Alberto entregou as rosas a Marta que agradeceu nitidamente feliz por tê-lo recebido, ela chamou Maria e pediu que colocasse num vaso. Colocou o vaso com as flores em uma das mesas do salão e convidou Alberto a sentar.
- Vamos sentar e conversar um pouco. Beto né? Posso te chamar de Beto? O jantar vai ser servido já já.
Sentaram-se e ele, meio nervoso:
- Sim Dona Marta. Pode me chamar de Beto. É com muito prazer que conheço a família da minha Laura. Muito linda a casa de vocês. Muito obrigada por me receber. A senhora é muto amável e muito linda! Ele era todo elogios!
Nesse momento os olhares das irmãs se cruzaram. Havia medo nesse olhar!
A galera foi chegando e se apresentando. Todos dando as boas-vindas ao novo integrante da família. Telma, Silvinha, o Advogado. Até o Dr. veio dar uma for&cced
Fizeram planos em montar um negócio com comida e para isso a moça usaria a grana da indenização que recebeu da escola onde trabalhava. Montariam uma lanchonete, ali mesmo, na área externa da casa. O alcoolismo é uma doença sorrateira e sinistra. Ela sabia disso e percebeu quando o marido passou a chegar do trabalho eufórico, ligado de bebida. Em ficar calada deu ousadia ao homem. E numa sexta feira qualquer trouxe umas cervejinhas, depois um vinho. E algum tempo depois a Cocaína voltava à cena. Laura não tinha forças para ir contra as vontades de Alberto e foi se deixando levar, se entregando as rotas novamente, fazendo de conta que dessa vez ia dar certo.Ele nunca tinha sido tão romântico! Chegava com vinho e flores, mas o jantar que ela preparava com todo carinho e muita ilusão ficava posto na mesa, intocá
Marta conhecia muito bem os serviços e o poder da Mineira.Quando precisou limpar o Minhocão para montar seu negócio usou esse tipo de segurança. E usava até hoje, mas montou sua própria segurança. Seus seguranças atuais eram seus empregados e homens de confiança. Não eram ligados a nenhum outro serviço ou as polícias oficiais como os seus primeiros seguranças. Esses eram conhecidos do Advogado desde Copacabana e eram uma turma barra pesada! Grupos Paramilitares: assim eram chamados naqueles tempos que protegiam muitos bairros e zonas do estado do tráfico de drogas que inflamavam os morros cariocas levando pânico a população. E ali naquela parte de Nova Iguaçu o poder era deles.Uma grande formação chamada de polícia mineira reinava naquelas bandas e tomavam con
Voltar para o Minhocão foi muito difícil para Laura!Encontrar com seu passado, seus velhos medos e dores foi uma grande façanha. Mas estava acostumada a grandes mudanças e isso sempre salvava a sua vida, por mais que ela mesma não quisesse.Foi o carinho e a generosidade de sua Mainha que a fez voltar e salvou sua vida e de seu filho também. Tinha certeza que acabaria assassinada por Alberto. E nem conseguia pensar no que poderia ter acontecido com seu bebê.O verbo agora era recomeçar e deixar o passado no passado.Graças a essa volta, pode respirar e construir para si e seu filhote uma nova chance de viver. Não sem antes destruir-se completamente, até quase desaparecer e partir do zero, fazendo nascer uma nova mulher convicta de sua posição diante do seu único objetivo: ser feliz!Tudo parecia não
As aulas para as putas do quinto andar foi uma grande ideia!Estava dando muito certo. Madame Marta não a impediu de seguir alfabetizando suas funcionárias. Descobriu assim um jeito de se sentir menos impotente diante daquela situação que sempre a incomodou profundamente. Finalmente estava fazendo a diferença. O filho crescia tranquilo e calmo sem nenhum problema de saúde e aos dois anos era um milagre. Inteligente e alegre e nenhum sintoma de toda a droga que ingeriu na gravidez. Esse milagre mudou Laura profundamente! A maternidade e toda a ameaça de ver seu bebe morto por um louco drogado e pai a fez reavaliar suas opiniões. Percebeu que não há amor maior do que amor de mãe. Percebeu que amar é tudo na vida e como era difícil amar. Seu olhar sobre Mainha e todos ali no Praia do Pinto mudou. Não tinha o direito
O Baixo Gávea parecia o mesmo. As noites de quinta ainda bombavam! Tudo muito cheio. Uma galera bonita jovem e animada! Constatou Laura, olhando em volta. Sentou-se no Bar Sagres para a pizza com chopp e as recordações! O movimento a sua volta aguçava sua curiosidade. Queria conhecer novas pessoas, participar de novos acontecimentos, queria andar por ali e se sentir em liberdade. Bebeu mais do que comeu e rapidamente estava pisando alto. Movida a álcool Laura gostava de se aventurar e conhecer pessoas, grupos e lugares novos. Queria voltar a ser como era antes, queria sua alegria de volta. Seu coração estava vazio e sua alma cheia de mágoa. Tudo o que viveu com Alberto a machucou demais! Sua crueldade transformou todo o seu amor em ódio e precisava esquecer e superar.- Me apaixonar nunca mais! Ainda mais aqui, nesse lugar! – pensava nis
Foi no Bar Sagres que encontraram Luz, a namorada de Garfield. Ela estava em uma das mesas com umas meninas, todas novinhas, vestidas de ripongas. Ao ver o namorado ela se levantou, despediu-se e se jogou nos braços fortes do velho hippie, pendurando-se em seu pescoço. Visivelmente maconhada, o cheiro da erva ainda exalava do seu corpo, roupas e cabelos. Laura teve essa certeza quando o amigo a apresentou e a moça a abraçou afetuosamente. Afetuosamente demais! Ela era uma fofa! Linda! Olhos grandes de um azul profundo, que vermelhos, sorriam alegremente. Um sorriso um tanto infantil, mas era uma bela moça! Deram-se muito bem de cara! Era muito amigável e festiva. Encarregaram-se de colocar Laura por dentro de tudo.A Cocaína ele trazia da Rocinha, e embora a moça não tenha perguntado nada sobre isso, ele sabia que ela gostava muito. Era um h
Laura conheceu a líder daquela turma: Dani, voz de trovão. Um mulherão de quase dois metros de altura, peso pesado, lésbica e que tinha um vozeirão de tenor. Se ela não aprovasse, a pessoa nem se criava por ali! Tinha fama de encrenqueira e era muito respeitada na quebrada. Não demonstrou nenhuma oposição e apertou a mão de Laura com força, perguntando:- Prazer! Telma me falou de você! Amiga de Telma é minha também. Tamo juntas professora! - E riu! Riu com aquele vozeirão de abalar quarteirão. Todos riram com ela.- Rarararara! – Laura riu sem jeito! – Lésbica é! -Pensou – Espero que não se engrace comigo! Meu negócio é pau dentro e de preferência duro! – Pensava rápido, mas era da onda do pó e isso a fez rir! Agora, de verdade. O que soou meio louco já que
Laura transitava por vários grupos e tribos diferentes, bebendo, cheirando e namorando muito. Colocou o atraso em dia nos motéis da Barra, nos bancos traseiros dos namorados com carro, nas esquinas do Baixo e nos cantos mais escuros da praça. Nada sério! Nada que pudesse levar para casa, e nem queria isso. Só queria se divertir com os caras e manter seus desejos em dia. Adorava beijar as bocas e quando chegava cheirosa e muito bem arrumada era beijo na boca para todo lado. Selinhos, em homens, mulheres, gays, meninos e meninas. Todas as galeras queriam sua companhia. Sempre tinha dinheiro e pó, era linda, simpática, inteligente, educada e muito, muito discreta em seu uso. Ninguém a via cheirando no meio da rua e nem dava para perceber. Mantinha a pose e isso atraia os mais endinheirados que fugiam dos abas e dos doidões que eram muitos.Estava feliz em ser paparicada assim!Em casa tudo em paz.<