— Onde eu estou?...
Sandy apoiava sua cabeça com a mão, tentando recobrar a consciência, tudo que a mulher lembrava era de ter se deitado para dormir após jantar.
Ela olhava para as suas mãos, e não as reconhecia, aquele não era o seu corpo.
Sem entender o que estava acontecendo, a mulher tentava se levantar se sentindo tonta, escorando nas paredes próximas, ao olhar ao redor ela percebia que o lugar não era estranho, pois ela já havia o visto ou estado ali, assustada, tentava procurar alguma janela ou porta que permitisse que ela observasse fora dali, mas não havia nada além de tochas e lamparinas que iluminavam o longo corredor escuro, Sandy andava vagarosamente seguindo em frente, à medida que caminhava, tinha cada vez mais certeza que ali era alguma parte subterrânea de algum dos castelo de Aftermoon, o lugar era escuro e úmido, parecia ser um tipo de masmorra.
— Sandy…
A mulher ouvia alguém chamando por seu nome, e se virava rapidamente, mas não tinha ninguém, o chamado era como um sussurro que vinha como vento, sumindo no ar, aquilo a deixava desnorteada e com medo, ela não entendia oque acontecia.
Será que ela estava em mais uns de seus sonhos?! Sandy pensava confusa.
A mulher decidiu ir até o fim do corredor, de onde o sussurro parecia vir, à medida que ela se aproximava, conseguia ouvir alguns sons estranhos, o lugar estava sujo e molhado, ao chegar no limite das paredes ela via celas, era uma prisão, estava tudo muito escuro e ela não entendia muito bem o que via, mas seguia em frente mesmo assim.
— Sua m*****a bruxa! Logo você será queimada… Aproveite enquanto pode respirar!
Um homem gritava, e Sandy conseguia ouvir o som de algo batendo ao chão, ela andava devagar tentando não chamar atenção, o sussurro que ela havia ouvido parecia querer que ela fosse ali.
— Por favor! Me deem um pouco de comida… Meu bebê não vai conseguir nascer assim!
Uma mulher chorava implorando, Sandy podia ver de longe que ela estava grávida, sua barriga estava enorme, ela daria a luz a qualquer momento, a tal bruxa estava ajoelhada, segurando a grade da cela, em frente ao homem que gritava, Sandy permanência de longe olhando de canto, tentando não ser vista.
— Calada! Sua bruxa imunda! Você irá pagar por desrespeitar as leis!
O homem batia forte na grade, fazendo o som ecoar por todo local, era um velho alto, robusto e careca, ele usava roupas de couro, e em sua cintura havia um grande molho de chaves, provavelmente ele era o carcereiro.
Sandy reparava nos detalhes, as roupas das pessoas ali pareciam mais velhas e antigas, mesmo o enorme cômodo estando escuro, ela conseguia enxergar por conta da claridade das tochas, Sandy percebia que não estava em sua época.
Enquanto tentava ver melhor o que acontecia, o homem careca acabava a vendo.
— Hey, criada?! Venha aqui!
O carcereiro gritava forte, assustando Sandy, que ficava indecisa se obedecia ou não.
Ela decidiu andar até ele, o velho parecia que a conhecia de alguma forma.
— Não quero que dê comida a essa vagabunda a partir de hoje, entendeu?
O homem cuspia enquanto gritava, fazendo Sandy dar alguns passos para trás, ela assentiu com a cabeça sem falar nada, ao seu lado, a mulher presa chorava tristonha ouvindo aquelas palavras.
— Por favor..
A tal bruxa começava a falar, mas o homem gritava novamente, dessa vez a interrompendo.
— Calada! Agradeça por eu ainda não ter arrancado essa sua língua!
O carcereiro falava, e continuava se voltando para Sandy.
— Eu irei dar uma breve saída… Jogue a água da mulher fora… Ela não irá beber mais nada também!
O homem saia falando, deixando Sandy sozinha ali com a mulher grávida.
— Moça! Por favor! Eles estão errados… Eu nunca feri ninguém… Eu vim de Oblivya, fugindo da guerra.. Tudo que fiz foi curar alguns homens feridos nos campos depois das batalhas, a magia era boa, nunca machuquei ninguém…
Sandy que estava confusa, voltava a si ao ouvir o nome de sua terra natal, Oblivya.
Aquela mulher ali a sua frente, era sua tal parente perdida? Que havia parado de mandar cartas após chegar a Aftermoon?
— Arlene? Arlene York, é você?
Os olhos da mulher se arregalaram ao ouvir o seu nome, fazia semanas que ela estava ali, mas ninguém que a conhecia havia ido até ela.
— Como você sabe o meu nome?
A tal bruxa perguntava angustiada, sem entender o que acontecia.
Sandy dava um pulo assustada, aquilo era realmente um sonho? Ela nunca havia conversado tão lucidamente com alguém enquanto sonhava daquela forma, tudo ficava mais estranho à medida que prosseguia.
— Você… Por favor, me tire daqui! Salve o meu bebê! Eles irão nos matar… Não deixe por favor… Você é igual a mim, certo?
Arlene quase gritava de desespero ao falar, ela era inocente e morreria ali, ela implorava pela ajuda da outra bruxa à sua frente.
Sandy se aproximava da grade olhando para a mulher presa, ela era linda, estava apenas suja e machucada, os olhos dela pareciam com o de Cateline, era um verde castanho claro, sua pele era morena e seus cabelos negros e ondulados, tinha a boca carnuda e olhos marcantes, a beleza dela era surreal, Sandy percebia que a beleza das Yorks vinha de Arlene, sua antepassada que sofreu injustamente, o coração de Sandy doía em ver ela ali, presa e ainda grávida, mas Sandy não poderia fazer nada, ou podia?
Um sussurro chegava ao ouvido de Sandy deixando a sua mente desalinhada, alguém queria fazê-la acordar.
— Mãe?
Sandy dava passos para trás, olhando apreensiva para os lados procurando quem havia chamado por seu nome. Quem era afinal?
Arlene ainda permanecia no chão, olhando para Sandy sem entender.
— Saulo…é você?
Sandy falava o nome de seu filho, a voz que a chamava pertencia a ele, a mulher estava preocupada sem entender o que acontecia.
Arlene dizia se levantando, ela se segurava na grade se apoiando.
— Com quem está falando??
As duas se olham por um momento, e no instante que Sandy ia responder a bruxa, ouvi Saulo a chamando mais uma vez.
— Mãe acorde! Você está bem?
Sandy despertava sem conseguir respirar, ela tentava recuperar o seu fôlego, parecia que estava mergulhada em um mar escuro, onde não conseguia enxergar nada, seus pulmões se encheram de ar assim que seus olhos abriram.
— Saulo? O que? Onde estou?
A mulher perguntava confusa e ofegante, ela estava em sua cama, seu filho ouviu os seus gemidos, e com medo foi ver o que acontecia, Sandy estava com os cabelos e corpo suado de tanto sonhar, havia sido um sonho intenso.
— Rápido… Pegue papel e tinta para mim!
Ela dizia a seu filho, o garoto já havia crescido, era quase um homem, ele era alto e esbelto, seus olhos eram castanhos e seus cabelos escuros, sua pele era bronzeada assim como a de sua mãe, e sua voz mesmo delicada, passava firmeza, ele estava sempre preocupado com Sandy, e sempre dormia atento, prestando atenção ao seu redor.
Sandy continuava a falar enquanto Saulo procurava o papel.
— Escreva… Diga a Cateline que precisamos nos encontrar o mais rápido possível ... É sobre a maldição..
Sandy sentia fortes dores em sua cabeça, ela a segurava cobrindo os seus olhos, aquilo não havia sido um sonho comum, ela sabia disso.
Ela amarrava seus cabelos suados, e tentava abrir mais os olhos para se sentir acordada, ela precisava tomar um banho para se sentir revigorada, ela estava exausta e precisava pensar com calma.
O garoto escrevia rápido tudo que a mãe falava, a mulher iria até Wisdy encontrar a sua amiga, seus sonhos haviam voltado, e ela não sabia se aquilo era um bom sinal.
Reino de WisdyA neve caía fazendo os montes em cima das plantas e arbustos, a paisagem vista pela janela era a mesma de quando Cateline havia chegado ali, ela ainda se lembrava com detalhes, a mulher, agora estava mais madura, ela olhava pensativa para fora da sala vendo o sol nascer vagarosamente, toda sua família tomava café da manhã juntos, na mesa havia Felix, Diego e Crystal, que já era uma moça crescida.— Mãe?! Eu estou falando com você..Crystal chamava a sua mãe a um tempo, a mulher estava imersa em seus pensamentos, ela se virou assustada para sua filha, tentando se recordar sobre oque conversavam.— Desculpe… você disse algo?Cateline perguntava voltando a olhar para carta em sua mão, Sandy havia lhe enviado dizendo que iria visitá-la, algumas coisas pareciam estar acontecendo e ela queria conversar pessoalmente.— Sim mãe ... eu perguntei se Jade e Saulo virão também..Jade, a filha de Lucinda, era uma grande amiga de Crystal, elas conversavam sobre tudo, compartilhavam s
Reino de EgithsMartin Forth O sol brilhava forte em Egiths, a areia seguia longe, formando um imenso deserto sem fim, Martin estava em um pequeno povoado investigando sobre o sequestro de seu sobrinho, a alguns anos ele começou a viajar pelo mundo em busca de pistas e rastros da Tribo ICE, mas tudo que ele encontrava eram apenas boatos.Dessa vez o jovem, que agora era um adulto, estava verificando algumas informações dadas pelos aliados de Diego, os lobisomens do deserto de Egiths, eles disseram ter recebido algumas reclamações de brigas vindas de seres mágicos.Muitas das vezes esses seres viviam longe da civilização humana, eles evitavam contato, porém com as guerras errradicando uma grande parte da população mundial, alguns pequenos grupos de seres mágicos se juntaram, até mesmo os humanos andarilhos faziam cabanas e construiam casas em locais proibidos, eram como assentamentos mistos, na grande maioria das vezes, esses locais eram usados pelo mercado negro, mas isso não vinha a
Reino de EgithsAmanda e Arthur ICEAmanda, havia saído do reino de Wisdy junto a tribo Ice logo após sequestrar o herdeiro de Félix, o bebê foi arrancado dos braços de sua mãe sem que ela nem mesmo tivesse a chance de se defender, a loba nomeou o pequeno filhote de Arthur, o jovem cresceu forte entre meio as raças mágicas e humanos nos assentamentos comunitários de Egiths.Amanda, por mais louca que fosse, amava o seu “filho” acima de tudo, e nunca deixou que nada de ruim acontecesse a ele, mesmo com as dificuldades que vinham enfrentando desde que saíram de Wisdy, a mulher se esforçava para manter o jovem bem.Ela contava histórias de sua terra natal, sobre a neve e o frio, palavras que o garoto não sabia o significado, Arthur sempre era humilhado pelos Ices por ser um mestiço, o jovem nunca havia entendido o que tudo aquilo significava, e tentava ignorar, sua mãe sempre dizia mentiras a ele, fazendo com que o garoto acreditasse em tudo que lhe era dito.A tribo ICE com o passar dos
Reino de EgithsAmanda e Arthur ICEO garoto estendeu os braços olhando para a mãe, a convidando para um abraço, mas ela estava irritada por conta de suas saídas às escondidas.— Não mesmo.. não quero você se misturando com aqueles humanos nojentos!Amanda ainda continuava preconceituosa, mesmo sabendo que o seu filho era um mestiço, ela não conseguia se controlar.—Tá bom.. tá bom..O jovem concordava, como todas as vezes, apenas para que sua mãe deixasse de lado por um tempo, ele sabia que era preciso fazer tais coisas para ter o que comer, sua mãe não conseguiria fazer tudo aquilo sozinha.— E então.. como foi o seu dia?A mulher perguntava colocando comida no prato do jovem, ela suspirava fundo tentando relaxar, eles não tinham dinheiro e muito menos fartura, por isso geralmente comiam pouco, a mulher havia cozinhado batatas e alguns pequenos pedaços de carne salgada, era tudo que eles tinham para aquele dia, ela sempre conversava com o filho, dava para ver o amor que ela sentia p
Reino de AftermoonLucinda e Joaquim BrownApós Sandy ter o sonho duvidoso, a possível viagem no tempo, ela preparava suas bagagens para ir até Wisdy assim como havia informado Cateline pela carta, haviam se passado alguns dias e ela estava quase de partida.A mulher contou a Lucinda os detalhes, e as duas estudavam o que tudo aquilo poderia significar, com os anos que se passaram elas foram ganhando mais prática e conhecimento sobre a magia, mesmo que sem conseguir manipulá-la bem.Lucinda infelizmente parecia não ter despertado seus dons ainda, de forma que pudesse usá-los com livre e espontânea vontade, tudo que ela tinha para provar que algo mágico corria em seu sangue era a beleza e saúde, a mulher não envelhecia ou adoecia, ela permanecia bela como no dia que Joaquim a conheceu, isso atormentava a mulher, que via o seu marido adoecer a envelhecer a cada dia, sem poder fazer nada para ajudar.Ela havia prometido a si mesma que iria conseguir livrar o seu marido da praga que o ron
Reino de EgithsMartin Forth Martin aguardava o senhor voltar com o homem que tinha as tais informações no bar, quando o velho saia, Martin rapidamente reparava no homem alto e moreno ao seu lado, ele era forte, repleto de cicatrizes, parecia ser um lutador, em seu rosto haviam algumas marcas que lembravam tatuagens, ele aparecia na porta e após olhar cada detalhe de Martin, ele o chamava.— Entre..O homem alto e moreno dizia se virando sem nem um pingo de simpatia, tudo ali naquele assentamento girava em volta de dinheiro, somente assim eles conseguiam sobreviver abastecendo os seus postos de água e alimentação.O jovem Martin entrava desconfiado pela porta, olhando tudo em sua volta, o local estava cheio, pessoas bebiam e cantavam, nem pareciam ter vindo de lugares destruídos pela guerra.O homem moreno se sentava numa mesa de madeira antiga, e Martin o acompanhava, ele admirava o interior do bar, era bem rústico, haviam garrafas de vidros de diversas cores ao fundo numa prateleir
Cateline Fire e Sandy YorkReino de WisdyHaviam se passado alguns dias, e Sandy tinha mandado algumas cartas para Cateline, finalmente o dia da viagem havia chegado, Sandy finalmente poderia conversar com Cate sobre os acontecimentos e sonhos estranhos que vinha tendo.Sandy levava também algumas cartas de Lucinda, com detalhes sobre a situação de Joaquim, o Lorde estava com a saúde muito debilitada, todos estavam lutando para conseguir algum remédio ou cura para sua doença.A mulher saiu de Aftermoon, junto a seu filho Saulo e Jade, filha de Lucinda, os jovens estavam com saudades de sua prima Crystal e não viam a hora de ver a jovem, eles tinham muito o que conversar.Na carruagem, os três iam conversando, a viagem seria longa, mas todos já estavam acostumados com o passar dos anos.— Tia Sandy… você acha que Crystal vai gostar do presente?Jade perguntava sorridente com uma caixinha enfeitada de bordados em sua mão, ela levava um pingente dourado para a prima, a jovem era animada
Cateline Fire e Sandy YorkReino de WisdyCateline e Sandy andam até a sala de arquivos, Cate sempre usava o local quando precisava ficar sozinha, lá, as duas mulheres se sentam em poltronas de frente uma para a outra, onde podiam conversar de forma mais reservada sem interferências ou interrupções.As mulheres se sentam e logo Cristina chegava com o lanche, deixando em uma pequena mesa que ficava próxima.A criada saia da sala, fechando a porta, enfim deixando as duas a sós.Cateline suspirava profundamente, finalmente as duas poderiam conversar sobre os detalhes dos supostos sonhos de Sandy.— Eu li todas as cartas que você mandou… mais de uma vez…Cateline falava com o tom frio, assim como o clima do reino onde morava, ela pegava a xícara de chá dando um gole a seguir, as coisas não permaneciam quentes por muito tempo em Wisdy.Sandy fazia o mesmo, pegando a xícara, a cada visita ela percebia o quanto Cateline ficava mais séria, aquilo a preocupava.— Como eu lhe disse pelas cartas