Capítulo 09

Cateline Fire e Sandy York

Reino de Wisdy

Cateline e Sandy andam até a sala de arquivos, Cate sempre usava o local quando precisava ficar sozinha, lá, as duas mulheres se sentam em poltronas de frente uma para a outra, onde podiam conversar de forma mais reservada sem interferências ou interrupções.

As mulheres se sentam e logo Cristina chegava com o lanche, deixando em uma pequena mesa que ficava próxima.

A criada saia da sala, fechando a porta, enfim deixando as duas a sós.

Cateline suspirava profundamente, finalmente as duas poderiam conversar sobre os detalhes dos supostos sonhos de Sandy.

— Eu li todas as cartas que você mandou… mais de uma vez…

Cateline falava com o tom frio, assim como o clima do reino onde morava, ela pegava a xícara de chá dando um gole a seguir, as coisas não permaneciam quentes por muito tempo em Wisdy.

Sandy fazia o mesmo, pegando a xícara, a cada visita ela percebia o quanto Cateline ficava mais séria, aquilo a preocupava.

— Como eu lhe disse pelas cartas.. a algo se aproximando.. de alguma forma Arlene quer nos mostrar algo..

Sandy falava olhando para a pequena mesa próxima com as guloseimas, bebendo o chá de forma pensativa, enquanto o sentia esfriar.

— Você escreveu que conseguiu ir até o local onde a bruxa estava… como?

Cateline perguntava séria, fazendo Sandy voltar a si, ao olhar para a mulher, Sandy percebia o quando ela estava desesperada pela ideia de voltar no tempo.

— Não é como você está imaginando Cate… as coisas não funcionam assim… foi Arlene quem me levou até lá, tenho certeza disso..

Sandy continuava, ao olhar para Cate, a mulher percebia que ela parecia quase se estressar. Cateline tomava mais um gole da bebida e olhava cerrando os olhos para Sandy... A mulher queria muito ter algum jeito de voltar no tempo e conseguir pegar Fênix antes daquilo tudo acontecer.

— Eu sei o que você está pensando …

Sandy falava fazendo uma pausa, Cateline se segurava para não falar nada rude para sua amiga, ela sabia que a mulher não diria nada para lhe magoar de propósito.

— Você não sabe de nada Sandy… você não sabe o que eu seria capaz de fazer para voltar naquele dia e mudar tudo, só para ter o meu filho de volta… Você não tem ideia do que eu sinto todas as noites.. É algo difícil de falar...

Cateline se levantava indo até a janela da sala que estava aberta, seus olhos estavam repletos de lágrimas e seu rosto avermelhado, ela continuava.

— Você nunca vai imaginar como é, dormir todos os dias lembrando do choro e dos gritos do seu filho sendo arrancado de seus braços, com você sem conseguir fazer nada! Sem ao menos conseguir ficar de pé… por mais que o choro dele tenha se ido, sumido à medida que ele se distanciava, eu ainda consigo o ouvir, nunca deixei de ouvi-lo... É algo que está gravado no meu coração e mente…Sei que o reconheceria se cruzasse com ele, não importa se ele já está grande, eu sei que iria sentir se ele estivesse do meu lado.

Cateline falava de costas para Sandy, olhando para fora da janela, ela não queria que a sua amiga a visse chorar.

Sandy se mexia na poltrona inquieta, ela se lembrava de quando Cateline havia sido trazida da floresta no dia que seus filhos nasceram, a mulher ainda sentia a dor do lobo na noite de seu sonho, ela sentia culpa por não ter conseguido chegar a tempo.

— Cateline… nós vamos achá-lo.. Eu prometo que vamos.

Sandy falava cabisbaixa, olhando entristecida a xícara em sua mão.

Cateline se virava rápido, limpando as suas lágrimas de seu rosto, ela caminhava devagar, segurando seu vestido e voltava, se sentando na poltrona em frente a Sandy, que tentava manter um sorriso de canto no rosto para aliviar a tensão do ambiente.

— Ah.. Lucinda me pediu para lhe entregar algumas cartas, infelizmente ela não pode vir..

Sandy falava mudando de assunto, o clima estava cada vez mais sombrio dentro da sala.

— E como está o Joaquim?

Cateline perguntava ainda secando o seu rosto com as mãos.

— Sua condição vem piorando com o tempo, mas ele não quer que ninguém saiba… Lucinda está devastada ...sempre contrata médicos e curandeiros de fora para ver se alguém descobre que doença rodeia seu marido.

Sandy falava respirando fundo, a Lady de Aftermoon estava desesperada por uma cura, e não sabia onde recorrer, a cada dia a mulher pensava mais em buscar os meios mágicos para tal coisa, mesmo com Joaquim dizendo para ela não o fazer.

— Espero que o Lorde fique bem, minha irmã o ama muito..

Cateline dizia pensativa, ela queria ajudar sua irmã também, mas como?

— Milenna me pediu para perguntar sobre Martin, ela está com saudades… sabe como é, ele é o caçula, e para as mães as crianças nunca crescem..

Sandy perguntava sorrindo, e finalmente podia ver uma expressão sincera vinda de Cate, a mulher sorria ao lembrar de seu pequeno irmão, que agora era um grande homem, desde que se tornou independente ele saiu pelo mundo em busca de seu sobrinho, ele era um tio muito amável.

— Martin sempre manda cartas, ele está em Egiths, um reino aliado de Diego a muito tempo, ele diz que está com bom pressentimento sobre o lugar..

Cateline falava com a expressão mais serena, ela confiava no irmão e tinha fé nele, assim como todos da família, eles torciam para que ele encontrasse Fênix logo.

— Bem.. tenho certeza que Milenna ficará feliz em saber da notícia.

Sandy e Cateline conversam por um tempo sobre as novidades e acontecimentos recentes, os jovens, ainda permaneciam na cozinha se deliciando com os lanches, Saulo adorava fazer graça na frente dos lobos, haviam vários amigos de Félix ali junto a eles, o jovem se sentia em casa.

Cristina como sempre, ficava de guarda a todo tempo, olhando Crystal e o local, depois do acontecimento de 15 anos atrás a mulher nunca mais foi a mesma, a mulher era mais atenta e desconfiada, ela não permitiria que nada acontecesse com sua querida e pequena Crystal.

As duas jovens conversavam baixinho, como se contassem segredos, elas davam risadas e se beliscavam fazendo cócegas, o lugar estava cheio de vida e alegria novamente.

— Ei, o que acha de darmos uma volta no bosque?

Saulo falava indo até as garotas, ele se achava muito por estar aprendendo a lutar, para ele ninguém podia o vencer, pensamentos de um adolescente convencido.

Crystal e Jade olhavam uma para a outra e depois para Saulo, dando risadas, fazendo Saulo ficar desconfortável com os olhares delas, ele franzia as sobrancelhas e saia da cozinha estressado, não existia nenhum garoto de sua idade para ser seu amigo ou conversar, era sempre Jade ou os adultos, aquilo sufocava o garoto, sempre que ele ia visitar Wisdy, Jade que era como sua irmã sempre o ignorava, passando a maior parte do tempo com Crystal, isso o magoava muito. 

O garoto decidiu sair sozinho, ele não fala com ninguém para onde iria, ele queria ficar um pouco só, andar por aquele belo local sem ter que dar explicações, ao caminhar em direção ao grande portão, ele percebe que os guardas não estão ali, a maioria estava no estábulo ajudando os soldados de Joaquim a descarregarem as carruagens que chegaram.

Saulo se arrepiava com o frio, e sentia sua espinha tremer, ele adorava a sensação do frio em seu corpo, aquilo fazia o jovem querer correr para se esquentar.

Um sorriso brotava no rosto do garoto, e ele saia do castelo, apertando o casaco em seu corpo para o aquecer.

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