Reino de Wisdy
A neve caía fazendo os montes em cima das plantas e arbustos, a paisagem vista pela janela era a mesma de quando Cateline havia chegado ali, ela ainda se lembrava com detalhes, a mulher, agora estava mais madura, ela olhava pensativa para fora da sala vendo o sol nascer vagarosamente, toda sua família tomava café da manhã juntos, na mesa havia Felix, Diego e Crystal, que já era uma moça crescida.
— Mãe?! Eu estou falando com você..
Crystal chamava a sua mãe a um tempo, a mulher estava imersa em seus pensamentos, ela se virou assustada para sua filha, tentando se recordar sobre oque conversavam.
— Desculpe… você disse algo?
Cateline perguntava voltando a olhar para carta em sua mão, Sandy havia lhe enviado dizendo que iria visitá-la, algumas coisas pareciam estar acontecendo e ela queria conversar pessoalmente.
— Sim mãe ... eu perguntei se Jade e Saulo virão também..
Jade, a filha de Lucinda, era uma grande amiga de Crystal, elas conversavam sobre tudo, compartilhavam suas dúvidas e experiências, mesmo Crystal sendo mestiça, metade humana e metade lobisomem, ela ainda era uma garota acima de tudo, como não haviam mais garotas jovens como elas, as duas tinham apenas uma a outra para conversar.
Saulo, mesmo sendo um garoto, era muito sentimental, talvez por conta do grande número de mulheres a sua volta, ele se preocupava muito com sua mãe e sua tia Lucinda, era assim que ele chamava Lucinda e Cateline, de tias, Lucinda para Saulo era como mãe, e Milenna como sua avó, como o garoto não tinha pai, Joaquim se dispôs a cuidar do jovem como um, ele ajudava nas tarefas e o ensinava tudo sobre os reinos, ele seria um grande líder um dia.
— Sandy não me informou na carta… mas acredito que eles virão sim.
Cateline dizia distraída, a mulher havia mudado muitos nos últimos 15 anos, ela parecia sempre seria, aquele brilho que tinham em seus olhos havia se ido, suas vestimentas eram escuras e sem vida, como se estivesse em um luto eterno.
Diego olhava para Cate cabisbaixo, ele se via ali, quando perdeu a sua esposa, Freya Fire, Félix tinha apenas 14 anos, e ele o tratava da mesma forma rígida e séria, agora vendo sua nora repetir seu erro, ele via como era doloroso, sua neta Crystal havia crescido muito sozinha e triste por conta disso, assim como Félix.
Cateline amava a filha com todas suas forças, mas de alguma maneira a mulher não conseguia demonstrar, muitas coisas tinham mudado depois de tudo que ela havia passado, seu coração havia se fechado, e tudo que restava ali era raiva e tristeza.
— Bem… então precisamos preparar as coisas para a chegada dos jovens … não é mesmo, Crystal?
O Alfa Diego, assim como Cateline havia mudado bastante, mas para melhor, depois que sua neta chegou ao mundo, o homem deixou de ser tão sério e amargurado, ele brincava com a jovem, ensinava os costumes e histórias dos reinos, até mesmo a levava nas caçadas, eles eram grandes amigos acima de tudo, a jovem Crystal amava muito o seu avô, eram quase inseparáveis.
— Sim! Você tem razão… podíamos fazer alguns lanches e passear na floresta, a Jade morre de medo de andar sozinha por lá.. queria pregar algumas peças nela…
Crystal dizia sorridente, ela gostava de provocar a prima, mesmo se desentendendo às vezes, elas eram grandes amigas.
Félix olhava para Cateline meio tristonho, ele queria encontrar o seu filho mais que tudo, ele não aguentava ver a sua amada daquela forma, mesmo após tantos anos ela permanecia presa aquele acontecimento, uma parte sua havia sido arrancada, ele via isso.
Cate estava paralisada olhando para o nada, seus pensamentos estavam distantes daquela mesa, ela nem mesmo conseguia sorrir para a sua família, ela se sentia vazia, uma tristeza imensa habitava seu coração e sua mente, ela suspirava profundamente e escorava as suas costas na cadeira, pensativa.
O lobo havia caçado seu filho em vários reinos distantes, mas mesmo assim não encontrou nenhum sinal ou resquício de seu querido filhote, mesmo assim ele não ficava desanimado, ele sabia que o momento de encontrá-lo estava próximo.
— Martin mandou uma carta.. Ele está bem longe daqui, no deserto de Egiths, ele mandou um abraço..
Félix falava olhando para Cateline, que lia as cartas de Sandy.
— Ele encontrou alguma pista?
Cateline perguntava diretamente, era a única coisa que ela queria saber.
Felix suspirava fundo, desviando o olhar.
— Não… ele não encontrou nada ainda…
O lobo respondia meio chateado, seu cunhado Martin havia crescido, estava com cerca de 25 anos agora, o jovem dedicava todo o seu tempo na busca de seu sobrinho, como o único homem da família Forth, ele se sentia responsável em ajudar, Félix era muito grato pelo jovem, e confiava plenamente nele.
Todas as manhãs eram assim, a família se reunia e eles conversavam pouco, o clima na maioria das vezes era sério.
Depois de todos comerem, Cristina limpava a mesa, ela havia ficado com algumas cicatrizes que não sumiram completamente de seu corpo, aquilo trazia raiva ao coração da loba que se lembrava do maldito dia todas as vezes que se olhava no espelho, sentia odio de si mesma por ter sido fraca, desde então ela havia começado a treinar, pois sabia que as guerras nunca iriam parar, ela pegou firme nos treinos apos ver o rosto da pequena Crystal, ao chegar quase congelada e maltratada no dia do rapto do bebê Fenix, aquilo fez a loba se tornar outra pessoa também, ela como uma Lobisomem, precisava ficar forte e defender a sua mestra e filha de qualquer perigo que aparecesse.
Cateline como sempre é a primeira a sair da mesa de refeição, ela carregava a carta consigo e se dirigia a sala de documentos, o lugar era confidencial, mas ela como esposa de Félix tinha total liberdade de ir e vir, a mulher não havia dito toda a verdade aos familiares, na carta continham mais informações de Sandy.
Depois de entrar na sala, Cateline a tranca, ela se sentava em uma poltrona que ficava perto das estantes de arquivos.
A mulher estava fixada na carta, ela havia ficado interessada no que Sandy havia escreito nela.
“Querida Cateline, acredito que meus sonhos não sejam apenas visões, o último foi muito lúcido, eu estava nele, podia sentir até mesmo a brisa, talvez eu tenha sido levada para tal momento, ainda não tenho certeza, mas se for verdade, Arlene me fez voltar até quando era viva para me mostrar algo.
Cateline lia o parágrafo diversas vezes pensativa, com os anos que se passaram, Sandy havia explicado alguns detalhes sobre seus antepassados, a mulher sabia sobre a magia que corria em seu sangue, e estudava bastante sobre tais coisas, junto a Sandy e Lucinda, que vinha ficando cada vez mais imersa dentro do assunto.
A mulher pensava na possibilidade de o que Sandy disse ser real, e imaginava se seria possível voltar no dia em que o seu filho foi sequestrado.
Cateline continuava ali durante o dia imaginando como aquilo seria bom, mesmo sem saber se era possível, ela torcia para Sandy chegar logo e conversar sobre os detalhes mais profundamente.
Cada dia era uma tortura para a mulher, ela se lembrava de cada detelhe de seu pequeno bebê, de seus pequenos dedos, seus olhos e fios de cabelo, mesmo após tantos anos, Cateline ainda conseguia sentir a dor da perda, era algo que ela nunca iria esquecer, ela queria vingança, e estudava todos os dias para se tornar cada dia uma mulher mais forte para quando tal momento chegasse.
Reino de EgithsMartin Forth O sol brilhava forte em Egiths, a areia seguia longe, formando um imenso deserto sem fim, Martin estava em um pequeno povoado investigando sobre o sequestro de seu sobrinho, a alguns anos ele começou a viajar pelo mundo em busca de pistas e rastros da Tribo ICE, mas tudo que ele encontrava eram apenas boatos.Dessa vez o jovem, que agora era um adulto, estava verificando algumas informações dadas pelos aliados de Diego, os lobisomens do deserto de Egiths, eles disseram ter recebido algumas reclamações de brigas vindas de seres mágicos.Muitas das vezes esses seres viviam longe da civilização humana, eles evitavam contato, porém com as guerras errradicando uma grande parte da população mundial, alguns pequenos grupos de seres mágicos se juntaram, até mesmo os humanos andarilhos faziam cabanas e construiam casas em locais proibidos, eram como assentamentos mistos, na grande maioria das vezes, esses locais eram usados pelo mercado negro, mas isso não vinha a
Reino de EgithsAmanda e Arthur ICEAmanda, havia saído do reino de Wisdy junto a tribo Ice logo após sequestrar o herdeiro de Félix, o bebê foi arrancado dos braços de sua mãe sem que ela nem mesmo tivesse a chance de se defender, a loba nomeou o pequeno filhote de Arthur, o jovem cresceu forte entre meio as raças mágicas e humanos nos assentamentos comunitários de Egiths.Amanda, por mais louca que fosse, amava o seu “filho” acima de tudo, e nunca deixou que nada de ruim acontecesse a ele, mesmo com as dificuldades que vinham enfrentando desde que saíram de Wisdy, a mulher se esforçava para manter o jovem bem.Ela contava histórias de sua terra natal, sobre a neve e o frio, palavras que o garoto não sabia o significado, Arthur sempre era humilhado pelos Ices por ser um mestiço, o jovem nunca havia entendido o que tudo aquilo significava, e tentava ignorar, sua mãe sempre dizia mentiras a ele, fazendo com que o garoto acreditasse em tudo que lhe era dito.A tribo ICE com o passar dos
Reino de EgithsAmanda e Arthur ICEO garoto estendeu os braços olhando para a mãe, a convidando para um abraço, mas ela estava irritada por conta de suas saídas às escondidas.— Não mesmo.. não quero você se misturando com aqueles humanos nojentos!Amanda ainda continuava preconceituosa, mesmo sabendo que o seu filho era um mestiço, ela não conseguia se controlar.—Tá bom.. tá bom..O jovem concordava, como todas as vezes, apenas para que sua mãe deixasse de lado por um tempo, ele sabia que era preciso fazer tais coisas para ter o que comer, sua mãe não conseguiria fazer tudo aquilo sozinha.— E então.. como foi o seu dia?A mulher perguntava colocando comida no prato do jovem, ela suspirava fundo tentando relaxar, eles não tinham dinheiro e muito menos fartura, por isso geralmente comiam pouco, a mulher havia cozinhado batatas e alguns pequenos pedaços de carne salgada, era tudo que eles tinham para aquele dia, ela sempre conversava com o filho, dava para ver o amor que ela sentia p
Reino de AftermoonLucinda e Joaquim BrownApós Sandy ter o sonho duvidoso, a possível viagem no tempo, ela preparava suas bagagens para ir até Wisdy assim como havia informado Cateline pela carta, haviam se passado alguns dias e ela estava quase de partida.A mulher contou a Lucinda os detalhes, e as duas estudavam o que tudo aquilo poderia significar, com os anos que se passaram elas foram ganhando mais prática e conhecimento sobre a magia, mesmo que sem conseguir manipulá-la bem.Lucinda infelizmente parecia não ter despertado seus dons ainda, de forma que pudesse usá-los com livre e espontânea vontade, tudo que ela tinha para provar que algo mágico corria em seu sangue era a beleza e saúde, a mulher não envelhecia ou adoecia, ela permanecia bela como no dia que Joaquim a conheceu, isso atormentava a mulher, que via o seu marido adoecer a envelhecer a cada dia, sem poder fazer nada para ajudar.Ela havia prometido a si mesma que iria conseguir livrar o seu marido da praga que o ron
Reino de EgithsMartin Forth Martin aguardava o senhor voltar com o homem que tinha as tais informações no bar, quando o velho saia, Martin rapidamente reparava no homem alto e moreno ao seu lado, ele era forte, repleto de cicatrizes, parecia ser um lutador, em seu rosto haviam algumas marcas que lembravam tatuagens, ele aparecia na porta e após olhar cada detalhe de Martin, ele o chamava.— Entre..O homem alto e moreno dizia se virando sem nem um pingo de simpatia, tudo ali naquele assentamento girava em volta de dinheiro, somente assim eles conseguiam sobreviver abastecendo os seus postos de água e alimentação.O jovem Martin entrava desconfiado pela porta, olhando tudo em sua volta, o local estava cheio, pessoas bebiam e cantavam, nem pareciam ter vindo de lugares destruídos pela guerra.O homem moreno se sentava numa mesa de madeira antiga, e Martin o acompanhava, ele admirava o interior do bar, era bem rústico, haviam garrafas de vidros de diversas cores ao fundo numa prateleir
Cateline Fire e Sandy YorkReino de WisdyHaviam se passado alguns dias, e Sandy tinha mandado algumas cartas para Cateline, finalmente o dia da viagem havia chegado, Sandy finalmente poderia conversar com Cate sobre os acontecimentos e sonhos estranhos que vinha tendo.Sandy levava também algumas cartas de Lucinda, com detalhes sobre a situação de Joaquim, o Lorde estava com a saúde muito debilitada, todos estavam lutando para conseguir algum remédio ou cura para sua doença.A mulher saiu de Aftermoon, junto a seu filho Saulo e Jade, filha de Lucinda, os jovens estavam com saudades de sua prima Crystal e não viam a hora de ver a jovem, eles tinham muito o que conversar.Na carruagem, os três iam conversando, a viagem seria longa, mas todos já estavam acostumados com o passar dos anos.— Tia Sandy… você acha que Crystal vai gostar do presente?Jade perguntava sorridente com uma caixinha enfeitada de bordados em sua mão, ela levava um pingente dourado para a prima, a jovem era animada
Cateline Fire e Sandy YorkReino de WisdyCateline e Sandy andam até a sala de arquivos, Cate sempre usava o local quando precisava ficar sozinha, lá, as duas mulheres se sentam em poltronas de frente uma para a outra, onde podiam conversar de forma mais reservada sem interferências ou interrupções.As mulheres se sentam e logo Cristina chegava com o lanche, deixando em uma pequena mesa que ficava próxima.A criada saia da sala, fechando a porta, enfim deixando as duas a sós.Cateline suspirava profundamente, finalmente as duas poderiam conversar sobre os detalhes dos supostos sonhos de Sandy.— Eu li todas as cartas que você mandou… mais de uma vez…Cateline falava com o tom frio, assim como o clima do reino onde morava, ela pegava a xícara de chá dando um gole a seguir, as coisas não permaneciam quentes por muito tempo em Wisdy.Sandy fazia o mesmo, pegando a xícara, a cada visita ela percebia o quanto Cateline ficava mais séria, aquilo a preocupava.— Como eu lhe disse pelas cartas
Martin ForthReino de EgithsFinalmente após alguns dias de preparação, chegou o momento do início das investigações, Martin e Steve se reuniram pela manhã no mesmo bar que se conheceram. O sol já estava alto e ardia, mas aquilo não os impediria de iniciar as buscas. Ao entrar no bar, Martin percebia os homens sentados em uma mesa no fim do salão, haviam muitos, a maioria com roupas sujas do trabalho pesado do dia anterior.O jovem se aproximava e já sentia o cheiro de álcool, eles bebiam para iniciar o dia de bom humor.— Bom dia..Martin se aproximava cumprimentando, os homens olhavam para ele, e logo voltavam a prestar atenção em Steve, que explicava como seria o dia de investigação, o homem tinha começado a falar sobre os detalhes antes de Martin chegar.— Como vocês sabem… estamos tendo problemas com certos desordeiros no assentamento, e isso tem chamado a atenção do chefão de Egiths..Steve falava e arrastava o seu olhar para Martin que estava em pé próximo ao grupo o ouvindo.