Ele segura meu rosto com as duas mãos, e volto a sentir seus lábios. Sinto o tremor nas minhas mãos, o nervosismo tomando conta de mim. Ele percebe e, com uma doçura que me desarma, beija minha boca, sua língua lambendo meus lábios com lentidão, descendo pela minha garganta e voltando até minha orelha. Cada movimento é preciso, sensual, e quando sua língua passa novamente pela minha garganta, sinto meu corpo inteiro se aquecer de desejo. Ele sabe o que provoca em mim e sorri, me beijando com mais intensidade, como se estivesse me consumindo.É como se novas emoções surgissem em mim, inesperadas e intensas. Aos poucos, vou me entregando, me acalmando, me deixando levar por essa paixão avassaladora que sinto por ele. Daniel, então, cuida de mim com uma ternura que me faz derreter. Ele me olha com uma intensidade que me deixa sem fôlego, antes de me beijar de novo, mais forte, mais urgente.Eu ouço o zíper do meu vestido deslizando, e logo ele está me descobrindo. Seus lábios encontram m
Sexta-feira...Felicidade é a palavra que define meu constante estado de humor. Passei os dias sorrindo sozinha. Ativa. Ajudando Rose na cozinha, ajudando na limpeza da casa, ouvindo música e, algumas vezes, deixando minha mente divagar. E em todos esses momentos, Daniel está na minha cabeça.Hoje, eu estou me sentindo radiante. Vou vê-lo logo mais à noite. Tenho tantas coisas para dizer e perguntar para ele. Quero conhecer mais o homem a quem entreguei meu coração e meu corpo. Sei que a ordem das coisas não foi a mais acertada. Eu deveria tê-lo conhecido melhor antes de me entregar, mas, pensando bem, nada que ele me contasse seria surpresa para mim.Fito meu livro aberto entre as mãos. Desde que tudo aconteceu, eu não consigo me concentrar, não consigo ler uma palavra sequer.Às vezes, um arrepio percorre meu corpo quando penso nas condições financeiras de Daniel. Não vou mentir, gostaria que ele tivesse tido a oportunidade de estudar, que ele vivesse em um lugar melhor, que tivesse
Eu sinto a pressão das suas mãos na minha cintura, seu toque possessivo me conduzindo até a casa dele. Os caras atrás de nós ficam em silêncio, me observando, e uma sensação de respeito inconfundível paira no ar. Eu percebo que Daniel, com sua postura firme, conquistou esse respeito. De algum modo, sei que tudo foi difícil, que ele teve que brigar e se impor para chegar até aqui.Quando entramos na casa de Daniel, o cheiro de produto de limpeza invade minhas narinas, e me pergunto se ele fez questão de deixar tudo impecável para mim ou se ele é assim, naturalmente cuidadoso. Antes que eu possa pensar mais sobre isso, ele fala, mas não termina.— Não tenho nada para te oferecer...Mas não deixo que ele termine. Pego sua camisa e o beijo, fechando os olhos, completamente entregue ao momento. Ele responde na mesma intensidade, suas mãos agora se movendo por minha pele, uma deslizando nas minhas costas, a outra segurando minha cabeça, me puxando para ele. O beijo se aprofunda, um turbilhã
DanielEu vivo num turbilhão, onde a tristeza é uma constante e a solidão me abraça como se fosse um velho amigo. Sinto um peso tão grande no peito que parece me consumir por dentro. Não sei mais como explicar o vazio que me corrói, essa falta de sentido que eu sempre tentei preencher com tudo, menos com amor. Mas, paradoxalmente, a felicidade que tanto procurei parece estar justamente naquilo que ela me oferece. E ainda assim, é estranho... ao mesmo tempo que a desejo, tenho vontade de afastá-la. Talvez eu tenha medo. Medo daquilo que não sei se sou capaz de sustentar, medo de um amor que não sei se mereço.Eu sinto raiva de mim mesmo pela minha fraqueza. Como posso desejar alguém com tanta intensidade e ao mesmo tempo temer o que isso pode significar? Eu sei que, no final, ela vai acordar para a realidade e eu vou ser apenas o cara que ela teve pena de amar. Mas, por mais que eu tente me convencer de que isso vai acontecer, por mais que eu me torture com esses pensamentos, ela não va
Eu caminho hesitante e me agacho. Meus dedos encontram suas mãos ensanguentadas, frias, quase desfalecidas. Ela não levanta os olhos para mim, mas as lágrimas caem sem freio pelo rosto abatido. Quando eu tento segurar suas mãos, ela as retira, como se meu toque fosse peso demais para suportar.Daniel entra apressado, um copo de água com açúcar nas mãos. Ele o entrega à mulher, que o segura com dedos trêmulos antes de beber pequenos goles. Então, a tensão no ar se intensifica. Uma garota entra na cozinha. Deve ter minha idade e carrega os mesmos traços da senhora. É de uma beleza impressionante: cabelos longos e negros que emolduram olhos grandes e profundos.— Mamá. — Sua voz é um sussurro carregado de dor. Ela se abaixa para abraçar a mulher, que soluça ainda mais ao vê-la. Depois, levanta-se e caminha até Daniel, envolvendo-o em um abraço desesperado.— Ellos mataron a mi hermano. — Sua voz se quebra.Fico paralisada, observando a cena como se fosse um espectador de algo que não deve
KateEu e Daniel temos nos visto há mais de quinze dias, e, para ser sincera, mal consigo ficar longe dele. Toda vez que tenho uma brecha, corro para encontrá-lo. Ele tem andado cabisbaixo, frustrado por não conseguir um emprego melhor. É difícil vê-lo assim, então tento de todas as formas animá-lo. Passo confiança, segurando suas mãos, olhando em seus olhos, e repetindo que ele é capaz de conseguir o que deseja. Quero que ele sinta o quanto acredito nele.O que sei com certeza é que, desde que começamos a nos ver, nosso mundinho se tornou colorido, vibrante e viciante. Estamos completamente loucos um pelo outro. Para mim, não importa se estar com ele significa enfrentar dificuldades financeiras. Eu o amo, e o amor é suficiente.Rose, minha irmã, graças a Deus, tem ficado na dela ultimamente. Acho que, no fundo, ela reconhece que Daniel é uma ótima pessoa, mesmo que ainda não diga isso em voz alta. Hoje é sábado, e eu estou ansiosa para vê-lo. Nunca conseguimos combinar nossos encontro
Com certeza, é o menininho de uns dois anos que está no meu colo. Ele soluça um pouco, ainda assustado, enquanto eu tento acalmá-lo. Seguro-o firme contra mim, sinto seu corpinho tremer de medo. Olho em volta, procurando pela família dele. Eles estão todos alvoroçados, em estado de pânico. Quando dois homens me avistam segurando a criança, algo muda na expressão deles. Seus rostos se transformam numa mistura de raiva e desespero, e, de repente, começam a marchar na minha direção como touros enfurecidos.— Devo solo avere tra le mani quel bastardo! Molestatore di bambini! — Um deles rosna algo em italiano, os olhos me encarando com um ódio puro.Não entendo o que eles dizem, mas uma coisa é clara: querem acabar comigo. Eu dou um passo para trás, instintivamente, enquanto os homens avançam. Antes que cheguem mais perto, coloco a criança no chão. Ela corre de volta para um deles, que a pega no colo e a leva até outro homem, de sobretudo negro, com um olhar severo. Ao lado dele, está uma
Estou sentado em uma mesa impecável de um restaurante requintado, o tipo de lugar que jamais imaginaria pisar por conta própria. O terno que uso é elegante, caro. Foi entregue em minha casa com uma mensagem clara: "Vista-se bem. Você terá um encontro importante". Estou agitado, mas tento manter a calma, mexendo no nó da gravata como se ela estivesse me sufocando.À minha frente, está Don Vincent Bertizzolo, o homem que comanda tudo com uma aura de poder que transborda da postura ereta e dos olhos penetrantes. Ao seu lado, Antony Mancini, o consigliere da família. Ele me observa com um meio sorriso, a expressão enigmática, enquanto descreve para o Don a forma como nos conhecemos.— Você é bem jovem. Quantos anos tem? — Don Vincent me pergunta, a voz suave, mas carregada de uma autoridade que me faz endireitar a coluna.— Vinte e dois anos — respondo, tentando não soar nervoso. Sei que essa é a idade em que eles costumam recrutar. Jovens que ainda podem ser moldados, como argila nas mão