Como que num passe de mágica, ao entrar na sala de seu curso de idiomas conseguiu esquecer-se de tudo instantaneamente, era apaixonado por novas línguas, se pudesse gostaria de conhecer todas, aprenderia falar com qualquer pessoa de qualquer país.
Mas tão logo suas três horas de curso terminaram, assim que saiu da sala, lembrou-se de uma frase que o deixou estático no meio da rua: “...nascer como um humano...”
Só voltou a si quando um carro freou quase em cima dele, ainda assim saiu da frente do automóvel vagarosamente, o carro havia parado a centímetros de distância deixando um motorista enfurecido pra trás de si, sentou-se no meio fio tentando raciocinar. O que aquilo queria dizer?
“Bosque da Paz?” quem teria feito aquele bosque? Ah se soubesse onde Eduarda morava! Correria pra lá imediatamente, iria direto ao fundo do quintal pra conferir se realmente haveria formigas por lá.
“...nascer como um humano...”? “Bosque da paz?” “um dia você saberia?” fechou os olhos apertando as duas mãos uma de cada lado da cabeça sentado ao meio fio. Precisava entender aquilo tudo de qualquer maneira, tinha alguma coisa acontecendo por ali.
Talvez se contasse para Eduarda ela pudesse ajudá-lo a entender alguma coisa. Mas como se eles nunca tinham se dado nem ao menos um simples “oi”? Ela o chamaria de doido com certeza, diria que ele era mais um daqueles tantos garotos comuns da escola.
Precisava conversar com alguém, tinha que confiar em alguém, mas quem? Quem poderia ajudá-lo? Quem lhe daria os conselhos que ele precisava ouvir? A única pessoa era Eduarda mas eles nunca tinham se falado e Andréia também não lhe dissera nada sobre apresentá-la pra ele.
“Isso mesmo!” pensou, de repente veio-lhe uma solução, precisava conversar com Andréia, tinha que saber por que ela não cumprira sua promessa no dia anterior como tinham combinado. Resolveu ir à casa dela imediatamente, é bem verdade que chegaria atrasado em casa para seus compromissos, mas tinha que resolver primeiro essas questões sobre Eduarda.
Dirigiu-se à casa de Andréia imediatamente, não era longe dali, e pelo que se esperava, de acordo com o horário era pra ela estar em casa naquele momento.
Chegou até o portão alto de alumínio, apertou a campainha e esperou, o portão era todo fechado, apenas com um olho mágico no meio. Viu pela fresta de baixo a sombra de alguém espiando pela abertura e depois ouviu vozes.
Era Tay, a chata da irmã mais velha de Andréia, o nome dela mesmo era Tayrini, mas por ser um nome estranho, simplesmente Tay era mais fácil.
Tay era o tipo de garota petulante que se achava a responsável pela casa na ausência de seus pais, se bem que seus pais jamais tivessem dado a ela essa responsabilidade, ela havia tomado por conta própria, para desespero de Andréia e seus amigos.
— Andréia, aquele seu amigo esquisito ‘taí no portão.
— Cala boca sua cobra — abriu o portão mantendo-se virada pra Haniel, apenas pra ter certeza que Tay já tinha saído de vista, voltou-se novamente pra ele, perguntando — você não ouviu isso, né?
— Ouvi sim — disse ele num sorriso tímido.
— Ah, não liga pra ela não, essa menina é uma cobra, tomara que um dia ela encontre alguém pra pisar na cabeça dela.
— Isso se ela não morder o calcanhar desse alguém antes, né?
— Pois é, entre Hanny.
Haniel ou seus amigos jamais ficavam na sala quando visitavam Andréia, pois com certeza Tay viria a todo momento “fiscalizar” a visita, era costume já ao chegarem irem direto ao quarto de Andréia, então entraram e foram direto ao quarto, onde Haniel sentou-se na cadeira do computador e Andréia na cama agarrando-se a uma das almofadas.
— Quero falar com você sobre Eduarda.
— Ahá, até parece que eu não sei que é sobre isso que você quer falar.
— Poxa, é tão óbvio assim?
— Claro que é, bom, pelo menos pra quem te conhece, né Hanny?
— Por que você não me apresentou ela como a gente tinha combinado?
— Olha, eu bem que tentei, mas ela te mandou pro inferno.
— Hã? Por quê? O que foi que eu fiz?
— Olha, eu acho que não era bem pra você que ela falou isso, ela falou por falar, estava brava com alguém quando eu e a Mari chegamos pra levá-la conosco mas ela ficou tão brava que até gritou com a gente.
— É, faz sentido.
— Não acredita em mim, né?
— Acredito sim, estou apenas preocupado.
— Com ela?
— Também.
— Você gosta dela, né?
— Gosto, me diz uma coisa, você acredita em sonhos?
— Como assim?
— Tipo mensagens ou... sei lá... essas coisas.
— Ah, eu acho que sim... sei lá, por que?
— Por que... eu ando tendo uns sonhos estranhos.
— Que tipo de sonhos? Com ela?
— É.
— Ai que fofo! Me conta vai, adoro essas coisas — ela que até então estava encostada na cabeceira da cama, agarrada a uma almofada, pulou imediatamente para os pés da cama, largando a almofada e apoiando os cotovelos nos joelhos interessada.
Então Haniel sentiu-se confiante para lhe contar tudo, desde os dois sonhos que tivera até suas suspeitas incomuns à sua idade. Andréa ouvia com atenção, sem interromper até que ele fizesse silêncio e perguntasse o que ela pensava sobre tudo.
— Hanny — começou ela — você acha que é algum tipo de... é... eu acho... Ah, sei lá, você vai me chamar de louca.
— Não vou, por favor me ajude, eu preciso entender isso de alguma forma, se você não estiver louca então eu estou.
— Ok, lá vai, você vai rir de mim de qualquer maneira...
— Não vou rir, prometo.
— Você acha que é um anjo? Tipo... Anjo da Guarda ou coisa assim?
— Não, eu acho que não, talvez isso seja uma espécie de reflexo do futuro.
— Tipo, alguma projeção de como você será no futuro?
— É, mas não entendo esse negócio de Arcanjo ou superior, sei lá.
— Ah Hanny, acho que isso não é nada, acredite — levantou-se voltando para seu lugar anterior, próximo a cabeceira da cama — acho que é apenas um sonho, é bem verdade que é estranho um sonho continuar em outro, como se o dia, na hora da gente acordar fosse um intervalo de programa de televisão, mas acho que é apenas um sonho, você ficou muito impressionado por que além desse detalhe, quem estava nele era a Eduarda, e como você gosta dela...
— É... talvez seja isso mesmo.
— ‘Cê ‘tá perturbado né amigo?
— ‘Tô mesmo, demais.
— Esquenta não, isso passa — levantou-se e foi até ele dando-lhe um abraço — se você aceitasse eu até namorava com você pra te ajudar esquecer isso mas como você gosta da Duda...
No caminho de volta pra casa tentou convencer-se do que Andréia tinha lhe falado. Muito provavelmente ela tivesse razão, estava apenas impressionado com a singularidade dos sonhos e principalmente por serem com Eduarda.
Voltou para casa num misto de alegria e desapontamento, talvez no fundo queria que fosse mesmo algo especial, por isso estivesse meio que desapontado, por outro lado era cruel ficar nessa incerteza o tempo todo, era bom saber que era apenas um sonho pois assim ficava mais aliviado.
Chegou em casa e foi ao fundo do quintal, a casa de seu tio era toda murada, não tinha cerca de madeira, muito menos quintal de terra ou gramado, mas mesmo assim encontrou formigas. Formavam uma corredor desde um buraco no muro, subindo pela parede e desaparecendo no forro da casa, não era nada, apenas formigas corredeiras.
Mas a noite sonhou novamente, o mesmo sonho, o mesmo bosque, o mesmo riacho, a mesma Eduarda linda e maravilhosa com sua pele sedosa e seu vestido azul de tons avermelhados, chapéu de tricô, combinando com um cinto de pedrinhas e uma sandália rasteira de cor creme.
No mundo real, Eduarda usava óculos, discreto, armação de arame fino, lentes ovais, porém ali não precisava deles, ele jamais tinha a visto com eles no bosque, fato esse que lhe dava claramente uma visão de outro ângulo da beleza inigualável da moça.
Estavam abraçados, exatamente como no sonho anterior, ela descalça, as sandálias junto ao chapéu de tricô à beira do riacho, a maciez inigualável da pele de seu rosto tocando o seu.
Podia virar o pescoço e cheirar seus cabelos, seu rosto, quando sentiu os lábios molhados de Eduarda junto aos seus, era a primeira vez que beijava uma garota, mas de imediato pode entender por que era tão agradável, a sensação de intimidade, o gosto molhado da boca de Eduarda. Essa sensação humana de intimidade perturbadora.
Os ombros largos e braços musculosos de Haniel proporcionavam-lhe uma proteção que nunca dantes sentira na vida, era completamente diferente do carinho do colo de seu pai ou algum tio.
Não sabia explicar o porquê mas não era apenas uma garotinha de catorze anos, a julgar pela aparência devia ter uns 19 ou 20 anos, corpo de adulta, cabelos muito mais longos que os de sempre, e Haniel?
Ah Haniel estava maravilhosamente lindo, muito mais alto, com seus cabelos claros brilhantes ao sol que passava pelos galhos das árvores do bosque.
— Nunca te vi de óculos aqui.
— É estranho mas parece que aqui não preciso deles, por que?
— Não dá pra explicar agora...
— Ai para com isso — afastou-se dele de repente, batendo os punhos fechados de encontro ao próprio corpo — não aguento mais esse mistério todo, na escola você nem fala comigo e aqui não explica nada, não percebeu que eu ‘tô louca por você? E ainda fica me escondendo as coisas?
— Mas meu amor, eu não posso...
— Não quero saber, ou me explica logo ou vou continuar brava com você — afastou-se dele, sentando novamente na pedra à beira do riacho porém de costas pra Haniel.
Vendo que ela estava decidida, sentou-se junto a ela, a pedra era longa o suficiente para comportar a ambos, então sentou-se como se estivessem ambos no banco de uma moto, abraçando-a por trás.
Ao sentir Haniel bem às suas costas não conseguiu manter sua raiva por muito mais tempo. Descansou suas costas em seu peito. Por que era tão fácil render-se aos seus encantos?
O que ele tinha de tão maravilhoso que não podia ver na escola? Seria porventura um sonho?
Só poderia ser um sonho, só poderia estar sonhando, se bem que não tivesse experiência alguma ainda em achar garotos bonitos ou feios, mas o Haniel daquele bosque era incomparavelmente mais lindo do que qualquer outra criatura masculina humana ou não que já tivesse visto na vida.
— Ainda não sei o suficiente pra te dar todas as informações, eu mesmo ainda estou tentando entender, mas me parece que tenho uma estória muito mais longa do que uns poucos dias.
— Como assim?
— Eu não sei, juro que não sei. É tão complicado ser humano, eu...
— Você fala assim como se estivesse se lembrando de uma outra vida, tipo reencarnação ou coisa do tipo.
— É mais ou menos isso, ou talvez mais do que isso, é como se nem sempre eu fosse humano, parece que um dia eu vivi em algum outro lugar, alguém estava me dando uma tarefa, eu deveria passar por muita coisa que meus semelhantes não passaram.
— Semelhantes? — Virou-se para ele espantada — pode haver algum outro ser mais magnífico do que você, Hanny?
— Ah, com certeza, há um ser infinitamente mais magnífico do que eu ou qualquer outro que eu e você já tenhamos visto, Ele é a própria essência da perfeição, toda magnitude do que seja belo ou perfeito tem origem nEle. Infinitamente amado por qualquer uma de suas criaturas, não só por sua aparência, mas também pela pureza e perfeição do que Ele simplesmente é.
— Nossa! É tão lindo vendo você descrever dessa forma. Até parece que você o conhece pessoalmente, que já O viu, já falou com Ele.
— Por isso estou confuso, as vezes penso que não sou quem sou, pensou que sou um outro alguém, e eu não posso te dizer nada até ter certeza plena.
— Ah, então você não está me escondendo nada não é? — Perguntou com tanta simplicidade infantil na voz que emocionou Haniel.
— Não meu amor, eu jamais faria isso.
— Então não estou mais brava com você — aninhou a cabeça em seu pescoço, enrolando os braços de Haniel em torno de si. E ficaram assim por vários minutos.
— Foi esse alguém que você falou que construiu esse lugar?
— Foi.
— E mais alguém já veio aqui além de nós dois?
— Sim, com certeza, mas agora é hora de irmos.
— Ah não, por favor, fica mais tempo comigo.
— Não podemos, hoje não teremos aula, mas devemos ajudar nossas famílias com os afazeres — levantou-se da pedra tendo a mão direita ainda segura firmemente por Eduarda.
— Por favor Hanny, ainda não, vamos ficar mais tempo, por favor.
— Infelizmente isso não é possível, minha querida, eu gostaria muito, mas infelizmente não posso.
— Então pelo menos me leve até a saída do bosque?
— Claro, vamos indo.
Assim caminharam, ambos descalços, ele de calça jeans e camiseta branca, e tênis branco na mão esquerda, com a barra da calça dobrada até a panturrilha e a mão direita segura firmemente à de Eduarda.
Ela com as sandálias na mão direita e a mão esquerda segura na de Haniel, caminharam até verem o fim do bosque.
Ao longe podiam ver a rua da casa de Eduarda, bem como os carros passando, os raios do sol entrando pelas primeiras árvores do bosque.
Antes que ela dissesse qualquer coisa, ele largou o tênis no chão, tomando-a sem aviso e beijou-a ainda outra vez.
Encostados ao tronco de uma grossa árvore, ela podia sentir outra vez o sabor do beijo molhado de Haniel, a proteção de seus braços ao redor de sua cintura, o cantar dos pássaros do bosque ao longe, nos galhos distantes das árvores.
O tempo praticamente parava nos braços de Haniel, o canto dos pássaros cada vez mais perto, o calor aconchegante de seu corpo junto ao dela, o canto dos pássaros agora quase acima de sua cabeça, cantavam mais alto.
As gotas do orvalho salpicando seu cabelo, àquela hora era difícil de se explicar, talvez estivessem acumuladas nas árvores em que estavam os pássaros bem acima de sua cabeça.
Continuava beijando Haniel, quando os pássaros vieram cantar bem ao seu ouvido, as gostas do orvalho tornavam-se agora em chuva, os pássaros cantavam muito mais alto agora.
Teve de abrir os olhos para espantá-los e de repente estava em sua cama com sua irmã mais nova assoviando-lhe aos ouvidos um daqueles brinquedos que soltavam bolhas de sabão e imitavam o assovio de um pássaro quando se assoprava dentro deles.
Eduarda amava sua irmã mais nova, no entanto, arrancá-la dos braços de Haniel da forma como ela fizera, deixou-a num mau humor terrível, estava novamente deitada em sua cama, agarrada aos lençóis com os cabelos emaranhados e cheios de bolhas de sabão.– Ai, sai daqui com isso! – Levantou-se com raiva e correu para o banheiro, deixando sua irmã assustada com a reação repentina.Ao entrar bateu a porta com tudo, sentou-se no vaso ainda fechado, fechou os olhos e de repente os detalhes do sonho voltaram, correu para o espelho olhando seu rosto, tão diferente do sonho, apenas uma criança de catorze anos.Olhando seu reflexo no espelho lembrou-se do mesmo nas águas do riacho, lembrou-se do beijo, passou os dedos pelos próprios lábios, fechou os olhos e tentou se lembrar da doçura dos lábios de Haniel.Abriu a tampa do vaso, sentou-
Silêncio, calma e tranquilidade eram comuns ali, mas silêncio nem tanto, pois havia constantemente o ruído de pássaros e outros pequenos animais, ela caminhava lenta e tranquilamente por entre o gramado molhado.Com as sandálias nas mãos caminhava descalça, olhando a todas direções em busca de seu amado, mas para onde fora? Era esta a primeira vez que ela andava sozinha no Bosque da Paz sem encontrar Haniel.O aspecto do bosque era o mesmo de qualquer lugar arborizado depois de uma forte chuva, as folhas das árvores todas molhadas, os galhos inclinados, o gramado molhado, o céu nublado.Eduarda olhava a todas direções com o mesmo chapéu de tricô de cor creme, o mesmo vestido azul com manchas avermelhadas, chamava o nome de Haniel, sem resposta. Silêncio absoluto. Nada mais que isso.Inicialmente fora ao riacho, onde em cuja beira beijaram-se pela pr
Ao acordar sentia-se dolorido, a princípio não sabia onde estava, dois homens altos, vestidos de branco estavam ao seu lado, eram claros como ele, cabelos castanho-claros, pele alva e uma luminosidade que emanava de sua presença que quase cegava Haniel.Ele próprio estava diferente, exatamente como nos sonhos que tinha com Eduarda, porém algo estava diferente, esse não era sonho, era a mais profunda realidade.Sentou-se de imediato, observou tudo a sua volta, os homens de branco estavam a alguns metros de distância e inicialmente apenas sorriam pra ele, sem nada dizer.O ambiente era imenso, como uma grande sala com uma única cama bem no meio, no chão, uma pequena névoa impedia-o de ver do que era formado o chão.Os homens de branco andavam sob a névoa, seus pés meio que imersos flutuavam a poucos centímetros do chão, vestiam uma túnica branca, a
Haniel acordou pela manhã em sua casa, deitado em sua cama e sem camisa, novamente não tinha mais o corpo de um homem feito, apenas de um garoto de quinze anos, isso o confundia mais que todas as outras coisas, porém, sentou-se imediatamente na cama, passando a mão no ventre intacto, sem marca ou ferimento algum, no chão, ao lado da cama estava o Tênis que tinha usado na noite anterior, na mesinha de cabeceira, sua carteira e seu relógio.Não se lembrava em nada de como tinha ido parar lá, sua última lembrança antes de desmaiar fora do assaltante tirando seus pertences enquanto ele rolava de dor pela calçada.Depois o sonho, ou mais do que um simples sonho, aquilo era uma viagem, ele tinha mesmo ido a outro lugar enquanto dormia, enquanto seu corpo descansava seguro em sua cama, sua mente fora longe, à sua verdadeira casa.Era em torno de nove horas da manhã quando l
A rotina de Haniel agora seria completamente diferente, pois ele tinha uma missão a cumprir, pelo menos tinha uma auxiliar, Andréia, não tinha nem ideia de como seria sua vida de agora em diante, nem quais perigos os exércitos do mal estariam preparando.Despediu-se de Andréia e voltou pra casa, novamente era tarde, mas diferentemente da última vez que fizera esse caminho, agora não tinha receio algum, talvez por que dessa vez podia sentir ver claramente a forma de Salatiel caminhando ao seu lado.– O que vai fazer Haniel?– Pretendo conversar com ela.– No Bosque?– Isso mesmo.– E o que vai dizer-lhe?– Tudo.– Como assim, tudo?– Tudo o que ela puder ou estiver preparada pra ouvir.– Por um momento você me assustou, irmão.– Eu sei, apesar de estar na condição humana ten
Acordou no mesmo horário de sempre, pontualmente às seis horas da manhã, quarenta minutos depois estava na calçada, esperando a van que a levaria para a escola, tão logo a van encostou, antes de subir descobriu que tinha esquecido sua chave de casa.Naquele dia, quando voltasse da escola todos estariam fora, era preciso levar caso não quisesse ficar esperando do lado de fora até o meio da tarde, deixou a van esperando e correu ao seu quarto, era sempre no mesmo lugar que a chave ficava, na mesinha de cabeceira da cama.Mas naquele dia, tinha algo mais além da chave, algo que ela nunca imaginou que fosse encontrar, um cartão, mais ou menos do tamanho de um cartão de crédito, feito de ouro maciço.Não podia acreditar no que seus olho viam, era como se o tempo tivesse parado, até ali.Tudo o que sonhara naquela noite podia muito bem ser apenas mais um daqueles s
Eduarda acordou na enfermaria com o rosto vermelho e dolorido, embora tivesse uma vaga ideia, nem ela sabia ao certo o que a atingira.Abriu os olhos e não havia mais ninguém por perto, apenas Andreia sentada numa cadeira sorriu para ela quando viu a amiga despertando.– Olá Bela Adormecida!– O que aconteceu?– Você ganhou uma bolada.– Cadê meu óculos?– Infelizmente já era, a bola fez ele em pedacinhos.– Droga, meus pais vão me matar!– Nem tanto assim, eu tava com o Hanny enquanto a enfermeira da escola te atendia, ele deu um jeitinho – entregou-lhe os óculos que estavam na cabeceira da maca onde ela estava deitada.– Então ele pode concertar meu óculos e não pode evitar que aquela droga de bola me acertasse? – Respondeu indignada, sentando-se na maca e colocando o ócul
Mesmo após os anjos desaparecerem, as duas continuaram ainda abraçadas em silêncio durante um tempo, até que afastaram-se devagar, mas ainda assustadas, sem dizer nada uma à outra.Andreia levantou-se foi ao banheiro que ficava em seu quarto, Eduarda sentou-se na mesma cadeira de sempre, junto a mesinha de estudos de Andreia.Ao sair do banheiro Andreia foi à cozinha deixando Eduarda ainda pensativa sentada na cadeira em frente ao computador, sozinha, apertando as juntas dos dedos, cabeça baixa, quando Andreia trouxe-lhe um copo com água da cozinha, e sentou-se no canto da cama, em frente a Eduarda, que tomou alguns goles e colocou o copo pela metade na mesa, após mais alguns segundos calada, falou olhando para os próprios pés:– Fico me perguntando se algum dia vou me acostumar com isso tudo, Dé – só então olhou pra amiga, esperando a resposta.&n