostrando força, coragem determinação, sem esquecer da sedução. — Posso perguntar por qual motivo, príncipe? — cautelosa procurou saber. Haidar tirou os dedos do rosto dela, deu um passo para trás, aliviando a atração — Você se encaixa nos meus planos para fazer meu pai se arrepender de divulgar sobre casamento ago
Alguns dias depois…Zahraa havia recuperado um pouco de sua autoestima, mesmo que tivesse conseguido isso ao preço de ser uma espiã profissional, fugindo sempre de Haidar, mas ciente de cada passo dele. Agora sentia os olhos do príncipe em suas costas o tempo todo. Os papéis haviam invertido, ele a procurava, ela só o observava para ter sucesso em evitá-lo. Seu pai fingia ignorá-la como sempre, não havia nada de novo em casa, era até uma boa notícia, assim não ouviria o pai dar detalhes sobre sua caçada a um pretendente. Já no hotel, as coisas se agitavam. Um grupo de garotas da primeira noite estavam reunidas no camarim, todas cochichavam antes de notá-la, logo a fizeram se sentir um alvo, nenhuma lhe cumprimentou, não dirigiram a palavra a ela ou continuaram o assunto que tratavam antes da chegada dela. Foi assim até o término de sua dança, quando teve de adentrar sozinha, estava mais nervosa que a primeira noite, para sorte dela, Haidar não havia aparecido, no entanto, saiu do pal