Horas antes da apresentação de Zahraa…
O celular de Haidar tocou em cima de sua cama. O jovem estava arrumando a gravata no pescoço, queria algo formal para aquela noite, mas não pôde ignorar o som daquela chamada. Caminhando até o telemóvel, arrancou a gravata que não conseguia colocar no lugar. Pegou o celular visualizando o nome na tela, atendeu imediatamente. — Pai. Boa noite! — desejou antes de ouvir a voz do sheik. "Boa noite! Quero que venha aqui imediatamente!" — foi direto. — Agora? Agora eu… — foi interrompido por seu pai. "Temos um assunto que não se pode esperar." — aquelas palavras fizeram o jovem suspirar. — Certo. Estou indo! — disse desligando o aparelho.Antes de guardar o aparelho, ouviu o som da notificação que piscou a tela novamente, tendo interesse aguçado, abriu a notícia que havia surgido. — O que temos aqui? — começou a ler o trecho da notícia…Seus olhos verdes cinzentos se estreitaram, a respiração acelerou. — O que significa isso? — usou o tom alto, parecendo brigar consigo mesmo. — Isso não está certo. — rolou a notícia lendo todo o conteúdo. Se viu passando a mão esquerda pelo rosto, chateado com o conteúdo publicado a pouco tempo. — Não pode ser verdade. — disse a si mesmo.Varreu o quarto luxuoso como quem procura respostas em algum canto. Passou a mão pelos cabelos, os bagunçando irritado.Andando de um lado a outro, decidiu reler a notícia em voz alta, assim teria certeza que era real, mas não parou de caminhar pelo cômodo. — Hoje, durante o fim desta tarde, ouvimos rumores que irão alegrar as emiradenses da capital dos setes Emirados, a famosa Abu Dhabi. O soberano informou depois de uma reunião com o conselho que irá procurar uma noiva para seu filho, o jovem Haidar Al-Maktoum de vinte e um anos. Seu herdeiro ainda não tem namorada, ou foi flagrado com alguma mulher, seja ela, jovem ou mais velha, apenas as poucas vezes que surge ao lado do seu tio Samir, o qual noivou a pouco tempo depois de namorar por anos com a mesma mulher. — fungou irritado pela intromissão na sua vida. — … O herdeiro do sheik já possui um prédio onde mora sozinho, mas ninguém adentrou o local, além da sua família e seguranças. — continuou lendo até as últimas palavras do artigo. — O que vai acontecer? Ele irá aceitar se casar? Irá se rebelar finalmente? O que podemos esperar do futuro sheik de Abu Dhabi? Ele fará como o pai? Uma seleção para encontrar sua esposa ideal? — apertou a mandíbula. — Que idiotice! — resmungou. Outro tópico o chamou atenção, a última pergunta: — E quanto a jovem Lila, também filha do sheik, ela irá ser prometida a alguém? — Haidar fechou os olhos irritado. Bloqueou o aparelho tentando não quebrá-lo, a vontade era de jogá-lo na parede. — Como ousam falar da minha irmã assim? Por acaso ela é um objeto? Ele não faria isso! — de uma coisa ele tinha certeza, seu pai não iria prometer Lila apenas por questionamento do povo. Assim como Haidar, Khalil tinha ciúmes da mais nova. Colocou o celular no bolso da calça social, caminhou até o smoking sobre o braço do sofá, o colocando na dobra do braço, pegou a carteira, respirou fundo no caminho para fora dos aposentos. "Eu posso carregar essa responsabilidade, Lila não!" Pensou, disposto a fazer o que fosse preciso para tal coisa não cair nos ombros da irmã mais nova.Haidar estava disposto a tirar a atenção da imprensa da irmã para trazer para si. Logo estava saindo do prédio onde morava sozinho, presente que havia ganhado do pai quando fez dezenove anos. Haidar tinha quase vinte um agora, sentia-se mais confortável morando sozinho, mesmo tendo que voltar para a casa dos pais quase sempre.Dirigiu até o palácio privado do sheik, entregou o carro e as chaves para alguém que o esperava nos pés da escada na entrada. Subiu os degraus apressado, por mais que não gostasse de muitos eventos, antes estava ansioso pelo daquela noite, agora queria resolver aquela situação o quanto antes. Adentrou o grande palácio privado, não encontrando ninguém, o que não era de se estranhar. Imaginou que sua irmã poderia estar no quarto, enquanto mãe e avó estavam no ateliê, era assim que sua mãe chamava sua loja de roupas, onde ficava as criações dela, já que criava os desenhos de suas próprias roupas. Subiu mais escadas para chegar ao corredor e se dirigir ao escritório do pai, onde tinha certeza que o encontraria. Quando parou na porta, ouviu alguém falar com o sheik sobre planos futuros, mesmo que a porta estivesse fechada, conseguia escutar o que falavam. "O amo pensa que ele aceitará?" — era a voz de Samuel, aquele que não saia do lado do sheik, era como o mais fiel assistente pessoal, por mais que ele superasse isso. "Terá de aceitar algum dia." — ouviu seu pai falar.Haidar apertou a mandíbula, tinha em mente que não podia reclamar, aquilo era de se esperar desde o início, teria de se controlar. Depois de apertar os dedos na palma das mãos, ele levantou uma delas ainda com os dedos enrolados e bateu na porta para anunciar sua chegada, além de pedir permissão para entrar no local.Menos de dois segundos a porta estava sendo aberta por Samuel. O homem que ele conheceu a vida toda ao lado de Khalil. — Salam! — usou as palavras mais íntimas, ele podia fazer, já que seus filhos sempre frequentavam a casa de seus pais tanto quanto ele. — Obrigado, Samuel! — agradeceu. — Seu pai o espera. — reforçou, dando mais passagem para o príncipe. — Salam, Haidar! — ouviu o sheik também o deixar confortável enquanto dizia que ele era bem-vindo. — Pai. — se curvou na presença dele, um leve e nada exagerado curvar. — O senhor solicitou minha presença, do que se trata, posso perguntar? — viu seu pai indicar uma das cadeiras à frente da mesa, na qual estava na outra extremidade. Haidar obedeceu. Sentando-se à frente do pai, ele esperou que seu pai tocasse no assunto. — Pela sua cara, acredito que já saiba do que se trata. — diz Khalil. — Terei de concordar com isso? — Haidar queria ter certeza que não se tratava apenas de notícias falsas. — Quero que a escolha da noiva parta de você, então terá de aceitar. — Khalil estava calmo.Haidar fitou os olhos âmbar do pai, era um tipo de castanho que parece sempre carregar fogo dentro deles. — Em que condições terei de fazer isso? — não deixou de encarar o pai, seria uma afronta? — Isso quem nos dirá é você. Quer que eu escolha sua noiva? — Khalil arqueou uma sobrancelha na direção do filho.— Haidar, você sempre soube que esse dia chegaria. — disse Khalil. — Sim, mas… — se interrompeu. Engoliu as palavras sob o olhar de seu pai. — Eu entendo. — disse em alto som, nada de murmúrio.O sheik estava orgulhoso pelo filho conseguir permanecer com o tom de voz inalterável, mas no fundo, queria que ele o enfrentasse, pedisse explicação e não aceitasse nada que não quisesse tão fácil, como estava fazendo agora. Parecendo ler a mente do pai, Haidar endureceu o olhar, ampliando a firmeza que havia aprendido a guardar dentro de si. — Algo a questionar? — Khalil esperou a manifestação da insatisfação causada pela notícia. — Eu não quero isso agora! Sei que posso fazer isso, me casar, mas não irei fazer nas condições escolhidas! — assegurou.Khalil escondeu o orgulho aos poucos o preenchendo, pondo no lugar uma carranca que o levou a canalizar a alegria na falsa irritação contra a atitude segura do filho. — Você não ouviu as condições, como sabe se tudo já foi escolhido? — pergun
(No presente, depois de ter esbarrado com Zahraa.) "O que foi isso?" Haidar se perguntou arqueando uma sobrancelha.Então se recordou do que o fez voltar para dentro do hotel antes de Zahraa aparecer e esbarrar nele. Deveria averiguar qual foi o resultado daquela noite.Havia se ausentado por meros minutos, quando foi atender uma ligação.Caminhou até o salão novamente, avistou Youssef, ele estava sentado em uma das mesas, com dois homens de cada lado, um mais velho e outro mais jovem. "Então foi por isso que ela fugiu? Mas o que fazia aqui se não estavam juntos?" Se perguntou. Seus olhos buscavam a dançarina que estava no palco quando ele chegou, outras estavam no seu lugar, recebendo felicitações daquele que as apresentava. — Senhoras e senhores, tendo o resultado decisivo dessa disputa, iremos encerrar as apresentações. Fiquem com as tradicionais dançarinas agora. — O homem no palco estendeu a mão para a entrada do palco, dando alguns passos para trás para sumir novamente. As jo
— É complicado, jovem príncipe… — hesitou o mais velho.Omar assistiu em silêncio, sempre demonstrando interesse, apesar de saber mais que Haidar. A desinformação incomodava o príncipe, mas saber que alguém tinha tudo nas mãos enquanto, ele perdia uma oportunidade por outra pessoa, era pior ainda. — E por quê seria complicado? — inquiriu, em tom sério. — As candidatas têm direito a manter sua privacidade no momento da inscrição. Elas podem dar pseudônimos no lugar de nomes reais e identificação. — diz Ismael. — E como isso funciona? Como podem confiar nelas dessa forma? — Haidar estreitou os olhos para os dois que estavam com ele naquela mesa. — Em troca de seus nomes e qualquer número de identificação nos bancos de dados, elas têm que responder uma série de perguntas concretas que são averiguadas antes que sejam aceitas e convidadas a participar da seleção. — Haidar estava intrigado com a resposta de Ismael, assim como estava com a presença de Omar. O loiro não se intromete ou ten
Assim que o táxi parou na porta de casa, Zahraa agradeceu mentalmente por se livrar do olhar hostil do motorista, pois para sua má sorte, havia conseguido o mesmo carro, o motorista passou a viagem inteira com a cara fechada, a dançarina sabia bem o que passava por sua cabeça. Ele a estava julgando por conta do horário que retornava para casa. Saltou do carro e não evitou fazer careta para que o motorista notasse quando espiasse pelo espelho. Só então, correu para dentro, pretendendo se esconder de seu pai, havia demorado tanto a conseguir um táxi que tinha medo de encontrá-lo em casa. — Para onde pensa que vai? — assim que pisou no primeiro degrau da escada ouviu a voz do pai.Os pêlos em seu corpo eriçaram, uma sensação de medo terrível a abraçou por trás, fazendo-a congelar no lugar, com as mãos no corrimão e o pé direito no primeiro degrau. — Temos apenas uma coisa para falar. — as palavras foram ouvidas por ela, enquanto tentava se recompor. — Você me desobedeceu, quebrou as
Quase deixou o celular cair em seu próprio rosto, nervosa não soube o que mandar. "Temos assuntos pendentes a tratar." — essa mensagem não a assustou menos que as outras.A pessoa do outro lado sabia que ela estava lendo as mensagens, por isso continuou... "Logo nos encontraremos." "E já posso adiantar…" — a pessoa do outro lado queria amedrontá-la, pois escrevia rapidamente e mandava mensagens curtas."Estou ansioso por esse encontro." — permitiu que ela descobrisse se tratar de um homem. "Prometo desde já, que você não se arrependerá de vim ao meu encontro!" — assegurou, aquilo só a assustou mais, pois não parecia que ela tinha escolhas.Zahraa deslizou o indicador rapidamente, quase deixou o aparelho escapar de suas mãos, pressionou o botão na lateral e desligou. No entanto, ainda permaneceu encarando a tela com assombro, mesmo depois de ficar totalmente negra. Devagar, baixou o aparelho o colocando de lado. "Isso é uma perseguição?" Temia que fosse verdade, não queria acabar
Zahraa conseguiu pegar um táxi depois de muito se molhar na chuva apenas para não ser vista por Haidar, havia esperado para ter certeza que ele não havia encontrado seu telemóvel, quando o viu entrar no seu carro esporte, não conseguindo encontrar nada a mais com ele, deixou de acreditar no envolvimento dele naquela situação.O caminho até a residência dela foi rápido, pois a chuva cessou assim que ela entrou no táxi, fazendo-a resmungar. Entrou em casa com as roupas encharcadas, seu pai estava na sala, esperando-a. — Tome um banho, troque essas roupas e venha preparar o jantar! — ordenou assim que a viu, estava muito sério para se presumir que havia tido um bom dia. — Sim, senhor! — subiu as escadas sem reclamar.Se dirigiu ao banheiro do quarto com rapidez para não molhar demasiado o piso, prevenindo um acidente comum para ela, às vezes era distraída. Tomou um banho rápido, colocando o primeiro vestido que encontrou, prendeu os cabelos úmidos pela chuva e correu para a sala. — O
— Desculpe atrapalhar sua noite alteza! — pediu de antemão.Zahraa não conseguia ouvir a resposta dele. — Há uma jovem aqui dizendo ser a filha do senhor Al-Abdulla… — ele não completou, apenas levantou fitou Zahraa. — Permito que ela suba? — Quis ter certeza. — Sim. Sim. — disse ele, com o telefone contra a orelha. — Deseja que faça a revista? — Depois da resposta, devolveu o aparelho ao lugar de origem. Quando pôs a mão no outro bolso, Zahraa acreditou que iria tirar de lá algo para revista-la, enrijeceu um pouco com o pensamento de algo passando por seu corpo, procurando detectar quaisquer ameaça contra o príncipe. Para sua confusão, ele retirou uma chave, entregando a ela, deu um passo para o lado. — Para quê preciso disso? — Zahraa estava confusa com o objeto em mãos. — Está autorizada a subir. Pegue o elevador, ele vai parar no andar do príncipe. — A explicação dele foi breve.A confusão da jovem ainda era notória, a chave era estranha na palma dela. — Use a chave na por
A voz dela sumiu. Os olhos verdes cinzentos a envolveu. — Parece que gosta disso. Então continue sendo intimidada por esse cara estranho. — as palavras dele a deixam confusa. — Quê? — Zahraa entendia menos agora. Haidar se abaixou para deslizar o celular por cima da mesa de centro que os separava. — O número desconhecido que está enviando mensagem para você constantemente. — explicou, a vendo capturar o aparelho e vasculhar sobre o que ele falava.Haviam novas mensagens estranhas como as primeiras, Haidar não parecia ter respondido a nenhuma delas. Os olhos de Zahraa levantaram para o encontrar. — Estava falando disso? — murmurou envergonhada. Por um momento quis desmanchar de alívio. — Esconde algo que eu deveria saber? Acreditava que não tínhamos nada a ver um com o outro. — a verdade em suas palavras alfinetaram Zahraa, a obrigando a se recompor. — Não há. — quis assegurar, não foi capaz.O príncipe a estudou com interesse. — Poderia dizer que fui capaz de descobrir a identi