KateJason está olhando para mim, a expressão triste e resignada no rosto. Eu tento afastar a sensação de culpa, mas é impossível ignorá-la.Então, um grito corta o ar:— Mas que droga! — Uma garota grita. — Não vê onde anda? Você arruinou o meu vestido!Eu me viro rapidamente, tentando entender o que está acontecendo. E então, vejo a cena: Daniel, com a bandeja, de frente para uma garota com um vestido branco, agora manchado de vinho.Deus! Aquilo é vinho? O que está acontecendo?Daniel parece completamente calmo, mas há uma tensão no ar. Ele encara a garota, sua expressão imperturbável, mas as palavras que ele diz são mais tranquilas do que o ambiente exige.— Foi sem querer. Não precisa fazer esse escarcéu todo. Eu pego seu telefone e te ligo. Você me fala a conta do tintureiro e eu pago seu vestido.Eu sinto uma dor no coração ao vê-lo naquela posição. Só eu sei o quanto ele já sofreu, o quanto sua vida é difícil, e ele não merece estar sendo tratado assim. Essa garota não entende
DanielEla me estende a mão, com o sorriso mais genuíno que já vi. Não preciso de mais nada, e, no entanto, a atração é mais forte que qualquer outra coisa. Eu a puxo para mim, sentindo sua pele macia sob meus dedos. Sua boca encontra a minha com uma urgência que me consome. Os beijos são quase selvagens, como se cada um de nós estivesse tentando saciar uma necessidade que há muito tempo estava guardada. Eu sinto o calor do corpo dela, e isso me faz querer mais, fazer com que ela se aproxime ainda mais.Mas logo a urgência diminui, e os beijos se tornam mais lentos, mais suaves. De repente, tudo fica cheio de ternura. Eu a abraço, a sinto mais perto, mais íntima, como se nada mais importasse agora. E talvez nada realmente importe. Eu só quero que ela fique aqui, nos meus braços, sem pressa de ir embora.— Acho melhor eu ir embora. — Eu a afasto um pouco, mas a vontade de continuar a segurá-la me queima.Ela parece decepcionada, mas a resposta dela me faz sorrir, mesmo ofegante.— Por
Ele segura meu rosto com as duas mãos, e volto a sentir seus lábios. Sinto o tremor nas minhas mãos, o nervosismo tomando conta de mim. Ele percebe e, com uma doçura que me desarma, beija minha boca, sua língua lambendo meus lábios com lentidão, descendo pela minha garganta e voltando até minha orelha. Cada movimento é preciso, sensual, e quando sua língua passa novamente pela minha garganta, sinto meu corpo inteiro se aquecer de desejo. Ele sabe o que provoca em mim e sorri, me beijando com mais intensidade, como se estivesse me consumindo.É como se novas emoções surgissem em mim, inesperadas e intensas. Aos poucos, vou me entregando, me acalmando, me deixando levar por essa paixão avassaladora que sinto por ele. Daniel, então, cuida de mim com uma ternura que me faz derreter. Ele me olha com uma intensidade que me deixa sem fôlego, antes de me beijar de novo, mais forte, mais urgente.Eu ouço o zíper do meu vestido deslizando, e logo ele está me descobrindo. Seus lábios encontram m
Sexta-feira...Felicidade é a palavra que define meu constante estado de humor. Passei os dias sorrindo sozinha. Ativa. Ajudando Rose na cozinha, ajudando na limpeza da casa, ouvindo música e, algumas vezes, deixando minha mente divagar. E em todos esses momentos, Daniel está na minha cabeça.Hoje, eu estou me sentindo radiante. Vou vê-lo logo mais à noite. Tenho tantas coisas para dizer e perguntar para ele. Quero conhecer mais o homem a quem entreguei meu coração e meu corpo. Sei que a ordem das coisas não foi a mais acertada. Eu deveria tê-lo conhecido melhor antes de me entregar, mas, pensando bem, nada que ele me contasse seria surpresa para mim.Fito meu livro aberto entre as mãos. Desde que tudo aconteceu, eu não consigo me concentrar, não consigo ler uma palavra sequer.Às vezes, um arrepio percorre meu corpo quando penso nas condições financeiras de Daniel. Não vou mentir, gostaria que ele tivesse tido a oportunidade de estudar, que ele vivesse em um lugar melhor, que tivesse
Eu sinto a pressão das suas mãos na minha cintura, seu toque possessivo me conduzindo até a casa dele. Os caras atrás de nós ficam em silêncio, me observando, e uma sensação de respeito inconfundível paira no ar. Eu percebo que Daniel, com sua postura firme, conquistou esse respeito. De algum modo, sei que tudo foi difícil, que ele teve que brigar e se impor para chegar até aqui.Quando entramos na casa de Daniel, o cheiro de produto de limpeza invade minhas narinas, e me pergunto se ele fez questão de deixar tudo impecável para mim ou se ele é assim, naturalmente cuidadoso. Antes que eu possa pensar mais sobre isso, ele fala, mas não termina.— Não tenho nada para te oferecer...Mas não deixo que ele termine. Pego sua camisa e o beijo, fechando os olhos, completamente entregue ao momento. Ele responde na mesma intensidade, suas mãos agora se movendo por minha pele, uma deslizando nas minhas costas, a outra segurando minha cabeça, me puxando para ele. O beijo se aprofunda, um turbilhã
DanielEu vivo num turbilhão, onde a tristeza é uma constante e a solidão me abraça como se fosse um velho amigo. Sinto um peso tão grande no peito que parece me consumir por dentro. Não sei mais como explicar o vazio que me corrói, essa falta de sentido que eu sempre tentei preencher com tudo, menos com amor. Mas, paradoxalmente, a felicidade que tanto procurei parece estar justamente naquilo que ela me oferece. E ainda assim, é estranho... ao mesmo tempo que a desejo, tenho vontade de afastá-la. Talvez eu tenha medo. Medo daquilo que não sei se sou capaz de sustentar, medo de um amor que não sei se mereço.Eu sinto raiva de mim mesmo pela minha fraqueza. Como posso desejar alguém com tanta intensidade e ao mesmo tempo temer o que isso pode significar? Eu sei que, no final, ela vai acordar para a realidade e eu vou ser apenas o cara que ela teve pena de amar. Mas, por mais que eu tente me convencer de que isso vai acontecer, por mais que eu me torture com esses pensamentos, ela não va
Eu caminho hesitante e me agacho. Meus dedos encontram suas mãos ensanguentadas, frias, quase desfalecidas. Ela não levanta os olhos para mim, mas as lágrimas caem sem freio pelo rosto abatido. Quando eu tento segurar suas mãos, ela as retira, como se meu toque fosse peso demais para suportar.Daniel entra apressado, um copo de água com açúcar nas mãos. Ele o entrega à mulher, que o segura com dedos trêmulos antes de beber pequenos goles. Então, a tensão no ar se intensifica. Uma garota entra na cozinha. Deve ter minha idade e carrega os mesmos traços da senhora. É de uma beleza impressionante: cabelos longos e negros que emolduram olhos grandes e profundos.— Mamá. — Sua voz é um sussurro carregado de dor. Ela se abaixa para abraçar a mulher, que soluça ainda mais ao vê-la. Depois, levanta-se e caminha até Daniel, envolvendo-o em um abraço desesperado.— Ellos mataron a mi hermano. — Sua voz se quebra.Fico paralisada, observando a cena como se fosse um espectador de algo que não deve
KateEu e Daniel temos nos visto há mais de quinze dias, e, para ser sincera, mal consigo ficar longe dele. Toda vez que tenho uma brecha, corro para encontrá-lo. Ele tem andado cabisbaixo, frustrado por não conseguir um emprego melhor. É difícil vê-lo assim, então tento de todas as formas animá-lo. Passo confiança, segurando suas mãos, olhando em seus olhos, e repetindo que ele é capaz de conseguir o que deseja. Quero que ele sinta o quanto acredito nele.O que sei com certeza é que, desde que começamos a nos ver, nosso mundinho se tornou colorido, vibrante e viciante. Estamos completamente loucos um pelo outro. Para mim, não importa se estar com ele significa enfrentar dificuldades financeiras. Eu o amo, e o amor é suficiente.Rose, minha irmã, graças a Deus, tem ficado na dela ultimamente. Acho que, no fundo, ela reconhece que Daniel é uma ótima pessoa, mesmo que ainda não diga isso em voz alta. Hoje é sábado, e eu estou ansiosa para vê-lo. Nunca conseguimos combinar nossos encontro